terça-feira, 31 de dezembro de 2013

1 904 - A passagem de ano quitexana de 1974 para 1975

Fernandes, Viegas, Belo (de óculos), Bento, Costa e Flora (atrás), Ribeiro, Rabiço, Graciano e Abrantes (de cachimbo). Noite de passagem de ano do Quitexe, 1974 para 1975. Em baixo, Jorge Grácio, o Spínola, vencedor da Corrida de S. Silvestre

A noite de passagem de ano do Quitexe, de 1974 para 1975, foi vivida em confraternização plena, a possível, com as necessárias medidas de segurança, mas sem faltar a folia destas datas. Foi  a noite da Corrida  de S. Silvestre, ganha pelo Jorge Grácio, o Spínola - da 3ª. CCAV. e que, tragicamente, viria a falecer a 2 de Julho desses ano, na sequência de um acidente de viação. Era de Vieira de Leiria.
Estes "meninos" da imagem, todos então na casa dos 22 anos (menos o Rabiço, dois anos mais velho) estão aqui em pose, na saída da messe/bar dos sargentos. Todos eles furriéis milicianos, todos bem dispostos e alguns deles de copo de martini na mão. O que será feito deles?
- FERNANDES. António da Costa Fernandes, atirador de cavalaria da 3ª. CCAV. 8423. É professor e reside em Braga, de onde é (de Lomar).
- BELO. Agostinho Pires Belo, vagomestre da 3ª. CCAV. 8423. Aposentado da administração fiscal, vive em Retaxo (Castelo Branco).
- BENTO. Francisco Manuel Gonçalves Bento,de reconhecimento, infomação e operações, da CCS. Do Barreiro, vive em França.
- COSTA. Luís Filipe dos Santos Costa, do Pelotão de Morteiros 4281. Aposentado da SONAE, vice no Estoril e Cabanas de Tavira, onde é administrador de condomínios.
- FLORA. António Pires Flora, atirador de cavalaria, da 3ª, CCAV. É de Alcains e vive em Odivelas, aposentado da banca.
. RABIÇO: Ângelo Tuna Rabiço, enfermeiro da 3ª. CCAV. 8423. Professor primário aposentado, vive em Vila Real.
- GRACIANO. Graciano Correia da Silva, atirador de cavalaria da 3ª. CCAV. 8423. É quadro de uma empresa de vinhos do Douro e vive em Lamego. 
- ABRANTES. Joaquim da Costa Abrantes, atirador colocado no Quitexe. Professor aposentado, mora em Castelo Branco.
A este dia 31 de Dezembro de 1974, soube-se que o MPLA anunciou, em Luanda e para o dia 3 de Janeiro (em Mombaça, ou Nairobi, no Quénia) a realização da cimeira entre os três movimentos, para «conciliarem posições» para a cimeira com o Governo Português prevista para o dia 10 - e que viria a ser no Alvor.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

1 903 - Jonas Savimbi anunciou dia da Cimeira...

O oficial de dia é o alferes Cruz. Os dois clarins, da esquerda, serão o Irineu Sousa e o Caetano. Depois, o (furriel) Cruz. O Peixoto, é o (furriel) da direita e, atrás, em sentido, está o 1º. sargento Luzia. E os outros? Quem são os outros Cavaleiros do Norte da parada do BC12? Ora digam lá!
Clicar na imagem, para a ampliar


A 30 de Dezembro de 1974, Jonas Savimbi, presidente da UNITA, anunciou 10 de Janeiro de 1975 como o dia da Cimeira do Governo Português com os três movimentos de libertação. 
«Terá lugar algures, em Portugal», disse o líder do Galo Negro, em Lusaka, precisando que «antes disso, reunirão os três movimentos, para concordarem numa plataforma comum, para apresentar nas conversações».
«O nosso objectivo - disse Jonas Savimbina capital da Zâmbia - é ter um Governo de Transição, antes do fim, de Janeiro e a independência dentro de 9 a 12 meses». 
Pelo Quitexe, o mês dava conta da saída do capelão José Ferreira de Almeida, em fim de comissão - de quem não tenho especiais recordações, para além de lembrar que era alto e muito sereno. Prestava serviço na CCS. 
Ao contrário, e no mesmo mês de Dezembro, a Vista Alegre chegava o furriel miliciano João C. M. Rito - que se apresentou à 1ª. CCAV. 8423, a do capitão Castro Dias. Não tenho ideia de alguma vez mos termos cruzado e dele agora nada sei.
Ver AQUI

domingo, 29 de dezembro de 2013

1 902 - Últimos dias quitexanos de 1974...

Quem é este Cavaleiro do Norte, aqui à esquerda? Depois, estão o Salgueiro e o Oliveira. E quem está a seguir? Tudo malta de transmissões? O da direita é o enfermeiro Florindo. Em baixo, o (1º. cabo) Manuel Deus, da 3ª. CCAV., frente à sede da FNLA do Quitexe, depois de um ataque do MPLA

Os dias de Dezembro de 1974 foram sendo riscados do calendário e, passado o bem consoado Natal, aproximou-se a passagem do ano  - a primeira passada fora de casa, pela grande generalidade dos Cavaleiros do Norte. Uma das curiosidades do tempo era conhecer e contactar com os elementos da FNLA, MPLA e UNITA que iam aparecendo nas áreas dos aquartelamentos, de forma mais ou mesmo informal, mas também organizadamente - nas camadas secretarias. Em Carmona, dispunham de delegações.
A FNLA era, claramente, o movimento/partido mais implantado na nossa zona. Depois, o MPLA, muito menos a UNITA.  Cada qual, procurava semear as suas ideias políticas e sociais e tenho ideia de até a comunidade europeia os aceitar com alguma tranquilidade, muito embora, como frisa o Livro da Unidade, «pensando com reservas sobre o seu futuro».
Os bons momentos de companheirismo dos Cavaleiros do Norte podem confirmar-se na foto de cima, que nos chegou do (1º. cabo) Luís Oliveira. Uma, das milhares, que se por lá se tiravam e que, capeadas em envelopes de via aérea, chegavam a Portugal para matar as saudades à família e convencê-la do nosso bem-estar.
A de baixo, com o Manuel Deus (que no-la enviou em Julho de 2010) mostra a sede da FNLA, atacada pelo MPLA em data imprecisa de 1975 - seguramente depois de 2 de Março, o dia da saída da CCS, para Carmona. Atacada num dos vários momentos de conflito que desaproximou os dois movimentos, periclitando o processo angolano de descolonização. Havia, refere o Livro da Unidade, «uma reserva latente entre os dois movimentos».
Ver AQUI

   

sábado, 28 de dezembro de 2013

1 901 - Dias finais de 1974, Neto e Chipenda...



