sábado, 16 de julho de 2022

5 865 - Dias de Carmona, há 47 anos: Tropa de «garotos, traidores, cobardes, filhos desta e daquela!»...



Os furriéis milicianos Mosteias, Viegas (de pé), Bento,
Machado e Monteiro. Em 1975, na messe  Montanha Pinto

Aos meados de Julho de 1975, os 1ºs. sargentos e furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423,  abandonaram a messe do bairro Montanha Pinto e foram instalar-nos no bloco residencial militar que ficava a uma centena da metros do BC12.
Bloco que fica(va) logo à esquerda, antes de chegarmos ao quartel, indo da cidade de Carmona (actual Uíge) para o Songo.
Ao tempo
, a esse  tampo de há 47 anos, faziam-se dias de véspera da saída para Luanda e este passo era um mais, nessa rota ambicionada - que era o regresso a Portugal, ás nossas famílias e amigos, aos nossos chãos natais.
As patrulhas, as escoltas, os serviços, tudo continuava na capital do Uíge e nos itinerários principais de acesso - acumulando eu (e quero lembrar-me que) também o Guedes (da 2ª. CCAV.) e o Carvalho (3º. CCAV.) o serviço de Polícia de Unidade (PU), criada no espírito da Polícia Militar (lá inexistente) e por em Março, à nossa chegada a Carmona, ter sido considerada necessária. 
Na verdade e chegados à cidade, no dia 2  desse mês, logo foi oportuna «a promulgação de novas NEP, ou alteração das mesmas», sobretudo aprudentando «a resolução das muitas quezílias entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a esta»
E citei o livro «História da Unidade», constatando uma realidade que «doía», mas a que não podíamos fugir.
Parada do BC12, em Junho de 1975:
- evacuação de civis expulsos pela FNLA


Garotos, traidores, cobardes, 
filhos desta e daquela!...

Uma noite, daquelas noites d´Angola, fartas de calor e passadas nas imensas esplanadas da cidade, estávamos vários militares a matar a sede quando começaram a «chover» insultos, de gente nova, atrevida, azougada e mal-educada. 
Seríamos nós, na boca deles, uns garotos, uns traidores, uns cobardes, uns filhos desta e daquela. Fomos ouvindo, remoendo e enchendo o saco, procurando não reagir às provocações. Assim éramos instruídos.
Até que não deu para mais.
O Mosteias, grandalhão e forte como é (olhem a foto: está sentado e é da minha altura e eu tenho 1,80!), levantou-se decidido, firme, sem nada temer, olhou o grupo provocador e siderou o espaço e as almas daquela gente que nos invectivava. Estariam ali, a desfrutar a noite, perto de uma centena de pessoas.
«Saiam, avancem, um por um...», gritou ele, com o sangue a subir-lhe nas veias e a engrossar-lhe o pescoço, de rosto avermelhado e punhos fechados. E não estava para brincadeiras. Era o estavas...
Eu, o Pires, o Rocha (e quem mais?) pusemo-nos em guarda. Levantados, de mãos caídas mas prontas a tudo. Estávamos para que desse e viesse! Viveram-se momentos tensos.
Felizmente, os jovens civis (e os mais maduros, que os incentivavam e protegiam) tiveram o bom-senso de se calarem. Mas esteve para o torto, a coisa! E o Mosteias a protestar, a gritar, a apontar de dedo em riste e a acusar quem nos maltratava. Que viessem todos, «um a um!...».

Ornelas Monteiro

Coronel Ornelas Monteiro
faleceu há 11 anos !


O coronel José Luís Jordão Ornelas Monteiro faleceu há 11 anos, no dia 16 de Julho de 2011, de doença e em Lisboa.
Oficial de Cavalaria e então com a patente de major, foi, em finais de 1973, mobilizado para Angola, como 2º. comandante do BCAV. 8423 - os futuros Cavaleiros do Norte do nortenho chão do Uíge.
Aconteceu, entretanto que, participando embora na formação do Batalhão - no RC4, a unidade mobilizadora e no Campo Militar de Santa Margarida -, foi, em vésperas do embarque, requisitado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) e seguiu para Bissau, onde prestou serviço no Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné - até à declaração de independência deste  novo país de Língua Portuguesa. 
Faleceu aos 80 anos e hoje o recordamos com saudade! RIP!!!
Alferes João Machado e António Garcia.
Alguém reconhece o Barbas?

Cavaleiros e «Rangers»
do BCAV. 8423 !


A 16 de Julho de 1973, há precisamente 49 anos, vários futuros Cavaleiros do Norte apresentaram-se no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego, onde iriam frequentar o 2º. curso de Operações Especiais (os Rangers) desse ano militar.
Recordamo-los, companhia a companhia e todos milicianos:
- CCS, a do Quitexe: alferes Garcia (de Carrazeda de Ansiães, falecido a 2 de Novembro de 1979) e furriéis Monteiro (de Marco de Canaveses), Viegas e Neto (ambos de Águeda).
- 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala: alferes Sousa (f. a 26/01/2021, de doença e no Porto) e furriel Pinto (Penafiel).
- 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: alferes Machado (Lisboa) e furriel Letras (Setúbal).
- 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel: alferes Rodrigues (de Vouzela). O furriel Armindo Reino foi do curso seguinte, do qual foram monitores os furriéis Monteiro, Viegas e Neto.
O curso terminou a 29 de Setembro de 1973 e, dos futuros Cavaleiros do Norte, ficaram no CIOE, como instrutores, estes três últimos - então 1ºs. cabos milicianos.

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