sexta-feira, 30 de abril de 2021

5 417 - Morteiros, canhões e rajadas de metralhadoras ligeiras e pesadas nos céus de Luanda!

Cavaleiros do Norte do Quitexe, equipa de futebol dos Sapadores. De pé, Irineu
 (clarim?), Afonso Henriques, NN (impedido do comandante?), Jerónimo
de Sousa e Américo da Silva Oliveira (que hoje faz 69 anos). Em baixo,
Amaral, Calçada, Grácio, NN e Coelho (falecido a 13/05/2007)

PELREC: 1º. cabo Hipólito (em França), furriel Monteiro
 (de Paredes), 1ºs. cabos Almeida (falecido a 28/02/2009,
em Penamacor) e Vicente (Vila Moreira, f. a 21/1/1997).
 Em baixo, alferes Garcia (de (Carrazeda de Ansiães,
falecido a 2/11/1979, de acidente), Leal  (f. a 18/6/2007,
no Pombal e de doença), furriel Neto (Águeda) e
 Aurélio (o Barbeiro, de Ferreira do Zêzere) 



O dia 30 de Abril de 1975, há 46 amos, foi o do regresso dos furriéis Cruz e Viegas a Carmona, depois do adiamento da véspera.
Aqui ontem o relembrámos, quando o avião dos TAAG que os levaria de Luanda teve de regressar à pista, pouco depois de levantar voo e por causa dos bombardeamentos que, após uma meia hora de voo sobre os céu da capital angolana, por onde troavam morteiros, canhões e rajadas de metralhadoras ligeiras e pesadas, dos combates entre movimentos.
O voo não seguiu e, nessa noite de 29 de Abril de há 46 anos, fomos «despejados» numa pensão, sem comida - que tivemos de procurar já depois do recolher obrigatório e com todos os perigos que isso representava.
A cada momento, podíamos ser alvejados. Ou presos. Agredidos sem quaisquer explicações. O que «funcionava» era a lei selvagem da noite! A lei das armas, no meio do caos! A do mais forte, a da sobrevivência! Era a luta dos movimentos, apanhando gente inocente no meio da metralha assassina!
O furriel Viegas e o conterrâneo
Albano Resende na Ilha de Luanda
(restinga) há 46 anos!

Reencontro de forças 
do MPLA e da FNLA

O Diário de Lisboa do dia dia 30 de Abril de 1975 noticiava «um reencontro entre forças da FNLA e da UNITAque já vinham de segunda-feira» - dia 28, apesar de a edição do dia 30 referir que «não estão determinadas as forças envolvidas nos recontros», embora fosse certo que «os primeiros incidentes registaram-se entre o MPLA e a FNLA».
«(...) as ambulâncias percorreram as ruas da cidade em direção aos estabelecimentos hospitalares, desconhecendo-se, no momento, o número de mortos e feridos, não sendo de excluir que ande já pelas dezenas», reportava o Diário de Lisboa.
A manhã desse dia 30 de Abril ainda foi tempo para o Cruz e o Viegas descerem à Mutamba, à procura de almoço e tempo, também, para «alguns incidentes, que ultrapassaram já os limites dos musseques». Houve, aliás, tiroteio nas Avenidas do Brasil (próximo da sede da FNLA) e dos Combatentes - onde ficava a messe de sargentos (portuguesa).
A cidade, de resto, acordara ao som de tiroteios, de variadas origens e com armas de diversos calibres. «Pode dizer-se que ninguém dormiu», reportava o Diário de Lisboa desse 30 de Abril de há 42 anos
Bem o sabiam, o Cruz e eu (Viegas), mas lá fomos para o aeroporto, onde nos reencontrámos o dr. Custódio Pereira Gomes - professor e advogado em Carmona, ao tempo já viúvo de minha conterrânea Maria Augusta Tavares, que em Carmona fora professora. Na véspera, indo no mesmo avião, também voltou a terra e por essa altura nos identificámos, quando, em período de recolher obrigatório nos vimos obrigados a «furá-lo», para procurarmos comida.

Américo Oliveira
Os 69 anos do sapador
Américo Oliveira !

