quinta-feira, 10 de março de 2016

3 331 - Cavaleiros em Carmona, saudades e manifestação em Luanda!

Cavaleiros do Norte. Reconhecem-se o condutor Celestino, furriel Morais, 
Teixeira (estofador), alferes Cruz e 1º. sargento Aires (à frente). O Malheiro, entre 
Celestino e Morais. À direita, Ferreira (com boina no ombro) e Almeida (falecido
 a 28/02/2009). Quem identifica os outros? 

A entrada de Carmona, actual cidade do
Uíge, na Estrada do Café, para Luanda e passando
pelo Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange


Segunda-feira, 10 de Março de 1975! Carmona é uma cidade tranquila, onde a CCS e um grupo de combate da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa) se adaptam rapidamente aos novos ritmos. O BC12 é um magnífico quartel e sargentos e oficiais estão instalados em excelentes messes. A saudade é a dor maior da guarnição, que vai no décimo mês da jornada que a levou ao Uíge angolano.
O conhecido prédio redondo, na rotunda da
entrada de Carmona, de quem ia do Quitexe e do Negage
O mesmo não se pode dizer de Luanda, onde «largas centenas de pessoas se manifestaram em frente ao Palácio do Governador», protestando contra o encerramento de um programa radiofónico - o Kudibanguela, da Emissora Oficial de Angola, por ordem da sua direcção e por ter transcrito parte de um livro de Marcelo Caetano, que falava de Jonas Savimbi, o presidente da UNITA. Era a reacção popular, exigindo a reabertura do programa e escutada e vista pelo Alto Comissário Silva Cardoso e pelos ministros Lopo do Nascimento e Rui Monteiro, na varanda do palácio.
Um dos oradores, Manuel Bento, aproveitou para, e cito o Diário de Lisboa, «exprimir, em nome do povo, discordância com algumas medidas tomadas ultimamente pelo Governo de Transição, nomeadamente a mobilização do pessoal dos portos de Luanda e Lobito, a nova lei de regulamentação das greves, etc...».
O Ministério da Informação (de Rui Monteiro), a propósito, emitiu um comunicado e reconheceu que «serão tomados em conta os pedidos apresentados pelos manifestantes». Manifestantes que eram, referia o DL de 10 de Março de 1975, «membros das comissões populares de bairro desta capital, patrocinadas pelo MPLA».
Notícia do Diário de Lisboa de 10 de Março
de 1975, sobre a manifestação do MPLA em Luanda
Carmona, a uns 340 quilómetros, lá para o norte cafeeiro e chão de muitos combates; o Quitexe, «capital do café e terra mártir de 1961», como se lê no Livro da Unidade (e onde continuava a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel), Vista Alegre/Ponte do Dange (com a 3ª. CCAV. 8423, a de Zalala) e Aldeia Viçosa (onde a 2ª. CCAV. 8423 fazia malas para a capital da província), eram pousos dos expectantes Cavaleiros do Norte. 
Vamos embora? Não vamos? Se e quando?
A cidade abria-se aos nossos apetites e íamo-la descobrindo, dia a dia, episódio a episódio, no seu esplendor e força empreendedora! Na sua oferta social, nos prazeres que nos davam os seus colos! Bons tempos, apesar de tudo, os primeiros tempos de Carmona!

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