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O capitão José Manuel Cruz e esposa, o comandante Almeida e Brito e o capitão José P. Falcão em Águeda, a 09/09/1995, 20 anos depois da chegada de Angola |
A 30 de Julho de 1975, uma quarta-feira de há 48 anos e no âmbito da preparação da operação de saída do BCAV. 8423, tal foi oficialmente «comunicado à FNLA, na reunião do Estado Maior Unificado» - integrado no então Comando Territorial (CTC) de Carmona. A saída dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 para Luanda, o definitivo adeus à cidade de Carmona e ao Uíge angolano, estava prevista para 4 de Agosto de 1975. Dias depois.
Como se sabe, acabaria por começar na véspera, quando, de avião, «em duas levas de um DC6 e dois Nordatlas», foram transportadas a CCS (do Quitexe) e a 1ª. CCAV. 8423 (da Fazenda Zalala).
A 30 de Julho, e no âmbito dessa preparação, os furriéis milicianos da CCS, nesta altura, já tinham saído da messe do Bairro Montanha Pinto e estavam alojados no edifício residencial limítrofe ao BC12, na estrada para Carmona. Dali, já só saíram no domingo seguinte, para o aeroporto e em voo para Luanda
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Os furriéis milicianos Pires (TRMS) e Neto (Rangers) na rampa da messe do Montanha Pinto |
FNLA disposta a
avançar sobre Luanda
Ao tempo, nessa quarta-feira de Julho de 1975, o presidente Holden Roberto (da FNLA) falando no Ambriz, garantia que «o assalto contra a capital angolana deverá verificar-se nos próximos dias». As forças do movimento (o ELNA) estavam no Caxito e calculava-se que seriam formadas por 8000 homens.
«Procedem neste momento a uma pausa, a um reagrupamento, à instalação de um dispositivo de ataque que deverá levá-los a Luanda», referia um fonte do seu Estado Maior, citada pelo Diário de Lisboa.
As FAPLA, do MPLA, essas «já tinham mostrado a sua capacidade e combatividade (em confrontos anteriores) e contavam também com a população armada», que, segundo certos meios, «deverá opor uma grade resistência», tendo como pontos fortes o Quifandongo e Cacuaco - para além de terem um maior conhecimento do terreno.
«A atmosfera continua pesada em Luanda, cidade em que os portugueses estão agora a abandonar ao ritmo de 3000 pessoas por dia», noticiava o Diário de Lisboa. No entanto, «não se têm registado incidentes», continuando a FNLA «a resistir no Forte de S. Pedro da Barra», ao redor do qual os ELNA´s «colocaram minas, para evitar o avanço das FAPLA».
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Notícias de Angola, a 31 de Julho de 1975, no Diário de Lisboa |
Incidentes em Novo Redondo
e Luanda, 6 000 refugiados no
quartel de Malanje !
A comunidade civil Carmona, actial cidade do Uíge, foi tendo conhecimento da saída da tropa portuguesa e movimentou-se no sentido de poder integrar a anunciada coluna militar.
Os civis uíjano, p+or esse tempo e de acordo com o livro «História da Unidade», sentiam-se «sem receber quaisquer apoios ou segurança» e muitos dedos foram, por esse últimos dias de Julho de 1975, apontados aos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Sem, porém, se registarem incidentes especiais.
Novo Redondo, no Quanza Sul, porém, foi cenário de «graves recontros» entre FNLA e MPLA, na sequência dos quais «dois sargentos e 15 soldados do ELNA se entregaram às FAPLA, também se teriam registado combates no Lobito, mas desconhecia-se o número vítimas».
Em Luanda e na véspera, realizaram-se os funerais dos guerrilheiros do MPLA que foram vítimas do confronto com tropas portuguesas, no Bairro Maria Alice. Tinham atacado as NT pelas costas. Em Malanje, relatava o Diário de Lisboa que «se refugiaram 6000 pessoas no quartel da Forças Armadas Portuguesas». |
Emblema da 2ª. CCAV. 8423, de Aldeia Viçosa |
Salcedas da 2. CCAV.
faleceu há 17 anos !
O 1º. cabo Salcedas, combatente da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, faleceu a 31 de Julho de 2006, aos 54 anos de vida!
João Duarte Salcedas, de seu nome completo, foi atirador de Cavalaria de especialidade militar e natural de Sítio do Lameiro da Moita, povoação da freguesia de Aldeia do Carvalho, na Covilhã. Lá regressou a 10 de Setembro de 1975, depois de concluir a sua missão militar em Angola e nos Cavaleiros do Norte comandados pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Que, além da vila de Aldeia Viçosa, também passou pela cidade de Carmona.
Desconhecemos a origem da sua morte, ou quaisquer outros factos da sua vida pessoal, mas hoje e em sua memória, aqui o recordamos com saudade. RIP!