O soldado Américo da Silva Oliveira, da CCS  do BCAV. 8423, festeja 69 anos no dia 30 de Abril de 2021.
Cavaleiro do Norte do Pelotão de Sapadores comandado pelo alferes Jaime Ribeiro, no Quitexe e depois em Carmona, era natural do Alto do Vilar, freguesia do Sobrado, no município de Valongo, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975. 
Tanto quanto sabemos, morará agora em Taíde, na Póvoa do Lanhoso, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

quinta-feira, 29 de abril de 2021

5 416 - O (não) regresso de Luanda a Carmona! O avião que voltou à pista!

Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, todos furriéis milicianos e à porta da Casa dos
 Furriéis do Quitexe: Cândido Pires (à civil), António Cruz, José Pires, Armindo
 Reino, Grenha Lopes (que hoje festeja 69 anos em Lisboa), Norberto Morais
 Agostinho Belo e, em baixo, António Lopes

Custodio Gomes
Os furriéis miliciano Cruz e Viegas
na placa da avenida do Quitexe

O 25 de Abril de 1975, na área dos Cavaleiros do Norte, não passou despercebido e, em Carmona e para além das eleições, teve «cerimónia simples e singela» no Comando Territorial de Carmona.
«Realizou-se o içar da Bandeira Nacional, com as melhores honras militares e a presença de todos os oficiais do Comando Territorial de Carmona e do Batalhão de Cavalaria 8423», refere o livro «História da Unidade».
Quem lá não esteve, ainda em férias mas já nos seus cabeceiros, foram os furriéis milicianos Cruz e Viegas, ainda a laurear o queijo por Luanda e atentos à realidade angolana.
Viajaram de Luanda para Carmona ao fim da tarde de 29 de Março, mas a viagem foi interrompida minutos depois o avião levantar voo, tendo de regressar à pista do aeroporto internacional luandino - devido bombardeamentos que «inundaram» a noite da cidade. Foi nessa noite, e na sequência do incidente aéreo, que conheci o dr. Custódio Pereira Gomes, prestigiado advogado e professor em Carmona - na altura viúvo da professora Mara Augusta Tavares, minha conterrânea (que não conheci).


 Só viajámos para Carmona na manhã de 30 de Abril de 1975.
Grenha Lopes
furriel miliciano

Furriel Lopes de Santa
Isabel festeja 69 anos !

O dia 29 de Abril de 1975 foi tempo de o furriel miliciano Lopes, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 29 de Abril de 2021.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e regente de aulas regimentais, José Avelino Grenha Lopes, é este o seu nome completo, regressou a Portugal e a Barcelos no dia 11 de Setembro desse mesmo ano de 1975 e foi empresário do ramo têxtil. É agora empresário do sector da saúde (com clínicas de fisioterapia na Grande Lisboa), embora ele mesmo se confesse «homem de muitos ofícios» - que começaram pela indústria de passamanaria, na sua natal Barcelos, uma indústria de família.
Mora no Lumiar, na Azinhaga das Travessas, da capital portuguesa, e para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

O  1º. cabo Teixeira

Teixeira, 1º. cabo da CCS,
69 anos em Perafita !

O 1º. cabo Agostinho Pinto Teixeira foi pintor da CCS, a Companhia do Quitexe, e festeja hoje 69 anos a 29 de Abril de 2021.
Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, também passou por Carmona (no BC12) e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro, fixando-se na freguesia de Ramalde, no Porto. Actualmente e já aposentado, depois de ter sido pequeno empresário, reside em Perafita, no concelho de Matosinhos.
É para lá e para ele que vão os nossos parabéns!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

5 415 - Comandante Almeida e Brito voltou ao Quitexe, em visita à 3ª. CCAV. 8423!

