CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

1 407 - E cá cheguei eu...

A última (?) fotografia de Luanda: os amigos Carlos Sucena e Gilberto, os furriéis Viegas e Neto

Águeda ficou para trás e lá veio o motorista Benigno, no SIMCA 1100, trazer-me a casa, já íamos lá (talvez) pelas uma e tal, duas horas da madrugada de 9 de Setembro de 1975. Eu tinha conseguido guardar o segredo de minha chegada, mas estava na hora das emoções desse momento. Como reagiria minha mãe, que eu tinha deixado 15 meses antes, viúva e doente, sozinha na nossa modesta casa de aldeia, partindo para uma terra e uma guerra de onde não sabia se voltaria?
Cuidado disso, achei por bem ir directamente a casa de minha irmã, para que viesse acordar a nossa mãe. Bati-lhe no vidro da janela do quarto e falou-me meu cunhado. 
«Sou eu...», disse-lhe, ouvindo-o de dentro, a acordar a  minha irmã.
«Está ali o teu irmão!!!...».
Levantaram-se ambos e lá viemos, até este sítio onde agora bato as teclas do blogue, para acordar minha mãe - que, ao chamamento da janela, abriu a porta da modesta sala e soltou um sereno «então já vieste, rapaz?!!!!...» que lhe baptizou a alegria de ver chegar o filho, o varão da família e o mais novo. O filho que vinha da guerra! São e salvo!
O Benigno, certamente cansado das duas viagens do dia -  para e de Lisboa -, carreou as duas malas que eu trazia e pôs-se a olhar, de prazer, o reencontro de alegria da família que se refazia. Bebemos um copo, um whiskye cada um, em copos de vinho do Porto (que outros mais próprios não havia cá por casa), e foi-se ele embora e eu à gaveta da cozinha, fatiando a broa que me ia aconchegar o estômago, com os rojões que minha mãe já aquecia na lareira. Depois, cama para que te quero!!! E que saudades tinha eu do velho colchão onde estiquei o corpo da minha adolescência!
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1 comentário:

  1. Também eu como muitos de outros Camaradas, não anunciavam a data da sua chegada, cada um teria a sua razão,mas toda a gente sabia que o "rabo da cabra é difícil de esfolar"e tínhamos de percorrer o último caminho serenos e com os pés bem assentes para regressar ao seio familiar calmamente e sem criar expectativas que podiam ser goradas com o anúncio de chego tal dia e depois ....

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