segunda-feira, 12 de setembro de 2022

6 923 - CCS do BCAV. 8423 em Braga - 3: Quantos milhares de pessoas teremos livrado da morte?


 

A passagem do testemunho e do estandarte da CCS: Gabriel Mendes, à esquerda,
recebeu de Manuel Machado o estandarte da CCS, que significa a passagem de
testemunho da jornada de 2022 para 2023. De Braga para a Covilhã. E aqui também
com o Francisco Madaleno

Os casais Raúl Caixarias e J. Monteiro (Gasolinas)


O encontro dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, lá pelas Braga´s que tão fidalgamente anteontem os receberem, foi tempo e espaço para desfiar de muitas memórias do tempo em que fomos actores do processo de descolonização de Angola. 
Por exemplo, de recordar os trágicos primeiros 6 dias de Junho de 1975. Como os podemos esquecer? Como os poderemos varrer das nossas memórias?
«Quantos milhares de pessoas teremos livrado da morte, naqueles tumultuosos dias?!...», interrogou-se e interrogou-nos, emocionado, o alferes miliciano António Albano Cruz, a maior patente e o «mais velho» de todos nós, falando aos CCS´s que a Braga foram 
Os casais António´s: o Pais e o Calçada
reencontrar-se, depois da a COVID 19 nos ter «afastado» por 3 longos anos. Deste Rans, em Penafiel.
O alferes miliciano Cruz, que nem era operacional, teve de tirar rápido curso de atirador e ir buscar e/ou inventar bagagem emocional para enfrentar as primeiras horas da fatídica madrugada de domingo do primeiro dia da guerra urbana de Carmona - o dia 1 de Junho de 1975... -, quando estava de oficial de dia e tinha a família 
em casa da cidade. E ele no BC12. Com voluntários que, com ele e com risco de vida, a casa foram buscar a 
dra. Margarida, médica e professora, sua esposa e com o filho Ricardo.
«Atiraram sobre nós, mas lá escapámos..., foram momentos muito maus», disse António Albano Cruz, então jovem alferes miliciano, que por Angola e no BCAV. 8423, foi responsável pelo parque-auto, anteontem e em Braga recuando 47 anos no tempo das nossas vidas.
Tempo de horrores e mortes, de sangue espalhado pelo chão uíjano, de assassinatos a sangue frio, combates de tiro cara a cara, de rebentar de granadas, morteiros e obuses. De disparos traiçoeiros. De uma guerra entre irmãos angolanos. Na qual o nosso papel foi salvar vidas, de que cor e etnia fossem, de que facção independentista fosse.
O furriel Viegas reportou
a sua viagem a Angola e
aos chãos do BCAV. 8423
As 2 primeiras páginas


Redescobrindo Angola
44 anos depois!

Antes e sumariamente, o furriel Viegas deu conta da sua viagem de saudade e de memórias, feita há 3 anos, com passagem e estadia pelas terras que foram o chão da nossa jornada angolana do Uíge: Ponte do Dange, Vista Alegre, Aldeia Viçosa, Quitexe e Carmona, Songo, Fazendas de Zalala, Luísa Maria, Santa Isabel e Liberato. 
«O nosso Quitexe está diferente e não é para melhor», disse ele. O quartel não existe, estão as paredes no ar e contentores dentro e onde vive gente. o edifício do comando só tem as paredes no ar. Não há casernas, oficinas, cozinha e refeitório, balneários... Tem uns pavilhões junto ao adro da Igreja, onde funciona uma escola», reportou o Viegas.
Carmona, a agora cidade do Uíge, Carmona está igual, «talvez para pior..».
Nasceu e cresceu uma imensa sanzala, desde a Sé e estrada para o aeroporto até ao BC12 - que foi ampliado para o lado do Songo. Do lado direito, continuam a escola técnica e liceu, com funções adequadas ao modelo de ensino angola. 
Simplificou o reporte com a distribuição de cópias da reportagem de 6 páginas que o jornal «Sol» publicou a 1 de Fevereiro de 2020. E, sem sobras, avidamente, apressadamente lidas pelos Cavaleiros do Norte que anteontem estiveram em Braga. - Continua.


A. Dias no Quitexe em 1974

Sapador Albino Dias,
70 anos em O. Azeméis


O soldado sapador Albino Marques Dias festeja 70 anos a 12 de Setembro de 2022. Hoje mesmo.
Ainda há dois dias esteve no encontro de Braga, bem disposto e feliz, do lugar e freguesia de Loureiro, no concelho de Oliveira de Azeméis. Sofria de ataques epilépticos, por isso era alimentado na messe de oficiais, e foi evacuado do Quitexe em Fevereiro de 1975, passando pelo Hospital do Negage e a caminho do Hospital Militar de Luanda. Regressou a Portugal a 26 de Fevereiro de 1975 e vive na sua terra natal, já aposentado e depois de ter sido funcionário da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis. 
Participou no encontro de 2019, em Penafiel - o seu primeiro -  e emocionou-se, de alegria, no reencontro, um pouco mais de 44 anos depois do seu regresso a Portugal.
Assim aconteceu anteontem e de novo, em Braga! Prabéns pelos seus 70 anos!!!



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