sábado, 31 de janeiro de 2015

3 017 - Governo de Transição tomou posse há 40 anos


Governo de Transição de Angola tomou posse há 40 anos, hoje se completam! Foto do jornal
"A Província de Angola", de 1 de Fevereiro de 1975. Em baixo, governantes, um a um, foto da 
revista "Notícia", de 8 de Fevereiro de 1975. Clicar na imagem, para a ampliar


O Governo de Transição de Angola tomou posse há precisamente 40 anos, a 31 de Janeiro de 1975, no Palácio do Governador, em Luanda e numa cerimónia presidida por Almeida Santos, ministro da Coordenação Inter-Territorial.
Os 12 ministérios foram distribuídos, igualmente, pelo Governo Português e pelos três movimentos de Libertação.
- MPLA: Manuel Rui (Informação),  Saidy Mingas (Planeamento e Finanças) e Diógenes Boavida (Justiça). Secretários de Estado: Augusto Lopes Teixeira (Indústria e Energia), Conélio Kaley (Trabalho) e Henrique Santos (Interior). Colégio Presidencial: Lopo do Nascimento.
- FNLA: Ministros Kabaneu Sauhde (Interior), Samuel Abrigada (Assuntos Sociais) e Mateus Neto (Agricultura). Secretários de Estado: Graça Tavares (Comércio), Hendrick Vaal-Neto (Informação) e Baptista Nguvulu (Trabalho). Colégio Presidencial: Johnny Eduardo.
- UNITA: Ministros EduardoWanga (Educação), Augusto Dembo (Trabalho) e Jeremias Chitunda (Recursos Naturais). Secretários de Estado: Jaka Jamba (Informação) e João Waiken (Interior). Colégio Presidencial: José N´Dele.
Portugal estava representado pelo Alto Comissário Silva Cardoso e pelos ministros Vasco Vieira de Almeida (Economia), Alfredo Resende Oliveira (Obras Públicas) e Antunes Cunha (Comunicações e Transportes).

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

3 016 - Vésperas de Governo e 2 novos Cavaleiros


Grupo de Transmissões, e outros Cavaleiros do Norte, do Quitexe. 
Algum deles será o Pexim? A avenida do Quitexe (em baixo)


O mês de Janeiro de 1975 aproximava-se do fim, sem grandes alterações quitexanas, expectando-se, embora e continuadamente, a (nova) rotação dos Cavaleiros do Norte, a  que seria para Carmona. E, naturalmente, a posse do Governo de Transição de Angola - ,arcada para o dia 31, em Luanda.
Ao Quitexe, e à CCS, chegou um 1º. cabo de transmissões, de quem, infelizmente, não  guardo memória: Joaquim F. N. Pexim. Todas as diligências já efectuadas, em nada resultaram. Quem dele saberá?
Chegou ao Quitexe em Janeiro de 1975, há precisamente 40 anos!
Outro Cavaleiro do Norte que este mês chegou, mas a Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423), foi o soldado atirador Fernando M. D. Sousa. Dele igualmente não temos notícias.
Luanda, expectava a tomada de posse do Governo de Transição, teve uma noite de algum sobressalto, já que, num cadeia civil, houve um motim que implicou a intervenção das Forças Armadas Portuguesas, com tiros para o ar. Patrulhas da FNLA e do MPLA acorreram ao local e dois reclusos ficaram feridos e alguns outros conseguiram evadir-se, durante a insurrecção. O motim reclamava uma amnistia, pela tomada de posse do Governo de Transição. A cidade, todavia e fora neste incidente, «estava calma», segundo relatava o Diário de Lisboa.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

3 015 - Agitação e distúrbios, antes do Governo de Transição

 Grafanil nos dias de Dezembro de 2014. Foto de Carlos Ferreira (Zalala). 
O símbolo dos Cavaleiros do Norte, o BCAV. 8423


A posse do Governo de Transição de Angola estava marcada para 31 de Janeiro de 1975 e, dois dias antes, a imprensa de Luanda dava conta que «agitadores, a saldo não se sabe de quem, andam pelos subúrbios a incitar a população a fazer distúrbios».
O MPLA. a esse propósito, emitiu um comunicado a apelar aos seus militantes e simpatizantes no sentido de «denunciaram os agitadores que conseguirem identificar» e, ao mesmo tempo, aconselhando-os a «não se deixarem arrastar por manobras que só poderã desprestigiar o movimento». A UNITA, em Nova Lisboa e pela voz do presidente Jonas Savimbi, denunciava «o perigo de um contra-golpe em Portugal» e prometia «trabalhar na unidade dos movimentos de libertação para que , se alguém tentar retroceder a roda da historia de Angola, nós todos unidos não consentirmos».
A FNLA, neste mesmo dia, fazia chegar a Luanda os seus representantes no Governo de Transição, cujos  nomes não foram anunciados. Sabia-se, da parte da UNITA, que a sua delegação seria chefiada por José N´Dele, um cabindês, ex-seminarista, que fôra dos quadros da FNLA e, como dirigente da UNITA, tinha participado na Cimeira do Alvor.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

3 014 - Cavaleiros para mudar e Savimbi em Nova Lisboa


O BC12, visto do lado do Songo, à saída de Carmona. Foto da chegada de Jonas 
Savimbi a Nova Lisboa, do jornal A Província de Angola (em baixo)


