Úcua, estrada do café, em foto de Carlos Ferreira, de Dezembro de 2012.
Hotel Residencial Katekero, na baixa da cidade, paradeiro de muitas noites luandinas
A 31 de Março de 1975, eu e o Cruz pusemo-nos em voo para Luanda, para os apetites de férias amgolanas e com programa que nos iria levar ao centro e ao sul de Angola.
Voámos para uma cidade onde se temia o pior a cada momento, onde a cada momento se receava mais sangue, mais mortes, mais sabe-se lá o quê. A imprensa desse dia, dava conta que o protocolo assinado pelos movimentos, com o Governo Português, tinha sido «violado várias vezes, nas última 48 horas».
O recolher obrigatório tinha sido levantado no sábado anterior (dia 29) e as emissoras de rádio privadas já podiam transmitir notícias. Mas nessa manhã de há 39 anos houve tiroteio na Avenida do Brasil, onde estava instalada uma sede da FNLA. Era para essa Luanda de incertezas que nós partíamos, com base marcada para o Katekero, mesmo na baixa da cidade - já meu conhecido de outras andanças luandinas.
A Carmona que deixávamos preparava-se para tudo, para o que desse e viesse. Os contactos diários com os movimentos geraram uma confiança relativa, que, e cito o Livro da Unidade, «tem sido origem do clima de paz que se vive no distrito». Relação que foi exemplo para outras áreas, nomeadamente para Salazar, Quibaxe e Úcua.
A 31 de Março de 1975, esse tipo de contactos levou a que um grupo da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e o Esquadrão de Cavalaria 401, fizessem «um patrulhamento conjunto» em Úcua, vila na estrada do café, na direcção de Luanda.
- CRUZ. António José Dias Cruz, furriel miliciano
rádio-montador. Natural de Cardigos, é aposentado da
Câmara Municipal de Lisboa e vive na Póvoa de Santo Adrião.