Retornados no aeroporto (foto da net)
A 1 de Setembro de 1975, uma 2ª.-feira, recebi notícias de Portugal, de Horácio Marçal, que era Governador Civil de Aveiro no dia 25 de Abril de 1974 (tinha sido presidente da Câmara de Águeda) e, em curta epístola, me fazia o resumo da situação do país: «O Grupo dos Nove não aceitou a sua integração no Conselho Superior de Revolução, por não terem sido satisfeitas as suas sugestões e cava-se uma separação mais profunda entre uma ala dita mais progressista e a mais moderada, dentro do MFA».
As organizações de esquerda - Partido Comunista, Frente Socialista Popular (FSP), Liga Comunista Internacionalista (LCI), Movimento de Esquerda Socialistas (MES) e Partido Revolucionário do Proletariado/Brigadas Revolucionárias (PRP/BR), talvez outras - formaram a Frente Unitária Revolucionária e organizaram uma manifestação de apoio a Vasco Gonçalves e às medidas revolucionárias.
«Sucedem-se os comícios, as manifestações e as lamentáveis ondas de violência. O povo, a grande massa eleitoral, interroga-se quanto ao futuro e pergunta quem manda neste país», escrevia Horácio Marçal.
E por Luanda?
O medo de circular na cidade medrava a cada dia (mais na noite) que passava, disso se ressentindo principalmente a população civil. Que fugia para Lisboa, tanto quanto podia - na famosa ponte aérea.
O aeroporto estava pejado de pessoas, aos milhares... (por lá andei à procura de familiares e amigos que nunca encontrei), e, pela cidade fora, não era raro tropeçarmos em enormes bichas de civis, à porta de agências de viagem, em busca de bilhetes de avião. O objectivo era... fugir de Luanda.
A vida na guarnição dos Cavaleiros do Norte, nas antigas instalações do Batalhão de Intendência (no Grafanil), seguia minimamente tranquila. Riscavam-se os dias do calendário, para o dia 8 de Setembro. O do regresso.
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