Cavaleiros do Norte da CCS em Santo Tirso, a 1 de Junho de 2013. 
Notícia do Diário de Lisboa de 28 de Dezembro de 1974

Hoje, o dia foi de arrumações cá por casa e, numa das pastas dos Cavaleiros do Norte, achei esta foto, que é recente mas tem muito significado: é a da missa no mosteiro de Santo Tirso, a 1 de Junho de 2013. A primeira missa celebrada em Encontros da CCS.
Aqui mesmo à frente, careca e com a mulher, está o Aurélio (Barbeiro). À à esquerda, mais atrás e de barba branca, o (alferes) Cruz e esposa, a dra. Margarida (que connosco esteve no Quitexe). Depois, a esposa e o tenente Luz (agora capitão, de óculos). Atrás do alferes Cruz, de óculos e roupa escura, está o (furriel) Dias, seguindo-se (os também furriéis) Machado e Viegas, a esposa deste e o Alfredo Buraquinho. Na quinta fila, entre duas senhoras, está o (furriel) Morais, de óculos e camisa aos quadrados. Na outra a seguir, à direita, o (furriel) Pires, das transmissões, de camisete branca. Atrás dele, de camisa verde, o (furriel) Cruz  - com a esposa ao lado. À direita deste, de azul, o (furriel) José Monteiro - seguindo-se a esposa dele e a do (1º. cabo) João Monteiro, o Gasolinas. Atrás deste, de bigode, o Serra (condutor). Outro condutor, é o Alves, mesmo atrás da esposa do José Monteiro (de camisa aos quadrados brancos e azuis). Também atrás, mas do (furriel) Cruz e esposa, está o Gomes (condutor), careca e de bigode.
Foi isto, a 1 de Junho de 2013.
A 28 de Dezembro de 1974, pelo Quitexe, jogava-se futebol entre as sub-unidades, via-se cinema e faziam-se preparativos para a passagem do ano e corrida de S. Silvestre. Em Paris, segundo notícia da France Presse e da ANI, a Facção Chipenda lembrava que tinha expulso Agostinho Neto do MPLA. Luís de Azevedo, seu encarregado de Relações Exteriores, em conferência de imprensa, acusava Rosa Coutinho de ter patrocinado o encontro de Neto com Jonas Savimbi (UNITA) dias antes, no Luso. Neto e Savimbi, porém, tinham concordado que Daniel Chipenda é que tinha sido expulso do MPLA.
Rosa Coutinho tinha sido nomeado Alto-Comissário e, a Luanda, segundo leio no Diário de Lisboa de 28 de Dezembro de 1974, «chegavam mensagens de regozinho», pela sua nomeação. Paralelamente, porém, outras chegavam, mas de «repúdio pela abertura do escritório da Facção Chipenda». Ia assim o país novo que ia nascer! 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

1 900 - Rotações no Quitexe e a pré-cimeira da independência

QUITEXE, gente das transmissões: Mendes (1º. cabo), Soares, Pires (furriel), Oliveira (1º. cabo) e Costa. Em baixo, NN (quem é?), Zambujo e Salgueiro (1º. cabo operador de mensagens). Em baixo, o (furriel) Costa, com outro militar dos Morteiros, já no Grafanil



O Quitexe dos dias após o Natal de 1974, deram vazão à saída do Pelotão de Morteiros 4281 para Carmona, iniciada a 20 de Dezembro. A guarnição dos Cavaleiros do Norte, enriquecida com a chegada da 3ª. CCAV. 8423 (a de Santa Isabel, no dia 10), estava definitivamente envolvida (embora nem por isso déssemos, ao tempo), no esquema de rotação que nos levaria para o BC12, em Carmona. Viria a ser no dia 2 de Março de 1975.
A 27 de Dezembro, o Presidente da República, em Lisboa, desmentiu um matutino que, nesse mesmo dia, anunciara para 3 de Janeiro a realização da cimeira do governo português com os três movimentos de libertação. «No presente momento, toda e qualquer informação sobre o assunto é prematura, nomeadamente quanto a datas e locais», referia a nota de Costa Gomes. 
A 26 de Dezembro, porém, Jonas Savimbi (UNITA) partiu de Brazaville (República do Congo), onde esteve em negociações com Agostinho Neto (MPLA) e a 27 chegou a Lusaka (Zâmbia) - hoje se fazem 39 anos. E parecia realmente iminente a cimeira destes movimentos com a FNLA. Por isso mesmo, e nesse mesmo dia, chegou a Luanda a delegação portuguesa, que, em Kinshasa (Zaire), se encontrara com Holden Roberto. Assim iam os dias de gravidez da descolonização e independência de Angola. 
- NN. O NN da foto será o José Orlando Machado 
da Silva, soldado de transmissões? Diga lá 
alguém, se alguém souber!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

1 899 - As oitavas do natal quitexano de 1974

Gomes (à civil), NN e Soares, atrás. Sentados, ao meio: Zambujo (de bigode) operador de mensagens (??) e Costa. Fila de baixo, Mendes, NN, Moreira, Alfredo Coelho (Buraquinho) e Luís Oliveira. Quem ajuda a identificar os dois "desconhecidos"? O alferes Cruz, na foto de baixo, com esposa dra. Margarida e o filho Ricardo no mesmo natal quitexano




