quinta-feira, 30 de junho de 2022

5 849 - O tenente Mora faria hoje 96 anos!!! Comandante Almeida e Brito no Destacamento de Luísa Maria!

Os alferes milicianos Jaime Ribeiro e António Garcia e tenentes Acácio Luz e João Mora, na 
avenida do Quitexe. Atrás, à esquerda, o edifício do comando do BCAV. 8423
tenente Mora, os furriéis Neto, Viegas e 
Monteiro e o 1º. cabo Miguel Teixeira


O tenente Mora foi adjunto do capitão António Martins de Oliveira, comandante da CCS do BCAV. 8423, e faria hoje 96 anos. Faleceu a 21 de Abril de 1993, há 29 anos! Vítima de doença, tinha 67 de idade!
João Eloy Borges da Cunha Mora era natural de Pombal, com residência em Lisboa, ao tempo da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano, e oficial de carreira de personalidade invulgar, pelo trato, pelo comportamento, pelo rigor que gostava de impor nas suas coisas, invocando o RDM por tudo e por nada.
Não há Cavaleiro do Norte da CCS que dele não se lembre, das continências e os cumprimentos militares que exigia, d forma bonacheirona, diríamos..
 Era o «nosso tenente Palinhas». Porque, sem exigir, «exigia» que, a troco de tudo, o saudássemos com a continência. E, não o fizéssemos nós, por qualquer razão, e batia-a ele antes de nós, a tal nos obrigando.
O tenente Mora dava para um monte de postagens. E já deu. Dele, já aqui falei na minha ida ao cinema do Quitexe, disfarçado de mulher. Onde quando se pôs a ouvir o que eu ouvia, deleitado e deitado no meu quarto do Quitexe: sinais e repeniques da minha igreja, gravados numa cassette. Há mais histórias do «nosso tenente Mora», já contadas neste blogue, como a de quando, supondo haver sabotagem na luz da vila, se pôs a rastejar na avenida. Outras há, por aqui publicadas.
Hoje, passando-se 96  anos sobre o seu nascimento em Pombal, evoco-o com saudade, com respeito e lembrando que como um companheiro, mais velho, que não quis ser diferente, antes igual. 
Até um destes dias, tenente Mora! RIP!!!
Cavaleiros do Norte em Luísa Maria., a 30 de Junho
de 1974: 1º. cabo Augusto Hipólito e furriel Viegas 
(atrás), Raúl Caixarias, Ezequiel Silvestre e João
Marcos (à frente)

Comandante Almeida e
Brito em Luísa Maria !

O dia 30 de Junho de 1974, um domingo de há 48 anos, foi dia de o comandante Almeida e Brito se deslocar à Fazenda Luísa Maria, para «contactos operacionais».
A Fazenda Luísa Maria era propriedade de  senhor chamado Patrocínio - que lá tinha o irmão Abílio como gerente. Quem lá conhecemos, na altura, foi o gerente Eduardo Bento da Silva, que faleceu a 11 de Setembro de 2011 e faria 81 anos a 10 de Outubro seguinte. Tinha um mini-mercado em Taveiro e morava em Condeixa-a-Nova.
A fazenda era simultaneamente um Destacamento do BCAV. 8423 e onde, ao tempo, se aquartelava o grupo de combate comandado pelo alferes João Machado (de Operações Especiais, os Rangers), com os furriéis milicianos Carlos Letras (idem) e Mário Matos (atirador de Cavalaria). Era o 1º. Pelotão da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa.
O comandante Almeida e Brito, escoltado pelo PELREC da CCS, foi acompanhado pelo administrador do Concelho do Dange (Pimentel, ou Galina?, já nos escapa quem, na memória).
João O. Silva

Orlando, telegrafista da CCS,
faz 70 anos em Odivelas!

O soldado rádio-telegrafista Orlando Silva, da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 30 de Junho de 2022. Hoje mesmo!
José Orlando Machado da Silva era natural e, ao tempo da sua comissão militar no norte de Angola, muitas operações, escoltas e patrulhamentos fez com o PELREC e o Pelotão de Sapadores, pelas picadas, matas e e estradas do Uíge. 
Residia na freguesia de S. João, em Lisboa, e lá voltou a 8 de Setembro de 1975. Pouco mais sabemos dele. Apenas que mora(rá) em Bons Dias, na Sacadura Cabral e no concelho de Odivelas, para onde vai o nosso abraço de parabéns, com votos de muitos e mais bons anos de vida!
António Venâncio, 
aos 65 anos!

Venâncio, atirador,
70 anos na Covilhã!

O Venâncio foi atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e faz 70 anos a 30 de Junho de 2022. Hoje!
António de Oliveira Venâncio (é este o seu nome completo) era ( e é) natural da freguesia de Ferro, no concelho da Covilhã. E lá voltou a 10 de Setembro de 1975, e por lá faz vida profissional e familiar, morando agora na Quinta do Poço Frio.
É frequentador habitual e participativo dos encontros dos «aldeias viçosas» do comando do capitão miliciano José Manuel Cruz e para ele vai o nosso abraço de parabéns pela bonita idade que agora festeja!


quarta-feira, 29 de junho de 2022

5 848 - Capitão Castro Dias no «Jacinto», transformado em Destacamento dos Cavaleiros do Norte!