Quarteto de Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel
mas aqui no Quitexe, onde, há 46 anos, se deslocou o comandante Almeida e
Brito: Raúl Ferreira, Carlos Carvalho, Diamantino Tobias e Elvino Romão

Furriéis milicianos a 3ª. CCAV . 8423, bar de
 Santa Isabel: Agostinho Belo, Ângelo Rabiço,
José Querido, Victor Guedes e Fernandes
a


O comandante Almeida e Brito voltou ao Quitexe a 28 de Abril de 1975, no âmbito da «continuação das visitas às subunidades», mas desta feita sem companhia de nenhum oficial do BCAV. 8423. 
Ali se aquartelava, ao tempo, a 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e comandada pelo capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes. Dias antes, tinham rodado a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, de Vista Alegre e Ponta do Dange para o Congo e com Destacamento temporário em Cachalonde, no dia 24. E o resto da 2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa, para Carmona e o BC12 (na véspera, a 26).
Carmona e o Uíge iam... calmos. «Uma calma fictícia, é certo...», como nota o Livro da Unidade, mas que «permite manter-se um dia a dia mais ou menos estável, quebrado por um ou outro incidentes».
Caçada à pacaça em Santa Isabel, 3ª- CCAV.
8423: furriéis milicianos António Flora
 e António Fernandes

Material de guerra
para o MPLA

A noticia do dia, conhecida em Luanda, foi a da libertação de 6 ingleses que, precisamente uma semana antes (dia 20 de Abril, tripulantes de um avião queniano que tinham aterrado no aeroporto do Luso, sem autorização.
Detidos, prestaram declarações a uma comissão de inquérito e foram entre
gues às autoridades consulares inglesas, em Luanda. O avião tinha sido alugado pelo MPLA e transportava uniformes e medicamentos, mas as autoridades portuguesas suspeitaram que fossem armas para aquele movimento. 
O Diário de Lisboa de há 46 anos notava que «continua assim a verificar-se uma nítida discriminação em relação ao MPLA». Opinava o vespertino de Lisboa que «a FNLA recebe do Zaire todo o material de que carece, uma vez que fronteira do norte de Angola deixou praticamente de estar sob o controlo das Forças Armadas Portuguesas». Ao contrário, frisava o jornal, «mantém-se as dificuldades a entrada de material de guerra para o MPLA».
A 2ª. CCAV. 8423


Baixa de Rui Rocha, 
condutor da 2ª. CCAV.

O 1º. cabo Rui Manuel Duarte da Rocha integrava a 2ª. CCAV. 8423 e, a 28 de Abril de 1974 (um domingo, há exactamente 43 anos), apresentou-se no Hospital Militar Regional nº. 3, em Tomar, para uma consulta de cardiologia.
Voltou a 1 de Maio e ao HMR 3 regressou no dia 3. Teve alta no dia 6. Era condutor e partiu para Angola a 4 de Junho, com os restantes Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa. Era natural de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, aonde regressou a 10 de Setembro de 1975.


Os 69 anos do soldado
sapador Joaquim Sousa


O soldado Joaquim Castro de Sousa foi Cavaleiro do Norte do Pelotão de Sapadores da CCS do BCAV. 8423, comandado pelo alferes Jaime Ribeiro. 
Natural de Jovim, em Gondomar, lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano. E lá vive, na Rua dos Netos, onde hoje faz 69 anos. Para lá e para ele vão os nossos parabéns.

terça-feira, 27 de abril de 2021

5 414 - Cavaleiros do Norte (ainda em férias) e Jonas Savimbi em Luanda

 

O furriel Viegas (à civil) e o capitão Domingues.
Em Luanda e há precisamente 46 anos


Os dias de A
bril de 1975 aproximavam-se do fim e, com eles, também as férias de dois Cavaleiros do Norte das CCS: os furriéis milicianos Cruz e Viegas. Já em Luanda e sendo domingo, o dia foi de almoço marcado com a família Resende e tempo de conhecer o capitão Domingues, que, por coincidência, prestava serviço na ZMN, em Carmona. Mais tarde, no QG da Região Militar de Angola, em Luanda.
A notícia do dia era a da chegada de Jonas Savimbi a Luanda, já na véspera (sábado, dia 26 de Abril de 1975). «Foi acolhido no aeroporto de Luanda por uma multidão entusiástica e ruidosa, não se tendo registado quaisquer distúrbios», relatava a imprensa do dia.
O presidente da UNITA pediu «todo o apoio para o Governo de Transição» e sublinhou que «é imperioso que os três movimentos de libertação coexistam pacificamente». Apelou para a realização de uma cimeira.
«Podia ser realizada em Angola ou no estrangeiro», disse Jonas Savimbi, acrescentando à imprensa «ter a certeza» que a referida cimeira «reduziria a tensão entre os movimentos de libertação».
O presidente da UNITA confirmou ter estado reunido com o presidente do MPLA, em Lusaka, mas, sobre tal reunião, não quis fazer comentários. Admitiu, porém, que, em caso de vencer as eleições pós-independência, formaria «um governo de coligação com os outros dois movimentos de libertação».