Quitexe, 26 de Novembro de 1974!!! Há precisamente 39 anos!!! Fazem-se oitavas do dia de Natal, é 5ª.-feira, e o comandante Almeida e Brito foi em missão de cortesia a Carmona! Ao Comando de Sector do Uíge e à Zona Militar Norte. Para fazer «continência» à mensagem natalícia do comandante do CSU - o dito Comando do Sector do Uíge! Mesagem que ouvíramos dois dias antes!
Almeida e Brito chegara ao Quitexe precisamente na véspera de Natal, depois de férias em Lisboa. Nesse mesmo dia, ou noite (melhor dizendo), o refeitório encheu-se de Cavaleiros do Norte da CCS e da 3ª. CCAV. 8423 - que de Santa Isabel chegara no dia 10 desse decembrino mês. Foi festa de emoção e de fartos e suculentos sabores consoais! Só de miminhos! E com as mulheres dos nossos oficiais: as do capitão Oliveira (com a filha e o neto), do tenente Mora e dos alferes Cruz e Hermida! Capricharam, as "nossas"  meninas, na elaborada e multiplicada confecção da ementa, com auxílio das mãos preciosas dos nossos cozinheiros! Tudo gente do alto!
A 25, o dia de Natal como tal, foi tempo de Almeida e Brito almoçar em Vista Alegre - onde se aquartelava a 1ª. CCAV., a do capitão Castro Dias, dos épicos Cavaleiros do Norte de Zalala! Ainda foi, de salto rápido, à Ponte do Dange, onde se «hospedava» um dos pelotões zalalianos! A noite de 25, no regresso para o Quitexe, foi de jantar em Aldeia Viçosa. Por aqui, fazia missão a 2ª. CCAV., a do capitão José Manuel Cruz!  Grandes companheiros!
O Natal de 1974 foi diferente! Em Angola!!! Sem o frio, a neve, a chuva e as badaladas das torres sineiras das nossas aldeias a chamarem-nos para a missa do galo. Mas foi um grande e sentido Natal!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

1 898 - Boas festas em 2013!!!

PELREC, a sair para uma operação militar: Almeida, NN, Messejana, Florêncio, NN, Viegas, Marcos, Pinto, Caixarias e Garcia (atrás). Vicente, Soares, Francisco, Leal, Oliveira, Hipólito, Aurélio, Madaleno e Neto. Em baixo, o Natal da Vista Alegre (1º. CCAV.). Conhecem-se o Queirós (junto ao poste, de bigode, de cara levantada), seguido, depois do poste, do Carlos Ferreira (bigode e óculos) e Barreto (bigode)
 

BOAS FESTAS: Alegria (alferes, o Almeida), Alfredo Coelho (Buraquinho), António (atirador), Aurélio (atirador, o Barbeiro), Beato (2ª. CCAV.), Breda (1º. cabo condutor), Brejo (furriel da 2ª. CCAV.), Botelho (atirador), Cabrita, Caixarias (atirador), Canhoto (condutor), Cruz (alferes António Albano), Cruz (furriel António José), Cordeiro (1º. cabo atirador), Costa (furriel dos morteiros), Esgueira (condutor), Eusébio (furriel da 1ª. CCAV.), Ezequiel (1º. cabo atirador), Falcão (capitão), Ferreira (1º. cabo atirador), Florêncio (atirador), Florindo (1º. cabo enfermeiro), Francisco (soldado atirador), Gaiteiro (condutor), Gomes, Grácio (1º. cabo sapador), Guedes (furriel da 2ª. CCAV), Lapa, Lopes (furriel enfermeiro), Luzia (1º. sargento), Machado (furriel mecânico de armamento), Madaleno (soldado atirador), Monteiro (Gasolinas), Marcos (atirador), Matos (furriel da 2ª. CCAV.), Moreira (maqueiro), Neto (furriel de Operações Especiais), Nogueira (condutor do Liberato), Oliveira (1º. cabo de transmissões), Pagaimo (1º. cabo dos Morteiros), Pais (1º. cabo radiomontador), Patriarca, Peixoto (furriel destacado na CCS), Picote (condutor), Pinto (furriel da 1ª. CAV), Pires (furriel dos sapadores), Pires (furriel dos Morteiros), Rebelo cozinheiro), Ricardo (3ª. CCAV.), Rodrigues (furriel da 1ª. CCAV.), Serra, Teixeira (o Ângelo, da 3ª. CCAV.), Tomaz (1º. cabo rádio-montador), Soares (1º. cabo atirador) e Vicente (condutor), alguns dos muitos Cavaleiros do Norte que partilharam o Natal de 2013 com o blogue. Que perdõem os que aqui foram esquecidos!
Alguns terá fugido à memória destes dias, mas todos estão no coração dos Cavaleiros do Norte. Um grande abraço para todos! E um muito melhor 2014!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

1 897 - A véspera de Natal angolano de há 39 anos!

Natal do Quitexe, há precisamente 39 anos. Sentado de costas, à esquerda, o tenente Luz. Depois, de pé, Lajes e Soares, tenente Fernandes e furriel Reino, comandante Almeida e Brito, o soldado corneteiro, capitão Falcão, tapado pelo capitão Oliveira (de óculos). De frente, alferes Hermida (de bigode) e esposa, dra. Margarida Cruz e alferes Cruz e esposa do tenente Mora. Aqui, da esquerda, sargento ajudante Machado (de cigarro na mão), o neto e filha do capitão Oliveira, NN (de costas), a  esposa do capitão Oliveira e mais dois militares. Em baixo, Carpinteiro, NN, Rebelo, NN, alferes Ribeiro, um sapador (??), civil de cor, Messejana, Florêncio (de barbas) e o alferes Garcia

Há 39 anos, por esta hora da tarde de véspera de Natal de 1974, faziam-se esperas pela noite de consoada, a primeira que a esmagadora maioria de nós passava fora de casa, da neve e dos frios da Europa, dos miminhos das mamãs e famílias, namoradas e mulheres.
As mulheres dos oficiais, e outras - como a Irmã Maria Augusta Capela, da Missão, irmã do padre Albino! - capricharam na ementa e nenhum de nós deixou de saborear os pitéus e sabores tradicionais, de um pouco de tudo, das tradições do norte a sul gastronómico de Portugal. Foi uma noite inesquecível!
Hoje, e ontem, e anteontem, e antes de anteontem, a minha caixa de correio encheu-se de contactos, de Cavaleiros do Norte que vieram «rejuvenescer» os memoráveis tempos da nossa missão em terras do norte de Angola. Contactos electrónicos, de telemóvel, em mensagens. Não querendo esquecer nenhum, cito dois, pelas razões que verão.
1 - O BARBEIRO. 
Aurélio da Conceição Godinho Júnior, soldado atirador do PELREC, com especialidade de barbearia. Está hoje de luto, pela morte de um cunhado, falecido ao princípio da manhã,  vítima de doença cancerosa. Soltaram-se-lhe as lágrimas, quando hoje falámos. Grande abraço, Aurélio!! Solidário e amigo, de todos os Cavaleiros do Norte!
2 - O BEATO. 
José Maria Pedrosa Beato, 1º. cabo radiotelegrafista, da 2ª. CCAV. 8423. A recuperar de uma insuficiência renal crónica (hereditária) que o «atirou» dois meses para o hospital. Convalesce na sua casa de Valongo, do Porto! Força, Beato!!! Atira lá esse problema para a outra banda!
A todos os Cavaleiros do Norte, um bom Natal!
Tão feliz, ao menos, como o que vivemos há 39 anos. No Quitexe, em Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

