sexta-feira, 4 de agosto de 2023

7 252 - - O último dia do BCAV. 8423 em Carmona! Centenas de viaturas e o êxodo de milhares de uíjanos!


Militares portugueses com civis, na coluna de Carmona para Luanda, há 48 anos, no dia 4 de Agosto de 1975:
NN, 1º. cabo Manuel Mendes (atirador), 1º. cabo Deus, 
(operador cripto), soldado António Santos (atirador) e
 furriel  miliciano António Artur Guedes (atirador de Cavalaria). Alguém sabe identificar os civis?

O BC 12, fachada principal vista do lado de Carmona e de onde
o BCAV. 8423 saiu há precisamente 48 anos - no dia 04/08/1975


O dia 4 de Agosto de 1975, há 48 anos, foi o último da presença militar portuguesa em terras do Uíge: de lá rodaram a 2ª. CCAV. 8423 e a 3ª. CCAV. 8423. Para Luanda.
A epopeica coluna saiu com reforço de uma Companhia de Comandos (desde o BC12) e outra de Paraquedistas (a partir do Negage) e, das vésperas, já se conhecia o desejo de êxodo dos civis.
«Começou a sentir-se que iriam acompanhar a nossa coluna centenas de viaturas, com alguns milhares de desalojados, que procuravam o refúgio protector das NT», sublinha o livro «História da Unidade», salientando que, por isso mesmo, «aumentaram as dificuldades e aumentaram as responsabilidades».
A posição dos Cavaleiros do Norte era, desde a primeira hora, a de defender as populações, a que preço fosse. Já o mesmo acontecera na dramática e sangrenta primeira semana de Junho e assim continuou. Até ao último instante!
«Há que entregar toda esta molde de gente são e salva em Luanda, há que contrariar os intentos da FNLA em reter essas populações, os seus bens e se calhar as suas vidas, há que salvaguardá-la do saque do poder popular», escreveu, na altura, o comandante Almeida e Brito.
A coluna partir de Carmona às 5 horas da manhã de 4 de Agosto de 1975, mas «pode dizer-se», refere o livro «HdU», que «a partir das 2 horas tudo se pôs a postos para que o horário fosse cumprido».
Efectivamente, às 5 horas da manhã, «toda a máquina se moveu». A coluna abriu com a Companhia de Comandos, seguindo-se as duas dos Cavaleiros do Norte. «Juntaram-se cerca de 700 viaturas, com alguns milhares de desalojados», anota o livro «História da Unidade».
A FNLA em Carmona

FNLA quis bloquear
os civis da coluna !


As primeiras dificuldades surgiram ainda na cidade capital do Uíge, quando «a incompreensão dos civis gerou o primeiro problema com a FNLA, que, bloqueando-os, não os quis deixar sair».
Viveram-se momentos muito tensos, com permanentes e agressivas ameaças dos combatentes do movimento de Holden Roberto, mas tudo se resolveu pelas 5,15 horas, quando finalmente arrancou a coluna para o Negage - pessoalmente comandado pelo tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423. 
Este episódio, porém, foi apenas o primeiro de vários da epopeica coluna de Carmona para Luanda (pelo Dondo), pois «esta resolução iria dar azo ao segundo e mais grave incidente, pois todos os que fugiram para o Negage, foram impedidos de partir»
O problema, reporta o «HdU», «iria atrasar em cerca de 8 horas a marcha da coluna».
Posta a coluna em marcha, em Carmona, «passou o controlo da FNLA no Candombe» e por volta das 7,30 horas, o nevoeiro serrado provocou um acidente e o abandono de duas viaturas médias. Depois, e já no Negage, também uma viatura pesada.
No Negage, incorporaram-se as viaturas do Aeródromo Base 3 e as Companhias de Caçadores ali estacionadas. A coluna fechava com a Companhia de Paraquedistas.

Daniel Chipenda

Damniel Chipenda no Negage
para «passarem» os civis!


O Negage «estava pejado de viaturas em toda a cidade», mas «a FNLA, em peso, quis impedir a sua saída, exceptuando as privadas da coluna militar»
E não era o caso das viaturas dos civis da coluna do BCAV. 8423. Que as NT de modo algum iriam abandonar.
As negociações «foram improfícuas, tentadas plataformas várias, batendo-se sempre em falso». Refere o livro «História da Unidade» que «começou a odisseia dos civis, sentindo-se abandonados e entregues à sorte do querer da FNLA, convencidos que as NT os abandonariam», mas «assim não aconteceu».
«Após uma reunião com Daniel Chipenda, obteve-se a permissão para o trânsito da quase totalidade dos civis», sublinha o livro «HdU», sem especificar razões para os que ficaram.

José A. Monteiro,
furriel da CCS
Furriel Monteiro, 71
anos em Paredes !


O furriel miliciano José Augusto Guedes Monteiro, da CCS do BCAV. 8423, festeja 71 anos a 4 de Agosto de 2023. Hoje mesmo!
Especialista de Operações Especiais (os Rangers) e agora, e desde há muitos anos «aquartelado» em Paredes, deve por nesta hora estar a lembrar-se dos 23 que festejou em 1975, quando e desde a véspera já estava no Campo Militar do Grafanil - ido de Carmona. 
Ao tempo, partilhava uma Casa de Viana e com os furriéis Neto e Viegas - também de Operações Especiais (Rangers) e do PELREC da CCS do BCAV. 8423. 
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano, e fixou-se em Vila Boa de Quires. Profissionalmente, foi quadro nos Transportes Colectivos do Porto e, há vários anos aposentado, há muitos vive na cidade de Paredes. Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
José M. Cordeiro,
1º. cabo do PELREC

Cordeiro, 1º. cabo PELREC,
71 anos em Porto de Mós !


O 1º. cabo José Manuel de Jesus Cordeiro foi atirador de Cavalaria de especialidade militar e combatente do PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Natural de Portela do Vale de Espinho, da freguesia de Arrimala, em Porto de Mós, vive lá bem perto - na aldeia de Bezerra, onde casou e fez família. Trabalhou na área da serração de maneira e exploração de inertes, agora já gozando os prazeres da aposentação. 
Hoje mesmo, dia 4 de Agosto de 2023, festeja 71 anos e é para lá e para ele que vai o nosso abraço de parabéns!

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