Aos 28 dia de Janeiro de 1975, há precisamente 40 anos, o comandante Almeida e Brito voltou ao Comando de Sector do Uíge (CSU), em Carmona, por «necessidade de estabelecimento de contactos operacionais». Já lá tinha estado nos dias 3 e 7, assim como no BC12, a nossa futura casa (a 23), na 1ª. CCAV. 8423, em Vista Alegre (a 5) e na 2ª. CCAV. 8423, em Aldeia Viçosa (a 23).
Os murmúrios quitexanos (e os destas duas subunidades) continuavam a  apontar para «uma nova remodelação de dispositivo», com a indicação que os Cavaleiros do Norte iriam para Carmona, «dado que o BC12, que desde 1961 guarnecia a capital do distrito do Uíge, iria ser extinto». Tal movimento, refere o Livro da Unidade, «está esboçado, mas aguarda ainda a sanção superior, resultante de alterações que a cimeira do Algarve possa impôr».
Neste mesmo dia 28 de Janeiro de há 40 anos, soube-se que, na véspera e em Luanda, tinha sido feita a libertação de António Cardoso, sub-chefe de redacção da Emissora Oficial de Angola e que fora raptado pela FNLA, Entregue pela mesma FNLA no Comando da Região Militar de Angola.
Também a 27 de Janeiro,  Jonas Savimbi, presidente da UNITA, foi recebido em Nova Lisboa e «ovacionado por uma enorme multidão». 
O jornal A Província de Angola - que se publicava em Luanda - dava conta, na sua primeira página da edição de 28 de Janeiro de 1975, que «o dr. Jonas Malheiro Savimbi "leader" da UNITA, chegou esta manhã à capital de Huambo» e que «mais de meio milhão de pessoas, no maior espectáculo que jamais nos foi dado ver, acolheu o "muata" Savimbi».
«Recepção entusiástica e colorida, caridosa, extremamente significativa, não apenas pelo número de pessoas que envolveu, como até pelos cartazes e pelas frases escritas por toda a parte onde houvesse um centímetro de parede branca», relatava o A Província de Angola.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

3 013 - Incidentes em Aldeia Viçosa e assalto à Emissora Oficial

Homens da FNLA em Aldeia Viçosa, a  26 de Janeiro de 1975. Foto de António 
Carlos Letras (furriel). Em baixo, notícia do assalto à Emissora Oficial de Angola



Domingo, 26 de Janeiro de 1975, Já lá vão 40 anos. Aldeia Viçosa, onde se aquartela a 2ª.- CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, acorda tranquila e, para o dia, está prevista a abertura da Delegação da FNLA.
O movimento de Holden Roberto era «maioritário» no Quitexe, mas em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, dividia popularidade com o MPLA. «Os movimentos emancipalistas continuam as suas actividades de politização, verificando-se que a área do Quitexe é quási na íntegra da FNLA, enquanto que nas áreas de Aldeia Viçosa e Vista Alegre se verifica uma mesclagem deste movimento com o MPLA, o que tem dado azo a situações de algum atrito entre eles», relata o Livro da Unidade.
«O mais grave - acrescenta o mesmo LU - terá sido em 26 de Janeiro (...), quando os movimentos pretenderam fazer um comício conjunto, mas no qual não conseguiram entendimento, o que deu origem à intervenção das NT, em situação apaziguadora, que se conseguiu».
Menos pacíficas iam as coisas por Luanda, onde a FNLA, a 25 de Janeiro, tomou de assalto a Emissora Oficial de Angola, (EOA), a  pretexto de não ter sido lido um comunicado, com «graves acusações ao Governo Provisório e à Junta Governativa de Angola». A ordem de não leitura fôra do comandante Correia Jesuíno, o Secretário de Estado da Comunicação Social.
A força armada da FNLA era pessoalmente comandada por Hendrik Vaal Neto, destruiu parte das instalações e agrediu o locutor de serviço. António Cardoso, sub-chefe de redacção da EOA e militante do MPLA, foi raptado na sua residência, de madrugada, e era acusado de «não ser mais que um nó de uma vasta rede anti-FNLA, à qual pertence, como ele próprio declara» - justificava o movimento de Holden Roberto.
A situação provocou fortes reacções (nomeadamente do MPLA) e o ambiente na capital era «tenso, mas a libertação provável» - a de Cardoso. Rosa Coutinho, acabado de chegar de Lisboa, deu conta de contactos nesse sentido, «entre o Governo Provisório e a FNLA e os outros movimentos».

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

3 012 - Novo Alto-Comissário e a Facção de Daniel Chipenda

Grafanil. interior do campo militar em Dezembro de 2014, foto de Carlos Ferreira (Zalala). 
Rosa Coutinho e Silva Cardoso (em baixo), os dois primeiros Alto-Comissários de Angola




A 26 de Janeiro de 1975,. o almirante Rosa Coutinho voou de Lisboa para Luanda, Ia deixar o cargo de Alto-Comissário e seria substituído (a 28) pelo brigadeiro Silva Cardoso, que fazia parte do Governo de Transição e participara na Cimeira do Alvor. A posse foi em Lisboa e no mesmo dia partiu para Angola.
Aqui, na véspera, forças da Revolta do Leste - a Facção de Daniel Chipenda, dissidente do MPLA - tentou entrar na cidade do Luso, mas foi impedida por forças portugueses e do  MOLA. o major Soares (um dos comandantes portugueses, conferenciou com os comandantes Kilimanjaro e Rosa, da Revolta do Leste, propondo-lhe que entrassem desarmados na cidade. Não aceitaram. Só se os elementos do MPLA também fossem desarmados, Kilimanjaro para «evitar qualquer incidente», mandou retirar seis (cerca de) 100 homens para uma posição a 3 quilómetros da capital do Moxico.
O jornal A Província de Angola dava conta que Daniel Chipenda pretendia dar uma conferência de imprensa no Luso, para a anunciar os resultados do congresso da Revolta do Leste, em Ninda.
O jornal O Comércio (de Luanda) dava voz a Chipenda e da sua preocupação em não criar qualquer conflito armado. A preocupação era outra: queria integrar as suas forças no futuro exército de Angola.
Daniel Cipenda, nessa altura, teria tropas aquarteladas em Ninda, Bon e Ivungo.