Resultados eleitorais da Constituinte
no Diário de Lisboa de há 46 anos

Portugal a contar votos 
da Constituinte

As eleições para a Assembleia Constituinte tinha sido há dois dias (a 25), mas a 27 de Abril de 1975 se contavam votos.
Ao meio dia desse domingo, segundo o Diário de Lisboa, já se conheciam os nomes de 194 deputados, quase metade deles (95) eleitos pelo PS - mais um de Moçambique, onde foi o único partido a concorrer. O segundo partido mais votado foi o PPD, actual PSD, com 58, seguindo-se o PCP (25) e o CDS (12), o MPD/CDE (3) e a ADIM, de Macau (1).
Faltava conhecer os resultados da emigração.

Os condutores Vicente José Alves (organizador
 do encontro de 2017) e José António de Sousa
Gomes, que hoje faz 69 anos em Leça do Balio

Condutor Gomes,
69 anos em Leça !
O soldado José António de Sousa Gomes, da CCS dos Cavaleiros do Norte, faz hoje 69 anos.
Condutor auto-rodas de especialidade militar, é natural de Gueifães, na Maia, e apresentou-se no BCAV. 8423, em Santa Margarida, a 6 de Março de 1974, transferido do batalhão de Engenharia 3 - que era mesmo ao lado. Com ele, também o Manuel Gonçalves Alves, o Alípio Canhoto Pereira, o Manuel Brites da Costa, o António Rosário Picote e o António dos Santos Gonçalves, todos condutores-auto. 
O Gomes regressou a Portugal no dia 8 de Setembro e, profissionalmente, trabalhou como afinador de tintas (numa fábrica). Reformou-se aos 60 anos, mas continua a... afinar tintas e a ajudar o filho na oficina de automóveis. 
Mora agora em Leça do Balio, para onde vai o nosso abraço da parabéns!s.
António Pereira
Pereira de Zalala, 69
anos em Alcabideche !

O 1º. cabo António Cardoso Pereira, condutor-auto da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 27 de Abril de 2021.
Cavaleiro do Norte da épica Fazenda de Zalala, rodou também por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes do Campo Militar do Grafanil e de regressar a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, ao lugar de Pousada, freguesia de Espadanede, no concelho de Cinfães - de onde é natural. Vive agora em Alcabideche, freguesia do concelho de Cascais, para onde vão os nossos parabéns! 
Batanete Palma


Batanete de Aldeia Viçosa,
69 anos em Vila Viçosa !

O soldado Joaquim José Batanete Palma, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 69 anos a 27 de Abril de 2021.
Condutor-auto dos Cavaleiros do Norte, foi louvado «pelo sentido de responsabilidade sempre posto no cumprimento das missões da sua especialidade», conforme se lê na OS 170, acrescentando que foi militar «dedicado, eficiente e zeloso do material distribuído a seu encargo».
Regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, à sua residência de Fonte da Moura, na freguesia de Pardais, do concelho de Vila Viçosa.
Mora agora nos Covões, também em Pardais de Vila Viçosa, e para lá vai o nosso abraço de parabéns!




segunda-feira, 26 de abril de 2021

5 413 - O último adeus a Aldeia Viçosa! A doença do condutor Celestino, que hoje festeja 69 anos!


Os alferes milicianos João Machado e Carvalho de Sousa com o 1º. sargento Fernando Norte, chefe
 da secretaria da 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, que há precisamente
46 anos deixou o quartel de Aldeia Viçosa e rodou para Carmona 
Os furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro, do PELREC
 da CCS do BCAV. 8423, já nos primeiros dias do Quitexe,
 há quase, quase... 47 anos!


