Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: furriéis milicianos António
Artur Guedes (atrás, de bigode, a espreitar), José Gomes (de garrafa na mão), Letras
(com o braço no ombro do Pinto), Jesuíno Pinto e Amorim Martins (de bigode
e a rir). Em baixo, Sebastião e Oliveira (cozinheiro)
Holden Roberto em território angolano, a escassos 32 quilómetros de Luanda. Há precisamente 40 anos, estava no Negage e em Carmona - provavelmente no BC12 onde se aquartelaram os Cavaleiros do Norte |
Segunda-feira, 24 de Agosto de 1975. O dia foi particularmente emotivo para mim, que precisamente três anos antes perdera meu pai, falecido no Hospital de Águeda. Acordei na casa de Viana, onde vivia com o Neto e o Monteiro, com esse momento bem presente na memória e na alma. Mas sabia que nada me valia mais que a saudade!!! Lembrei-me dos conselhos que me dava, baseado na sua experiência de militar dos anos 40, e aprontámo-nos para mais um dia de tropa no Grafanil, um dia mais que riscaríamos no calendário do nosso adeus a Angola.
Luanda continuava semeada de dúvidas e medos, sob a latente ameaça de invasão da FNLA. O presidente Holden Roberto, já se sabia, estava no Negage e Carmona e, naturalmente, teria o objectivo de conquistar a capital. As suas forças continuavam no Caxito e repetiam-se incidentes.
Especulava-se sobre a aliança militar da FNLA coma UNITA, mas, no ambiente de conspiração e intriga que se vivia, admitia-se também que, afinal, a aliança do movimento de Jonas Savimbi fosse com o... MPLA.
O Jornal de Angola da véspera (23 de Agosto) admitia que «a reunião magna da UNITA poderá decidir oficialmente uma aliança com a FNLA contra o MPLA». Os movimentos, ainda segundo o Jornal de Angola, «estariam ambos interessados em associar-se à UNITA». Mas fontes diplomáticas citadas pelo Diário de Lisboa admitiam que «a UNITA limitar-se-á a uma aliança militar táctica».
Continuava o drama dos retornados. A 22 de Agosto, o presidente Costa Gomes pedira formalmente o auxílio dos Estados Unidos para «evacuar pelos menos 140 000 dos dos 330 000 refugiados que queriam abandonar Angola». O Diário de Luanda de 23 de Agosto, relata o livro «Segredos da Descolonização de Angola» (Alexandra Marques, 2014), noticiava a «tragédia marítima ao largo da Costa dos Esqueletos»: várias traineiras saídas do Lobito, Benguela e Moçâmedes, com centenas de refugiados, desapareceram quando demandavam o porto de Walvis Bay. De uma flotilha de mais de 20 embarcações, três ainda não chegaram ao porto da Namíbia. Apareceram dias mais um tarde, uma afundada, «após uma colisão no meio do nevoeiro», sendo os passageiros recolhidos por outra. Tinha passado 21 dias no mar e, segundo Alexandra Marques, estavam «esgotados meios mortos de sede e de fome».
Luanda continuava semeada de dúvidas e medos, sob a latente ameaça de invasão da FNLA. O presidente Holden Roberto, já se sabia, estava no Negage e Carmona e, naturalmente, teria o objectivo de conquistar a capital. As suas forças continuavam no Caxito e repetiam-se incidentes.
Especulava-se sobre a aliança militar da FNLA coma UNITA, mas, no ambiente de conspiração e intriga que se vivia, admitia-se também que, afinal, a aliança do movimento de Jonas Savimbi fosse com o... MPLA.
O Jornal de Angola da véspera (23 de Agosto) admitia que «a reunião magna da UNITA poderá decidir oficialmente uma aliança com a FNLA contra o MPLA». Os movimentos, ainda segundo o Jornal de Angola, «estariam ambos interessados em associar-se à UNITA». Mas fontes diplomáticas citadas pelo Diário de Lisboa admitiam que «a UNITA limitar-se-á a uma aliança militar táctica».
Continuava o drama dos retornados. A 22 de Agosto, o presidente Costa Gomes pedira formalmente o auxílio dos Estados Unidos para «evacuar pelos menos 140 000 dos dos 330 000 refugiados que queriam abandonar Angola». O Diário de Luanda de 23 de Agosto, relata o livro «Segredos da Descolonização de Angola» (Alexandra Marques, 2014), noticiava a «tragédia marítima ao largo da Costa dos Esqueletos»: várias traineiras saídas do Lobito, Benguela e Moçâmedes, com centenas de refugiados, desapareceram quando demandavam o porto de Walvis Bay. De uma flotilha de mais de 20 embarcações, três ainda não chegaram ao porto da Namíbia. Apareceram dias mais um tarde, uma afundada, «após uma colisão no meio do nevoeiro», sendo os passageiros recolhidos por outra. Tinha passado 21 dias no mar e, segundo Alexandra Marques, estavam «esgotados meios mortos de sede e de fome».
Sem comentários:
Enviar um comentário