O furriel Viegas, em Setembro de 2019, frente à casa (amarela) que foi do tio-avô Joaquim Viegas, em Nova Lisboa (a actual cidade de Huambo) |
A 12 de Abril de 1975, um sábado e depois de uma manhã no jardim zoológico e de um salto ao bairro de Santo António, fomos (eu e o Cruz, furriéis milicianos da CCS do BCAV. 8423) ao miradouro da Senhora do Monte, perto da Caála, e fizemos refeição por ali perto, farta e bem regada, com marisco chegado do Lobito e num pic-nic preparado pela Cecília e marido - o Rafael.
Um grande luxo, para os tempos de
A casa de Joaquim Viegas, em Nova Lisboa, construída nos anos 40 e «achada» em 2019 (foto de cima) |
Lá voltei em Setembro de 2019, em viagem de memórias da nossa jornada africana do Uíge angolano que, por exemplo, me fizeram achar, na agora Huambo, a casa de meu tio-avô Joaquim Viegas (ver imagens), o Hotel Bimbe (que foi da familiar Cecília Neves), a praça central e as avenidas largas e floridas, cheias de verdes e cores, a zona escolar, os bairros de gente saudável e segura, redescobrindo uma cidade feita jardim, limpa, arejada e iluminada, aberta e desafiadora do futuro, de gente de sorriso largo e olhares felizes, reconstruída dos trágicos tempos de guerra civil que tanto sangue fez cair nos seus chãos e lutos criou na comunidade - o que me surpreendeu, de alguma maneira, e deixou emocionado.
O furriel Viegas num jardim de Nova Lisboa, em Abril de 1975 |
«A nossa terra é aqui!!!
Nós, ficamos cá!!!...»
Há 46 anos, quando por lá passei e me surpreendi com a modernidade novalisbonense, de lá liguei para Carmona, para saber novidades - que o Neto nos deu.
Sabíamos nós (eu e o Cruz) da calma local, embora temperada dos já habituais incidentes entre MPLA e FNLA, ambos a quererem marcar terreno no chão uíjano - onde, recordemos, o movimento de Holden Roberto tinha larga predominância.
A noite de 12 de Abril foi de jantar em casa do primo Manuel Viegas, onde a mulher Ondina nos presenteou com comida da nossa aldeia, embora com alguns condimentos angolanos - o que resultou numa apetecível refeição, acompanhada de vinho tinto (o Teobar). Falámos do futuro e o meu «conselho» foi no sentido de se prepararem para o regresso a Portugal. Mas por Nova Lisboa ninguém acreditava que a luta fratricida do norte e do leste, de Luanda e de outras cidades, alguma vez chegasse ao planalto huambano.
«A nossa terra é aqui!!!... Ficamos cá!!!...», por várias vezes exclamou Manuel, indiferente à recomendação do jovem militar de 22 anos, filho de seu primo e procurador, meu pai! A noite e a viagem de regresso ao Hotel Bimbe (onde nos levou) foi de memórias da nossa aldeia e das nossas gentes!
«E fulano? E beltrano?!...», perguntava ele, matando as saudades com as respostas que lhe oferecia à sua curiosidade. Há 46 anos!
Sabíamos nós (eu e o Cruz) da calma local, embora temperada dos já habituais incidentes entre MPLA e FNLA, ambos a quererem marcar terreno no chão uíjano - onde, recordemos, o movimento de Holden Roberto tinha larga predominância.
A noite de 12 de Abril foi de jantar em casa do primo Manuel Viegas, onde a mulher Ondina nos presenteou com comida da nossa aldeia, embora com alguns condimentos angolanos - o que resultou numa apetecível refeição, acompanhada de vinho tinto (o Teobar). Falámos do futuro e o meu «conselho» foi no sentido de se prepararem para o regresso a Portugal. Mas por Nova Lisboa ninguém acreditava que a luta fratricida do norte e do leste, de Luanda e de outras cidades, alguma vez chegasse ao planalto huambano.
«A nossa terra é aqui!!!... Ficamos cá!!!...», por várias vezes exclamou Manuel, indiferente à recomendação do jovem militar de 22 anos, filho de seu primo e procurador, meu pai! A noite e a viagem de regresso ao Hotel Bimbe (onde nos levou) foi de memórias da nossa aldeia e das nossas gentes!
«E fulano? E beltrano?!...», perguntava ele, matando as saudades com as respostas que lhe oferecia à sua curiosidade. Há 46 anos!
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