O 1º. cabo Jacinto Diogo, da CSU, e o capitão Davide Castro Dias,
comandante da 1ª. CCAV 8423, a de Zalala. Encontro no Algarve,
a 28 de Junho de 2022 (ontem)
 


Os dias algarvios tiveram ontem mais um Cavaleiro do Norte em veraneio: o capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias, que pelas uíjanas terras do norte de Angola foi comandante da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Zalala!
E depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, do Songo e  de Carmona
Inevitável foi a almoçarada no Jacinto, que foi 1º. cabo escriturário do Comando do Sector do Uíge (CSU), na saudosa Carmona - agora também Uíge de nome.
Jacinto Sebastião Gomes Diogo que foi 1º. cabo, é verdade, mas também por lá andou de G3 em punho nos trágicos primeiros dias de Junho de 1975 e agora é afamado empresário de restauração - fundador e gestor do restaurante que se dá pelo seu nome próprio - «O Jacinto», na Avenida Sá Carneiro, da Quarteira. Que, a brincar a brincar e a saborear a sua apetitosa ementa, se transformou numa espécie de «destacamento» de antigos combatentes dos chãos angolanos.
E onde, o capitão Castro Dias o diz e incansavelmente repete, se come «o melhor arroz de marisco do mundo».
O capitão Castro Dias
na hora do «rancho»
Arroz de marisco que nada a ver com as «ementas» dos furriéis milicianos José António Moreira do Nascimento, o vagomestre dos primeiros tempos de Zalala e há já muitos aos emigrado nos Estados Unidos da América do Norte; e depois do também saudoso furriel Américo Joaquim da Silva Rodrigues - que foi atirador de Cavalaria de especialidade militar mas se diplomou em gestor de «ranchos» dos zalalianos e desta vida «foi» a 30 de Agosto de 2018. 
Há já quase 4 anos! 
Nós subscrevemos a gastrónoma e autorizada opinião de Davide de Oliveira Castro Dias, assim como a do furriel João Custódio Dias, especialistas de TRMS, que lá esteve há duas semanas e os três - ele, Castro Dias e furriel Viegas - por lá mariscámos juntos vai para 3 anos.
«Estivemos a recordar os tempos de há 47 anos», comentou Castro Dias, sobre a «operação» de ontem e sem dispensar uma boa taça de verde branco a regar o sabor do «melhor arroz de marisco do mundo».
Eh, pá!!!..., pfff...., estivemos lá há uma semana e já nos matamos de saudades do opíparo prato cozinhado pelas mãos de ouro da «mais-que-tudo» do Jacinto.
Talvez, quase de certeza, para o ano as «mataremos»!
Alferes Pedro
Rosa, que hoje
 faz 70 anos

Alferes Rosa, de Zalala,
faz 70 anos em Palmela!

O alferes miliciano Pedro Marques da Silva Rosa, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos exactamente hoje, dia 29 de Junho de 2022.
Cavaleiro do Norte da Fazenda de Zalala, e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, foi louvado pela «maneira eficiente e interessada como desempenhou as funções de comandante de grupo de combate da sua subunidade».
«Dedicado, leal e colaborador, procurando dos seus militares o melhor rendimento, deu, com a sua conduta e trabalho, jus a elevar o conceito em que a sua Companhia desejava ser tida», sublinha o louvor, citando-o também como «disciplinado e disciplinador, superando a inexperiência militar pela muita dedicação e espírito de servir». 
O louvor credita-o, finalmente, com «um bom condutor de homens, constituindo-se em exemplo para com quem com ele privava».
O alferes Pedro Rosa regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua terra do Bombarral, e mora agora Algeruz, no município de Palmela, onde trabalha na área da economia, fiscalidade e contabilidade.
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

Furriéis Letras e Chitas,
que hoje festeja 70 anos
Chitas, furriel da 2ª. CCAV.,
70 anos em V. F. de Xira !

O furriel miliciano António Milheiros Courinhas Chitas, da 2ª. CCAV. do BCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 70 anos a 29 de Junho de 2022. Hoje!
Cavaleiro do Norte com a especialidade de atirador de Cavalaria, regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, fixando-se em Cabeção, freguesia de Mora. Sabemos que, anos mais tarde e por razões profissionais, voltou a Angola, como colaborador de uma empresa construção civil.
O pouco que mais sabemos dele é que não participa (por opção pessoal) nos encontros anuais da 2ª. CCAV. 8423 e que mora(rá) no Sobralinho, em Vila Franca de Xira, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 28 de junho de 2022

5 847 - Cavaleiro ao sul em encontro com o Jacinto do Comando de Sector do Uíge!

