quinta-feira, 26 de setembro de 2019

4 824 - O desarmamento dos povos. A FNLA no Ambriz, em 1975


Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, da 3ª. CCAV. 8423, com milícias (?) armadas 
da sua ZA. Reconheço o furriel Agostinho Belo (terceiro a contar da direita, de pé) e 
o 1º. cabo Fernando Simões (o primeiro da direita, de pé


Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: o Freire 
e o Oliveira, de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423)
O desarmamento previsto pelos acordos de Portugal com os movimentos de libertação de Angola não não tinha sido bem aceite pelos povos e, a 26 de Outubro de 1974, realizou-se, no Quitexe, «uma reunião com todos os regedores, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias".
O plano de desarmamento começara no dia 21 (uma semana antes) e os povos das áreas do Quitexe e de Aldeia Voçosa, principalmente, temiam que a sua defesa ficava fragilizada, face ao que o Livro da Unidade chama «defesa às acções de depradação e exigência do IN» - que, na área, era a FNLA (mas qualquer outro poderia ser, a UNITA, o MPLA).
O desarmamento «veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro», memoria o Livro da Unidade.
O coronel Santos e Castro, oficial português,
e Holden Roberto, presidente da FNLA,
no Ambriz (em 1975) 

Angola em vésperas
da independência !

A 26 de Outubro de 1975, um ano depois e com o dia da independência cada vez mais próximo, Angola continuava a ferro e fogo. 
A 9ª. Brigada do MPLA, nesse dia, travou o avanço do FNLA, no Morro da Cal, a 20 quilómetros de Quifangondo, para norte. Holden Roberto, por carta, queixou-se que as Forças Armadas Portuguesas «vigia(va)m sistematicamente as posições da FNLA» naquela área e informou que, a partir desse dia, «qualquer avião que sobrevoasse seria inapelavelmente abatido». 
Leonel Cardoso, o Alto Comissário de Portugal, rejeitou a acusação e, por não aceitar o ultimato da FNLA, mandou-lhe recado, para o caso de algum aeronave portuguesa ser alvejada: «Sujeita-se o ELNA às consequências».
Condutores da CCS: António Picote, Manuel
Alves e Alípio Canhoto (irmão de José)

Canhoto, CAR de Santa 
Isabel, faria 70 anos !

O soldado José Canhoto Pereira, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, faria 70 anos a 26 de Setembro de 2019. 
Irmão de Alípio, condutor da CCS, a Copmpanhia do Quitexe, estava emigrado para França e, numa das visitas de férias, foi «apanhado» para o serviço militar. Cumprida a jornada africana, voltou a Colmeal da Torre, em Belmonte, a 11 de  Setembro de 1975, e logo depois voltou a França e por lá fez vida. Teve duas filhas e separou-se, casando-se de novo - em Chaves. Faleceu «há uns 6 ou 7  anos», vítima de doença cancerosa, disse-nos o Alípio, sem conseguir precisar a data.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

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