domingo, 20 de novembro de 2016

3 586 - Cavaleiros do Norte em Vista Alegre, Angola a dividir a «OUA»

Neto, Viegas, Matos e Monteiro, quatro furriéis milicianos Cavaleiros
do Norte, aqui no Regimento de Cavalaria 4 (RC4), em Santa Margarida,
durante o período de formação do Batalhão de Cavalaria 8423. Há 42 anos!


Os capitães José Manuel Cruz e José Paulo Fernandes,
 comandantes, respectivamente, da 2ª. CCAV e da 3ª. 

CCAV. 8423, com o alferes João Machado (2ª. CCAV.)


Os dias de Novembro de 1974 iam passando com as tarefas operacionais decorrentes da situação político-militar e, a 20, confirmou-se a saída da CCAÇ. 4145/72, de Vista Alegre para Luanda e, afinal, marcada para o dia seguinte. 
O capitão José Paulo Falcão, que interinamente comandava o BCAV. 8423 (e nesta qualidade, por razões que tinham a ver com a rotação de subunidades), deslocou-se, por isso e neste dia, a Vista Alegre.
Aldeia Viçosa vista do polidesportivo do quartel
português, vendo-se a Estrada do Café, de
Luanda para o Quitexe e Carmona
O dia era quarta-feira e a escolta foi assegurada pelo PELREC, numa das várias vezes em que o pelotão saía com apenas um furriel no comando. O Viegas, neste caso. O Francisco Neto estava de férias em Portugal e o José Monteiro estava na secretaria; o alferes miliciano António Garcia, comandante do pelotão, estava como oficial de operações interino.

Milícias populares
do MPLA em Luanda

A deslocação não teve quaisquer problemas e confraternizámos em Vista Alegre e, no regresso, em Aldeia Viçosa - onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Ali nos encontrámos com dois milicianos «Rangers» - o alferes Machado e o furriel Letras, ambos dos tempos de Lamego, no Centro de Instrução de Operações Especiais, o CIOE -, assim como com o furriel Mário Matos, amigo e vizinho de Anadia e companheiro das viagens de Santa Margarida para Águeda (e vice-versa) no SIMCA 1100 branco do Francisco Neto, no tempo de formação do Batalhão de Cavalaria 8423.
Notícia do Diário de Lisboa de 20 de Novembro de 1975
Luanda, por esse tempo de há 42 anos, «ressacava» dos incidente dos dias anteriores e os patrulhamentos aos bairros dos subúrbios eram feitos pelas Forças Armadas Portuguesas e pelas «milícias populares do MPLA». Estas, detiveram 3 indivíduos que, aparentemente em nome deste movimento, tinham saqueado uma casa comercial. O Diário de Lisboa reportava que «os assaltantes viriam a confessar serem provocadores a soldo da reacção» - fosse isso o que fosse. Provocadores que estariam «ligados a outro movimento de libertação». Por certo a FNLA, na linguagem do MPLA.

Cabinda e fantoches
do imperialismo

Cabinda era tema ao tempo muito actual e pertinente e o mesmo MPLA denunciava a FLEC como «um bando de fantoches a soldo do imperialismo, com apoio de um país vizinho» - o Zaire de Mobutu Sese Seko.  
E um ano depois? Dia 20 de Novembro de 1975!
Idi Amin Dada, presidente do Uganda e da Organização de Unidade Africana (OUA), defendia que «para se evitar o derramamento de sangue em Angola, não deverá ser reconhecido nenhum  movimento, até se formar um Governo de Unidade». Na sua opinião, os estados membros da OUA que «apoiaram e ainda apoiam» o Governo do MPLA, reconhecendo a Angola independente, «poderiam mudar de opinião em breve e juntar-se à maioria que deseja uma Angola unida». Ele próprio e o seu paús, ainda não tinha reconhecido a Angola do MPLA mas admitia ter «relações de boa amizade» com o movimento de Agostinho Neto.
Posição contrária tinha Marien Ngouabi, presidente da República Popular do Congo, em contencioso com Idi Amin dada e exigindo a sua demissão do presidente ugandês da liderança da OUA, no que era corroborado por Sekou Touré, presidente da Guiné-Conakri.
Noticias dos combates é que não se conheceram por estes dias de há 41 anos. Mas Angola continuava a ferro e fogo, com confrontos entre as forças do MPLA (que eram Governo de Angola) e as da FNLA e da UNITA.

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