O furriel Viegas, da CCS do BCAV. 8423 e o 1º. cabo Jacinto Diogo, do CSU, achados
 em finais de Junho de 2022, na algarvia Quarteira. Nada mais nada menos que 47
anos depois de jornadearem pelo angolano Uíge

Jacinto, 1º. cabo do CSU, nos tempos da jornada
africana do norte angolano do Uíge, em 1974/75



A tradição dos últimos anos (não covid) continuou neste 2022 que voa, já vamos no dia 28 de Junho, e em tempo de uma volta pelos sulistas Algarves, por lá nos achámos com companheiros da jornada africana do Uíge angolano.
Hoje, aqui trazemos o 1º. cabo Jacinto Sebastião Gomes Diogo, que foi 1º. cabo escriturário do Comando do Sector do Uíge (CSU) e contemporâneo dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, em Carmona - a actual cidade do Uíge e capital da província angolana do mesmo nome.
Já por lá estava, ao tempo ido de Odeleite, em Castro Marim, quando a CCS do BCAV. 8423 se aquartelou em Carmona - a 2 de Março de 1975. Regressado a Portugal, já pelo 1975 bem adentro, tornou-se empresário do sector da restauração, fundando e gerindo o muito afamado «O Jacinto», na Quarteira.
Restaurante onde, nunca se esquece de sublinhar o capitão Davide Castro Dias, o último comandante de Zalala, se come «o melhor arroz de marisco do mundo» - o que nós de novo comprovámos, quando agora lá estivemos.
As memórias voltaram a fluir este ano, principalmente sobre os dramáticos acontecimentos dos primeiros dias de Junho de 1975 - e já lá vão 47 anos!!!... -, recordados com emoção e cada vez mais seguros do papel determinante que os Cavaleiros do Norte tiveram na salvação de vidas e vidas de gente dos chãos uíjanos.
Septuagenário em boa forma física, pensa o Jacinto, porém, passar à reforma, podendo o filho seguir-lhe as pisadas empreendedoras que o levaram à criação, gestão e fama de «O Jacinto».
O 1º. cabo Delmar (1974)
Delmar Alves em
Dezembro de 2021



Delmar Alves, 1º. cabo
dos Morteiros, faz 70
 anos em Espinho!

O 1º. cabo Delmar Mendes Alves foi enfermeiro do Pelotão de Morteiros 4281, comandado pelo alferes miliciano João Leite, e popularizou-se no Quitexe por jogar futebol, sendo um excelente defesa central e alinhando pelo seu pelotão e pela equipa da CCS, nos torneios inter-subunidades.
Contemporâneo dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, na vila do Quitexe, onde nos
 recepcionou a 6 de Junho de 1974, lá tinha chegado a 16 de Abril do mesmo e de lá  saiu a 4 de Janeiro de 1975 (para a cidade de Carmona, onde nos voltámos a encontrar já em Março).
Está em festa dos 70 anos, hoje mesmo e em Espinho - de onde é natural e onde reside. Hoje, dia 28 de Junho de 2022.
Profissionalmente, trabalhou muito tempo na cidade do Porto, na gestão de uma loja do Grupo SuperCasa, especializada em tapeçarias e decoração de interiores, e agora goza os prazeres da reforma.
Para lá e para ele vão os nossos parabéns!
Fazenda Santa Isabel

Matias de Santa Isabel, 
70 anos na Pontinha!

O soldado António Manuel da Silva  Matias, atirador de Cavalaria de espacialidade militar e combatente da 3ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 28 de Junho de 2022.
Hoje mesmo.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, depois do Quitexe e ainda de
 Carmona, o seu nome não consta da lista do embarque do regresso a Portugal, no dia 11 de Setembro de 1975. Por razões que desconhecemos.
Sabemos que mora(rá) agora na zona da Pontinha, em Lisboa (na Rua da Liberdade do Casal da Perdigueira), e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

segunda-feira, 27 de junho de 2022

5 846 - Cavaleiros do Norte ao sul de Portugal!



Almeida e Viegas, 2 Cavaleiros do Norte
no sul de Portugal. Em Junho de 2022!
Alferes José A. Almeida em 1974


Os dias de Junho de 2022 foram tempo de reencontro de dois Cavaleiros do Norte, por terras do sul de Portugal, no Algarve: os milicianos alferes Almeida e o furriel Viegas.
José Alberto Alegria Martins de Almeida foi oficial de reabastecimentos do BCAV. 8423, aquartelado na CCS do Quitexe e, pela jornada africana do norte uíjano, «acumulou» com a pasta da justiça. 
Regressou a Portugal a 8 de Setembro de 1975, fixando-se em Albufeira - para onde tinham migrado seus pais, os donos do antigo Colégio de Oliveira da Azeméis. O chão natal do casal e dos dois filhos - António José (falecido a 24 de Junho de há poucos dias) e José Alberto.
A jornada africana e a «correção e trato inexcedíveis, elevadas qualidades morais e cívicas» do alferes Almeida foram notadas pelo comando do BCAV. 8423, o então tenente-coronel Almeida e Brito, que, em louvor publicado na Ordem de Serviço nº. 168, sublinhou que «sempre procurou por o seu saber em proveito das necessidades da função militar». O que o «creditou como um bom colaborador do comando que serviu e o tornaram credor da consideração e estima de todo o pessoal que com ele privou no BCAV. 8423 durante a sua permanência na Região Militar de Angola».
O (nosso) alferes José Alberto Almeida, que a 14 de Junho festejou 75 anos, é licenciado em Economia e Arquitectura, foi professor e é empresário dos sectores da construção civil e do turismo e 
Cônsul do Reino de Marrocos no Algarve.
A base de trabalho é a cidade de Albufeira, no Algarve, e com escritório em Marraquexe, em Marrocos.

João Brejo no encontros da 2ª.
CCAV. 8423, em Salvaterra
de Magos, em 2015

Brejo, o furriel de Aldeia
Viçosa, 70 anos no Seixal!