1 896 - Natal de 1974, no Quitexe, Aldeia Viçosa e Vista Alegre

NATAL no Quitexe, a 24 de Dezembro de 1974. Rocha, Fonseca, Viegas, Belo e Ribeiro (à esquerda), Monteiro, Cândido Pires (de bigode), Costa (a rir), Machado (de cigarro na boca) e Lajes

O Natal dos Cavaleiros do Norte dividiu-se pelo Quitexe, por Vista Alegre (foto do meio) e por Aldeia Viçosa (de baixo). Foi um tempo farto e de festa, muito vivido e partilhado pela comunidade militar. As imagens mostram momentos dessa noite tão especial, que matou saudades e desejos dos miminhos das casa das famílias. 
Na foto de baixo, de Aldeia Viçosa, conhecem-se o Matos, um outro furriel (meio tapado), o 1º. sargento Norte e, aqui à frente, o Letras, todo pimpão e de bigodaça saliente. Mais difícil, e impossível para mim, e identificar os Cavaleiros de Zalala, neste tempo já em Vista Alegre. Apenas reconheço o Rodrigues, o furriel que se está a rir, à direita. Quem ajuda a identificá-los? 

domingo, 22 de dezembro de 2013

1 895 - Natal no Cazenza e notícias de Portugal

Natal na escola primária do Cazenza, aldeia da área «metropolitana» do Quitexe. Reco-
nhecem-se, a Irmã Maria Augusta Capela e os alferes Pedrosa, Hermida (mãos na cinta),
 Pedrosa, Barros Simões, Cruz, Ribeiro e Garcia (com o dedo a apontar). Em primeiro plano, 
de óculos, o padre Albino Capela

A 22 de Dezembro de 1974, chegou ao Quitexe um aerograma de minha mãe, lembrando-me o Natal que pela primeira vez iria passar sozinha - ao tempo recentemente viúva e sem os três filhos, num curto espaço de tempo. Eu, o mais novo, na guerra colonial (a milhares de quilómetros), e minhas irmãs recém-casadas e nas suas casas.
O dia nfoi tambem de notícias do PS, pela voz de Mário Soares, anunciando que, relativamente ao seu primeiro congresso na legalidade, «o objectivo final é a destruição do capitalismo».  
O CDS afirmava-se como «defensor da propriedade privada, recusando a economia do Estado». O ministro Almeida Santos garantia que «haverá lugares na metrópole para os funcionários das ex-colónias». 
Os Estados Unidos, entretanto, iam emprestar 500 000 contos a Portugal, para um programa de habitação social. O empréstimo poderia chegar aos 1,375 milhões de contos e já tinha aval do Congresso norte-americano. 
Um dos dias de véspera fora de festa de Natal no Cazenza (foto) e pelo Quitexe levedava o entusiasmo e a ansiedade pela realização da festa da consoada, que seria (e foi) de terça para quarta-feira, dia 24 de Dezembro de 1974.
Ver AQUI

sábado, 21 de dezembro de 2013

1894 - Vésperas de Natal, Costa Gomes e Angola...

Os dias do Quitexe, em passeios: Fernandes, Graciano, um militar da FNLA e Neto (atrás) e Rocha, Querido e Cardoso, em foto de «família». Em baixo, os Presidentes Agostinho Neto (MPLA), Costa Gomes (Portugal), Holden Roberto  (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA), a 15 de Janeiro de 1975, no Acordo do Alvor





Os dias do Quitexe, pelas vésperas do Natal de 1974, decorriam tranquilos, com serviços, escoltas, «desenfianços» a Carmona, ou a Luanda, «matança» de saudades de casa e das chuvas e das neves que faziam as noites de consoada.
As ordens de serviço do Quitexe, de Aldeia Viçosa e Vista Alegre repetiam muitos dos nossos nomes, pois a guarnição estava reduzida - depois da passagem à disponibilidade dos Grupos de Mesclagem, que começou logo nos primeiros dias e se prolongou por Dezembro de 1974. Passagem à disponibilidade que, eufemísticamente, o Livro da Unidade referia como sendo «entrada em licença registada»
A 21 de Dezembro desse mesmo 1974, o general Costa Gomes, Presidente da República, falando em Lisboa para o francês jornal "Le Monde», recordava os seus anos de África e, sobre Angola, comentou o processo de descolonização, mais adiantado em Moçambique: «Pela parte que nos toca, fazemos todo o possível para favorecer um encontro entre os três movimentos de libertação de Angola, a fim de podermos, finalmente, pensar na formação de um governo de transição».
A anunciada conferência dos Açores era, no 21 de Dezembro de 1974, considerada «prematura» por Costa Gomes, qu se dizia preocupado com as dissidências do MPLA: «O dr. Agostinho Neto devia, previamente, regular as divergências internas do seu partido».
Viria a realizar-se em Janeiro e (foto) encerrada no dia 15 - o chamado Acordo do Alvor.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

1 893 -O começo do adeus do Pelotão de Morteiros 4281

Grupo do Pelotão de Morteiros 4281 (em cima). Alferes Garcia, Ribeiro e João Leite (em baixo)