 
A sexta-feira de há 47 anos, dia seguinte ao 25 de Abril de 1974, foi dia de dispensa dos (futuros) Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 para um fim de semana. Logo depois do almoço.
Rapidamente viajámos para Águeda, no SIMCA 1100 do Francisco Neto - que em Coimbra «apanhou» um manifestação de milhares 

O Diário de Lisboa de há 46 anos,
dia 26 de Abril de 1974, anunciando
a libertação dos presos da PIDE/DGS
de pessoas, entre a ponte do rio Mondego e a avenida Fernão de Magalhães, a  certo ponto o povo conseguindo mesmo 
levantar a viatura, quando nela descobriram militares. Nós, ali e quase envergonhados, ali transformados em heróis da revolução!!! Mal imaginávamos a popularidade ganha de um dia para outro!
Aqui, na aldeia e procurando minha mãe, achei-a a trabalhar na sacha de um campo.
«Estás cá, rapaz?!...».
Estava, claro que estava.
«O que é que se passou lá por Lisboa? Vocês sempre vão lá para fora?...», perguntou-me.
A euforia popular levara a que muita gente pensasse, crédula, que mais ninguém iria para a guerra colonial. Fora o que ela ouvira falar, nas vozes da rua - pois, ao tempo, muito pouca gente tinha televisão, poucos tinha rádio e não havia as modernidades comunicacionais de hoje.
«Segunda-feira, volto para o quartel. Vou na mesma para Angola...», respondi eu.
Ouviu-me em silêncio e sem retirar os olhos da sacha, continuou o trabalho e mandou-me ir ao cabeceiro da terra, buscar uma qualquer alfaia agrícola.

O comandante Almeida e Brito e
o capitão José Paulo Falcão (1995)



Adeus a Aldeia Viçosa
e visitas ao Songo !

Um ano depois, era a vez do adeus definitivo a Aldeia Viçosa - onde a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, de lá saída a 11 de Março, ainda mantinha um pequeno grupo operacional, nesta data definitivamente se desactivando o quartel.
«Só a partir dessa data se completou a remodelação do executivo, que se julga ser a última até o terminar da comissão», anota o livro «História da Unidade».
O dia foi também tempo para o comandante Carlos Almeida e Brito visitar a 3ª. CCAV. 8423, que no dia 24 tinha rodado de Vista Alegre e Ponte do Dange para o Songo-
O tenente-coronel de Cavalaria fez-se acompanhar, nesta jornada uíjana, pelo capitão José Paulo Falcão, oficial adjunto do BCVA. 8423. E lá voltou dois dias depois, a 28 de Abril de 1975

Serra, Joaquim Celestino (que hoje faz 69
anos), furriel Morais e Gomes, Cavaleiros do
Norte do Parque-Auto da CCS


Celestino, condutor da CCS,
69 anos em Leça do Balio !


O condutor Joaquim Celestino Gonçalves da Silva, da CCS do BCAV. 8423, comemora 69 anos a 26 de Abril de 2021.
Cavaleiro do Norte do Quitexe, foi louvado porque «além de ter desempenhado os serviços da sua especialidade com a melhor eficiência, ainda se creditou como precioso auxiliar do pessoal encarregado da escrituração da secretaria do parque-auto». O louvor foi publicado na ordem de serviço nº. 181 e acrescenta que foi «militar muito disciplinado e correcto», o que o creditou como «merecedor de ser distinguido» por também «ser merecedor da estima de quem com ele privou».
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à sua casa de Perafita, em Matosinhos. Mora agora em Leça do Balio e atravessa delicado período de saúde.

A 18 de Outubro de 2019, queixando-se de dores nos joelhos, estava afinal afectado por uma bactéria que lhe atrofiou o sistema muscular e acabou por ficar 5 meses internado no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. Depois, mais 3 meses no Hospital do Mar, em Gaia. Pelo meio, foi 13 ou 14 vezes intervencionado e, de momento em casa e dependente de cadeira de rodas, aguarda uma operação para colocação de uma prótese que lhe irá dar a desejada mobilidade.

«Estive suas vezes do lado de lá, mas actualmente estou muito esperançado», disse-nos hoje, na nossa conversa de parabéns pelos 69 anos que hoje assinala.
Desejamos-lhe evolução rápida e positiva. Grande e forte abraço de parabéns!