domingo, 25 de janeiro de 2015

3 011 - Os primeiros dias dos futuros Cavaleiros do Norte

Neto, Viegas, Matos (2ª. CCAV. 8423) e Monteiro no RC4. em Santa Margarida, Janeiro 
de 1974, há 41 anos! Em baixo, o interior do RC4, logo após a porta d´armas




A Janeiro de 1974, há 41 anos, o BCAV. 8423 dava os primeiros «galopes» em Santa Margarida, no Regimento de Cavalaria nº. 4 - a nossa unidade mobilizadora. Pode dizer-se, segundo o Livro da Unidade, que «a apresentação informal» foi a 7 de Janeiro, com «o encontro da maioria do pessoal do futuro batalhão - oficiais, sargentos e praças», no Destacamento do RC4.
O Neto, o Monteiro e eu mesmo (Viegas) já «debutáramos» na véspera de Natal, quando, por praxe, o oficial de dia nos fez «nomear» à ordem, para entrar de serviço e nós - muito por insistência decisória do Neto, demos o fora do quartel, no seu SIMCA 1100 branco, e «voámos», literalmente para Águeda, ainda bem a tempo da noite de natal - enquanto o Monteiro foi de autocarro, de Águeda para o Porto, onde, depois de telefonema nosso, para a casa dos pais, em Vila Boa de Quires (Marco de Canaveses), o iria buscar um irmão.
Lá tínhamos chegado, nesse 24 de Dezembro, com guia de marcha do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), de Lamego, já mobilizados para Angola.
Os três, muito provavelmente, fomos os primeiros futuros Cavaleiros do Norte a chegar ao Regimento de Cavalaria nº. 4. Há mais de 41 anos!!!
«Pior castigo que a mobilização, já não nos podem dar! Por isso, vamos embora!...», justificou o Neto. Viemos embora e, na verdade, nada nos aconteceu.

sábado, 24 de janeiro de 2015

3 010 - Angola à espera do Governo de Transição


Estrada de Luanda para o Grafanil, em Dezembro de 2014. «Nada tem a ver com a do 
nosso tempo». diz Carlos Ferreira (Zalala) , o autor. Em baixo, notícia do DL de há 40 anos


A constituição do futuro Governo Provisório de Angola era a grande dúvida dos dias finais de Janeiro de 1975. O Diário de Lisboa titulava «Angola esperava o Governo de Transição», na sua edição de há 40 anos. Nem MPLA, nem FNLA, nem a UNITA abriam o jogo.
As leis de imprensa e da greve eram questões do momento angolano e, sobre esta, questionava-se quem deveria ser o representante sector do café, «um dos principais produtos de exportação de Angola». Sobre a imprensa, o problema tinha a ver com o protesto do sindicato do sector, que questionava «as restrições impostas ao sector». O MPLA era acusado de controlar a comunicação social mas o facto de esta denúncia ser feita em três órgãos de comunicação da cidade, fazia considerar que, segundo o Diário de Lisboa, «demonstra a sua oposição» ao mesmo MPLA.
Os Cavaleiros do Norte, lá pelo Uíge, continuavam a sua jornada, cumprindo a sua missão e à espera da notícia que  tardou: a da data do regresso a Portugal. Ainda demoraria meses.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

3 009 - Cavaleiros do Norte limitados, por falta de meios humanos

Quartel de Aldeia Viçosa, em foto de de Carlos Ferreira, em Dezembro de 2012. Em 
baixo, a estrada do café na vila da 2ª. CCAV. 8423



A 23 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito reuniu em Aldeia Viçosa, com o capitão José Manuel Cruz, comandante da subunidade, e oficiais da 2ª. CCAV. 8423.  Por, recorda-se do Livro da Unidade, «necessidade de estabelecimento de contactos operacionais».
O encontro foi um de outros dessa época: à 1ª. CCAV. 8423, em Vista Alegre (dia 5 de Janeiro), Comando de Sector do Uíge  (a 3, 7 e 28) e ao BC12 (dia 18). Já aqui reportados.
A tempo, a actividade dos Cavaleiros do Norte - como por aqui já tem sido recordado -, era «muito limitada, por falta de meios humanos», e, por outro lado, «quase somente conduzida ao longo do «alcatrão», em constantes patrulhamentos, apeados e auto, através dos quais se garante a nossa presença e a liberdade de itinerário». Assim historia o Livro da Unidade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

3 008 - Um recuo em Portugal, será um recuo para Angola

QUITEXE, a parada do Batalhão de Cavalaria 8423, vista da porta d´armas, 
em 1974/75. Notícia do Diário de Lisboa, de 22 de Janeiro de 1975


O Comandante do Sector do Uíge (CSU) esteve no Quitexe a 15 de Janeiro de 1975, presidindo à reunião de comandantes das várias unidades do Sector. Esteve acompanhado de oficiais do seu Estado Maior. A então próxima rotação dos Cavaleiros do Norte foi, seguramente, um dos temas do encontro.
A guarnição cumpria serviços de ordem e praticava desporto, principalmente futebol e no âmbito da acção psicológica. E fazia contas para a data do regresso - que só viria a acontecer em Setembro, embora as expectativas fossem outras, para datas bem mais próximas. 
Agostinho Neto foi recebido na Associação Portuguesa de Escritores, em Lisboa, afirmava acreditar que «depois da independência, haverá mais negros em Portugal e mais brancos em Angola».
«Vejo o começo duma nova situação em que, de facto, a liberdade se poderá materializar em cada um dos países nisso interessados, nas ex-colónias e em Portugal propriamente dito. Porém, não nos esqueçamos que teremos de bater firmemente a reacção e que só depois de a batermos firmemente poderemos aspirar a uma liberdade total. É, pois, necessário que os povos de Angola e Portugal se unam, porque unidos haveremos de trilhar o caminho da liberdade, obstando a que se reinstale o neocolonialismo. Um recuo em Portugal, será um recuo para Angola e um recuo em Angola, será um recuo para Portugal», disse Agostinho Neto.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

