Carmona, a estrada da cidade para o BC12 (em cima). Em baixo, notícia
de 30 de Abril de 1975, no Diário de Lisboa, sobre os incidentes de Luanda. Mais abaixo,
o advogado e professor Custódio Pereira Gomes, contemporâneo dos
Cavaleiros do Norte em Carmona
de 30 de Abril de 1975, no Diário de Lisboa, sobre os incidentes de Luanda. Mais abaixo,
o advogado e professor Custódio Pereira Gomes, contemporâneo dos
Cavaleiros do Norte em Carmona
O dia 30 de Abril de 1975 foi o do regresso a Carmona, meu e do Cruz, depois das férias angolanas. A gorada partida aérea da véspera, quando os céus de Luanda faiscavam de morteiros, tiros de canhão e rajadas de armas automática e metralhadoras pesadas, tornou-se possível nesse dia, depois de uma noite de sobressaltos e quando reencontrei o o dr. Custódio Pereira Gomes - professor e advogado em Carmona, que era viúvo da professora Maria Augusta Tavares, uma minha conterrânea que tinha leccionado na capital do Uíge.
A imprensa do dia, que agora revisito (através das páginas do Diário de Lisboa), dá conta que «ocorreu um reencontro entre forças da FNLA e das UNITA». Os incidentes vinham já desde segunda-feira, dia 28 de Abril. «Não estão determinadas as forças envolvidas nos recontros, que se reiniciaram na segunda-feira. Os primeiros incidentes registaram-se entre o MPLA e a FNLA, mas ontem à noite ocorreu um recontro entre as forças deste movimento e as da UNITA», reporta(va) o DL de 30 de Abril de 1975, acrescentando que «(...) as ambulâncias percorriam a cidade em direcção aos estabelecimentos hospitalares, desconhecendo-se no momento o número de mortos e feridos, não sendo de excluir que andem já penas dezenas».
Já na manhã de 30 de Abril - ainda eu e o Cruz estávamos em Luanda -, «registaram-se alguns incidentes, que ultrapassaram já os limites dos musseques». Na Avenida do Brasil, «onde está instalada a sede da FNLA, e na Avenida dos Combatentes», acrescentava o DL, «observava-se também tiroteio». Luanda acordara «ao som do tiroteio» (...) e «pode dizer-se que não dormiu». Os disparos das armas de guerra dos vários calibres «perturbaram a serenidade e o sono dos habitantes da capital angolana».
O avião da TAAG levantou voo, sobrevoámos a cidade - onde se viam pontos de fumos, a sair da zona de musseques - , e lá fomos até Carmona. Onde esperávamos uma cidade mais calma e controlada pelos Cavaleiros do Norte. Assim foi!
Ver AQUI