sábado, 19 de novembro de 2016

3 585 - Zalala a mudar para Vista Alegre, violentos combates em 3 frentes!

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, com os furriéis milicianos
 Amorim Martins (a vermelho) e Abel Mourato (a amarelo) em destaque. De
 pé, o quinto é  condutor Aniano. Quem ajuda a identificar os restantes? 

Gente de Zalala: o furriel José António Nascimento,
 o alferes Mário Jorge Sousa e o soldado João
 Gonçalves (o Bigodes, o Cigano)
A CCAÇ. 4145/74 chegou a Vista Alegre a 19 de Novembro de 1974, onde, nesse tempo de há precisamente 42 anos, iria substituir a CCAÇ. 4145/72.
A operação integrava-se no plano de «rotação do dispositivo militar», mas, por razões que nos escapam, de lá saiu logo no dia seguinte, embora a sua chegada, segundo o Livro da Unidade, permitisse «a saída definitiva da CCAÇ. 4145/72 para Luanda». Como oportunamente veremos, acabou por ser substituída pela 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e dos Cavaleiros do Norte.
O TRMS Rogério Raposo e o furriel miliciano Victor
 Costa, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, mas aqui no
 Destacamento da Ponte do Dange
Angola, por esse tempo de 19 de Novembro de 1974, uma terça-feira, debatia-se com vários problemas - o caso de Cabinda era um deles - mas, noticiava o Diário de Lisboa, «as enérgicas medidas de segurança desencadeadas pelo almirante Rosa Coutinho no passado sábado, associadas à campanha de auto- defesa e esclarecimento promovidas nos musseques pelas Comissões de Bairro do MPLA, têm contribuído para uma acentuada melhoria da capital angolana».
O jornal acentuava que, por outro lado, «as prisões efectuadas e o recuo político da FNLA, que pretendia (...) a imediata demissão de Rosa Coutinho, contribuíram decisivamente para a melhoria».
Wilson Santos da UNITA, sugeria em Luanda «a possibilidade de eleições entre Maio ou Junho» de 1975 e admitia que Vieira Fernandes (um dos dois detidos enviados para Lisboa, acusados de «sabotagem económica»), «estava muito ligado» ao movimento. Revelou também que a UNITA iria receber militantes armados para assegurar a segurança das suas delegações.

Violentos combates
em três frentes

A quarta-feira do mesmo dia do ano seguinte (1975), já com Angola independente, foi de notícia de «violentos combates em três frentes» - no Lobito, próximo de Nova Lisboa e a norte (Lucala).
A 20 kms. do Lobito, a situação era considerada «complicada» e os combates já chegavam à Quibala, onde, segundo o Diário de Lisboa, France Presse, Reuters, Tanjung e ANOP, foi «detectada a presença de sul-africanos entre as forças da UNITA».
Ao centro, «toda a região do rio Queve é cenário de confrontações militares, com especial incidência sobre a ponte lançada na estrada para Nova Lisboa».
A norte, reportavam aqueles órgãos de comunicação, «mercenários portugueses, apoiados por unidades regulares da República do Zaire, lançaram uma ofensiva na área de Lucala, tentando abrir caminho para Luanda a partir do Leste, como alternativa à derrota sofrida pela FNLA , no Caxito e no passado dia 10» de Novembro.
DL de 19/11/1975
O jornalista inglês Tony Hodges, correspondente do «Observer», revelou, por seu lado, que «mercenários norte-americanos, com forças regulares da África do Sul, participam na agressão armada contra a República Popular de Angola» e que ele mesmo se tinha «avistado na semana passada, em Silva Porto, com um militar americano, ex-membro dos «boinas vermelhas» que combateram no Vietname». E que «em Benguela e dois dias antes da declaração de independência, vi mais de 50 soldados com os uniformes do Exército sul-africano, a empilhar caixotes com armas no hangar do aeródromo».
O Zaire era acusado de apoiar a UNITA e Tony Hodges referiu igualmente «a realização de uma ponte aérea entre Silva Porto e Kinshasa, de onde um avião «Viscont» faz um voo diário para aprovisionamento da UNITA», sublinhando que «aparelhos sem identificação transportam constantemente toneladas de armas para o aeroporto de Benguela, destinadas aos mercenários intervencionistas».

MPLA desmantelou
rede do ELP

Ao mesmo tempo e em Luanda, o MPLA anunciou «desmantelamento de uma rede do Exército de Libertação de Portugal (ELP), cujo principal objectivo era pôr fim às aspirações progressistas» do movimento de Agostinho Neto e de «a todo o custo prolongar a vida do império português, agonizante em Angola».
Os serviços especiais do MPLA descobriram a sua sede em Luanda e «prenderam 12 pessoas directamente ligadas às actividades da organização terrorista». Era, segundo o mesmo MPLA, «constituída por ex-militares do antigo Exército Português, afastados em 25 de Abril, e tentou tirar partido das divergências entre os três partidos de libertação para se infiltrar, durante o período de transição, na capital de Angola».

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