3 007 - Cavaleiros do Norte em remodelação e A. Neto em Lisboa

Cavaleiros do Norte há 40 anos. Fernandes (tronco nu), Graciano, um combatente 
da FNLA e Neto (de tronco nu, todos de pé), Rocha, Querido e Cardoso (em baixo). 
Agostinho Neto, presidente do MPLA (foto de baixo)



A 21 de Janeiro de 1975, aumentavam, no Quitexe, os murmúrios sobre «uma nova remodelação do dispositivo militar» dos Cavaleiros do Norte - em consequência da Cimeira do Alvor e que, naturalmente, eram a razão das reuniões de trabalho do comandante Almeida e Brito, em Carmona (na ZMN e BC12), e na subunidades do batalhão. De que aqui temos falado.
O BC12, criado em 1961 - e que desde então guarnecia a capital da província do Uíge (Carmona) -,-«iria ser extinto», como leio no Livro da Unidade, e expectava-se sobre a nossa rotação para lá, mas também para... Luanda! - onde os Cavaleiros do Norte eram desejados!
«O movimento está esboçado, mas aguarda ainda a sanção superior, resultante de alterações que a cimeira do Alvor possa impor», refere o Livro da Unidade.
Ao tempo, os movimentos emancipalistas instalavam delegações nas principais localidades - casos de Quitexe,  Aldeia Viçosa e Vista Alegre - , desenvolvendo «actividades de politização», naturalmente procurando atrair a população para as suas ideias.
Em Lisboa, Agostinho Neto, presidente do MPLA, visitava o Hospital de Santa Maria onde, como médico, trabalhara em 1962, antes de entrar na clandestinidade. «Vou-me embora amanhã, mas vou em condições muito mais favoráveis que há 14 anos», comentou o dirigente angolano que, segundo o Diário de Lisboa de 20 de Janeiro de 1975, deixou Portugal no do seguinte. Hoje se passam 40 anos!
A expectativa (anunciada) era a de que estaria no dia 31 de Janeiro, em Luanda, para «a posse do Governo de Transição».

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

3 006 - Uma mãe «amazona», aos 94 anos de vida!!!



Os meus amigos Cavaleiros do Norte vão desculpar-me, mas o post de hoje é dedicado à senhora dona Maria Dulce Pinheiro Estima, que, não por acaso, é a senhora minha mãe e hoje mesmo fez 94 anos. E fina que nem um alho!!!
Se repararem bem, aquele olhar está mesmo a preparar alguma!!! É que a senhora dona Maria Dulce, do alto dos seus 94 anos, tem direito (e jeito) para mandar as suas piadas, sempre atenta e perspicaz, a não deixar passar nada ao seu olhar crítico e mordaz, como quem diz «eu é que sei, vocês ainda tem muito para aprender».
Foi surpreendida com a visita de uma larga delegação de familiares, que, idos de vários pontos do país, lhe foram prestar homenagem. Caçou-me o chapéu e só autorizou fotografias com ele na cabeça. Parabéns, senhora dona Maria Dulce!!!
Acabei de reler o seu aerograma de há 40 anos, no qual me falava do luto dos seus 54 anos, estando eu pelo Quitexe, na guerra colonial, e confirmei o que eu sabia: «GRANDE MÃE!!».

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

3 005 - Cavaleiros em festa e televisão em Angola

CAVALEIROS do Norte de Santa Isabel; furriéis milicianos António Flora, Agostinho Belo, 
António Fernandes e Alcides Ricardo. Em baixo, 1ºs. cabos Estrela, Medeiros, Miguel Teixeira, 
Damião Neves e Vasco Vieira, todos da CCS



A 18 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito foi a mais uma reunião de trabalho no BC12, em Carmona - a futura casa dos Cavaleiros do Norte -, para «estabelecimento de contactos operacionais». A 3 e 7, estivera no Comando de Sector do Uíge (onde voltou a 28), «estando em muitos destes contactos igualmente presente o oficial adjunto do BCAV.» - que era o capitão José Paulo Falcão.
Ao tempo, em Luanda - onde se viviam as emoções do Acordo do Alvor -, era anunciada «a distribuição de aparelhos de televisão peças associações e centro populares dos musseques (...), para quando começar em breve a funcionar a Rádiotelevisão de Angola». Quem tal revelou,  na capital angolana, foi João Urbano, que iria ser o seu director e salientando «o importante papel que cabe à televisão, em Angola, neste período de transição para a independência, podendo contribuir, decisivamente para a politização e esclarecimento das massas».
Pessoalmente, não tenho a menor memória de ter visto a dita Televisão de Angola - o que não quer dizer que não tenha funcionado.
A 19 de Janeiro de 1975, hoje se fazem 40 anos, era 23 que comemoravam dois Cavaleiros do Norte, aquartelados no Quitexe: o furriel miliciano Fernandes (da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel) e o 1º. cabo Damião Viana (da CCS). Hoje, festejam os 63!!!





domingo, 18 de janeiro de 2015

3 004 - Incêndio na arrecadação de material de guerra do Quitexe

Incêndio no Quitexe militar, há 40 anos. Em cima, à direita reconhece-se 
o capitão António Oliveira, comandante da CCS. Em baixo, a casa a arder


