domingo, 19 de junho de 2022

5 838 - A 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas! O tenente angolano aos tiros na carreira de... tiro do BC12!

Militares angolanos da 1ª. Companhia das Forças Militares
Mistas, na parada do BC12, em Carmona e em Junho de 1975

O BC12 em 1975, visto do lado do Songo

Os meados de Junho de 1975, em Carmona e depois dos trágicos primeiros 6 dias, foram tempos de criação da 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas (1ª./FMM), formada por ex-combatentes da FNLA e da UNITA - e que seria (mas não chegou a ser) parte do futuro Exército Nacional de Angola.
Não foi e fartas dores de cabeça nos deram, no período de formação, ministrada pelos quadros da CCS do BCAV. 8423, a partir do BC12. 
Ao alferes António Garcia, miliciano e «Ranger», comandante do PELREC, coube a tarefa de ensinar técnicas de tiro. Era o oficial de instrução, com o Neto e o Viegas (ambos furriéis de Operações Especiais, como ele) na função de monitores.
A instrução era dada na carreira de tiro, no meio de um capinzal por que se descia, na frente do BC12, e não foram nada simpáticos alguns momentos por lá passados. Bem pelo contrário e nomeadamente resultantes da evidente inabilidade e falta de pontaria dos instruendos, com linhas de tiro completas sem uma vez acertarem nos alvos. Não acertavam nos alvos, acertavam onde? Era esse o problema, pois não se sabia, nunca se sabia!, para onde atiravam e a segurança da carreira de tiro ficava extremamente fragilizada. Perigosa!
O BC12 a 25 de Setembro de 2019, quando
lá passou o furriel Viegas, da CCS do BCAV. 8423

Tenente aos tiros na
carreira de... tiro!

Um dia, de farda nº. 2 (a de saída) vestida, um jovem tenente das FMM ousou disparar, no intervalo de duas linhas de tiro, sem dizer «ó burro, queres palha!»
Foi avisado pelo alferes António Garcia, o oficial de tiro, o instrutor. Repetiu a gracinha, porém o tenente e, numa vez seguinte, indiferente às normas e à segurança, ousou assumir a sua patente de tenente, superior à do oficial de tiro (alferes).
Rapou, porém, o alferes Garcia de uma G3 e disparou, de rajada!!! 
À volta dele! 
Ai o que aconteceu: «desapareceu» o jovem tenente na nuvem de pó vermelho que se levantou à sua volta e todos nos alarmámos. Teria acontecido, o quê? Mas desapareceu o pó e lá estava o jovem tenente, mais branco que o negro da sua cor de pele, de pé, hirto e sem mexer um sapato! 
Foi remédio santo. Não mais ousou ele, em toda a instrução, dar um tiro na respectiva carreira, sem a ordem/autorização do respectivo oficial!

Camilo de Santa Isabel,
70 anos em Sesimbra !

O soldado Camilo, atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 19 de Junho de 2022, em Sesimbra.
Júlio Camilo Ferreira, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, do comando do capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes, e depois do Quitexe e de Carmona. Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana do Uíge angolano, fixando-se em Cabanas de Palmela, na freguesia de Santa Maria do Castelo, em Alcácer do Sal.
Actualmente, sabemos que vive em Boa Água, na Quinta do Conde, em Sesimbra, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

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