quinta-feira, 18 de agosto de 2016

3 492 - Luanda, aos 18 dias do mês de Agosto de 1975...

Os furriéis milicianos Cruz (que hoje festeja 65 anos) e Viegas, sentados
no separador ajardinado da avenida do Quitexe, em 1974. Atrás,
vêem-se a cobertura das aulas regimentais e o bar dos praças  

Os ex-furriéis milicianos Viegas (Operações
Especiais, os Rangers)  e Cruz (rádio-montador)
há precisamente 2 anos, em Lisboa,. Ambos
da CCS dos Cavaleiros do Norte
A 18 de Agosto de 1975, com os Cavaleiros do Norte a jornadear pelo Grafanil e Luanda, era dado como certo que «antigos membros dos Comandos portugueses de Moçambique, assim como ex-membros da PIDE/DGS, encontrar-se-iam ao lado das forças armadas da FNLA, que controlam a cidade, junto com a UNITA». Controlavam Nova Lisboa.
A notícia foi avançada
Cavaleiros do Norte ainda em Santa Margarida, em
1974: António Carlos Letras, Jorge Barata e Victor
Costa (atrás) e João António Brejo
pela France Press, citando observadores chegados daquela cidade - a actual Huambo -, onde eu tinha estado em Abril anterior, visitando familiares e amigos: as famílias Neves e Polido, de Orlando Rino, o clã Viegas (Manuel, José e Abílio, todos primos direitos de meu pai), entre outros. O único telefone que tinha era o dos Neves Polido, do Hotel Bimbe, mas nunca atendeu - o que aumentou as preocupações de quem, como eu, a 500 quilómetros, de nenhum deles tinha notícias.
Foi por esse tempo que os procurei, através de um programa especial da Emissora Oficial de Angola - justamente para tentar localizar gente «desaparecida». Sem essa sorte! E as notícias que de lá chegavam não eram nada agradáveis. Na verdade, falando em Luanda, o comandante Monstro Imortal, do MPLA, afirmou que depois da saída deste movimento de Nova Lisboa (expulso pela «coligação» FNLA/UNITA), «tem-se verificado em toda a cidade uma verdadeira caça a todo o militante e simpatizante do MPLA». E que Joaquim Kapangu, que lá era delegado do movimento, disse que «foi retirado brutalmente pelas forças da UNITA, de dentro do avião da Força Aérea Portuguesa que se encontrava prestes a deslocar-se para Luanda».
Notícia do Diário de Lisboa sobre
 Angola, a 18 de Agosto de 1975
O MPLA controlava o Lobito - que a FNLA e a UNITA a todo o custo tentavam reconquistar...- e no Luso a UNITA «opôs-se à saída de uma coluna ferroviária que incluía meio milhar de civis». E o mesmo faz a funcionários da província do Quando-Cubango. Por outro lado, «uma coluna de deslocados que se dirigia de Nova Lisboa para a capital foi impedida de passar em Cela, a meio do caminho, pela UNITA» - que, segundo o Diário de Lisboa, estaria «a receber grande quantidade de armamento através da Zâmbia», incluindo material pesado, «desembarcando no Luso e Silva Porto».
A FNLA, que tinha tentado de novo entrar em Luanda através do Caxito e Barra do Dande, «retomou a posição anterior, delimitada pelo rio Dande». Mas, referia o DL, «num outro golpe de força que poderá envolver efectivos na ordem dos 10 000 homens, o ELNA logrou retomar a povoação de Lucala, no eixo rodoviário Luanda-Henrique de Carvalho, entre Salazar e Malanje». Por onde dias antes tinha passado a coluna dos Cavaleiros do Norte e onde «travaram-se violentos combates, que ainda não terminaram porque a FNLA mostra intenções de avançar em direcção a Salazar».

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