A 17 de Janeiro de 1975, ontem se comp'letaram 40 anos, deflagrou um incêndio mo edifício onde o BCAV. 8423 tinha a arrecadação de material de guerra de aquartelamento e os quartos dos oficiais. 
Relata o Livro da Unidade, sobre o incêndio quitexano, que acabo de consultar, que «houve avultados prejuízos materiais» e que «não foi possível evitar a destruição total do imóvel, por falta de meio adequados para apagar o incêndio, inclusive água própria». 
Poderia ter sido uma tragédia!
Agostinho Neto, em Portugal e encerrada a Cimeira do Alvor, viajou em avião da Força Aérea para o Porto, onde reuniu com estudantes angolanos. O mesmo fez em Coimbra, ainda voando em avião posto à sua disposição pelo Governo Português. Fazia-se acompanhar por Paulo Jorge, outro alto dirigente do MPLA.
Em Luanda, especulava-se sobre quem seria o novo Alto-Comissário - embora anunciado que seria Silva Cardoso, na Penina. 
Jonas Savimbi manifestava satisfação com o acordo que, do seu ponto de vista, reflectia «o espírito de fraternidade que presidiu aos trabalhos e a defesa dos interesses do nosso povo».

Assim ia o processo de descolonização de Angola.

sábado, 17 de janeiro de 2015

3 003 - Cavaleiros à espera das alterações do Alvor


 Cavaleiros do Norte no bar de sargentos do Quitexe: Lopes (enfermeiro, de óculos e 
cigarro), Viegas, Ribeiro (com garrafa na mão, atrás), Bento (de bigode), Flora 
(com copo e a rir-se), Rocha (de bigode (entre Viegas e Bento), Carvalho (de bigode e 
boina), Lopes (3ª. CCAV.) e Luís Capitão (sentado). Á frente, o Reino. Ao balcão, 
1ºs. sargentos Luzia (de costas) e Aires. Entre eles, o civil Guedes (?)


A 17 de Janeiro de 1975, a capital Luanda fazia as oitavas do Acordo do Alvor, com festa e cumprimentos populares, slogans e dúvidas: «E agora, o que dizer exactamente aos portugueses brancos que vivem em Angola e querem fazer de Angola a sua pátria», perguntava Luís Rodrigues, no jornal A Província de Angola, em crónica enviada do Alvor.
O jornalista perguntava e respondia: «Pois bem, que olhem para as qualidades intrínsecas de bondade, de gentileza natural,  de comprensão pela vida comunitária e familiar dos seus irmãos africanos».
Angola, entre festas populares, questionava-se sobre o funcionamento do futuro Governo Provisório e sobre quem seria o novo Alto Comissário. O informado Diário de Lisboa dava conta, sobre esta matéria, que «não deve esquecer-se a campanha contra o almirante Rosa Coutinho, por certa imprensa de Luanda».
Sobre o acordo, o Diário de Luanda fez uma edição especial e a cidade «mastigava as notícias logo ao pequeno almoço», com dúvidas que «entre a população branca haja muitos comentários acerca do acordo». As tentativas do jornalista para «saber o que se passa para além do rosto fechado, não resultaram».
Os Cavaleiros do Norte, lá pelo Uíge - no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre - aguardavam «as alterações que a cimeira do Algarve possa impôr». Isto, há 40 anos!


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

3 002 - Pretensões colonialistas definitivamente enterradas

Melo Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto, Costa Gomes, Holden Roberto, Jonas 
Savimbi e Almeida Santos. Assinatura do Acordo do Alvor, há 40 anos. Em baixo, 
a notícia do Diário de Lisboa de 16 de Janeiro de 1975


O Acordo do Alvor foi assinado a 15 de Janeiro de 1975, ontem se completaram 40 anos. «A partir de hoje, vós e os vossos movimentos estão colocados perante um desafio duplo. É a esperança de todos os angolanos exigir que homens e partidos, apesar das diferenças sociais, filosóficas e políticas, saibam encontra soluções angolanas autênticas, baseadas na capacidade de diálogo, no espírito de cooperação e na boa vontade de servir o vosso país, que V. Exª. acabam de demonstrar»,  disse o presidente Costa Gomes, dirigindo-se a Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA).
Acrescentou o Presidente da República que «é o sentimento dos homens bons dos quatro cantos da terra e a observação especializada dos sociólogos mais atentos que se debruçam na experiência social angolana, como uma derradeira esperança de ver criar, no século XX, uma grande comunidade, onde o espírito vence definitivamente os convencionalismos raciais, um dos dramas da sociedade contemporânea».
Agostinho Neto, presidente do MPLA, falou em nome do seu movimento, da FNLA e da UNITA: «Aqui, as pretensões dos colonialistas, ficam definitivamente enterradas».
«Afastado o obstáculo do colonialismo, nem o povo português nem o povo angolano quererão recuar na sua transformação progressiva para uma nova definição do homem na sociedade. A dinâmica da vida só nos pode conduzir a um  destino. O destino do progresso», disse Agostinho Neto, acrescentando que «se recuarmos o processo, em Portugal ou em Angola, este importante acordo hoje selado, pelo estabelecimento das relações justas entre os nosso povos, romper-se-á, inevitavelmente»

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

3 001 - Alvor para assinar e Uíge a patrulhar

Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA) na 
Cimeira do Alvor, há 30 anos. Notícia do Diário de Lisboa de 15 de Janeiro de 1975


