terça-feira, 22 de março de 2016

3 343 - Convite ao capitão Themudo e refugiados angolanos no Zaire

Amorim Martins (mecânico), Abel Mourato (vagomestre) e Mário Matos 
(atirador de Cavalaria), três furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte da 
2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa

O capitão José Diogo Themudo
foi 2º. comandante do BCAV. 8423

A 22 de Março de 1955, o tenente coronel Almeida e Brito (comandante do Batalhão de Cavalaria 8423) encontrou-se em Luanda com o capitão José Diogo Themudo. Tinha chegado um mês antes, em rendição individual para uma companhia entretanto desmobilizada, e ficou-se pela messe de oficiais. Não sabia, ninguém sabia, mas viria a ser o 2º. comandante dos Cavaleiros do Norte.
«Cheguei a Luanda a 22 de Fevereiro e ali estava a aguardar colocação», recordou agora, 41 anos depois, já aposentado, com a patente de coronel e residente em Lisboa.
Era sábado e se por Carmona as coisas iam minimamente tranquilas, com a PM em serviço permanente na cidade - assegurando o cumprimento das NEP´s e «prevenindo quezílias entre a população civil e as NT» -, por Luanda iam mais quentes. Lá chegavam notícias de que a FNLA queria o repatriamento de refugiados (no Zaire) e, entre eles recrutar militares para o seu exército - o ELNA. Seriam na volta dos 400 000 e a revista Afrique-Asie dava conta que a operação teria três fases. 
Notícia do Diário de Lisboa de 22 de Março
de 1975, sobre o recrutamento, pela FNLA, de
refugiados angolanos no Zaire
A primeira já decorrera em Setembro de 1974 (com 4 grandes acampamentos de concentração, no Zaire), ao tempo (Março de 1975) decorria a segunda (dirigindo as populações para 20 campos de alojamento, ao longo da fronteira com Angola) e a terceira, ainda estava sem data marcada (para instalar os refugiados angolanos em Angola, em centros permanentes).
A operação custaria 20 milhões de dólares e seria apoiada pelo presidente Mobutu, do Zaire (que tal não fez, por dificuldades de tesouraria e recusa de um empréstimo do FMI). O Ministro da Saúde (Samuel Abrigada) pedira apoio a Igrejas reformistas americanas, mas também estas recusaram. Que aparentemente estaria disposto a financiar seriam empresários mineiros e fazendeiros do norte angolano - ao tempo, com dificuldades em recrutar pessoal). A ser assim, concluía o Diário de Lisboa desse dia (de que nos socorremos), «Holden Roberto mataria dois coelhos da mesma cajadada: poderia recrutar no Zaire um exército para ocupar o norte de Angola e ara apoiar o seus projectos de domínio do Governo de Luanda».

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