O furriel miliciano Brejo torna-se septuagenário precisamente amanhã, dia 28 de Junho de 2021.
João António Piteira Brejo, de seu nome completo, foi furriel miliciano atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a da uíjana Aldeia Viçosa.
Alentejano e natural do lugar de S. Mateus, na freguesia de Nossa Senhora da Vila, em Montemor-o-Novo, lá voltou a 10 de Setembro de 1975 - depois de concluída a comissão de serviço em Angola, ao norte e por terras do Uíge.
O eternamente bem disposto e sempre bem  humorado furriel Brejo trabalhou na área da segurança, já na sua última fase da carreira profissional, e actualmente já aposentado, reside na Cruz do Pau, no Seixal, para onde vai o nosso abraço de parabéns - assim como para um dos seus três filhos (Rui António, o do meio), que é 1º. sargento da Marinha e no mesmo dia faz 39 anos. 
Parabéns para o pai, o grande Brejo, e para filho marinheiro!

O condutor Aniano Tomás
Aniano de Aldeia Viçosa,
70 anos na Mealhada !

O soldado Aniano Mesquita Tomás, foi condutor-auto da 2ª. CCAV. 8423 e festeja 70 anos a 28 de Junho de 2022. Já amanhã.
Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa e depois da Carmona (actual cidade do Uíge), regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana do norte de Angola e à bairradina Ventosa do Bairro, freguesia do município da Mealhada, de onde é natural e onde reside.
Trabalhou na área da serralharia mecânica e, agora já aposentado, pela Bairrada continua a viver, agora gozar os prazeres e descontração da reforma e, sabemos nós, sempre atento ao que, aqui pelo blogue, vamos contando da história dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e da sua 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel da Cruz.
Parabéns para ele, embrulhados no desejo de muitos mais e bons aniversários no futuro!



domingo, 26 de junho de 2022

5 845 - Comandantes da ZMN e do CSU no BCAV. 8423! Retaliação, em 1974, contra GE´s e sobas!

O capitão miliciano José Manuel Cruz, comandante Almeida e Brito e os alferes milicianos
 João Machado e Jorge Capela em Aldeia Viçosa. Dia de Natal de 1974

O furriel Viegas no Destacamento da Fazenda Luísa
Maria, em Julho de 1974, onde estava um pelotão
da 2ª. CCAV. 8423 - o do alferes Machado
  
O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito acompanhou, a 26 de Junho de 1974, os comandantes da Zona Militar Norte (ZMN), o brigadeiro Altino de Magalhães, e do Comando de Sector do Uíge (CSU), o coronel tirocinado Bastos Carreiras, às zonas de acção (ZA) das várias subunidades dos Cavaleiros do Norte.
O comandante do BCAV. 8423 fez-se acompanhar pelo Administrador do Concelho do Dange/Quitexe e esteve em Aldeia Viçosa (onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz), a Vista Alegre (a CCAÇ. 3145 do capitão miliciano Raúl Corte-Real) e Fazenda Santa Isabel (a 3ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Paulo Fernandes).
O objectivo era, de acordo como livro «História da Unidade», «a procura de estreitamento de relações entre as autoridades militares e civis».
De volta à sede do BCAV. 8423 e já à noite, reuniu no Clube do Quitexe com as autoridades locais.
A Administração Civil e jardim do Quitexe, a 24 de
Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel
Viegas, da CCS do BCAV. 8423


Retaliação contra antigos 
e actuais GE´s e sobas!

O Quitexe era a vila onde tínhamos chegado dias antes (a 6 de Junho) e chão onde se aquartelava a CCS. E era dia-a-dia de muitos jovens que, no fulgor da juventude, foram arrimados para cenários de guerra. Dias maiores e melhores eram sempre os que correspondiam à chegada de companheiros deslocados em outras companhias - Zalala, Santa Isabel e Aldeia Viçosa, ou quaisquer outros destacamentos do BCAV. Ou nós mesmos por lá passávamos. Eram momentos importantes, nomeadamente pela troca de confortos e experiências, que eram colhidas de sementeiras emocionais e psicológicas diferentes, é bem verdade, mas que nos emprestavam um maior sentido de serviço e coragem. Se há tempo em que a solidariedade existe, não tenhamos dúvidas, é na tropa. E nomeadamente nos tempos de guerra. Um dia importante, de data que não consigo recordar, foi o de uma saída ao Destacamento de Luísa Maria, com passagem, no regresso e inesperada, por uma sanzala, na qual a autoridade do soba tinha sido posta em causa, com agressões morais e físicas pelo meio. 
Foram momentos menos fáceis.
Havia a suspeita (depois confirmada) de por lá estarem infiltrados «inimigos» e nestes momentos de virtual confronto, em que a fúria, o medo e a dor não sossegam a alma, tudo pode acontecer. 
A informação de que dispúnhamos apontava para acções retaliatórias contra antigos e actuais GE´s e sobas. E também sabíamos que «desconhecidos» tinham abatido por esses dias um antigo GE, para os lados de Vista Alegre.
Os novos cenários políticos resultantes do 25 de Abril tinham criado uma janela de abertura e contactos que apontavam para a paz, mas... nunca fiando. Era esse o perigo maior!
Mapa da área do Quitexe feiro, de
memória por Alfredo Baeta Garcia


Velho soba agredido
e ensanguentado !

