O edifício da secretaria e casa dos furriéis, na avenida do Quitexe, a 2 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel Viegas. A casa cor de laranja é a da messe de oficiais, agora uma loja comercial |
Luanda, a cosmopolita Luanda que conhecemos há 47 anos, tem a sua baía ainda mais bela, com a imensa restinga cheia de gente, jovens a bambolearem o corpo, passeando-os meios despidos nas areias e águas da praia e a viverem os prazeres de um domingo bem encalorado, olhando o mar.
Páginas 3 e 4 (de 6) da reportagem do jornal «Sol» sobre a viagem ao Uíge |
Homens de negócios, famílias inteiras, gente despida de qualquer preconceito, sem importar o estatuto social ou a cor de pele, ou a etnia, toda a gente nivelada em todos os sentidos.
Há 2 anos, hoje se fazem, foi dia de partida para o norte, ansiosos por rever s terras da nossa jornada africana do norte de Angola.
Ainda em Luanda e a 23, tinha procurado, sem achar..., a mítica Portugália, a Paris Versailles, o Amazonas, muitos menos os dois restaurantes Florestas e o Pólo Norte - locais de culto da tropa colonial. Estão ocupadas com outros serviços, ou foram demolidos (o Pólo Norte) numa cidade em bulício permanente e que se agigantou para os lados de Viana (onde prosperam muitos empresários portugueses), para o Kilamba e Talatona - cidades satélites, modernas, onde se respira confiança e segurança. E para a Corimba, a Praia do Bispo, por aí fora, até quase à Barra do Quanza ou ao Cacuaco.
Resiste o Mutamba, são coloniais os edifícios dos Correios e da Polícia, o Porto de Luanda continua aberto ao mundo, o Estádio dos Coqueiros (onde treinavam os zambianos do Green Eagles, para a «champions» africana, com o 1º. de Agosto, passando os angolanos) e fui espreitar a Fortaleza - histórico palco das bravas lutas com os invasores holandeses e mandada construir por Paulo Dias de Novais, a primeira estrutura militar defensiva construída em Angola, nos idos anos de 1575.
A Fortaleza de S. Miguel de Luanda, assim se chamou, foi transformada em Museu de Angola (em 1939), em 1961 voltou a assumir funções militares (nela se instalando o Comando das Forças Militares Portuguesas) e, após a Independência, em 1978, passou a albergar o Museu das Forças Armadas Angolanas.
Foi lá que achámos, com grande surpresa, as estátuas de D. Afonso Henriques, de Diogo Cão e de Paulo Dias de Novais. Assim os angolanos guardam a sua própria História. Dias depois, já no Huambo (a antiga Nova Lisboa) viria a encontrar a de Norton de Matos - num jardim ao lado da praça principal, a que chamam Jardim da Cultura e debaixo dos olhos do Palácio do Governador Provincial.
A caminho do chão do Uíge!
Um Quitexe muito igual !
A 24 de Setembro, há 2 anos..., partimos de Luanda para o Quitexe, galgando a mítica Estrada do Café, pelo Cacuaco, Caxito, Úcua, Piri, Ponte do Dange, Vista Alegre e Aldeia Viçosa. O Quitexe está igual, quase igual do «nosso» saudoso Quitexe de 1974/75.
Logo na entrada, o velho Posto 5 - onde se guardava a vila e detia quem menos bem se comportava, em jeito. Depois, a administração (muito bem conservada), as casas dos Morais (agora o Banco BIC) e do Carlos Gaspar, os restaurantes Topete, o Rocha e o Pacheco, a escola primária, a casa dos Correios, o Clube do Quitexe (onde em 1974 vimos «Eusébio», o filme do pantera negra), o hospital, tudo na Rua de Cima (a Estrada do Café).
