quarta-feira, 17 de agosto de 2016

3 491 - A morte trágica do 1º. cabo Fernando Martins Simões

Fernando Martins Simões, 1º. cabo apontador de metralhadora da 3ª. CCAV. 
8423, a de Zalala, na jornada africana de Angola. Faleceu há exactamente 18 anos


Grupo de Cavaleiros do Norte. À direita, isolado, o mecâ-
nico António Clara Pereira, que amanhã festeja 64
anos na Carregueira, em Mação, sua terra natal. Em
cima, atrás, S. Mendes (?) e Teixeira (estofador). Depois,
Gaiteiro (de pernas cruzadas) e Malheiro. A seguir,
Monteiro (Gasolinas) e Picote (de ama na mão)
O dia 17 de Agosto está associado ao trágico falecimento de um Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423: o 1º. cabo Fernando Martins Simões, apontador de metralhadora. Suicidou-se, por enforcamento, na sua terra natal do Lourinhal, em Penacova, em 1998.
Após a (nossa) jornada africana de Angola, regressou à sua casa e ganhou a vida como motorista. Casou-se com Maria Esmeralda Gomes Cruz e teve uma filha única - Zaida Martins, que foi quem, vai para dois anos, nos deu notícia do trágico acontecimento.
Aqui deixamos o nosso sentimento de saudade deste nosso companheiro, tragicamente falecido há 18 anos!
O Palácio do Governador, em Luanda (1975)
Há 41, todos andávamos por Angola e o 17 de Agosto foi domingo, dia para folgar pela Luanda que nos atraía e na qual, apesar de toda a insegurança provocada pela latente guerra civil, estranhamente nos sentíamos seguros.
A cidade funcionava... normalmente, dia e noite - neste caso, respeitando o recolher obrigatório, que ia da meia noite às 6 horas da manhã. O principal problema era a alimentação, que escasseava. E, naturalmente, o iminente ataque da FNLA, de que se falava no dia-a-dia, que poderia acontecer a todo o momento, sabia-se lá! As suas forças estavam no Caxito, a uns escassos 40 quilómetros.
O dia desse domingo de há 41 anos, em Luanda, ficou marcado por uma manifestação da União Nacional dos Trabalhadores de Angola (UNTA), afecta ao MPLA e em frente ao palácio do Governador, de «apoio às medidas recentemente tomadas pelo Ministro do Planeamento e Finanças, tomando o controlo da banca privada, com o objectivo de obstar à sabotagem económica com que os inimigos do povo angolano pretendiam travar o caminho para a independência completa».
O Diário de Lisboa de 18 de Agosto de 1975 falou
da manifestação de Luanda e dos PIDES e
ex-comandos ao lado da FNLA
A manifestação «mobilizou milhares de trabalhadores» e o ministro Rui Monteiro falou do «regresso dos movimentos às zonas de influência militar», nomeadamente referindo que «nas zonas donde a FNLA e a UNITA impõem o terror, o povo não está com eles».
«E nós devemos dizer aqui para todos esses compatriotas que sofrem a opressão dos agentes do imperialismo que havemos de libertar todas as zonas ocupadas pelos inimigos do povo», acrescentou Rui Monteiro.
Sobre a ameaça da FNLA avançar sobre Luanda, o ministro do MPLA afirmou: «Agora dizem que vão trazer aviões. Contra isso tudo, contra os dólares, contra  imperialismo, contra os blindados, contra as armas que se viram contra o povo, ainda que venham de avião, vamos gritar bem alto, resistência popular generalizada».

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