Aos dias 20 de Dezembro de 1974, o Pelotão de Morteiros 4281 iniciou a sua saída para Carmona, onde se instalou no BC12. Abandonava o Quitexe, onde o «achámos» a 6 de Junho do mesmo ano, aquando la chegámos.
O 4281 era comandado pelo alferes miliciano João Leite, açoreano que há muitos anos faz vida profissional nos Estados Unidos, como empresário. Os furriéis milicianos eram o Costa e o Pires, nossos companheiros de tertúlias na messe de sargentos. 
O último dia quitexano dos «morteiros» foi 4 de Janeiro de 1975. Nesta data cessou, leio no Livro da Unidade, «o reforço dado ao BCAV. 8423, desde a nossa entrada no Sector».
No mesmo dia 20 de Dezembro de há 39 anos, Rosa Coutinho, em Lisboa, afirmava que «a descolonização não é só conceder a independência às colónias». «Seria demasiado fácil e demasiado cómodo, mas não é tudo», disse o alto-comissário, sublinhando que «os deveres do povo português não se esgotam com a conclusão da formação dos acordos de independência».
O almirante ia voltar a Angola ainda antes do Natal e, em Lisboa, afirmava também que «só ficarei descansado quando vir reunidos, no território de Angola, os presidentes dos três movimentos». Isto depois do encotro do Luso, que considerou «histórico e vital» e juntara Jonas Savimbi e Agostinho Neto.
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

1 892 - O histórico acordo entre MPLA e a FNLA

Agostinho Neto, Rosa Coutinho e Jonas Savimbi, em local e data indeterminada (net). 
O acordo MPLA/UNITA de 18 de Dezembro de 1974 em notícia do Diário de Lisboa

O histórico acordo MPLA/UNITA, mediado pelo alto-comissário Rosa Coutinho, no Luso angolano, pôs «termo a toda a espécie de hostilidades e propaganda que dificultem a colaboração franca e sincera entre as duas organizações». Publicamo-lo na íntegra, recortado do Diário de Lisboa de 19 de Dezembro de 1974. Basta clicar na imagem de baixo, para a ampliar.
«Tenho a dizer-vos que considero o encontro importante para Angola e para a evolução do processo de descolonização em curso, visto que, pela primeira vez, dois presidentes de movimentos de libertação se encontraram e conversaram em território de Angola, marcando mais uma vez a oposição de que será em Angola que terão de ser decididos os seus destinos e preferivelmente dentro da mesma Angola», falou Rosa Coutinho, no Luso e no final das conversações entre MPLA e UNITA, com delegações lideradas pelos seus presidentes - respectivamente Agostinho Neto e Jonas Savimbi.
O encontro decorrera na véspera, na sala de reuniões da Base Aérea do Luso. Primeiro, entre Rosa Coutinho e Savimbi, às 9 horas. Agostinho Neto chegou depois, às 10, conversando com Rosa Coutinho, sem Savimbi. Após o almoço, o alto-comissário voltou a reunir separadamente com os dois presidentes, encerrando o encontro com uma reunião a três. Histórica!
Os Cavaleiros do Norte, pelo Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange só mais tarde viriam a saber destas negociações. E sem pormenores. Muitos menos que os que hoje aqui ficam expressos. Os caminhos da descolonização tinham outros actores. Actores principais.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

1 891 - Filme no Quitexe e Neto e Savimbi no Luso...

Agostinho Neto (MPLA), à esquerda, Rosa Coutinho a cumprimentar Jonas Savimbi (UNITA). Atrás de Rosa Coutinho, Lúcio Lara. Foto do Livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques. Em baixo, título do Diário de Lisboa de 18 de Dezembro de 1974 

A 18 de Dezembro de 1974, quando menos se esperava, Rosa Coutinho voou de Luanda para o Luso angolano, onde se foi encontrar com os presidentes Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA). O despacho da portuguesa agência noticiosa ANI e da francesa Reuters, dava conta que Savimbi «esperava concluir um acordo com o MPLA» - o que, do ponto de vista jornalístico, «criaria, pelo menos teoricamente, a frente comum que durante os passados meses tem sido afincadamente procurada pelos três movimentos». O terceiro movimento era, obviamente, a FNLA.
O alto-comissário voou para a capital do Moxico para se encontrar com Savimbi e a Comissão Central da UNITA, mas a verdade é que «pouco depois chegou o dr. Agostinho Neto, presidente do MPLA, para conversações com o almirante Rosa Coutinho». Certamente, tudo previamente combinado.
A frente comum era o caminho certo, expectava-se, para «a conferência cimeira com Portugal», envolvendo ministros portugueses e dirigentes do MPLA, FNLA e UNITA. Viria a ser o chamado Acordo do Alvor. Formar-se-ia o Governo de Transição, para «levar Angola à independência total».
E pelo Uíge dos Cavaleiros do Norte?
Por lá, exibia-se um filme pela última vez - do ciclo iniciado no dia 10 e que passou por todas as subunidades e, no Clube do Quitexe, também para a população civil.  

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

1 890 - Os dias uígenses e a «guerra» FNLA/MPLA

Entrada do Quitexe, em 2012, em foto de Ivo Bige. Notícia da 
presença do MPLA em Lisboa, no Diário de Lisboa de há 39 anos


O que vos venho dizer, hoje, é que pelas terras uíjanas de Angola, ao ido dia de 17 de Dezembro de 1974, tudo ia nas calmas. Os movimentos emancipalistas, esses, segundo leio no Livro da Unidade, procuravam «ir estendendo a sua acção ao interior de Angola». 
Abriram delegações em Carmona e, com o decorrer do mês natalício de há 39 anos, «apareceram secretarias desses movimentos em Quitexe e Vista Alegre».
O MPLA festejara os 18 anos em Lisboa, no Pavilhão dos Desportos e, após isso, o seu dirigente Paulo Jorge foi recebido pelo PS. A foto que «pescámos» do Diário de Lisboa, mostra, da esquerda para a direita, Jorge Campinos (socialista), Carlos Veiga Pereira, Ilídio Machado e Mário Jorge (do MPLA), Tito de Morais, Manuel Alegre e Marcelo Curto (do PS).   
Complicadas pareciam, ir as relações da FNLA com o MPLA. Em Paris, Pakou Zola (do movimento de Holden Roberto), acusava que Agostinho Neto «fez todos os possíveis por criar dificuldades de última hora», à realização da cimeira entre os três movimentos». FNLA e UNITA, segundo disse, «já tinha chegado a acordo», faltando agora «a unificação do MPLA».
China e Roménia davam «apoio sincero e desinteressado» à FNLA e o seu dirigente manifestava preocupações por «a União Soviética apoiar uma das facções do MPLA». «Estamos muito preocupados com a política da União Soviética em relação a Angola, a qual poderá conduzir a um guerra fratricida», disse Pakou Zola, em Paris ouvido pela Reuters.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

1 889 - Acordo da UNITA de Savimbi com o MPLA de Neto...