O edifício do Comando do BCAV. 8423, na de Baixo (a avenida) está em ruínas, aparentemente com uma família lá dentro, num contentor. Há roupa a secar numa corda e crianças a espreitar. Outras, perguntam-nos o que por ali fazemos e brincam com carrinhos de madeira. O espaço das casernas, oficinas, refeitório, balneários e parada do BCAV. 8423 está ocupado com pavilhões, de onde saem e entram jovens estudantes, todos de bata branca e a olhar-nos com curiosidade. Ao lado, mesmo ao lado, está o adro da Igreja de Santa Maria de Deus e a missão onde pastoreou o padre Albino Capela, agora a viver em Barcelos.
Edifício do Comando
destruído pela guerra!
O «nosso» quartel inexiste, na sombra de um enorme embondeiro. Destruído pela guerra civil. Da porta d´armas, resta o sítio e uma avenida que foi de alcatrão está agora esburacada, aqui e ali ainda com o separador central com alguns verdes a alegrar o espaço.
Um comerciante de Malanje abriu loja na antiga messe de oficiais e diz: «Isto está muito parado».
Um comerciante de Malanje abriu loja na antiga messe de oficiais e diz: «Isto está muito parado».
A messe e bar de sargentos, a secretaria e a casa dos furriéis são habitações ocupadas, de gente que nos espreita e saúda com sorriso largo: «Saúde, papá..., brigado»!!!..., dizem-nos algumas crianças. E recusam-se a vender os seus pequenos brinquedos de madeira.
A casa do comandante está destelhada, pintada de azul e abandonada.
A casa do comandante está destelhada, pintada de azul e abandonada.
Mesmo em frente, a moradia que foi de Rui Rei e é agora a Delegação da Polícia Nacional. Ao lado, a antiga enfermaria militar está ocupada por serviços públicos. Funcionam a escola, a administração e o hospital coloniais, edifícios coloniais bem conservados.
Deixámos o Quitexe com emoção, deixando cair uma traiçoeira lágrima de alegria e já saudade. Íamos a caminho de Carmona - cidade fundada por Montanha Pinto e batizada pelos portugueses com o nome de Presidente da República. Que os angolanos fizeram Uíge, capital da província deste nome, no norte de uma Angola que foi chão de muitas lutas e hoje é terra de esperança.
Deixámos o Quitexe com emoção, deixando cair uma traiçoeira lágrima de alegria e já saudade. Íamos a caminho de Carmona - cidade fundada por Montanha Pinto e batizada pelos portugueses com o nome de Presidente da República. Que os angolanos fizeram Uíge, capital da província deste nome, no norte de uma Angola que foi chão de muitas lutas e hoje é terra de esperança.
Alferes António Albano Cruz |
Alferes António Cruz76
anos em Santo Tirso !
O alferes miliciano Cruz, da CCS do BCAV. 8423, festeja 76 anos a 24 de Setembro de 2021, na sua terra de Palmeira, em Santo Tirso.
Engenheiro de formação académica e mecânico-auto de especialidade militar, o alferes António Albano de Araújo Sousa Cruz foi um excelente companheiro da jornada africana do norte de Angola, por terras do Uíge, e oficial competente e sempre solidário com os Cavaleiros do Norte da CCS e todas as subunidades do BCAV. 8423.
Notabilizou-se de tal modo que o pelotão que proficientemente por lá comandou foi louvado pelo Comando do Batalhão, atestando-o como «equipa de trabalho, com espírito de entreajuda e sacrifício, procurando tirar o maior rendimento do seu labor», conforme se lê, na Ordem de Serviço 181 do BCAV. 8423.
A esposa era a dra. Margarida Cruz, médica e que por lá foi professora e pais do Ricardo, o bebé «mascote» do batalhão. Agora, aposentado, pai e avô, mora em Santo Tirso, a sua terra natal, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
A esposa era a dra. Margarida Cruz, médica e que por lá foi professora e pais do Ricardo, o bebé «mascote» do batalhão. Agora, aposentado, pai e avô, mora em Santo Tirso, a sua terra natal, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
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