Viegas e Miguel, dois dos furriéis milicianos (com o Neto) responsabilizados pelos GE´s 217 e 223 do Quitexe |
A extinção dos Grupos Especiais (GE) associados ao Batalhão de Cavalaria 8423 - o BCAV. 8423, os Cavaleiros do Norte! -, enquanto unidades orgânicas do Subsector, começou a 30 de Novembro de 1974, hoje se fazem 42 anos.
«A ineficiência que se vinha verificando e a sua desnecessária in)existência levaram os escalões superiores a prever a sua desactivação», relata o Livro da Unidade.
Os três furriéis milicianos dos GE`s do Quitexe num momento de descontracção: o Miguel, o Viegas (travestido...) e o Neto |
Eram formados por voluntários locais, normalmente da mesma etnia, mas enquadrados por graduados metropolitanos. Era o caso dos GE 217 e 223 do Quitexe, que estavam responsabilizados aos furriéis milicianos Viegas e Neto, ambos de Operações Especiais (Rangers), e mais tarde também ao furriel miliciano pára-quedista Miguel Peres dos Santos - que foi colocado na CCS do BCAV. 8423.
A minha (Viegas) primeira
Crachá dos GE |
O cessar-fogo anunciado em Outubro precipitou a desactivação dos GE 217 e 223 (os do Quitexe), o mesmo acontecendo com os grupos de Aldeia Viçosa (o 222) e Vista Alegre (o 208).
O Livro da Unidade, sobre a extinção dos GE, refere que «se verificou a 30 de Novembro, podendo até curiosamente dizer-se que muitos deles enfileiraram de imediato nas forças irregulares da FNLA e também, segundo alguns, nas do MPLA». O que, verdadeiramente, nada espantou.
O comandante Carlos Almeida e Brito, tenente-coronel, foi ele o redactor do LU, não estava enganado. Por exemplo, em Agosto seguinte (de 1975) eu e o Neto fomos encontrados em Luanda, na Avenida D. João II, por um capitão do MPLA que tinha sido chefe de um dos GE´s do Quitexe.
«Subi nos viiida...», disse-nos ele, no seu sotaque tipicamente africano, ufano e perante o nosso espanto, relativamente à sua graduação militar.
Junta Governativa
foi... abolida
A 30 de Novembro de 1974, em Luanda, o almirante Rosa Coutinho anunciou que a Junta Governativa de Angola estava abolida e que ele mesmo, embora interinamente, ia assumir as funções de Alto Comissário, enquanto não fosse nomeado o efectivo. Viria a ser ele.
A medida, segundo disse, obedecia à «necessidade de actualizar a estrutura governamental de Angola e de lhe conferir maior liberdade de acção».
Rosa Coutinho, no mesmo dia e mesma conferência de imprensa, confirmou também a realização da cimeira de Portugal com os representantes dos três movimentos de libertação - o MPLA, a FNLA e a UNITA. Dela sairia, expectava-se nesse tempo, «a constituição do Governo de Transição que levará Angola à independência».
Maioria silenciosa
A cosmopolita Luanda, por esses dias de há 42 anos, fervilhava em boatos.
Um deles apontava para uma manifestação no dia 8 de Dezembro, no Largo da Mutamba - uma das principais praças da baixa da capital angolana.
A convocação era feita através de panfletos anónimos, para «uma manifestação da maioria silenciosa».
Cavaleiros em festa
O 30 de Novembro de 1974 foi de festa de anos para pelo menos 3 Cavaleiros do Norte. Todos a festejar 22 viçosos aninhos de vida. Hoje, 64!!!
O José Domingos Encarnação Guerreiro era soldado mecânico-auto da CCS, no Quitexe. Era natural do lugar do Sítio das Lombas, em Lagoa (Algarve), e diz o Cabrita que tem uma oficina de automóveis no Alvor.
O José Maria Luís foi soldado atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel. É de Melriço, em S. Tiago da Guarda, em Ansião, e mora actualmente em Chão de Couce, também de Ansião.
O Raúl Rosa da Graça também foi soldado atirador de Cavalaria dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel. Era residente no Barreiro, e mora agora na Mina do Lousal, Azinheira dos Barros e S. Mamede, em Grândola.
Parabéns ao trio!