A área dos chamados «quartéis» de Camabatela e Quiculungo seriam as mais sensíveis e era para essas bandas que inesperadamente iríamos ter de passar, no regresso de Luísa Maria ao Quitexe - numa longa volta por picadas de pó que eram novas nos nossos destinos. E virtualmente traiçoeiras! Lá chegados, achámos o velho soba da sanzala (não me lembro do nome) agredido e ensanguentado à porta da sua palhota coberta de capim seco, com uma velha mauser sem balas pousada ao lado, rodeado de carpideiras em cânticos plangentes. Foi levado para o Quitexe, onde foi socorrido no hospital e «entregue» à administração civil. Pelo caminho, houve tempo para uns tiros a uma pacaça que galgava na picada. Recordo, como se fosse hoje, o sorriso do velho soba, de boca rasgada e larga, sem dentes, a olhar o entusiasmo dos soldados que a todo o tiro tentavam abater o animal - sem conseguirem, a coluna, de resto, nunca parou... - mantendo-se ele firme e sem um ai, ainda que roído de dores, sentado no Unimog e com o sangue a secar-lhe nos grossos lábios de rosto desbarbado. O sorriso era aquele fechar de lábios de quem sofria como, aliás, bem se notava nos breves esgares que não nos podia ocultar. Mas sempre se afirmando fiel à bandeira portuguesa, como fez questão de recordar a todo o passo dessa viagem de regresso ao Quitexe. 
Uns dias depois, no jardim da vila, vinha eu a sair da estação dos Correios quando o vi, de longe, a parar ao toque do arrear da bandeira, na Rua de Baixo - em sentido, firme, em pose garbosa. Arrepiei-me! 
- SOBA. Autoridade civil tradicional em Angola.
- PACAÇA: Animal semi-selvagem, idêntico às vacas europeias.
- MAUSER: Arma de origem alemã, que foi usada pelo exército português. Mais usual, no nosso tempo, era a G3.
Lídia Fernandes
em 1974/75
Lidia Fernandes em 2018


Lídia do Quitexe uíjano 
em festa de 67 anos !

Lídia Fernandes, ao tempo com viçosos 17 anos, era uma das beldades quitexanas do tempo da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Estudante na Escola Industrial e Comercial Tomaz Berberan, em Carmona - a capital uíjana -, era filha de Nelson Fernandes, que no Quitexe trabalhou no café de D. Maria e para o comerciante José Morais, já falecido e pai das irmãs Morais - a Lurdes, enfermeira em Almada, e a São, que mora em Águeda. Era sobrinha do mecânico Guedes, muito frequentador do bar e messe de sargentos, é, por esta via de sangue familiar, prima outra beldade quitexana daqueles tempos - a Gena Guedes.
Lídia Fernandes vive actualmente (foto à esquerda) em Crans Montana, na zona de Valais, na europeia Suíça. Não se diz a idade de uma senhora, mas... felicitamo-la pelos 67 anos que hoje comemora.
 Parabéns!

sábado, 25 de junho de 2022

5 844 - Violas e músicas em noites de Natal e Ano Novo do Quitexe de 1974 !


Violas e músicas em trio improvisado na noite da consoada do Natal de 1974: os
 furriéis milicianos Peixoto, Neto e Viegas no quarto «Águeda» do Quitexe

O «violeiro» Viegas, furriel da CCS, que de
música ainda hoje nada sabe. Quanto mais tocar

Os «tempos mortos» ganhavam vida nas loucuras dos jovens Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 que, pelos chão do Uíge, jornadeavam a sua missão africana por terras e chãos de Angola.

A caminho no país novo!

 Não passe pela cabeça de ninguém que andávamos nós, coitadinhos!!!..., todos constrangidos e amargurados lá pelo Quitexe, sofrendo e gemendo num vale de lágrimas e tristezas que nos tornariam infinitamente infelizes. Nem pensar!! As duas fotos são disso exemplo, embora ambas bem fraquinhas de qualidade, graças a Deus. 
A da direita e aqui mesmo ao lado, vejam lá, mostra-me de viola embalada no peito e a dedilhar quaisquer desajeitadas notas, em pose de virtual artista!! Como se soubesse eu tocar coisa alguma! 
A amostra, aliás, não passa de brincadeira de uma noite muito especial: a do Natal de 1974! Por cá, embrulhados de lãs, samarras e bilharacos, com bom vinho tinto degustado à lareira, se preocupariam parentes e amigos com os pobres diabos «exilados» na tropa angolana... Nós por lá, porém, depois do bacalhau comido no refeitório geral e das palavras de bem-dizer e bom querer debitadas pelos nossos estimados comandos, fomos refeiçoar afectos para a casa dos furriéis. 
Bom vinho, eu lembro que foi. Com chocolates, suponho! E febras de bacalhau cru. Com música desajeitadamente dedilhada por quem de música só sabe o nome das notas da pauta. Mas foi um festão!!! 
E quem se lembra desta noite, quem? Eu, claro, ó Monteiro, ó Neto, ó Pires de Bragança, ó Rocha, ó Peixoto, ó não sei quantos mais! «Ódepois», na noite de passagem de ano (creio eu), vejam só o trio: o Peixoto ( o voz, de micro e balde na mão, para fazer percussão?!), o Neto (viola-ritmo, digo eu...) e eu (viola-solo, ou o quê?!...). Ganda grupo, pá! Nambuangongo teve honras de um improvisado playback de truz!!! 
Um playback emocionado, cantado e decantado, repetido e adulterado, entre fartos goles de vinho tinto comprado algures em Carmona! E aquela canção dos pretinhos da Guiné, cujo nome agora não me recordo! Quais galas da canção da RTP, da SIC ou da TVI, quais quê?! Foi um fartar de vida bela, com picantes sátiras à nobreza dos apelidos de D. Peixoto. Taveira de Peixoto, pois então!!! Que fino!!! 
- PEIXOTO. João Domingos Faria Taveira de Peixoto, furriel miliciano, de Braga, professor aposentado e morador em Braga.
Condutores da CCS: Alves e Canhoto
 (atrás), Serra (que hoje faz 70 anos),
Picote (falecido a 12/8/2018) e Gonçalves

