domingo, 12 de julho de 2015

3 188 - Aulas regimentais nos Cavaleiros e incidentes de Luanda

O telheiro do Quitexe onde eram dadas as aulas regimentais (seta a verde). O bar
dos soldados era ao lado (seta vermelha), mesmo em frente à messe de oficiais e
na avenida (ou Rua de Baixo). Sentados no ajardinado que separava as suas faixas
da avenida, estão os furriéis milicianos Cruz e Viegas. Atrás, parece ser o alferes Ribeiro
O Diário de Lisboa de 12 de Julho de 1974,
uma sexta-feira, noticiava «Terror branco em
Luanda: 3 mortos, 27 feridos»

A meados de Julho de 1974 «começaram as aulas regimentais em todas as subunidades» do Batalhão de Cavalaria 8423 - no Quitexe (onde se aquartelava a CCS, comandada pelo capitão SGE António Martins de Oliveira), em Zalala (a 1ª. CCAV. 8423, do capitão miliciano Davide Castro Dias), Aldeia Viçosa (a 2ª. CCAV. 8423, de José Manuel Cruz) e Santa Isabel (a 3ª. CCAV. 84233, de José Paulo Fernandes). 
A actividade incluía-se no «campo da acção psicológica» e pretendia essencialmente dotar os militares com o exame da 4ª. classe. Note-se que, ao tempo, muitos deles não tinham a escolaridade básica e, sem esta e por exemplo, não poderiam tentar tirar a carta de condução. Por isso, as aulas regimentais, ministradas por graduados do batalhão, assumiam importante papel na vida de guarnição e dos próprios alunos/formandos. 
A 12 de Julho de 1974, há 41 anos, soube-se que o taxista assassinado em Luanda (aqui ontem evocado) era António Salgado, natural de Bragança. O corpo apresentava sinais de estrangulamento e foi encontrado dentro do táxi, junto da cápsula de uma bala, a carteira, documentos e dinheiro. A ideia de assalto foi posta fora de causa.
A reacção e indignação dos profissionais da classe e, segundo o DL, «extremistas brancos enfurecidos provocaram ontem, (dia 11) a morte de três pessoas, todas africanas, e 27 feridos, 12 dos quais em estado grave». No mesmo dia 11, de manhã, protestaram junto do Governo Geral e pediram protecção e, durante o dia, sucederam-se vários incidentes, manifestações junto de estações de rádio, comunicados do Governo Geral e do Comando das Forças Armadas.
O ambiente na manhã de 12 de Julho de 1974, porém, «era de sossego e a maioria da população só tornou conhecimento destes casos pela leitura dos jornais». A Polícia e o Exército, relata(va) o Diário de Lisboa, «tomaram imediatamente rigorosas medidas de segurança nalguns bairros do subúrbio, para evitar actos de retaliação».

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