quarta-feira, 10 de agosto de 2022

5 890 - Cavaleiros do BIA do Grafanil! O espectro da fome em Luanda! A queda do Governo de Transição !


Monteiro (da CCS) e Peixoto (adido), dois furriéis milicianos
Cavaleiros do Norte na messe de sargentos do Bairro
Montanha Pinto, em Carmona (1975)

Há 47 anos, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam aquartelados no Campo Miliar do Grafanil e em condições muito, muito deficientes, nas degradadas instalações do então recentemente extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA), ainda sem saber de quando seria o voo para Lisboa.
O dia do tão ansiado regresso a Portugal e aos seus chãos natais, ao conforto da família e ao convívio dos amigos.
A história angolana pré-independência continuava, entretanto, a fazer-se e a escrever-se com sangue. As «violentas confrontações de sábado», a véspera, o dia 9 de Agosto de 1975, «na zona que se estende por detrás do Palácio do Governo», na cidade de Luanda e nas quais os Cavaleiros do Norte intervieram em situação de urgência, levaram a que fossem evacuados os elementos da FNLA que, supostamente e segundo denúncia do MPLA, «haviam transformada a zona num campo armado»
Zona que era mais conhecida por Bairro do Saneamento e onde moravam alguns ministros do Governo de Transição.
Mário Matos, João Aldeagas (que amanhã festeja
70 anos) e António Chitas, três futuros furriéis
 milicianos dos Cavaleiros do Norte,
aqui ainda em Santa Margarida


O espectro da
fome em Luanda !

O BCAV. 8423 foi reclamado enquanto unidade de reserva de Angola (como ontem aqui lembrámos), e porque uma Companhia de Intervenção recém-chegada de Lisboa e, muito ao jeito do tempo, muito revolucionária e operacionalmente pouco preparada, ali foi «apanhada» entre fogos, no Bairro do Saneamento - justamente na área envolvente do Palácio do Governador.
Ao tempo do dia seguinte, um domingo e por outro lado, ainda se desconheciam «os motivos que levaram à evacuação dos soldados do ELNA/FNLA», mas sabia-se, segundo o Diário de Lisboa, que «a operação tinha sido procedida de especulações sobre a eventualidade de as autoridades portuguesas tentarem tirar da capital as forças dos três movimentos de libertação e declararem Luanda como zona desmilitarizada».
Grave era também, como já aqui referimos em dias anteriores, o problema dos abastecimentos: «Paira sobre Luanda o espectro da fome. Começam a rarear os combustíveis e a comida», noticiava o Diário de Lisboa.
Notícia do Diário de Lisboa sobre a
situação política angolana, há 47 anos!

A queda do Governo de Transição !

O Governo de Transição de Angola, esse não funcionava.
O ministro Vasco Vieira de Almeida (que tinha sido intimado a regressar a Lisboa) comentou que «há semanas que não vejo alguns dos meus colegas de gabinete» e que o seu próprio ministério (da Economia), com um Secretário de Estado de cada um dos movimentos, também «não está a funcionar». 
Afirmou também que não sabia se «a acção que envolveu a evacuação de Luanda dos ministros da FNLA, por tropas portuguesas, significaria a queda do Governo de Transição».
Estávamos a 3 meses do 11 de Novembro, a data anunciada para a proclamação da independência.
Furriel João Aldeagas

Furriel Aldeagas, 70
anos em Estremoz !

O furriel miliciano João Matias Mota Aldeagas, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, festeja 70 anos amanhã, dia 11 de Agosto de 2022.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. Ao Monte da Raspadinha, na freguesia de Santa Vitória do Ameixial, concelho de Estremoz.
Alentejano dos bons, dos chãos e e leal companheiro de sempre, faz vida profissional pelas suas bandas e é empresário agrícola bem sucedido. Mora na Estrada do Giz e para lá, e para ele, vai o nosso abraço de parabéns.

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