A Estrada do Café, à saída de Carmona para Quitexe. Há 45 anos, era «palco» de muitos patrulhamentos dos Cavaleiros do Norte do bcav. 8423 |
Os patrulhamentos mistos pelas terras uíjanas do norte angolano continuaram a 8 de Abril de 1975, há 45 anos, mas cada vez mais azeda-
dos pelo mau relacionamento entre os militares da FNLA e do MPLA. Nomeadamente quando eram nocturnos, mas sempre com inquestionada autoridade das forças portuguesas.
Os Cavaleiros do Norte, chegados a Carmona no dia 2 de Março - pouco mais de um mês antes... - mas já bem melhor adaptados às novas exigências operacionais - as urbanas... - tiveram paciência de Job e coragem (que foi precisa, precisa muitas vezes..., repetidas vezes e vezes delicadas...), para controlar a animosidade que levedava entre os homens (armados, não esqueçamos...) dos dois movimentos - que, como nós, sabiam dos graves incidentes que, em Luanda, tinham provocado mais de 200 mortos e um número incontável de feridos nos combates entre FNLA e MPLA.
E não só em Luanda.
Notícia da morte de Jorge Barata, da 1ª. CCAV. 8423, a 11 de Outubro de 1997 |
Ressaca que, directamente, os Cavaleiros do Norte sentiam na pele e na alma, tendo de diariamente lidar com homens de tendências ideológicas e preparação militar diferentes, mas que tinham o mesmo objectivo: a independência de Angola. E um outro, bem grave e delicado: anular o movimento rival, nem que fosse pela força das armas. Lia-se isso nos seus olhos e adivinhava-se-lhes a vontade de fazer sangue.
Notícia do Diário de Lisboa de 8 de Abril de 1975 |
Avião sul-africano
alvejado em Luanda
A paz fictícia que ao tempo se vivia por terras de Angola desencadeou reacções por todo o mundo - e não só entre os dirigentes e países da OUA ou da ONU.
Os Estados Maiores das Forças Armadas dos três movimentos de libertação reuniram-se em Luanda, nessa manhã de 8 de Abril de há 42 anos, no palácio do Governador, com o objectivo de «analisarem questões militares, nomeadamente as que se referem à constituição das forças integradas», que seria, assim se pensava e acreditava, «o embrião do futuro Exército de Angola».
Assim se pensava e até «já se encontra(va) decidido o futuro orçamento». As Forças Militares Mistas que operavam em Carmona (e outros pontos do território) seriam, mas não foram, a base desse Exército Nacional Angolano.
Os furriéis Cruz e Viegas andavam de férias por Luanda, indiferentes e sem saber destas evoluções, e só a 8 de Abril de 1975 souberam que, na véspera e à noite, se registou mais um tiroteio no Bairro Popular, à estrada de Catete.
Alguns tiros atingiram um Boeing 747, avião da companhia aérea sul-africana que fazia a carreira Joanesburgo-Londres, com escala em Salisbúria e Luanda. O avião aterrou normalmente, com «orifícios abertos na fuselagem, que deram origem a uma despressurização na cabine», mas não tendo atingido nenhum dos 287 passageiros. Após visita técnica, regressou a Joanesburgo e foi substituído por outro Boeing 747 na viagem para Londres.
O Jorge Barata futebolista, defesa central. É o quinto de pé e da esquerda para a direita |
mas faleceu em 1997
O furriel miliciano Jorge António Eanes Barata faria hoje 68 anos. Faleceu a 11 de Outubro de 1997, 23 anos, vítima de doença súbita.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, integrou a 1ª. CCAV. 8423, a da fazenda de Zalala, depois Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, e regressou a Portugal e a Alcains a 9 de Setembro desse ano.
Jorge António Eanes Barata faria hoje 68 anos! Faleceu a 11 de Outubro de 1997 |
Santos de Zalala, 68 anos
no Monte da Caparica
O soldado
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