A 15 de Janeiro de 1975, hoje se fazem 40 anos, foi anunciada a assinatura do protocolo resultante da Cimeira do Alvor, entre o Governo de Portugal e os três movimentos de libertação de Angola - MPLA, FNLA e UNITA.
A cerimónia seria às 20 horas e ficou a saber-se que o Governo de Transição seria formado por um Conselho Presidencial, com três vice-primeiro ministros. A UNITA. ao que julgava a imprensa do dia, seria representada por Jorge Valentim, a FNLA por Joni Eduardo e o MPLA por Lúcio Lara.
O calendário para a Assembleia Constituinte era outra das decisões da cimeira, Seria esta a proclamar a independência de Angola. «A complexidade dos problemas a resolver e a existência de pontos divergentes entre os três movimentos de libertação, apesar dos passos dados em Mombaça», não deixava prever que «a cimeira do Algarve resolva todos os problemas», relatava a imprensa do dia, acrescentando que seria «mais prudente considerar a Cimeira do Algarve como um novo passo, a que se seguirão outros, encontros entre o Governo português e os três movimentos de libertação».
Os Cavaleiros do Norte, lá pelo Uíge Angolano, «tinham actividade muito limitada, por grande falta de meios humanos». Actividade que «foi quase somente conduzida ao longo do alcatrão, em constantes patrulhamentos, apeados e auto, através dos quais se garante a nossa presença e a liberdade do itinerário». Assim narra o Livro da Unidade.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

3 000 - Cavaleiros do Norte, o post nº. 3000!!!

Quitexe, a aldeia de Talambanza, na saída para Carmona, imediatamente a 
seguir à vila. Em baixo, notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos!

Angola, Batalhão de Cavalaria 8423, os Cavaleiros do Norte !!! Este é o post 3000 de uma história, com muitas histórias, que aqui vem sendo contadas desde 9 de Abril de 2009.  Hoje, dia 14 de Janeiro de 2015, passam-se 40 anos do anúncio, no Alvor, do «Governo de Transição de Angola antes do fim do mês».
«O Governo de Transição de Angola, deverá estar formado até ao dia 31 de Janeiro, segundo os termos do acordo que amanhã será assinado entre o Governo Português e os três movimentos de libertação», noticiava o Diário de Lisboa desse dia.
O Governo teria três vice-primeiros ministros, um de cada movimento, além do Alto-Comissário de nomeação portuguesa. Já não seria Rosa Coutinho e o DL adiantava que «vem sendo sucessivamente apontado para o substituir o brigadeiro Silva Cardoso». Outro ponto do acordo referia-se à formação do Exército: teria 36 000 homens, 18 000 portugueses e 6 000 de cada um dos três movimentos. Os soldados portugueses retirarar-se-iam, gradualmente, até ao dia da independência - 11 de Novembro de 1975.
O Quitexe, onde se aquartelavam a CCS e a 3ª. CCAV. 8423, à distância destas evoluções, vivia dias tranquilos - tal qual em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, por onde jornadeavam a 2ª. e a 3ª. CCAV. 8423. O que todos nós queríamos era vir embora! Mas tal viria a ser apenas em Setembro desse mesmo ano (1975).
Hoje, quando se edita o post 3000 da narrativa da nossa jornada angolana, é nostálgico recordar estes momentos. Emotivos! E para recordar, para sempre!!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

2 999 - A Luanda de hoje e a cimeira angolana de há 40 anos

Luanda, em Janeiro de 2015. A baía, vista da fortaleza (foto de Carlos Ferreira). Em baixo, 
notícia do Diário de Lisboa, de há 40 anos, sobre a independência de Angola





O Carlos Ferreira foi 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro, jornadeou por Zalala, Vista Alegre e Songo, depois Luanda, e agora faz vida em Moçambique. Foi a Angola neste final/começo de ano (já lá tinha estado em 2012) e fotografou o que viu. Por exemplo, a baía de Luanda, como a magnífica imagem que acima mostramos.
Há 40 anos, era segunda-feira (dia 13 de Janeiro de 1975) e sabiam-se notícias (que tardiamente chegavam ao Quitexe) da evolução da Cimeira do Alvor, através de um comunicado oficial, sublinhando terem-se «alcançado progressos substanciais, tendo-se atingido acordo quanto a pontos fundamentais, nomeadamente no que se refere ao estabelecimento de estruturas governamentais de Angola». E, imagine-se, reportava o DL, para «uma solução mais rápida do que aquela prevista ainda esta manhã».
O Presidente Costa Gomes confirmara, na véspera, que a independência ocorreria ainda nesse ano - o de 1975 - «tendo sido indicada uma data segura», o dia 11 de Novembro. Que se viria  confirmar. 
Os movimentos (os presidentes na imagem, ao lado) defendiam a saída da tropa portuguesa até 4 meses antes, enquanto Lisboa preconizava que ficasse ate ao dia da independência.
A proposta portuguesa, segundo o DL, era «fundamentada essencialmente na necessidade de um Governo Provisório equilibrado e susceptível de preparar o terreno para uma independência pacífica e total». Foi aceite a proposta, hoje se fazem 40 anos. Mas não viria a ser assim.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

2 998 - Dois ex-Zalalas «encontrados» na praça de Águeda

José Júlio e Carlos Ribeiro, dois ex-Zalalas anteriores aos Cavaleiros do Norte, 
rodeando Viegas, numa manhã de Águeda. Em baixo, mural de entrada em Zalala