 

domingo, 25 de abril de 2021

5 412 - O dia 25 de Abril nas vidas dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!


Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 por altura do 25 de Abril de 1974, há 46 anos e num  
carro de do RC4, em Santa Margarida e futuros furriéis milicianos Monteiro,
 Matos (que hoje festeja 69 anos, em Anadia), Viegas e Neto
O  cravo vermelho, o
símbolo do 25 de Abril


O 25 de Abril de 1975, na área dos Cavaleiros do Norte, não passou despercebido e, em Carmona e para além das eleições, teve «cerimónia simples e singela» no Comando Territorial de Carmona.
«Realizou-se o içar da Bandeira Nacional, com as melhores honras militares e a presença de todos os oficiais do Comando Territorial de Carmona e do Batalhão de Cavalaria 8423», refere o livro «História da Unidade».
Quem lá não esteve, ainda em férias mas já nos seus cabeceiros, foram os furriéis milicianos Cruz e Viegas, ainda a laurear o queijo por Luanda e atentos à realidade angolana.




O jornal «República» de 25
de Abril de 1974
O 25 de Abril no RC4,
em Santa Margarida

Um ano antes, os futuros Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 estavam aquartelados no Regimento de Cavalaria nº. 4, no Campo Militar de Santa Margarida.
Ali tinham voltado no dia 22 (depois dos 10 dias de licença de normas) e no seu quarto dia de instrução operacional, preparando-se para a jornada africana de Angola.
«Logo começada, foi interrompida, face ao Movimento das Forças Armadas de 25 de Abril de 1974», reporta o livro «História da Unidade, precisando que «não estando o BCAV. contactado para (sua a efectivação, nem tão pouco algum dos seus oficiais, de imediato se sentiu parte integrante do movimento».
E de tal modo, sublinha o «HdU» que, logo no dia seguinte, uma sexta-feira (26) e antes de virmos de fim de semana, o comandante Almeida e Brito explicou «a todo o pessoal, o que o MFA pretendia», em palestras «orientadas especificamente para oficiais, sargentos e praças».
O jornal «A Capital»
de 25 de Abril de 1974
Furriéis Rodrigues e Queirós
e alferes Lains (Abril de 74)

A manhã do dia
25 de Abril de 1974

Eu, no dia 25 de Abril e como habitualmente, levantei-me cedo e fui para a área de balneários do pavilhão onde dormíamos, no RC4 - o Batalhão estava no Destacamento - para a higiene pessoal e desfazer a barba, estranhando que a rádio só passasse marchas militares. 
Era meu hábito, como ainda hoje, levantar-me cedo e tranquilamente fazer essas tarefas, antes de chegar a balbúrdia dos mais atrasados e mais apressados. Seguia depois para a messe, onde pequeno-almoçava e caminhava para o Destacamento.
As tarefas de higiene eram acompanhadas pelo pequeno transistor e a estranheza da música militar só foi  interrompida pela leitura do comunicado do MFA. Eh, pá!!!!... Fui acordar toda a gente e contar a novidade, sobressaltando quem dormia os últimos minutos dessa manhã e se estremunharam com tal.
Ao sair do RC4, para o Destacamento, fomos impedidos à porta d´armas e ficámos pelo quartel durante toda a manhã. Ao destacamento fomos, da parte da tarde, mas sem nada de especial se passar.
Furriel Mário Matos (que hoje festeja 69 anos),
o 1º. cabo Pimpim e o furriel João Brejo

Matos, furriel de Aldeia

Viçosa, 69 anos em Anadia !

O furriel miliciano Mário Augusto da Silva Matos, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 69 anos da 25 de Abril de 2021. 
Hoje! Atirador de Cavalaria de especialidade militar, foi louvado porque «sempre demonstrou as melhores qualidades militares no desempenho de todas as missões que lhe foram determinadas», nomeadamente quando «chamado a ajudar o 1º. sargento da sua subunidade (...) rapidamente se adaptou a essas funções», para além de sempre se ter mostrado militar disciplinado e cumpridor».
Regressou a Portugal a 10 de Setembro de 1975, esteve emigrado nos Estados Unidos e, agora já aposentado, mora em Anadia, onde há momentos o contactámos, achando-p bemn disposto de de boa saúde. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns.
Jorge Pinho
1º. cabo CCS

Pinh
o 1º. cabo da CCS, faria
69 anos. Faleceu em 1996 !

