Os dias de Janeiro de 1975 caminhavam para o fim e cada vez mais se expectava sobre o dia 31, que seria (e foi) o da tomada de posse do Governo de Transição de Angola - a caminho da independência!
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, sempre garbosos e sem medos, cumpriam a sua missão por terras uíjanas e cada vez mais se aproximavam dos combatentes dos movimentos de libertação - inimigos dos ontens que faziam os seus 6 meses anteriores.
Os tempos eram de «enterrar» a guerra, esquecê-la!..., e semear a paz que todos queriam!
O Quitexe, onde se aquartelavam a CCS e a 3ª. CCAV. 8423 (rodada da Fazenda Santa Isabel), Vila Viçosa (onde estava a 2ª. CCAV. 8423) e Vista Alegre e Ponte do Dange (para onde tinham rodado os Cavaleiros do Norte de Zalala), iam recebendo os combatentes, principalmente da FNLA, de braços abertos e sem ódios ou magoas para carpir.
Todos, sem excepção, tinham a noção absoluta do invulgar momento que se vivia - o momento histórico da construção de um novo país! E todos os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 estavam conscientes da importância do seu papel, valesse isso os sacrifícios que valessem. E alguns tiveram, enfrentados, porém, sem medos, garbosa e corajosamente.
O furriel Américo Rodrigues e dois combatentes da FNLA, em Vista Alegre e há 48 anos! |
Cavaleiros de Zalala com
combatentes angolanos!
O furriel Américo Rodrigues, saudoso combatente dos Cavaleiros do Norte de Zalala - que de nós partiu a 30 de Agosto de 2018 e hoje lembramos -, estava há 48 anos já em Vista Alegre e lembrou-nos, há alguns anos, que «os primeiros contactos “amigáveis” com elementos da FNLA já tinham acontecido em Zalala».
«Eles e os seus familiares procuravam intensamente a enfermaria, em busca de remédios para cura de um interminável número de doenças que nem eles sabiam definir», contou-nos o saudoso e inesquecível Rodrigues, que foi inestimável colaborador deste blogue.
Já em Vista Alegre, recordou o Rodrigues, em crónica que escreveu em 2011, «já eram bastantes, mas não eram tão genuínos, nem comparados com os de Zalala».
«Provavelmente recrutadas à última da hora, já apareciam em grupos e com «fardas» e melhor armamento. Como nesse tempo ainda não existia a presença dos outros movimentos, o MPLA e UNITA, ou era muito reduzida, as escaramuças a valer foram mais tarde como sabes reservadas para o palco de Carmona. Pelos nossos lados, tudo correu bem», concluiu o Américo Rodrigues, falando dos tempos de há 48/49 anos, da nossa jornada africana do Uíge angolano.
Notícia do Diário de Lisboa de 29/01/1975, há 48 anos e sobre a situação política angolana |
Os inimigos da
independência!
O dia 29 de Janeiro de 1975 foi uma quarta-feira e, a apenas dois dias da tomada de posse do Governo de Transição de Angola, Luanda acordou com «agitadores, a soldo não se sabe de quem», que, noticiava o «Diário de Lisboa» dessa tarde, «andam pelos subúrbios a incitar a população a provocar distúrbios no dia 31 de Janeiro, data da tomada de posse do Governo de Transição que há-de levar Angola à independência total».
O MPLA, sobre isso, emitiu um comunicado a alertar os seus «militantes e simpatizantes no sentido de denunciarem os agitadores que consigam identificar», ao mesmo tempo que os aconselhava «a não se deixarem arrastar por manobras que poderão desprestigiar o movimento».
Jonas Savimbi, presidente da UNITA e na sua triunfal chegada a Nova Lisboa, também abordou a questão, associando-a a «um possível golpe de Estado em Portugal», frisando que «há forças que se prepararam, ainda, em Portugal, para prepararem um contra-golpe e quiçá denunciarem os acordos concluídos entre os movimentos de libertação e Portugal sobre Angola».
«Há ainda inimigos da nossa independência, que trabalham dia e noite», sublinhou Jonas Savimbi.
Assim iam os tempos angolanos e portugueses da há 48 anos!
As
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