terça-feira, 20 de setembro de 2022

6 931 - Trabalhadores do café aliciados para fugirem aos contratos... UNITA apreendeu avião português!

Furriéis Viegas e Pires (do Montijo) na sanzala do Talambanza, à saída (ao lado direito) do 
Quitexe, na Estrada do Café, que liga as cidades de Luanda e Carmona. Há exactamente 48 anos!
O 1º. cabo Rodolfo Tomás e a  pocilga do BC12 em 1975 



O mês de Setembro de 1974, já lá vão 48 anos das nossas vidas..., decorria tranquilo pelas bandas uíjanas do Quitexe e Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte: a Fazenda de Zalala, a vila de Aldeia Viçosa e Fazenda Santa Isabel, onde, respetivamente, se aquartelavam a 1ª. CCAV. 8423 (do capitão Davide Castro Dias), a 2ª. CCAV. 8423 (do capitão José Manuel Cruz) e a 3ª. CCAV. 8423, do BCAV. 8423 (do capitão José Paulo Fernandes). A que se juntavam, não esqueçamos, a CCAÇ. 209/RI 20 (a da Fazenda do Liberato e do capitão Victor Correia) e a CCAÇ. 4145 (a de Vista Alegre e Ponte do Dange e do capitão Raúl Corte Real).
Problema era o incremento «pelo IN e/ou por agitadores, propaganda aliciante dos trabalhadores das fazendas para fugirem ao contrato», como historia o livro «História da Unidade», acrescentando que tal «forçosamente trará reflexos no panorama económico do concelho».
A questão, que Almeida e Brito, no mesmo «HdU», considerava «meramente administrativo», não tinha «ainda o significado (nem paralelismo) do existente em concelhos limítrofes, no entanto começa a tomar volume que se pode considerar elevado e que trará forçosamente reflexos negativos no bom andamento do processo regressivo da presença das tropas e da descolonização». Bem avisado deveria andar o comandante dos Cavaleiros do Norte.
Notícia do jornal «Diário de Lisboa» de há 47
anos, o do dia 20 de Setembro de 1975!

UNITA a apreender 
avião português !

Um ano depois e já os Cavaleiros do Norte estavam em Portugal, o MPLA, a meia centena de dias da independência (11 de Novembro de 1975) anunciava «a consolidação das posições obtidas anteriormente, assim como uma tentativa de reorganização das forças invasoras, em consequência dos desaires sofridos ultimamente».
O comunicado do MPLA dava conta de «uma estabilização das linhas ocupadas, tanto pelas FAPLA´s como pelo exército invasor, sendo que a terra de ninguém se situava mais ou menos na zona do Tabi, entre os Libongos e Ambriz».
O MPLA dizia controlar Cabinda (onde «a situação é de calma absoluta»), a frente leste (com Malanje, Lunda e Moxico, «na sua quase totalidade sob controlo das FAPLA´s») e a frente Sul (províncias da Huíla, Cunene e Moçâmedes, que era «a que se tem mostrado mais calma, do ponto  e vista militar»). No entanto, havia «linhas de disputa em Malanje», com algumas acções militares a norte da zona de Marimba; Caconda (a norte) e Matala (a leste) eram «linhas de separação entre as FAPLA e as forças mistas do imperialismo». Mais a sul. não havia incidentes «embora continue a verificar-se a presença de forças sul-africanas na área da barragem de Ruacaná».

 
O dia 20 de Setembro de 1975 foi tempo, igualmente, para a notícia da apreensão, pela UNITA e em Nova Lisboa, de um avião da Força Aérea Portuguesa (que ali se deslocara para evacuar pessoa civil da Companhia Mineira do Lobito) e do convite de Idi Amin Dada (presidente do Uganda e da OUA) para uma reunião entre os três movimentos de libertação - «face à situação de guerra civil que se vive em Angola».
O monumento em Odivelas. Lá está o
nome de Joaquim Manuel D. Henriques


A morte, por doença,
do «Cruyff» de Zalala !

O soldado Joaquim Manuel Duarte Henriques, atirador de Cavalaria da mítica Zalala, faleceu a 21 de Setembro de 1974, vítima de doença e em Angola. 
Popularizado como Cruyff, devido às suas parecenças físicas e futebolísticas com o então famoso atleta holandês, era solteiro e filho de João Pedro Henriques e de Delfina da Conceição Duarte e natural de Odivelas, agora concelho mas ao tempo pertencente ao de Loures. Doente por Zalala, foi evacuado para o Quitexe e logo depois para Luanda, onde faleceu no Hospital Militar - a 21 de Setembro de 1974.
O Cruyff foi o primeiro militar europeu do BCAV. 8423 a falecer em Angola, nenhum em combate. Apenas que um movimento na cidade de Odivelas, dinamizado pelo antigo combatente José Marcelino Martins, criou um monumento de homenagem e evocação os militares daquele concelho que faleceram na guerra colonial. O nome do nosso companheiro de Zalala está lá inscrito, como se vê na imagem.
A sua morte foi a segunda do BCAV. 8423, depois da de Bernardo Oliveira, da 3ª. CCAV., a de Santa Isabel, em Julho anterior e da incorporação local, vítima de acidente de viação. O seu corpo está sepultado no cemitério de Odivelas, de onde é natural. RIP!!!

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