O 1º. cabo Jorge Manuel de Sousa Pinho, escriturário da CCS do BCAV. 8423, faria 69 anos a 25 de Abril de 2021. Faleceu em 1996.
Cavaleiro do Norte da secretaria do Comando, no Quitexe e em Carmona,  regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se na cidade do Porto - de onde era natural e vivia na como ainda há dias AQUI lembrámos, evocando a sua morte.
Louvado pela sua missão angolana, vivia no Bairro dos CTT e morreu de doença a 19 de Abril de 1996, em vésperas de fazer 44 anos. Ainda muito jovem!
Hoje o lembramos com saudade. RIP!!!


Lopes de Zalala, faria 69
Adriano Lopes

anos . Faleceu em 1986 !

Adriano da Silva Lopes, soldado atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423, faria hoje 69 anos mas faleceu em 26 de Novembro de 1986. 
Cavaleiro do Norte da Fazenda de Zalala, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, a S. João do Freixo, freguesia do minhoto concelho de Ponte de Lima - de onde era natural e onde residia. Por lá vez  sua vida e lá falecendo (supomos) de doença. aos 34 anos. Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!
-

sábado, 24 de abril de 2021

5 411 - O adeus dos «zalalas» a Vista Alegre e Ponte do Dange! As primeiras mesas eleitorais!

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, que há 46 anos rodaram da Vista Alegre e Ponte do
Dange para o Songo, todos furriéis milicianos: Rodrigues, Barata, Louro, Nascimento, Eusébio, Dias
(mecânico), Velez e Costa. Rodrigues, Barata, Eusébio e Dias já faleceram RIP!!!


A Estrada do Café, de Luanda a Carmona, aqui na
 entrada de Vista Alegre. Foto de 24 de Setembro de 2019

Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 disseram adeus a Vista Alegre a Ponte do Dange a 24 de Abril de 1975, por onde jornadeavam desde 21 de Novembro de 1974, quando deixaram a Fazenda de Zalala.
Os comandados do capitão miliciano Davide Castro Dias) rodaram para o Songo, «com um Destacamento temporário em Cachalonde».
O 2º. comandante do BCAV. 8423, o capitão José Diogo Themudo, fez questão de, por isso mesmo e neste dia 24 de há 46 anos, se deslocar a Vista Alegre.
As primeiras eleições realizavam-se no dia seguinte (a 25) e essa véspera foi tempo de mais uma palestra de esclarecimento, lá em Carmona e segundo o livro «História da Unidade», «orientada por oficiais do Comando Territorial de Carmona (CTC) e do BCAV. 8423, ambos delegados do MFA».
Foi também tempo de anúncio da compra de dois Boeings 730-200 para os TAAG e de um contrato de 17,3 milhões de dólares com a mesma empresa americana, para «melhoria do controlo do tráfego aéreo em 10 aeroportos do país». Eram tempos de grande confiança no futuro angolano.



Cavaleiros do Norte
montaram mesas de voto

A imprensa de Lisboa dava conta, a 24 de Abril de 1975, da mensagem eleitoral do Presidente Costa Gomes, com «esperança no pluralismo do socialismo português», e publicava últimas indicações sobre o modo como iria (deveria) decorrer o acto eleitoral, «entre as 8 e as 19 horas» de 25 de Abril, quando se fazia um ano de revolução.
As rádios e a televisão (a RTP, a única desse tempo) mobilizaram grandes equipas de reportagem para o grande e histórico dia e expectavam-se 30 horas consecutivas de TV, para cobrir o grande acontecimento.
A norte de Angola e no Uíge, os Cavaleiros do Norte, «dando colaboração ao processo revolucionário de Portugal», foram encarregados da «montagem das assembleias de voto em Carmona». Por Luanda, e indiferentes a isso, e eu e o Cruz passeávamos os «últimos cartuchos» das nossas férias, na serenidade dos deuses e nos vícios dos homens.


