quarta-feira, 6 de julho de 2022

5 855 - Fortuna do Banco de Portugal de Carmona para Luanda! Tropa «perigosamente alvo de queixas e ataques da FNLA».

 

O edifício do Banco de Portugal, à direita (o das 3 arcadas à frente da palmeira e
das viaturas brancas) no dia 24 de Setembro de 2019

Delegação do Banco de Portugal em Carmona
nos anos 70 de Século (foto de Jorge Oliveira)

Os dias de Julho de 1975 foram quentes, por Carmona. E não só pelo calor africano que nos abria os poros de suor e escaldava os quicos da cabeça e a pele descoberta dos camuflados. Era crescente a instabilidade e repetidas e perigosas as escaramuças.
A FNLA, senhora da guerra da zona, «vencedora» dos incidentes dos primeiros 6 dias de Junho, fazia questão de conflituar a paz que se desejava. A tropa portuguesa, e cito do livro «História da Unidade», era «perigosamente alvo das queixas e dos ataques da FNLA».
Os patrulhamentos urbanos, eram uma inquietação. Eram um perigo latente, a cada vez que saíamos do BC12, e, por horas da noite adentro - noites cheias de sombras e de alguns medos! -, acautelávamos a segurança das populações, até que a madrugada nascesse.
A comunidade civil, apupava-nos, vaiava o nosso esforço e até a nossa dignidade. Criticava, principalmente a população branca. Cuspia, quando passávamos!
A um qualquer dia que a memória não retém (nem dele tenho apontamentos) fomos chamados para uma escolta muito especial: o transporte de valores da delegação uígense do Banco de Portugal. E não foi só o PELREC. Outros grupos de combate foram chamados e posicionados ao longo do percurso, até ao aeroporto. Aprudentou-se segurança e mais segurança, para se evitar um assalto. Dizia-se, à boca fechada, que os malões levavam milhões de contos - em dinheiro, ouro, diamantes, peças raras, objectos e documentos! 
Não sei, nunca saberemos.
A carrinha blindada chegou, o carregamento foi rápido e rápida foi a saída em direção ao aeroporto. Aqui, entrou na pista e gente que nunca víramos carregou os malões para um avião da Força Aérea, que voou para Luanda.
Porventura, nunca nós, Cavaleiros do Norte, estivemos tão próximos de tão grande fortuna!

O capitão miliciano José Manuel Cruz e o
tenente-coronel Almeida e Brito, comandantes
da 2ª. CCAV. e do BCAV. 8423



Há 48 anos e no dia 7 de Julho de 1974, o comandante Carlos Almeida e Brito, deslocou-se à 2ª. CCAV. 8423, aquartelada em Aldeia Viçosa, e ao Destacamento da Fazenda Negrão.
Os Cavaleiros do Norte desta vila uíjana eram comandados pelo capitão miliciano José Manuel Cruz e a coluna incluiu o padre Albino Capela - que era o titular da Missão Católica do Quitexe, que incluía as áreas (administrativas) de Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Cambamba, pelo menos.
O padre Albino Vieira Martins Capela era da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e, sempre que possível, aproveitava as escoltas militares para estar com as (suas) comunidades católicas e foi o caso desse domingo de há 43 anos - ora nas localidades administrativamente mais, ora nas sanzalas e até em fazendas.
«Sempre fui muito bem recebido por toda a gente. Quando ia celebrar missa a uma sanzala, os nativos faziam uma festa: cantavam, dançavam tocavam batuque. E nesse dia sabia-se que havia churrasco na casa do soba», recorda-se o padre Albino Capela, que no Quitexe tinha a irmã (de sangue) Maria Augusta Vieira Martins - a Irmã Maria Augusta da Congregação a Obra da Imaculada Conceição e Santo António, depois de iniciada na Congregação da Obra de Santa Zita.
Dois irmãos dedicados à causa religiosa, naturais da Carvalheira, em Terras do Bouro. A Irmã Maria Augusta faleceu a 21 de Junho de 29006, vítima de doença cancerosa, em Lisboa. Era a mais velha de 9 irmãos.

Luís F. Costa, furriel
miliciano do Pelotão
de Morteiros 4281


Luís Costa, furriel do Pelotão
de Morteiros, 70 anos no Estoril!

O furriel miliciano Luís Filipe dos Santos  Costa, do Pelotão de Morteiros 4281, festeja 70 anos a 7 de Julho de 2022, amanhã e no Estoril.
Aquartelado no Quitexe, o pelotão era comandado pelo alferes miliciano João Leite  e o quadro de comando incluía o 2º. sargento Gomes (na secretaria) e o furriel miliciano Fernando Pires. Anfitrionou e foi contemporâneo da CCS do BCAV. 8423, os Cavaleiros do Norte, na vila do Quitexe.
O furriel Costa é natural do Estoril e lá voltou no final da comissão em Angola, iniciada a 16 de Abril de 1974. Saiu do Quitexe a 20 de Dezembro desse mesmo ano e para Carmona, concluindo a rotação a 3 de Janeiro de 1975.
Regressado a Portugal, trabalhou na área da contabilidade e serviços e aposentado da SONAE. Vive no Estoril e para lá e para ele vão os nossos parabéns pelos seus 69 anos
!


Leiria faz 70 anos
no Fogueteiro !

O 1º. cabo Fernando José Trigoso Leiria, da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, faz 70 anos a 7 de Julho de 2022.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, integrou esta subunidade dos Cavaleiros do Norte até Setembro de 1974, quando foi punido com 20 dias de prisão disciplinar agravada (OS nº. 84), depois agravada para 30 dias, pelo Comando do Sector do Uíge (OS nº. 97) e para 40 dias, pela Região Militar de Angola (OS 122). Despromovido a soldado, foi transferido para a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa.
Residia na Brandoa, concelho de Oeiras, e lá voltou a 10 de Setembro de 1975. Sabemos que, actualmente, mora(rá) no Fogueteiro, em Almada, onde amanhã faz 70 anos. Parabéns


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