terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

5 714 - A primeira viagem do coronel Themudo para Angola! Incidentes em Luanda com 20 mortos !


Embarque no navio «Pátria», de Lisboa para Angola e há 52 anos,
no Dia dos Namorados de 1970
Os capitães Themudo (à direita) e José P. Falcão, com o alferes
Machado (à esquerda) na varanda do comando do BC12 (1975)


O coronel José Diogo da Mota e Silva Themudo foi 2º. comandante dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e ontem fez memória de uma sua partida para Angola. A de há 52 anos!
Aqui a transcrevemos, com a devida vénia e DAQUI:
«A noite foi longa e fria. A viagem de Estremoz a Lisboa envolta em angústias.
Á nossa espera no cais - ironia do destino - esperava-nos o navio Pátria, que nos iria levar para longes terras de Angola .
Era a PÁTRIA que nos chamava a honrar um juramento de sangue que alguns de nós pagaram com a própria vida.
Valeu a pena?
O nosso juramento foi cumprido mas a nossa entrega ainda hoje não é devidamente reconhecida.
Faz hoje 52 anos - uma vida - que deixámos as nossas famílias e avançámos destemidos em defesa dos valores que na altura jurámos defender.
Nesta hora lembramos os que deram a vida ao nosso lado e recordamos com saudade todos os companheiros - e são tantos - que já partiram .
Uma vez XEQUE MATE , XEQUE MATE SEMPRE».
O coronel José Diogo Themudo
no dia dos seus 80 anos !


Patente de coronel e
o telegrama forjado !

O capitão (agora coronel) Themudo foi segundo comandante do BCAV. 8423 e fará 81 anos a 19 de Setembro de 2022. Chegou aos Cavaleiros do Norte já em Carmona, em Março de 1975 - quando, em Luanda, foi convidado pelo comandante Almeida e Brito. Até aí, não tínhamos 2º. comandante, pois o major José Luís Ornelas foi desmobilizado antes da nossa partida e foi para a Guiné.
A carreira militar do capitão Themudo tinha passado já por duas outras comissões (Angola e Moçambique), continuou em Portugal e atingiu a patente de coronel, em que se aposentou aos 57 anos, em 1998. Até então, foi comandante de um dos Regimentos de Cavalaria da GNR - «dividido» pelos quartéis da Ajuda e Estefânia, com liderança na CCS, esquadrão motorizado, em dois esquadrões a cavalo e brigadas de trânsito. Também comandou a PSP de Santarém (durante 5 anos) e foi 2º. comandante da Regimento de Cavalaria de Santa Margarida, o antigo RC4 - a unidade mobilizadora do BCAV. 8423.
O coronel Themudo vive em Lisboa e ainda guarda um telegrama forjado pelo coronel Ramiro Mourato (Chefe do Estado Maior do Comando de Sector de Carmona) e o general Leão Correia, atribuído ao Ministro do Interior do Governo de Transição (Ngola Kabango) e que serviu de «passaporte» para a passagem da coluna que se dirigia a Luanda e a FNLA não queria deixar passar no Negage.
O telegrama, lembrou o então capitão Themudo, dava ordens ao FNLA para não criar problemas e lá seguiu a coluna para Luanda, sem mais confusões.
- THEMUDO. José Diogo da Mota e Silva Themudo, capitão
de Cavalaria e 2º. comandante do BCAV. 8423. Coronel
aposentado, mora em Lisboa.
Daniel Chipenda (Revolta do Leste), o
jornalista argelino Boubakar Adjali
Kapiaça e Agostinho Neto (MPLA)

Incidentes em Luanda
com 20 mortos !

As principais atenções dos Cavaleiros do Norte, há 47 anos e ainda no Quitexe, estavam viradas para os acontecimentos de Luanda, onde forças da Revolta do Leste (a Facção Chipenda) e do MPLA se envolveram em tiroteio - quando estas se aproximaram da delegação «chipenda» - e morreram pelo menos 20 pessoas e ainda maior número de feridos.
«Forças militares mistas, constituídas pelo Exército Português e forças do MPLA, da FNLA e da UNITA, continuam a ocupar as instalações o Grupo Chipenda», relatava o Diário de Lisboa de 15 de Fevereiro de 1975, um sábado, enquanto «forças da FNLA e da UNITA guardam o Hospital de S. Paulo, onde se encontra os feridos, entre os quais sete partidários de Chipenda».
Quanto a Daniel Chipenda, desconhecia-se o paradeiro, admitindo-se, porém, que «teria já abandonado Angola».
O líder da Revolta do Leste tinha entrado dois meses antes pela fronteira leste, com cerca de 3000 homens armados, e os seus partidários ocupavam várias instalações em Luanda. Um informador militar português, entretanto e segundo o Diário de Lisboa, «desmentiu notícias postas a circular em Luanda, de que as forças de Chipenda teriam atacado um hospital do MPLA no Luso».
Assim ia a Angola de há 47 anos, fazendo caminho para a independência.
José M. Leal, 1º.
cabo de Zalala

Leal, enfermeiro de Zalala,
70 anos em VN de Gaia !

O 1º. cabo José Manuel do Carmo Leal, enfermeiro da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Maria João, em Zalala, festeja 70 anos a 16 de Fevereiro de 2021.
Natural de S. Mamede de Infesta, em Matosinhos, lá regressou a 9 de Setembro de 1975, quando terminou a sua comissão militar em Angola  e depois de também passar por Vista Alegre/Ponde do Dange, Songo e Carmona. 
Profissionalmente, trabalhou como empregado de armazém e problemas de saúde levaram a que já por duas vezes fosse operado no IPO do Porto e, por isso, antecipasse a reforma. Vive agora em Vila Nova de Gaia e para lá e para ele vai o nosso sentido abraço de parabéns!





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