O alferes António Garcia e o furriel Viegas no Quitexe momentos antes da saída para mais uma operação militar pelas picadas e matas do Uíge angolano |
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, há 47 anos e aquartelados no Campo Militar do Grafanil, continuavam expectantes quanto ao seu regresso a Portugal mas, como ontem aqui lembrámos, como unidade de reserva da Região Militar de Angola.
Reserva que, na manhã de 9 de Agosto de 1975, foi «quebrada» e passou a actividade operacional e bem perigosa, quando Luanda «acordou» ao som estridente dos violentos combates do bairro do Saneamento - de onde, à «lei da bala», o MPLA queria expulsar a FNLA.
Chamados ao local, logo ao abrir dessa manhã que poderia ser trágica.
«Violento tiroteio de armas ligeiras e pesadas fazia-se ouvir hoje de manhã,
em Luanda, à medida que se generalizava uma ofensiva desencadeada pelo MPLA, esta madrugada, com a intenção de expulsar os últimos militares e políticos da FNLA que se encontrava instalados no luxuoso Bairro do Saneamento, por detrás do Palácio do Governador», relatava o Diário de Lisboa dessa tarde.
O MPLA exigia a saída da FNLA do Governo de Transição, alegando que «perdeu o direito de participar, por via do Acordo do Alvor». Governo de Transição que, de resto, mal funcionava: já não participavam os ministros e secretários de Estado da FNLA e os da UNITA preparavam-se para abandonar Luanda.
A situação era dramática, muito perigosa (perigosíssima...), a maioria das representações diplomáticas fechou os seus escritórios de Luanda e o Consulado Americano aconselhava os seus compatriotas (uns 120) a «abandonarem Angola o mais rapidamente possível». E já se tinham retirado 50 franceses e 30 ingleses.
A República Federal a Alemanha ia, no dia seguinte e via porto do Lobito, evacuar uma centena dos seus cerca de 800 cidadãos instalados em Angola.
Cavaleiros do Norte no
Bairro do Saneamento
O BCAV. 8423 foi chamado a intervir e, nesse dia de sábado, foi muito apressadamente formado um grupo de combate, comandado pelo alferes Garcia, à base de militares que naquela hora estavam no extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA).
O «Diário de Luanda», jornal da tarde desse mesmo dia - que o 1º. cabo Rodolfo Tomás me fez chegar às mãos (ver o recorte, na imagem) - publicou uma fotografia onde se parecem reconhecer o alferes miliciano António Garcia e o 1º. cabo Ezequiel Silvestre, ambos do PELREC. Poderão ser.
A legenda da foto é esta: «Tropas do Exército Português controlam a operação de retirada dos elementos do FNLA do Bairro do Saneamento, onde, sexta à noite e sábado de manhã, se registaram confrontos armados. Os elementos do ELNA foram transferidos para fora da capital».
Infelizmente, o alferes miliciano António Garcia não pode dar-nos o seu testemunho. Faleceu a 2 de Novembro de 1979. E o 1º. cabo Ezequiel, da data se lembrando, já esqueceu os pormenores.
Chamados ao local, logo ao abrir dessa manhã que poderia ser trágica.
«Violento tiroteio de armas ligeiras e pesadas fazia-se ouvir hoje de manhã,
1º. cabo Ezequiel Silvestre |
O MPLA exigia a saída da FNLA do Governo de Transição, alegando que «perdeu o direito de participar, por via do Acordo do Alvor». Governo de Transição que, de resto, mal funcionava: já não participavam os ministros e secretários de Estado da FNLA e os da UNITA preparavam-se para abandonar Luanda.
A situação era dramática, muito perigosa (perigosíssima...), a maioria das representações diplomáticas fechou os seus escritórios de Luanda e o Consulado Americano aconselhava os seus compatriotas (uns 120) a «abandonarem Angola o mais rapidamente possível». E já se tinham retirado 50 franceses e 30 ingleses.
A República Federal a Alemanha ia, no dia seguinte e via porto do Lobito, evacuar uma centena dos seus cerca de 800 cidadãos instalados em Angola.
Cavaleiros do Norte do PELREC: 1º. cabo Ezequiel Silvestre e alferes Garcia. Serão mesmo eles? |
Cavaleiros do Norte no
Bairro do Saneamento
O BCAV. 8423 foi chamado a intervir e, nesse dia de sábado, foi muito apressadamente formado um grupo de combate, comandado pelo alferes Garcia, à base de militares que naquela hora estavam no extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA).
O «Diário de Luanda», jornal da tarde desse mesmo dia - que o 1º. cabo Rodolfo Tomás me fez chegar às mãos (ver o recorte, na imagem) - publicou uma fotografia onde se parecem reconhecer o alferes miliciano António Garcia e o 1º. cabo Ezequiel Silvestre, ambos do PELREC. Poderão ser.
A legenda da foto é esta: «Tropas do Exército Português controlam a operação de retirada dos elementos do FNLA do Bairro do Saneamento, onde, sexta à noite e sábado de manhã, se registaram confrontos armados. Os elementos do ELNA foram transferidos para fora da capital».
Infelizmente, o alferes miliciano António Garcia não pode dar-nos o seu testemunho. Faleceu a 2 de Novembro de 1979. E o 1º. cabo Ezequiel, da data se lembrando, já esqueceu os pormenores.
António Lopes, o Famalicão (2020) |
Agra, o Famalicão de Zalala,
70 anos em Vila do Conte !
O soldado António Martins Lopes, o Agra, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 70 anos a 10 de Agosto de 2022. Amanhã.
Condutor auto-rodas de especialidade militar, também por terras uíjanas de Angola se popularizou como Famalicão (por de lá ser natural). Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, depois de também ter jornadeado por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Profissionalmente, é (foi) técnico de elevadores e é participante habitual dos encontros dos Cavaleiros do Norte zalalianos - os anuais e os outros.
Vive em Vila do Conde, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
Sem comentários:
Enviar um comentário