Delfim Serra

Condutor Serra, 70 anos 
em S. Pedro da Cova!

O Serra, soldado condutor-auto da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, está hoje em festa, neste sábado que é dia 25 de Junho de 2022: comemora 70 anos!
Militar do Parque-Auto comandado elo alferes miliciano António Albano Cruz, Delfim de Sousa Serra era, ao tempo da sua comissão militar, morador da Rua do Poço de Fátima, em S. Pedro da Cova, no  concelho de Gondomar. E lá voltou a 8 de Setembro de 1975, concluída a sua (e nossa) jornada africana de Angola. Por lá fez vida e lá continua, agora reformado e a viver na Rua das Mimosas.
É participante de sempre dos encontros da CCS (não falta a nenhum e é leitor diário deste blogue) e neste dia feliz do seu aniversário, para ele vai o nosso abraço de parabéns! E muitos  mais, muitos mais e muito bons anos de vida!

Cozinheiro Alcino
faleceu há 28 anos!

O soldado cozinheiro Alcino Fernandes Pereira, da CCS do BCAV. 8423, faleceu há precisamente 28 anos - no dia 25 de Junho de 1994.
Cavaleiro do Norte do Quitexe (e depois de Carmona), era natural do lugar da Benfeita, da freguesia de Cortegaça, no concelho de Mortágua - onde nasceu a 5 de Julho de 1952 e aonde voltou a 8 de Setembro de 1975.
A vida profissional e familiar levou-o para para a zona da Grande Lisboa e faleceu aos quase 42 de vida, quando morava em Idanha, no concelho de Sintra. Nada mais sabemos dele, apesar das tentativas feitas.
Hoje, 28 anos depois do seu passamento, supomos que por doença, recordamo-lo com saudade! RIP!

sexta-feira, 24 de junho de 2022

5 843 - Juras e verdades d' amor do Quitexe para Portugal! Cartas e cassetes de cavaleiros do Quitexe!

 

Furriéis Neto e Viegas, da CCS e a gravar cassetes no seu quarto (comum) do Quitexe:
 «Olá amor, olá Ni...», diria o Xico Neto!!! Amor até aos dias de hoje! Ah, não olhem
para a decoração (a)fixada nas paredes!!!

 Furriéis Monteiro e Viegas a gravar «mentiras»
d´amor para Nani (Fernanda Queirós Monteiro)
no quarto do Quitexe

Os primeiros tempos do chão angolano do Uíge angolano foram tempos de crescente  levedar de saudades e multiplicar de fartas e fortes paixões.
Saudosos tempos!
O acaso trouxe-me hoje a frescura de lembrar a Nani e a Ni, as duas meninas da foto ali mais abaixo, aqui com cara de quase cinquentonas mas notoriamente muito, muito bem conservadas.
Aos tempos de 1974/1975, foram, deixem lembrar, foram duas das maiores «vítimas» da implosão romântica de dois furriéis milicianos, dois Cavaleiros do Norte do Quitexe do meu tempo. Do Monteiro e do Xico Neto, bem entendido! E respectivamente! Eram, ao tempo, as doces e apetitosas namoradas deles. Hoje, suas amadas e desejadas mulheres de muitos anos! 
O que (ar)rimava hoje um, de juras de amor eterno e promessas de fidelidade total e absoluta, caprichava o outro no momento seguinte - renovando e multiplicando votos.
Era um ver-se-te-declaras-meu-amor permanente!
Um «ver-se-te-avias» de doçuras epistolográficas, cheiinhas de palavras de mel e de garantias de eterníssimas fidelidades. Qu o tempo confirmou e já lá v ai quase, quase... meio século de tempo.  
Um dia, o Monteiro descobriu que o Xico Neto, por cassetes gravadas no nosso quarto, romanceava grandes e quentes juras de amor para a sua Ni! Juras que ele mandava para Portugal em repetidos sacos de açúcares de paixão (as cassetes).
Fernanda Queirós (Nani) e Eunice
Neto (Ni), aí pelos meados da década
 de 90 do século XX

As saudades das muitas 
nossas noites nuas !