Furriéis Cruz e Viegas, na avenida do Quitexe, em 1974. 
Atrás, o telheiro das aulas regimentais e o bar dos praças

A 16 de Dezembro de 1974, reuniu a Comissão do MFA do Batalhão de Cavalaria 8423, com os eleitos  das outras unidades da ZA e no Batalhão de Cavalaria 8324 - não confundir com o 8423. O 8324, mobilizado em Estremoz, pelo Regimento de Cavalaria 3, fazia comissão por Sanza Pombo e passou, pelo menos, por Quimiriamba e Massau, depois pro Carmona, em datas que não sei precisar.
A eleição, no Quitexe, ocorreu nos primeiros dias de Dezembro de 1974 e a primeira reunião fora do BCAV. 8423 foi a 7 de Dezembro, no Comando do Sector do Uíge. Eleito, foi o (furriel) Cruz - o mais velho de todos nós (nascido a 18 de Agosto de 1951) e eu, sem dar por ela, o segundo mais votado e dele suplente, por isso mesmo.
A 16 de Dezembro de 1974, Jonas Savimbi, presidente da UNITA, chegou ao Luso e anunciou um acordo com Agostinho Neto, do MPLA. Acordo, disse ele, a anunciar no «comunicado conjunto, dentro de 4 dias». O líder do «Galo Negro» chegava ao Luso, depois de várias reuniões em várias capitais, com líderes africanos e com Agostinho Neto (MPLA) e Holden Roberto (FNLA), e, em Lusaka, com o tenente-coronel Passos Ramos, do MFA. Desmentiu que a cimeira inter-movimentos fosse a 18 de Dezembro e nos Açores, admitindo, porém, que fosse «depois do Natal e em local a indicar».
Revelou também, na cidade do Luso, que o Governo de Transição anunciado por Almeida Santos (ministro português da Coordenação Inter-Territorial), apresentado na ONU, era liminarmente recusado por UNITA, MPLA e FNLA.
«Só aceitamos participar num Governo em que sejamos responsáveis», disse Jonas Savimbi - que no aeroporto do Luso, foi «ovacionado por milhares de pessoas».
- Eleições do MFA, 
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domingo, 15 de dezembro de 2013

1 888 - As duas Companhias de Caçadores 4741 em Angola

Santa Cruz, onde, em Agosto de 1974, aquartelou a CCAÇ. 4741/74 e de 
onde saiu o furriel João Peixoto (em baixo) para a CCS dos Cavaleiros do Norte



O mistério da Companhia de Caçadores 4741 que, a 17 de Março de 1975, passou a integrar o dispositivo militar do BCAV. 8423, está desfeito. Tem este número, mas é de 1974. Uma outra 4741, também de Caçadores, passou pelo norte de Angola, mas era de 1972. Curiosamente, ambas oriundas do Batalhão Independente de Infantaria (BII) de Angra do Heroísmo, nos Açores.  E quem é que foi desta CCAÇ. de 1974? Pois, foi precisamente o (furriel) Peixoto. 
A 4741/74 chegou a Angola em Agosto de 1974 e regressou em Setembro de 1975. Foi instalar-se em Santa Cruz de Macocola - agora Milunga -, a nordeste de Carmona (Uíge). Em Março de 1975, já estava no Negage e foi quando (a 17) passou a depender operacionalmente do comando dos Cavaleiros do Norte. Assim como a 1ª. CCAÇ. do BCAÇ. 4911, estacionada em Sanza Pombo. 
Postagens anteriores (ver chamadas no final deste texto) confundiram a duas BCAÇ. 4741 - a de 1972 e a de 1974 -, mas agora tudo está esclarecido, com a coincidência de, afinal, um dos seus furriéis milicianos ter sido nosso companheiro no Quitexe e em Carmona, antes de ir para Cabinda. O Peixoto, que ali vemos em foto de 1975, na messe do bairro Montanha Pinto, em Carmona.  
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sábado, 14 de dezembro de 2013

1 887 - Adeus, adeus à fazenda Luísa Maria...

Ruínas da Fazenda Luísa Maria, em 2012. Viaturas militares nos anos 70 do século XX, na fazenda. Fotos de Carlos Craveiro, filho de antigo funcionário da fazenda, nos tempos dos Cavaleiros do Norte


Os Cavaleiros do Norte abandonaram a fazenda Luisa Maria, definitivamente, a 14 de Dezembro de 1974. Há 39 anos!!! Era um dos bastiões militares do Uíge, por onde passaram muitas dezenas de pelotões e milhares de militares. Foi um dos primeiros locais onde chegou o PELREC, lá por Junho ou Julho de 1974. O administrador da fazenda, ao tempo, era Eduardo Bento da Silva (foto), e o alferes Carlos Silva (o apelido é uma coincidência), recordou ao blogue que o seu pelotão (da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel) foi  dos «últimos de Luísa Maria».
«Tive o privilégio de privar, nesse mês, da hospitalidade do sr. Eduardo, da esposa e da filha, que julgo que se chamava Lai-Lai. Foram tempos inesquecíveis....», disse Carlos Silva. Outro testemunho chegado ao blogue é o de Eduardo Silva, neto de Eduardo Silva (o mesmo nome), sobre Luísa Maria, confirmando o nome de Lai-lai (Adelaide), sua tia. «Sou filho único do único rapaz que os meus avós tiveram, o filho do meio, Eduardo, como o pai e o avô», disse-nos dele, a 11 de Setembro de 2012, precisamente um ano depois da morte do avô.
Carlos Craveiro, filho de José Dias Craveiro, um empregado da fazenda, veio ao blogue, em finais de Novembro de 2012 (há pouco mais de um ano), dar conta que por lá cresceu até 1966, ano em que veio para Portugal, onde iniciou a escola primária. O pai, na sequência dos acontecimentos de 1975, posteriores à saída dos Cavaleiros do Norte, «teve de abandonar a fazenda, apressadamente, deixando para trás o que com tantos sacrifícios fez nascer».
É uma das histórias, uma das muitas histórias que estão por contar, das que fizeram a história de Portugal em Angola. 
O adeus à fazenda Luísa Maria, 
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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

1 886 - Sexta-feira, dia 13..., dia de achar o 1º. Luzia!!!


