Cavaleiros do Norte: Bento, Rocha, Viegas, Flora, Lopes (enfermeiro), Capitão e Ribeiro (atrás), Carvalho, Belo, Lopes (Grenha) e Reino (à frente). Albano Resende e Viegas (em baixo)
Sábado, 6 de Setembro de 1975!!! Luanda vive as incertezas «decretadas» pelas diferenças inter-movimentos. Os Cavaleiros do Norte da CCS estão na ante-véspera do adeus a Angola e cada qual, à medida das suas relações locais, faz despedidas de amigos - ora militares, ora civis!!!
Na casa de Viana, eu, o Neto e Monteiro temos aprontadas as malas para o avião, mas havia muitos de nós (do BCAV. 8423) com caixotes para despachar, por barco e para Lisboa.
O Neto deixou-me na avenida D. João II, à porta do escritório da FRAL (a empresa de ferragens da sua sua família, com fábrica em Viana) e dali caminhei para messe de sargentos, na avenida dos Combatentes, ali bem perto, onde me esperava o (conterrâneo) Albano Resende e, com ele, fiz a procissão de despedidas dos muitos amigos civis que por lá iam ficar, divididos em dúvidas sobre o futuro e com a sua segurança fragilizada, o património a perder, os medos a levedar para os dias que se seguiriam até à independência.
Medos, muitos!!!
Porque, ao seu olhar e sentir, a tropa portuguesa não os defendia! E os homens armados dos movimentos - já com FNLA e UNITA fora da cidade - não poupavam justiça própria e agrediam, prendiam e matavam. Era, ao tempo, muito falada a concentração de presos na praça de touros, onde muitos terão sido agredidos, desaparecidos e mortos.
Sobrava-me a dúvida sobre os paradeiro de familiares em Nova Lisboa e Gabela, com quem deixara de ser possível o contacto telefónico. E cadé a minha madrinha Isolina e filha Cecília Neves, o Orlando Rino, os irmãos Manuel, Aníbal e Zé Viegas (primos de meu falecido pai), do Óscar Miranda e suas famílias, em Nova Lisboa? O Mário Neves, o Clemente e o Anacleto, na Gabela? O Neca, a Cândida, o Zé Martinho, o Carlos Alberto Santiago, a Leontina, o João Lopes e o Mário Coelho, em Luanda? Pela capital e com o Albano, no seu Toyota azul, galgámos quilómetros atrás de quilómetros, batendo a portas que não se abriram. Poucos achámos, quase nenhuns! Mas, felizmente, todos retornaram a Portugal.
Jantámos em Luanda, já com o Neto e o Monteiro, e regressámos (os três) a Viana, para a nossa última noite na casa que era do aguedense Manuel Cruz e foi «nossa» desde 3 de Agosto!
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