domingo, 26 de setembro de 2021

5 564 - As memórias uíjanas de 1974/1975! FNLA ameaçou abater aviões portugueses!

 


O condutor Nogueira, da CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato, e o furriel Viegas, da
CCS do BCAV. 8423 na Ponte do Dange, a 24 e Setembro de 2019. O resto da
ponte velha, a de 1974/75 vê-se a juzante da nova e na água do rio. Em cima e
à esquerda, indicadas pela seta, as ruínas do antigo Destacamento. Em baixo
e à direita, a azul, o controlo da polícia

Os pavilhões escolares que estão no espaço da antiga parada do
BCAV. 8423. Ao fundo, a Igreja de Santa Maria de Deus do
Quitexe. Imagem de 24 de Setembro de 2019



Há 2 anos, rumando ao Uíge angolano da nossa jornada africana, avivaram-se muitas memórias, daquele tempo histórico - que tantas saudades deixou aos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
A cada centímetro do chão que pisámos, a cada espaço que aquartelou as subunidades, fosse no Quitexe ou em Carmona, na Ponte do Dange, em Vista Alegre e Aldeia Viçosa, como que recuávamos no tempo - lembrando pessoas e factos dessa distante jornada militar de 1974 e 1975, em que, sem recuos e com coragem (não nos fica mal dizê-lo...), fomos personagens de um tempo único irrepetível: o do nascimento de um pais novo.
Há 47 anos, vale a pena recordar, o desarmamento previsto pelos acordos de Portugal com os movimentos de libertação de Angola não tinha sido bem aceite pelos povos e, a 26 de Outubro de 1974, realizou-se, no Quitexe, «uma reunião com todos os regedores, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O plano de desarmamento começara no dia 21 (uma semana antes) e os povos das áreas do Quitexe e de Aldeia Viçosa, principalmente, temiam que a sua defesa ficava fragilizada, face ao que o Livro da Unidade chama «defesa às acções de depradação e exigência do IN» - que, na área, era a FNLA (mas qualquer outro poderia ser, a UNITA, o MPLA).
O desarmamento, esse e como o programado, «veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro», memoria o livro «História da Unidade».

O condutor Nogueira, do Liberato, e o furriel Viegas,
da CCS, em Aldeia Viçosa e na Estrada do Café,
a 24 de Setembro de 2019 

Angola em vésperas
da independência !

A 26 de Outubro de 1975, um ano depois (e hoje se passam 47), o dia da independência estava cada vez mais próximo mas Angola continuava a ferro e fogo.
Os movimentos independentistas não se entendiam e, em vez das palavras, falavam as armas.
A 9ª. Brigada do MPLA, nesse dia, travou o avanço do FNLA, no Morro da Cal, a apenas 20 quilómetros de Quifangondo, localidade do município do Cacuaco, às margens do rio Bengo e que fica a apenas 30 quilómetros a norte de Luanda, a capital de Angola.
Holden Roberto, presidente FNLA e comandante supremo do Exército de Libertação Nacional de Angola (o ELNA), queixou-se, por carta, que as Forças Armadas Portuguesas «vigia(va)m sistematicamente as posições da FNLA» naquela área e informou que, a partir desse dia, «qualquer avião que sobrevoasse seria inapelavelmente abatido».
Leonel Cardoso, o Alto Comissário de Portugal, rejeitou a acusação e, por não aceitar o ultimato da FNLA, mandou-lhe recado, para o caso de algum aeronave portuguesa ser alvejada: «Sujeita-se o ELNA às consequências».
Condutores da CCS: António Picote, Manuel 
Alves e Alípio Canhoto (irmão de José)

Canhoto, CAR de Santa
Isabel, faria 72 anos !

O soldado José Canhoto Pereira, da 3ª. CCAV. 8423, faria hoje 72 anos. Dia 26 de Setembro de 2021.
Irmão de Alípio, condutor auto-rodas da CCS, a Companhia do Quitexe, estava emigrado para França e, numa das visitas de férias, foi «apanhado» para o serviço militar (a que «fugira») e, instrução feita, foi mobilizado para Angola. Cumprida a jornada africana, voltou a Colmeal da Torre, no município de Belmonte, a 11 de Setembro de 1975, e logo depois voltou a França e por lá fez vida profissional e familiar. 
Teve duas filhas e separou-se, casando-se de novo - em Chaves. Faleceu «há uns 8 ou 9 anos», vítima de doença cancerosa, disse-nos o irmão Alípio, que há 2 anos «achámos» e abraçámos em Colmeal da Torre, sem conseguir precisar a data.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!


Castelo de Santa Isabel,
69 anos em Fanhões !

O soldado Graciano Letras Castelo, atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Santa Isabel, festeja 69 anos a 26 de Setembro de 2020. Hoje mesmo.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, aonde chegou a 11 de Junho de 1974, e depois do Quitexe (10 de Dezembro) e Carmona (9 de Julho de 1975), do comando do capitão miliciano José Paulo Fernandes, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, aos Casalinhos, de Fanhões, em Loures - onde sabemos que ainda reside. 
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

Sem comentários:

Enviar um comentário