O 1º. sargento Luzia, no bar da messe de sargentos do Quitexe, 
ladeado pels furriéis Monteiro, à esquerda, e Viegas


Dia 13 de Dezembro de 2013, sexta-feira, 13. Há 39 anos, era também sexta-feira, mas nada de especial se passou por lá,  pelo Quitexe, para além da azáfama resultante da chegada, três dias antes, dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, que se acomodavam como podiam.
Hoje, dia 13, sexta-feira, sexta-feira de 2013, o blogue chegou a fala com gente do 1º. sargento Luzia, a sua «mais que tudo», com notícias dele. Fez 80 anos no dia 10, há três dias, como aqui lembrámos, e recuperou de um problema canceroso da bexiga, que lhe deu alguns amargos de boca. 
«Felizmente, recuperou bem, está muito bem...», contou-nos a senhora de Luzia - não sem lembrar «as três operações que fez na Clínica de Santo António», na Amadora, e os tratamento de radioterapia que se seguiram. 
«Fez 80 anos, não foi?!...», perguntei eu!
«É verdade, 80 anos....», confirmou a feliz senhora do 1º. sargento Luzia, que não estava no contacto telefónico por ter ido ao médico de família. «Anda de vigilância, mas não tem problemas...», disse-nos, sublinhando um feliz «graças a Deus». 
Filho do 1º. sargento Luzia, foi outro... Luzia, andebolista internacional e treinador-adjunto do Sporting, que faleceu de doença em 2004, aos 40 anos. Filho deste e neto de Luzia é outro Luzia, o André, de 14 anos e 1,87 de altura, andebolista no Benfica. Duas netas são estudantes de medicina dentária e o «nosso» antigo 1º. sargento tem duas filhas: uma advogada (a trabalhar na função pública) e outra funcionária da Junta de Fregueia de Benteira, na Amadora.
E Angola, há 39 anos? A CUCA, em Luanda, preparava-se para despedir os 20 trabalhadores da INFORANG,  a sua agência de comunicação (de publicidade, como ao tempo se dizia), invocado a má situação financeira. O montante dos salários dos trabalhadores a despedir «valia» 200 contos (1000 euros). A  CUCA pertencia ao Grupo Vinhas - que agrupava a Sociedade Central de Cervejas, a Schweppes, o Banco Português do Atlântico e, através deste, o Banco Comercial de Angola.
- LUZIA. José Claudino Fernandes Luzia, º. sargento e 
chefe da secretaria da CCS do BCAV. 8423. 
Atingiu o posto de sargento-mor e reformou-se em 1987,
quando estava em Lanceiros (Polícia Militar), em Lisboa. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

1 885 - Faziam-se vésperas de Natal nos dias do Uíge

Quartel do Quitexe, visto do lado da igreja. Casernas dos PELREC (primeiro) e 
dos sapadores. Mais à frente, o edifício do comando e secretaria do BCAV. 8423. 
Capa do Diário de Lisboa de 12 de Dezembro de 1974


Aos 12 dias de Dezembro de 1974, pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa e por Vista Alegre e Ponte do Dange, no Uíge angolano, já se faziam vésperas de Natal. Da metrópole, do «puto» - assim se falava do Portugal europeu, ou metropolitano... -, já chegavam cartas e aerogramas, até embalagens com recordações diversas, para atenuar saudades e matar desejos. Eram cartas de namoradas, de esposas, de familiares, de amigos, cheias de circunstância da época.
Por Lisboa e nesse dia, era dada conta de uma cimeira angolana, envolvendo os três movimentos e ainda para antes do Natal. Não viria a ser assim. A formação do Governo de Transição estava dependente de vários factores e um deles era a constituição de um exército único, formado por elementos de MPLA, FNLA e UNITA.
Ao mesmo tempo, mas em Nova Lisboa, Lúcio Lara inaugurava a delegação do MPLA e afirmava que «chegou o momento de todos juntos podermos realmente inventariar as riquezas deste país e planificar o futuro de Angola, que beneficie realmente todo o povo, sobretudo aquelas camadas que têm sido vítimas da opressão colonial».
A FNLA, em Luanda, anunciava «o Natal das crianças livres», no âmbito da sua «campanha de auxílio aos mais necessitados» e pedia «a colaboração de todos». A UNITA, por sua vez e através da Liga da Mulher Angolana-Lima, programava o «Natal da criança do mato e dos bairros suburbanos de Luanda», com colaboração da imprensa da cidade.
A FUA, «intransigentemente», reivindicava ao Presidente da República «direitos adquiridos pelos movimentos pacifistas que intervieram nas negociações para a formação do Governo de Transição». O movimento de inspiração branca era liderado por Fernando Falcão e, no telegrama enviado a Costa Gomes, sublinhava que era «o único meio conducente ao clima de segurança, concórdia e justiça».
Há 39  anos, eram estes os passos da construção do novo país!
- FUA. Frente de Unidade Angolana.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

1 884 - Comissão Local de Coordenação Civil-Militar do Quitexe

Neto e Peixoto, meus companheiros de quarto, no Quitexe, em foto da 
 messe de Carmona (1975). Em baixo, o aniversário do MPLA, no Diário de Lisboa