A vida é assim: vai a gente por aí fora, pára aqui e ali e encontra um amigo, bota faladura, murmura sobre a saudade, e, de repente, dá-se de surpresas. Foi o que aconteceu na sexta-feira - dia 9 de Janeiro de 2015. Na praça de Águeda, encontrei o Carlos Ribeiro, que foi meu companheiro de turma e de futebol, e logo a seguir o José Júlio, também contemporâneo (embora mais velho, de escola) e que a vida nos fez encontrar muitas vezes, ele bancário e depois empresário da área da fotografia. Os dois, imaginem só, são antigos aquarteladados de Zalala.
O José Júlio por lá passou em 1971, uns 11 meses. Não se lembra do nº. da Companhia, mas desfiou recordações da jornada que por lá o levou, como furriel miliciano atirador de infantaria, pelas matas, picadas e trilhos das redondezas - até Zala e Quipedro, a Vamba. «Já não me lembro dos nomes...», disse ele.
O Ribeiro, também furriel miliciano atirador de infantaria, era do BCAÇ. 4211, justamente o batalhão que os Cavaleiros do Norte substituíram. Não nos encontrámos por lá e achámo-nos agora, nas surpresas da vida.
O Ribeiro tinha (e tem) um irmão gémeo, o Jorge, igualzinho a ele, tão igual que um deles tirava fotografias pelos dois. E, como jogavam futebol na mesma equipa (a dos juniores e depois nos  seniores do Valonguense, na qual também dei uns chutos), reza a lenda que o Carlos - que era guarda-redes (e dos bons!!!), foi expulso mas jogou na mesma no(s) jogo(s) seguinte(s), com o cartão do irmão gémeo! 
Sei lá, é a lenda, eles não confirmam, nem desmentem, só se sorriem, mas não custa nada acreditar na habilidade. Ainda hoje, quando os encontro, lhes pergunto qual é ele dos dois: «És o Carlos, ou o Jorge?!». 
Na tropa, tiveram sortes diferentes: foi o Carlos para Zalala (e depois para o Ambriz) e o Jorge para a Guiné. E continuam iguais.

domingo, 11 de janeiro de 2015

2 997 - O segundo dia, há 40 anos, da Cimeira do Alvor


Estrada do Café, ou Rua de Cima,no Quitexe - foto da net (2012). Em 
baixo, notícia do Diário de Lisboa, de 11 de Janeiro de 1975,  há 40 anos!



Há 40 anos, no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua jornada africana do Uíge Angolano. E continuava, nesse segundo sábado de 1975, a somar-se a expectativa sobre a Cimeira que, no Alvor (Hotel Penina), reunia o Governo de Portugal com os três movimentos de libertação.
«O optimismo tem sido constante nas declarações e documentos oficiais já tomados públicos, no âmbito da Cimeira sobre Angola, que está decorrer desde ontem na Penina», relatava o Diário de Lisboa de 11 de Janeiro de 1975, citando a intervenção do Presidente da República (Costa Gomes), a abrir a reunião, sabendo-se que também a iria encerrar.
«O clima que rodeou as conversações - reportava o DL desse sábado - foi de cordialidade e franca compreensão, na procura de soluções para os problemas inerentes à descolonização de Angola». 
O Alto-Comissário Rosa Coutinho, que não fazia parte da delegação portuguesa, comentava os trabalhos, garantindo que «a cimeira era (é) apenas a base de entendimento para acordos fulcrais concretos».
O resto, «acrescentou, «virá no futuro», pois, segundo disse, «havemos de conversar mais vezes», referindo-se, naturalmente, ao Governo de Portugal e aos três movimentos de libertação - o MPLA (de Agostinho Neto), a FNLA (de Holden Roberto) e a UNITA (de Jonas Savimbi).

sábado, 10 de janeiro de 2015

2 996 - A Cimeira do Alvor e os dias do Quitexe

Os primeiros dias de 1975, envolveram muitos jogos de futebol. A equipa da imagem 
mostra o Grácio (que amanhã faz 61 anos), Gomes, Miguel Teixeira, Botelho, Miguel 
Santos, Gaiteiro e Soares (de pé). Teixeira (??, mecânico), Mosteias, Lopes (enfermeiro), NN, José 
Monteiro e Domingos 
Teixeira (estofador). Em baixo, notícia do início da Cimeira do Alvor, hoje se fazem 40 anos 



«A Cimeira de Penina, que iria definir os termos da negociação de independência de Angola, polarizou todas as atenções., já que previamente, na de Mombaça, parecia, pela primeira vez, ter-se conseguido uma comunhão de interesses de todos os movimentos». É assim que o Livro da Unidade se refere à Cimeira do Alvor, que nesta localidade algarvia começou faz hoje precisamente 40 anos.
Luanda, a metropolitana capital de Angola, recebia mensagens do MPLA e da UNITA, ambas distribuídas sobre a cidade por um avião da FAP.
O Movimento de Agostinho Neto referia que «após dezenas de anos de luta heróica, todo o povo angolano, vive com  fervor o momento em que se desenha cada vez mais nítido o destino que é nosso, com alegria, a caminho de Portugal, a delegação do MPLA saúda tido o povo e reafirma sua confiança inabalável da vitória certa". A mensagem era assinada por Agostinho Neto.
A da UNITA: «A delegação da UNITA, dirigida pelo seu presidente dr. Jonas Savimbi, saúda todos os compatriotas e pede o o apoio maciço à sua missão histórica para a formação do Governo de Transição e a independência total de Angola. Neste momento, recomendamos uma vigilância total para que os objectivos fundamentais da nossa luta sejam plenamente atingidos». A mensagem  terminava com o grito «Wacha Angola. Unidos venceremos».
A FNLA, na mesma data, recebia apoio da Tunísia, em cuja capital o Presidente Holden Roberto foi recebido pelo Presidente Bourguiba, na passagem a caminho de Faro. Analisaram «a situação de Angola e as próximas negociações com Portugal», a formação de quadros (...) 
para dirigir o país como convém».
O Quitexe, longe destas emoções, continuava a sua jornada, com fartas futeboladas pelo meio. Ora entre pelotões, ora entre companhias, ora com a população civil. Há 40 anos!!! 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

2 995 - A cimeira angolana, para a independência, de há 40 anos1!!

