Viegas e Neto, no jardim do Quitexe, em 1974, há 38 anos!!!
A 9 de Setembro de 1975, depois da paragem de Alcoentre, viajámos - eu e o Neto, com o Benigno, motorista do pai deste meu furriel-irmão – pela EN1, que não era rápida, nem segura, mas pela qual viemos de sul para norte e a ouvir histórias do Portugal em que medrava a revolução que viria a ser conhecida por Verão Quente de 1975.
O Conselho da Revolução, com nova composição e dominado pelos moderados do Grupo dos Nove, decidira, justamente o dia da nossa chegada (8 de Setembro), tomar «as necessárias medidas disciplinares» contra os soldados da Polícia Militar por terem recusado embarcar para Angola e analisara «as graves» afirmações de Emídio Guerreiro e Vasco Graça Moura, no comício do PPD (o actual PSD) de 5 de Setembro. Mas não tomou qualquer decisão.
Aqueles dirigentes defenderam que o MFA, o CR e o Directório «deviam ser dissolvidos» e que o PPD estava disposto a armar 50 mil homens.
Não sabíamos de nada disto, na nossa viagem para Águeda, e muito menos que Aquilino Ribeiro Machado, deputado do PS, se tinha referido à descolonização de Angola, que citou com «destroçada pela guerra civil, desmoralizada e arquejante».
Chegámos a Águeda e à Bicha-Moura, terra-mãe do Francisco Neto, onde nos esperavam os pais dele, os irmãos e a namorada Ni. Já passava da meia noite e foram momentos de emoção viva, regados de abraços e beijos e consolos de alma. E eu, ali de lado, a olhar, sossegadinho, a sentir e a deixar levedar a emoção e a interrogar-me de como, dentro de meia hora, uma hora!!!, por aí..., reagiria minha mãe - que a 7 quilómetros dormia o sono de mãe viúva, certamente depois de mais uma oração pelo filho ausente na guerra. Sem imaginar que eu estava já ali tão perto.
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