O «solar»dos furriéis do Quitexe não tinham muita gente. Eram o Pires (de Bragança) e o Rocha, no quarto da frente. Estiveram por lá o Pires (do Montijo), o Mosteias e o Farinhas, mais tarde o Abrantes e o Miguel, e havia um quarto vago para os «viajantes» - os furriéis que vinham em serviço. Outros, instalaram-se em casas particulares da vila.
Um dia, apareceu lá o Peixoto e, sem vaga noutro pouso, «aquartelou-se» no nosso quarto (meu e do Neto). Foi um bom companheiro, há dias «achado» nos corredores da vida. E vertemos, ambos, algumas gotas de emoção, ao evocar os tempos de Carmona e do Quitexe.
No Quitexe, precisamente há 39 anos - dia 11 de Dezembro de 1974 -, foi extinta a Comissão Local de Contra Subversão (CLCS), substituída pela Comissão Local de Coordenação Civil-Militar, a CLCCM. Dava-se a criação do novo órgão à «necessidade de estreitamento das relações civil-militar e procurando uma outra feição de actuação», como se lê no Livro de Unidade.
O MPLA festejava o 18º. aniversário e, em Lisboa, afirmava-se como «garantia da defesa dos interesses legítimos dos portugueses e estrangeiros que desejem colaborar nas tarefas da independência». Quem assim falava era Paulo Jorge, alto dirigente do MPLA, depois de, entre outras coisas, recordar «a resistência angolana à colonização» e criticando «as forças neo-colonialista de Angola», que, disse, «infelizmente não foi possível neutralizar completamente». Foi isto dito, e muitas outras coisas, no comício do Pavilhão dos Desportos, a 10 de Dezembro de 1974, no qual participaram, representantes da FRELIMO (Moçambique), do MLSTP (S. Tomé e Príncipe), do PAIGC (Guiné-Bissau), da FRETILIN (Timor-Leste) e do MIR (Chile), além dos portugueses do CIAC, e outros.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

1 883 - Cavaleiros de Santa Isabel no Quitexe...

O malogrado Quaresma, 1º. cabo de Santa Isabel (em cima). 
Cartaz do aniversário do MPLA (em baixo)


A 10 de Dezembro de 1974, hoje, precisamente, se fazem 39 anos, a 3ª. CCAV. 8423 instalou-se no Quitexe, dizendo adeus definitivo a Santa Isabel - onde a tropa portuguesa «assentava praça» desde 1961/62. Onde os Cavaleiros do Norte tinham chegado a 11 de Junho de 1974, meio ano antes.
A Santa Isabel fui algumas vezes, numa delas para uma saída operacional na madrugada de um dia de Julho/Agosto de 1974, com saída de mata para os lados da Vamba, ou de Zala, ou de Quipedro?, sei lá eu já, varrido da memória. Numa outra vez, no regresso ao Quitexe, fomos apanhados de farto susto, medrado nos sons de tiros à distância, não sabíamos de que armas! Nem de quem!
Os Cavaleiros de Santa Isabel rodaram para o Quitexe e, saída a 1ª. CCAV. de Zalala (a 21 de Novembro), completou-se a primeira fase das mudanças de dispositivo. A CCAÇ. 4145/72 tinham ido para Luanda, entre 19 e 20 de Novembro, dando lugar, em Vista Alegre e Ponte do Dange, aos zalalianos. 
O 10 de Dezembro era, coincidentemente, dia do 18º. aniversário do MPLA e, além das comemorações de Lisboa (de que aqui já falámos e de que hoje mostramos cartaz, retirado do Diário de Lisboa de faz hoje 39 anos), também Luanda se fazia em festa aos anos do movimento de Agostinho Neto.
Em Luanda «a situação está(va) calma» e ir-se-ia realizar uma emissão especial de rádio. Nos bairros populares, «serão projectados filmes sobre a luta da independência, conduzida pelo MPLA» e a JMPLA organizava uma exposição fotográfica. Para o dia 14, o sábado seguinte, estava prevista um comício no estádio de S. Paulo, com presença de António Jacinto, dirigente do MPLA.
O MPLA, fundado a 10 de Dezembro de 1956, resultou  da fusão do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) e do Partido Comunista de Angola, com outras organizações nacionalistas de menor expressão, nascidas os anos 50.
- QUARESMA. Manuel Quaresma da Silva, 1º. cabo 
apontador de morteiros, da 3ª. CCAV. 8423. Era de 
Cacia (Aveiro) e faleceu a 6 de Abril de 2004, vítima de doença.
Hoje o evocamos, 39 anos depois do dia em que também ele
abandonou Santa Isabel e chegou ao Quitexe. Faria 61 anos 
no próximo dia 13 de Dezembro de 2013.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

1 882 - Aqui se recorda o furriel sapador Farinhas

O Costa e o Farinhas com leituras muito particulares


Os tempos «mortos» do Quitexe eram ocupados com acesas sabatinas políticas, digo eu!!! Por nós falamos, furriéis milicianos, quase todos com um bom palmo de língua para bem acesas e fartamente disputadas tertúlias, que se incendiavam nas notícias que nos chegavam pela imprensa, ou por cartas ou aerogramas de familiares e amigos.
Cabe aqui dizer que, salvo uma ou outra excepções, éramos de uma crueza e ingenuidades políticas que nem vos conto! Mas nada disso nos impedia de rebater argumentos, uns com os outros, puxando sardinha à brasa - ou meramente para nos espicaçarmos ou «chatearmos» uns aos outros, picando a imaginação, o rebate e o verbo!
O Farinhas era um dos, diria, um dos politicamente mais esclarecidos de nós. Recebia o Avante, o jornal do PCP, e nele bebia, e dava a beber, a euforia revolucionária de 1974. Introvertido, silencioso, indiferente quantas vezes à vaga de emoções que varriam a messe e o bar de sargentos, a parada ou os bares e restaurantes da vila, o Farinhas crescia e levedava humores, sempre que se dava a conversa para a política partidária.
Hoje, ao abrir o blogue, achei esta foto recentemente mandada pelo (furriel) Luís Costa, dos Morteiros, e, por ela, aqui quis vir falar do Farinhas, um dos nossos companheiros que já partiu. Com saudade dele e da pessoa que era: um fidalgo, um companheiro e um amigo. Até um destes dias, Cavaleiro do Norte! 
 A 9 de Dezembro de 1974, o MPLA (fundado a 10) preparava a comemoração do seu 18º. aniversário. Em Lisboa, anunciava-se para esse dia a realização de um colóquio na Voz do Operário, sobre a economia da Angola; outro, no dia 11, na sede da Casa de Angola (a organizadora) e  sobre fase pré-colonial da sociedade angolana. Para 5ª.-feira, dia 12, um outro  colóquio, com um elemento do Comité Central do MPLA e para 6ª-.feira, sobre «Aspectos da Medicina Colonial». Sábado, era dia para poesia revolucionária e domingo, finalmente (dia 15), uma sessão de apoio ao MPLA, no Pavilhão dos Desportos. Fazia-se história.
. FARINHAS. Joaquim Augusto Loio Farfinhas. furriel 
miliciano sapador. Natural de Amarante, faleceu a 
14 de Julho de 2005, vítima de doença
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