Hotel Penina, no Alvor (Algarve), onde decorreu a Cimeira Angolana. 
Diário de Lisboa, primeira página de 9 de Janeiro de 1985


 A 9 de Janeiro de 1975, uma quinta-feira, era véspera da cimeira entre os três movimentos de libertação de Angola e o Governo Português. Seria no Alvor, no Hotel Penina - entretanto esvaziado de todos os clientes lá instalados, mudados para outras unidades hoteleiras.
Ao Alvor, ainda não tinham chegado qualquer dos líderes dos três movimentos, mas sabia-se que a cimeira seria inaugurada pelo Presidente da República, General Costa Gomes, e que a delegação portuguesa, anunciava o Diário de Lisboa, seria chefiada peo major Melo Antmes, ministro sem pasta - com os ministros Mário Soares (Negócios Estrangeiros) e Almeida Santos (Coordenação Interterritorial), para além do almirante Rosa Coutinho (Alto Comissário) e o Secretário de Estado da Administração Interna de Angola (o coronel Gonçalves Ribeiro).
A 9 de Janeiro de 1975, ainda nenhum dos três líderes emancipalistas tinha chegado a Portugal e eram esperados em Faro. O Estado Português tinha destacado três diplomatas para receber os presidentes dos três movimemtos: Miguel Sanches Baena seria o anfitrião da UNITA, Silveira Carvalho da FNLA e António Valente do MPLA. Assegurariam, enquanto elementos do protocolo de Estado, «os contactos com cada uma das delegações».
As entradas no Hotel Penina (onde, por coincidência, trabalhava, ao tempo, a namorada e futura mulher do Cabrita, soldado da CCS dos Cavaleiros do Norte), estavam «rigorosamente condicionadas a cartões timbrados pelo Estado Maior General das Forças Armadas». Os verdes, identificavam os elementos dos movimentos de libertação; os vermelhos, os membros da segurança; os amarelos, eram para «os elementos de apoio».
As vias de acesso ao aeroporto de Faro tinham segurança garantida das Forças Armadas (Infantaria 4, de Faro), PSP e GNR. A PSP, comandada pelo chefe de Esquadra Viegas, guardava o aeroporto. Há 40 anos!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

2 994 - Cavaleiros expectantes e Cimeira no Alvor algarvio

Quitexe, placa de entrada da vila uíjana dos Cavaleiros do Norte,  em 2012. 
Em baixo, título do Diário de Lisboa de há 40 anos, sobre a Cimeira da Penina



Aos oito dias de Janeiro de 1975, com os Reis passados e os dias a correr pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa e Vista Alegre, os Cavaleiros do Norte continuavam expectantes. 
Para Carmona, já tinha partido o Pelotão de Morteiros 4281, nosso companheiro da jornada quitexana, e a realização da cimeira dos três movimentos com o Governo Português mais esperanças nos semeava na alma. Esperanças de rapidamente voar,mos para Portugal e as nossas casas.
Soube-se, neste dia, que não seria em Ofir, mas no Alvor, Algarve, no Hotel Penina. «Em avião especial, partirão hoje de Luanda para Faro, onde deverão chegar amanhã, às 9,30 horas, membros das delegações do MPLA e da UNITA», relatava o Diário de Lisboa de 8 de Janeiro de 1975 - que citamos. 
O avião faria (fez) escala em Lusaka, «afim de embarcarem outros dirigentes destes dois movimentos».
Wilson Santos, Jorge Valentim Vakulukuta (da UNITA), Albertino Almeida, Maria  do Carmo Medina e Diógenes Boavida (MPLA) eram alguns dos que viajam para Portugal nessa aeronave, também com «equipas de juristas». O Secretário de Estado da Administração Interna de Angola também viajaria, previa o DL. Era o tenente-coronel Gonçalves Ribeiro.
A delegação da FNLA, liderada por Holden Roberto, partiria de Libreville (Gabão), para Portugal, via Túnis, «ao que se julga(va), a bordo do avião pessoal de Mobutu, o presidente do Zaire». Em Libreville também se encontrava Jonas Savimbi, presidente da UNITA, e o DL admitia que viajasse para Portugal com Holden Roberto, no mesmo avião.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

2 993 - Comandante em Carmona e Cimeira falada para Ofir

Comando a Zona Militar Norte (ZMN) e Comando de Sector do Uíge (CSU) em Carmona (1974/75) . 
Em baixo, o comandante Carlos Almeida e Brito e o capitão José Paulo Falcão (1994) 





A 7 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito voltou a Carmona, para reunião no Comando de Sector, na ZMN, para «estabelecimento de contactos operacionais». Já lá estivera no dia 3 e lá voltaria a 28 do mesmo mês - assim como ao BC12, o nosso futuro quartel, mas no dia 18 -, normalmente fazendo-se acompanhar do oficial adjunto do BCAV. 8423, o capitão José Paulo Falcão.
Passavam-se os dias para a Cimeira do Alvor - marcada para o dia 10 -, mas, a 7 de Janeiro, ainda se admitia que poderia ser em Ofir, perto de Viana do Castelo. E a esta cidade foi o coronel Eurico Corvacho, para reunir com o Governador Civil e o comandante do BC9, que ali estava aquartelado.  Corvalho era o Chefe de Estado Maior da Região Militar do Norte.
Agostinho Neto, presidente do MPLA, que tinha chegada a Lisboa prevista para este dia, afinal não chegou. Jonas Savimbi, presidente da UNITA, avistou-se com Leopold Senghor, presidente do Senegal, em Dakar. Em Serpa Pinto, capital da província de Cuando Cubango, no sul de Anogla, foi anunciada a saída de 60 elementos da chamada Revolta do Leste - a Façção Chipenda -, que terão aderido ao MPLA, «após negociações com o delegado local do movimento de Agostinho Neto».
Assim iam os nossos dias de Angola, há precisamente 40 anos!