Costa, o Mouraria de Zalala,
faleceu há 6 anos !

O soldado Carlos Alberto dos Santos Costa, o Mouraria (na foto ao lado), combatente da 1ª. CCAV. 8423, faleceu a 24 de Abril de 2015.
Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda de Zalala e com a especialidade de transmissões, regressou a Portugal no da 9 de Setembro e 1975, a Santos, freguesia da cidade de Lisboa, onde residia. Sabemos que morava em Azeitão, no município de Setúbal, quando faleceu há 6 anos, ainda não tinha 63 - que faria a 29 de Agosto desse ano de 2015.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!

sexta-feira, 23 de abril de 2021

5 410 - Preparação da eleição da Constituinte! Reunião dos presidentes dos três movimentos!

 

O BC12, quartel do BCAV. 8423, a ultima unidade militar portuguesa em terras
do Uíge, a 25 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel miliciano
 Viegas, do PELREC da CCS 

Os furriéis Cruz e Viegas nas férias de Abril de
entre a Caála e Nova Lisboa, a actual
cidade do Huambo 


O BC12, em Carmona, foi palco, a 23 de Abril de 1975, de uma segunda palestra sobre as eleições do dia 25 (seguinte), as eleições para a Assembleia Constituinte.
O acto eleitoral foi o primeiro da era democrática e viria a eleger (como elegeu) os deputados que viriam a elaborar e aprovar a Constituição Portuguesa.
O objectivo era, como facilmente se imagina, esclarecer o pessoal da guarnição militar dos Cavaleiros do Norte sobre o acto eleitoral qu se avizinhava, que era absoluta novidade para toda a gente - não só para os militares, como também para os civis. Como seria, como não seria!...
O dia foi de viagem aérea, minha e do António Cruz, do Lobito para Luanda, a bordo de um avião dos TAAG (Transportes Aéreos de Angola) e com um grande «cagaço» na chegada à capital, ao sobrevoar Catete, quando a aeronave «caiu» num poço de ar e nos sentimos (todos os passageiros) pendurados por onde não digo. Mas lá aterrámos e, logo depois, pousámos malas no Katekero e «voámos» para a baixa, à procura de «matar» a fome.

O furriel Viegas em frente à Igreja de
Santa Maria de Deus do Quitexe, a 24 
de Setembro de 2019
Reunião dos presidentes
dos três movimentos

Luanda, à imagem de semanas antes - quando por lá começámos as férias abrilinas desse 75 de há 46 anos!... - aparentava calma, mas ficámos a saber que, afinal, as eleições angolanas (previstas para Outubro) poderiam ser adiadas.
«Podem ser canceladas...», admitia Agostinho Neto, presidente do MPLA, falando em Dar-Es-Salam, e citado pela agências ANI e AP.
A legislação ainda não tinha sido elaborada, muito menos aprovada e sequer regulamentada. A «falha» era do Governo de Transição e Agostinho Neto falou do projecto de lei que, para o efeito, o MPLA tinha apresentado, assegurando, por outro lado, que o seu movimento/partido «continuaria a fazer a sua campanha». E falou também dos (então) recentes incidentes em Angola, oferecendo-se para «uma reunião dos presidentes dos três movimentos» - MPLA, FNLA e UNITA.
«Em vez de nos alvejarmos uns aos outros, em vez de usarmos a violência, poderíamos discutir os nossos problemas», disse Agostinho Neto.

Ferreira de Zalala, 69 anos
na Póvoa de Santa Iria!

O 1º. cabo João Viegas Ferreira, da 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte da Fazenda Maria João, a de Zalala, festeja 69 anos a 23 de Abril de 2021.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e membro do grupo de combate comandado pelo alferes miliciano Pedro Marques da Silva Rosa, com os furriéis João Aldeagas, Manuel Pinto e Victor Velez, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se na freguesia dos Olivais, em Lisboa - onde então residia.
Sabemos, por informação do furriel João Dias (TRMS), que agora mora na Póvoa de Santa Iria, em Vila Franca de Xira, para onde vai o nosso abraço de parabéns!