sexta-feira, 8 de abril de 2016

3 360 - Férias em Nova Lisboa, jornalistas expulsos em Luanda!!!

O furriel Viegas em Nova Lisboa, no mês de Abril de 1975, com a madrinha Isolina
Pinheiro das Neves (viúva do padrinho Arménio Tavares) e duas das
netas dela: Fátima e Idalina, adolescentes ao tempo e hoje mães e avós


Avenida da República, em Nova Lisboa, onde
se situava o Hotel Bimbe. Aqui fomos fidalgamente
recebido pelo casal Cecília Neves/Rafael Polido.
O Viegas e o Cruz. Há precisamente 41 anos!
Aos 8 dias de Abril de 1975, voámos (eu e o Cruz) para Nova Lisboa, no voo da TAAG, em busca prazerosa de continuadas férias e, no meu caso, ao encontro (de surpresa) de gente do meu sangue. Lá chegámos e, de táxi, fomos do aeroporto até à avenida da República, onde ficava o Hotel Bimbe. Ali estava a família Neves (e Pinheiro), nela pontificando Isolina Pinheiro das Neves, filha de minha tia-bisavó Rosa e, por coincidência, viúva de meu padrinho Arménio Pires Tavares. Perceberam?
A surpresa não poderia ter sido mais afectuosa e festiva. Fomos excepcionalmente bem anfitrionados e (eu e o Cruz) logo ficámos hóspedes reais do casal Cecília Neves/Rafael Polido. E dos filhos Valter, Idalina, Fátima e Saudade. E de minha (por afinidade) madrinha Isolina. 
Um jardim de Nova Lisboa
Nova Lisboa, cidade ainda nova e do interior angolano, surpreendeu-nos: pela modernidade urbana e pelas avenidas e jardins, mas principalmente pelo afecto que nela tivemos da tanta gente que, familiares e amigos, por lá nos recepcionaram de forma fidalga: a família Neves/Polido, o clã Viegas (o Manuel, o Aníbal e o José), Orlando Rino e Figueiredo, os Mirandas, qual deles a ser mais afectuoso e companheiro.
A cidade era a calma total. Não se ouvia por lá qualquer som de guerra, não se sentia qualquer medo, a população circulava e fazia a sua vida na serenidade dos deuses. E deslumbrava-nos: pela grandiosidade da sua massa urbana, pelo desenho arquitectónico, pela grandeza dos edifícios, pela sua própria europeização. Iríamos ter, nos dias seguintes, oportunidade para a conhecer por dentro.
A revista «Notícia», de Luanda (uma capa,
na imagem), foi suspensa pela Comissão
Nacional de Defesa, há precisamente 41 anos
!
Luanda tinha ficado para trás e escaparam-nos as notícias de expulsão de 12 jornalistas e da suspensão da revista «Notícia», esta por «agressão ideológica ao MFA», podem expectar «climas de excitação nas Forças Armadas portuguesas e incompreensão das comunidades civis e dos movimentos de libertação em relação às mesmas Foras Armadas», como reportava o Diário de Lisboa. 
Não por acaso, dois dos 12 expulsos eram João Fernandes (director) e Sousa Oliveira (autor do artigo) - ambos da «Notícia». Os restantes eram da revista «Vida Portuguesa», que circulava na África do Sul e Rodésia mas era editada em Angola, dirigida por Jorge Coutinho e suportada por empresários portugueses daqueles dois países.
Além do director, o rol incluía Carlos Bártolo, Bela Jardim, Penteado dos Reis, Domingos de Azevedo, Hamilton Moreira, Reinaldo Silva, Hélder Martins, Jill Young e Júlio Marques. 
Os artigos eram «contrários ao espírito do Acordo da Penina (Alvor) e tendentes a provocar a discórdia no seio das Forças Armadas portuguesas e entre estas e os movimentos de libertação e o povo angolano», na opinião da Comissão Nacional de Defesa, presidida pelo Alto Comissário, o general Silva Cardoso.

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