terça-feira, 9 de agosto de 2016

3 483 - Ministro intimado e uma história de cigarro sem... lume


Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala em momento
de descanso: os furriéis milicianos Manuel Pinto (à esquerda)
e João Aldeagas ladeando o alferes miliciano Pedro Rosas 

Amazonas do Norte: as esposas dos alferes Cruz
(dra. Margarida), Hermida (dra. Graciete) e capitão
Oliveira, a filha deste e a esposa do tenente Mora

A 9 de Agosto de 1975, uma quarta-feira de há 41 anos, o ministro da Economia do Governo de Transição de Angola - o português Vasco Vieira de Almeida - foi «intimado a regressar a Portugal, para resolver os problemas do seu próprio país». Isto, segundo o Diário de Lisboa desse mesmo dia, após «considerar incompetentes três ministros do gabinete angolano».
O Diário de Lisboa de há 41 anos noticiou a
intimação a Vasco Vieira de Almeida, para
regressar a Portugal
O próprio Jonas Savimbi, presidente da UNITA e ainda segundo o Diário de Lisboa, «atacou publicamente» Vasco Vieira de Almeida, depois de este «ter enviado uma carta aos três ministros, acusando-os de actos bárbaros e culpando-os do que classificou como o colapso das estruturas económicas e sociais do país» - Angola.
Jonas Savimbi refutou as acusações de que «essa incompetência tinha paralisado o Governo» angolano e acusou o ministro Vasco Vieira de Almeida de «ter cometido um abuso».
Hoje, damos conta da narrativa de Fernando Antunes Vieira, na altura na casa dos 21 anos e funcionário da Câmara Municipal de Carmona, quando por lá jornadearam os Cavaleiros do Norte. Veio contar uma peripécia vivida no (Alto) Dondo, quando por lá passou a coluna de Carmona para Luanda.
Assim e numa altura em que os civis procuravam e não encontraram gasolina, foram a um bar para beber cerveja. Onde estavam alguns militares do BC12 - os Cavaleiros do Norte.
Fernando Antunes Vieira, uígense de Carmona e do
tempo dos Cavaleiros do Norte, com a família, pouco
 tempo depois da chegada a Portugal. Testemunha
hoje um momento da coluna para Luanda
«Havia uma fila e eu estava a fumar quando apareceu um negro a pedir lume. Vinha ao longo da fila e, sem me aperceber dele, deitei o meu cigarro fora, estava todo fumado, precisamente no momento em que ele me pediu lume. A beata já estava no chão e eu tinha deixado o isqueiro no carro, pelo que não poderia dar-lhe lume», conta Fernando Antunes Vieira, recordando que «sem o isqueiro, não lhe acendi o cigarro, é claro, nem apanhei a beata para o acender».
O que parecia ser uma coisa simples, logo de complicou, gerando-se uma confusão dos diabos. Fernando Antunes Vieira conta que «o negro começou a falar alto e começaram a aparecer mais negros». Uff, o que iria acontecer?!
«Foi quando os militares se aperceberam da confusão e me cercaram, aconselhando-me a sair dali o mais rápido possível. Foi o que fiz e meti-me no carro, onde estava a minha mãe, e só parámos em Luanda, por volta do meio dia», concluiu Fernando Antunes Vieira.
Um episódio da coluna, contado em voz civil: «Foram dois dias e meio para jamais esquecer», concluiu o uíjano de Carmona, agora aposentado da função pública (da Maternidade Alfredo Costa, em Lisboa) e morador na Amadora.

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