Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, todos milicianos e nas piscinas de Carmona: alferes João Machado (atrás) e furriéis José Melo, António Guedes e Carlos Letras |
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam, a 4 de Maio de 1974, há 47 anos, os «exercícios da Instrução Operacional» na Mata do Soares, arredores do Campo Militar de Santa Margarida.
Era um sábado e, de Lisboa, soube-se que um grupo de soldados se recusara a partir para Angola, para uma comissão militar no Enclave de Cabinda. Pertenciam à Companhia de Caçadores 45/20 e, na véspera, assumiram a palavra de ordem: «Nem mais um embarque».
Seriam 10, seriam 52?!
Parece que eram 10, segundo a Cova da Moura. E, na altura, o próprio general António Spínola estava na Base Aérea nº. 1, na Portela, por se tratar do primeiro embarque de tropas para Angola, depois do 25 de Abril. Vários deles, apresentaram-se pouco depois.
Combatentes da FNLA em Carmona. O movimento de Holden Roberto considerava-se «dono» do Uíge e não aceitava outros - o MPLA e a UNITA |
Uíge, a bem ou a mal,
terá de ser terra da FNLA
Um ano depois, em 1975 e em Carmona e considerando que «o Uíge, a bem ou mal, terá de ser terra da FNLA», este movimento, e cito do livro «História da Unidade», não aceitava bem «qualquer outra opção política no seu solo».
Obviamente, disso resultavam «permanentes quezílias entre movimentos, as quais dia a ia vão tendendo a aumentar, complicando, e de que maneira, a missão arbitral que era atribuída às Forças Armadas Portuguesas».
As ruas da cidade eram patrulhadas a toda a hora e respirava-se um ar tenso, de insegurança e de medos. A tropa portuguesa operacional tinha dias e dias de serviços continuados, sem descanso. Mesmo que insultada pela comunidade europeia. Principalmente por esta, havendo excepções.
Notícia do Diário de Lisboa de 05/05/1975 |
500 cadáveres na
morgue de Luanda
Piores iam as coisas por Luanda, onde «centenas de refugiados estão abrigados em liceus e estabelecimentos de ensino superior, onde foram organizados centros de socorro».
O 4 de Maio de 1975 de há 46 anos foi um domingo e a Força Aérea Portuguesa, por sua vez, estava «a transportar para Luanda alimentos provenientes de outras regiões de Angola».
Até esse dia 4 de Maio de 1975, e cito o Diário de Lisboa do dia seguinte (imagem ao lado), «tinham entrado 500 cadáveres na morgue» da cidade de Luanda. Mas julgava-se, ainda segundo o mesmo jornal, que «o número total de vítimas dos últimos acontecimentos deve elevar-se a cerca de um milhar».
O 1º. cabo Alberto Marques em Angola (1974/1975) |
Alberto Marques na actualidade |
Marques, 1º. cabo cripto,
69 anos em VN de Gaia !
O 1º. cabo Marques, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 69 anos a 5 de Maio de 2020.
Alberto Joaquim de Oliveira Marques foi Cavaleiro do Norte com a especialidade de operador-cripto, também passou também pela cidade de Carmona (agora Uíge) e regressou a Portugal no dia 10 de
Setembro de 1975, no final da sua jornada angolana.
Fixou-se em Mafamude, freguesia do município de Vila Nova de Gaia. Por lá fez a vida e lá mora, agora na Urbano de Moura, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
Dulce Pagaimo |
O 1º. cabo Pagaimo com os furriéis Viegas, à esquerda, e Neto, em finais de 2019 |
A viuvez de Pagaimo, 1º. cabo
Contemporâneo dos Cavaleiros do Norte no Quitexe, o 1º. cabo Pagaimo regressou a Portugal no Verão de 1975, quando terminou a sua jornada africana de Angola e do Uíge: Fez carreira profissional nas Brigadas de Trânsito da GNR e, já aposentado, vive em Moinho da Mata, Montemor-o-Velho!
A esposa, professora primária, já em 2011 teve extração de um rim, devido a problemas cancerosos, que em 2016 «passaram» para os pulmões. A situação de saúde agravou-se e passou os últimos anos de vida passou-os entre o Instituto Português de Oncologia (IPO), de Coimbra, e os cuidados paliativos.
Hoje, 2 anos depois, aqui fica o abraço solidário dos Cavaleiros do Norte», ao Pagaimo e seu filho Rúben, que 1º. sargento da GNR. RIP!!!
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