A Ni era (e é!) a Eunice dos seus desejos, que pelo Beco de Macinhata (em Águeda) se deitava em sonhos e pesadelos de saudades do seu mais que tudo! 
«Então, olha lá... e a minha Nani?!....», interrogou um dia o Monteiro, a deitar suores de saudade por tudo quanto eram poros do seu corpo quente, nostálgico da ao tempo jovem professora primária que assinava Fernanda Queirós. Como hoje, mas já avó! A Nani!
«Também quero mandar-lhe uma cassete!...», proclamou o apaixonado e delirado Monteiro!
Então, mas qual é o problema? Grava-se uma cassete para a Nani! E para a Ni! Tudo foi estudado ao pormenor: a força da rima do verso de paixão, a quadra de piedosa (digo eu!...) e generosa promessa de amor eterno, «ó minha isto, ó minha aquilo, ó meu sonho de todas noites, ó meu corpo de desejos, ó minha mulher de Canaveses (ou do Beco) que me sensualizas os sonhos, ó coisinha q´adormeces as minhas noites do Quitexe!». Tão a ver? É evidente que, hoje - 48 anos depois... - eu não me lembro bem, nem aqui poderia repetir a hora e meia da cassete, cheiinha da conversa fiada de juras que se faziam amoras e amores destes jovens furriéis de Abril, armados em cavaleiros do Quitexe. Mas sei, tenho a certeza, 48 anos passados, que não cometi sacrilégio nenhum sempre que palavreei o mais fácil e adocicado que soube e me dispus a «coordenar» e acicatar as declarações destes dois furriéis do Quitexe - um de Águeda ( o Neto), outro de Vila Boa de Quires, de Marco de Canaveses (o Monteiro). 
 Estas cachopas que tantas «mentiras» leram e ouviram, agora já felizes e realizadas sexYgenárias, corariam de certeza, ainda hoje, se, num qualquer madrigal de serenata, agora lhe cantássemos ao ouvido estas juras lavradas nas noites de cio e romance do Quitexe. 
Sorriria, certamente, a doce Nani! A Nani que ali está na foto, com o cestinho de afectos pendurado na mesma mão direita que tantos corações traçou de setas, em nostálgicas cartas/aerogramas para o Quitexe! 
Sorriria, seguramente, a amada Ni!: «Vocês são uns malucos!...»
Olhem lá, digo-vos eu: portem-se bem e amem os vossos desejados maridos, meus amigos e antigos furriéis de Abril e do Quitexe! E de Carmona. E de Angola! E de Portugal!!!


Furriel J. Cardoso
Cardoso, furriel de Santa
Isabel, 70 anos em Coimbra !

O furriel miliciano João Augusto Martins Cardoso, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 24 de Junho de 2022. Hoje mesmo e cheio de saúde e bom humor!
Especialista de transmissões, jornadeou pela Fazenda Santa Isabel, também se aquartelou na vila do Quitexe (onde chegou a 10 de Dezembro de 1974) e também na cidade de Carmona, actual Uíge. Aqui «assentou praça no dia 8 de Julho de 1975.
Natural de Arganil, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, fixando-se na vila de Arganil, onde residia.
Funcionário público de carreira profissional, radicou-se na cidade de Coimbra - onde mora, agora já aposentado e dali se «dividindo» pela Arganil natal e as praias da Figueira da Foz, onde tem casa de veraneio e lazer.
Parabéns, onde quer que esteja neste dia de festa dos 70 anos!!! Em Coimbra, na Figueira da Foz, em Arganil, ou mais para o norte, no conforto do lar de alguma das herdeiras?

quinta-feira, 23 de junho de 2022

5 842 - O cão que morde o soldado em calções, assistido por um sodado «parteiro»!...


A Rua de Cima (a Estrada do Café), do Quitexe, em
1972 e no tempo do 1º. cabo Casal da Fonseca
Casal da Fonseca
(TEXTO)


António Casal da Fonseca foi 1º. cabo TRMS da CCS do BCAÇ. 3879 e jornadeou pelo Quitexe entre 1972/73.
Hoje, evocando os tempos da sua jornada africana pelo uíjano Quitexe do norte de Angola, vem aqui falar desse tempo inesquecível, de pessoas aparelhadas na sua alma e de factos que a memória faz em história.
Lembremos, então:
«Se havia coisa que me causava apreensão nas ruas do Quitexe, era ver cães vadios a deambular. Alguns mais pareciam radiografias e, aí, passava da apreensão à revolta! 
Há pessoas que não gostam de cães mas eu sou completamente doido por eles! 
Admito até algum exagero, mas não consigo evitar este apego e o meu que o «diga»! 
E cá vou «transportar-me» para a Rua de Cima, a angolana Estrada do Café que liga Luanda a Carmona, e ali mesmo à frente do bar «A Geladinha do Quitexe», de Dona Carlota e sr. Vitorino. 
Para trás, tinha deixado o Topete, onde me tinha saciado com umas cervejas na companhia do Alvarito que, melhor que eu, dava uns pontapés na bola. 
Eu, futebolista falhado no Leiria e Marrazes e ele excelente avançado no Marinhense. 
Alvarito e Casal
do BCAÇ. 3879

A mordidela de cão e o
«bota-abaixo das calças»!

Naquele dia, ele estava radiante e tinha razões de sobra. Afinal, o Quitexe nem era aquele fim de mundo de que tanto se falava! Ali, naquela pequena vila, alguém o foi contratar para jogar no Recreativo de Uíje! 
Finalmente, iria pôr à prova todos os seus dotes de exímio avançado/goleador! Aproveito o cumprimento do Sr. Guedes, vizinho do Topete, que,  avistando três cães, encetou conversa sobre eles. Queixava-se do perigo que representavam e, sorrindo, lá me foi avisando que não respeitavam fardas para satisfazerem os seus instintos. 
Finda a conversa, não folguei mais de um minuto, até sentir os dentes bem afiados num membro inferior, impacto que quase me tombou! Fiquei aterrorizado, não tanto pela dor mas pelo sangue que, em segundos, já pintava o alcatrão de vermelho! Aquilo não era normal e ainda por cima protegido com o camuflado! 
Ainda retenho a imagem de uma miudita, filha de um comerciante, penso que seria Barata, fugir apavorada para a loja e aos gritos. Ainda bem que o amigo Alvarito já não estava comigo, porque só ia complicar! Tinha aqueles problemas com o sangue…«adormecia» e dizia que era de família! 
Um indivíduo dirigiu-se a mim e, com voz segura, disse-me: «Puxe depressa as calças e tanto me faz se é para cima ou para baixo!...». 
Olá… então, mas como é que é…?! Mas quem é este gajo com este paleio?! Vendo que eu não estaria muito por aqueles ajustes, cerrou os punhos e gritou: 
«Porr…está a olhar para onde? Está com medo de quê, sou o enfermeiro Simões do Quitexe …!»
Não hesitei e num ápice fiquei em parcos preparos. Ele tinha acabado de prestar os seus préstimos a uma senhora doente e foi o chamado anjo caído das alturas. Mais tarde, vim a saber da sua polivalência e dos serviços requisitados como parteiro, vindo a destacar-se profissionalmente em Viseu, no pós-75. 
José Morais e Esmeralda Corga

Olhe,  D. Esmeralda, 
aquele soldado de calções!

Ao tempo e apesar das dores, eu já não estava tão preocupado com o ferimento que até passara para segundo plano! O que me preocupava, isso sim e muito, era a falta de indumentária! Bonito serviço, meia dúzia de negros a apontarem-me o dedo com risos trocistas e eu, ali imobilizado, a soltar de vez em quando um esgar de dor ao ritmo dos curativos! 
O cão tinha sido certeiro, ao apontar para uma veia importante, o que causou toda aquela angústia! Passados todos estes  anos, ainda guardo «orgulhosamente» a sua imagem de marca! Como se não bastasse o sofrimento, ainda fui chamado ao capitão (já esperava…), para justificar a minha presença naquele local, àquela hora. Mas como é que a notícia lhe chegara ao ouvido? Eu sei muito bem quem lha transmitiu mas vou guardar segredo, não é melhor amigo …?! 
Ainda bem que concordas comigo! Claro que a humilhação a que me sujeitei na rua foi omitida, não soubesse eu bem o que teria de aguentar por dois anos... no mínimo! Como muita gente civil branca soube do ataque canino e me questionavam sobre a gravidade, passei a andar de calções para que todos matassem a curiosidade. Pensando bem, não houve moçoila que, ao passear aos fins-de-semana na rua de cima, não pusesse os olhos na minha figura, segredando e sorrindo! 
Como me sentia importante! 
Seriam movidas apenas pela tal curiosidade? Talvez, mas nos meus 22 anos confesso ter sentido um certo gozo com tantos olhares! Houve quem, por gracejo, contasse as marcas para ver bem com quantos dentes tinha sido acariciado! Porque alguém se lembrou de propagar que eu teria protegido a ainda criança do ataque do cão, notei passar a ser o centro das atenções e estar a receber a simpatia de alguns civis, agradecidos pelo meu acto de «bravura*! 
À minha passagem, ouvia dizer meio entre-dentes mas com sentido de admiração: «Olhe, Dona Esmeralda, foi aquele soldado … ali aquele…, de calções». Afinal, nós podemos ser heróis em qualquer parte do mundo! Imagine-se, até na rua da pacata e bonita Vila do Quitexe! 
A. CASAL FONSECA 
Marrazes (Leiria) 
Furriel Nelson
Rocha (TRMS)


Rocha, furriel da CCS,
70 anos em Valadares !

O furriel miliciano Rocha, Cavaleiro do Norte da da CCS do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 23 de Junho de 2022. Hoje e cheio de saúde e bom humor!
Especialista de transmissões, Nelson dos Remédios da Silva Rocha - é este o seu nome completo - j
ornadeou pelo Quitexe, onde chegou a 6 de Junho de 1974, e depois pela cidade de Carmona (para onde rodou a 2 de Março de 1975).
Natural de Vila Nova de Gaia, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e fez carreira profissional como técnico de vendas - agora já aposentado e nunca falhando um encontro dos Cavaleiros do Norte da CCS.
Mora em Valadares, Vila Nova de Gaia, e para l e para ele vão os nossos parabéns pelos 70 anos que festeja!!! Um grande abraço!!!
Augusto Hipólito
1º. cabo

Hipólito, 1º. cabo do PELREC,
70 anos em terras de França !

O 1º. cabo Augusto de Sousa Hipólito, do PELREC da CCS do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 23 de Junho de 2021. Precisamente hoje!
Natural de Vinhais, município de Trás-os-Montes, de lá saiu ainda bem novo - com a família e à procura de vida melhor: Ao tempo da incorporação militar,  morava na Azinhaga da Flamenga, em Marvila, na cidade de Lisboa E lá regressou a 8 de Setembro de 1975, quando terminou a sua (e nossa) jornada africana de Angola, por terras do Uíge.
Há muitos anos emigrado em França e agora já aposentado, reside em Reims, onde trabalhou na área da construção civil. Parabéns para ele!