sexta-feira, 31 de julho de 2020

5 135 - A operação de retirada para Luanda ! Conflitos em todo o território!|


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Cavaleiros do Norte da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423), de várias especialidades mili-
 tares e mobilizados no RC4, em Santa Margarida. Aqui, em Setembro de 1974 e em pose para o futuro e
 a história, então na parada do Quitexe, no uíjano norte de Angola
Sexteto de Cavaleiros do Norte do PELREC, na caserna do
Quitexe: João Marcos, furriel José Monteiro (à civil), alfe-
 res António Garcia, 1º. cabo Joaquim Almeida (mais
atrás), Aurélio Barbeiro e Dionísio Baptista


A retirada do BCAV. 8423 de Carmona para Luanda «começou a materializar-se a 31 de Julho de 1975».
O livro «História da Unidade» dá conta que nesse dia, uma 5ª.-feira de há rigorosamente 44 anos
e depois de várias reuniões dos comandos dos Cavaleiros do Norte com o QG da RMA, começou «a chegada de viaturas e tropas de reforço», entretanto obtidos e considerados «os meios necessários à execução de tal operação»
Os Cavaleiros do Norte, ainda assim e na capital uíjana, continuavam os seus patrulhamentos na cidade e acessos principais, procurando manter a ordem pública - por um lado, enfrentando a hostilidade crescente da FNLA e dos homens do seu Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), por outro procurando aliviar as tensões e angústias que medravam no espírito de comunidade civil europeia, que tardou a perceber que o rumo, o futuro de Angola era outro, que não o que expectavam.
Os furriéis milicianos Manuel
Pinto, da 1ª. CCAV. 8423, e Grenha
 Lopes, da 3ª. CCAV. 8423, aqui
ainda em Santa Margarida

Angola com conflitos
em todo o território

Ao tempo, e segundo o Diário de Lisboa desse dia, «os conflitos armados que até agora se circunscreviam a Luanda, Quanza Norte e Malanje, alastram-se agora a outros pontos do território».
Um comunicado do Alto Comissário deu conta que «eclodiram violentas confrontações entre o MPLA e a FNLA na cidade de Porto Amboim, importante porto piscatório do Quanza Sul», com emprego de armas pesadas, o que «deixou a população em pânico» e, por isso, sendo evacuada de barco para o Lobito. Mais a sul, em Novo Redondo, os combates tinham «cessado na terça-feira à tarde» (dia 29), mas a população local, alarmada, preparava-se para abandonar a cidade.
Em Malanje, mais a leste do imenso território angolano, as 6000 pessoas que se tinham  refugiado nos quartéis portugueses, «começaram a ser evacuadas para o sul de Angola, em comboios de 50 viaturas, com escolta de militares portugueses durante 10 quilómetros» - até à saída da cidade.
A situação em Luanda, a capital, e no Caxito «mantinha-se estacionária, não havendo notícias de incidentes nem de movimentos assinaláveis das tropas, quer da FNLA, quer do MPLA».
A Estrada do Café, entre Luanda
e Carmona, aqui em Aldeia Viçosa

Salcedas de Aldeia Viçosa,
faleceu na Covilhã !

O 1º. cabo João Duarte Salcedas, da 2ª. CCAV. 8423, faleceu há 14 anos, no dia 31 de Julho de 2006.
Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, foi  atirador de  Cavalaria e regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão de serviço por terras uíjanas de Angola. Também em Carmona.
Fixou-se na sua natal aldeia de Carvalho, no município da Covilhã, e, por razão que desconhecemos, faleceu quando residia no Loureiro da Moita, mesmo ao lado. Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

quinta-feira, 30 de julho de 2020

5 134 - A saída do BCAV. 8423 para Luanda! Assaltos a moradias de Carmona !

A Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe e, à direita, o que «sobra» da antiga parada do da CCS
do BCAV. 8423. Os pavilhões são actuais (foto de 24/09/2019) e neles uma escola angolana.
 Ali  estavam as antigas casernas, cozinha, refeitório e oficinas militares
Forças Mistas da 1ª. Companhia, a que há 45 anos se
formava em Carmona, no BC12 e com os Cavaleiros
do Norte, para o futuro Exército Nacional de Angola


A rotação do BCAV. 8423 para Luanda, o que, na prática, significava o abandono final da soberania militar portuguesa em terras uíjanas, foi oficialmente comunicado à FNLA no dia 30 de Julho de 1975. Há 45 anos!
FNLA e o seu Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), que era, após os graves incidentes da primeira semana de Junho de 1975, a «senhora do Uíge», depois de militarmente ter derrotado as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (as FAPLA´s do MPLA).
A decisão foi anunciada no decorrer de mais uma reunião do Estado Maior Unificado - que incluía oficiais das Forças Armadas Portuguesas e representantes dos movimentos de libertação e que se realizou em Carmona.
Ao tempo, não esqueçamos, estava em desenvolvimento o projecto de constituição do Exército Nacional de Angola, a partir das Forças Militares Mistas - cuja 1ª. Companhia se formava em Carmona, integrando elementos da FNLA e da UNITA - este movimento com pouquíssima representação no Uíge e o MPLA completamente fora desta ideia formadora, depois de ter sido militarmente expulso da região, após dos combates da primeira semana de Junho.
Como hoje se sabe, tal projecto não foi por diante.
Alguns PELREC´s. De pé, o 1º cabo Almeida e
 Messejana (já falecido), Neves, 1º. cabo Soares e
Florêncio. Em baixo, 1º cabo Vicente (falecido),
 furriel Viegas e Francisco 

Assaltos a moradias
da cidade de Carmona

Expectantes, ao tempo e quanto ao seu futuro próximo, os Cavaleiros do Norte riscavam os dias do calendário e mantinham a sua postura de total empenhamento na defesa da segurança de pessoas e bens. A todo o custo. Com garbo e coragem! Sem medos, noite e dia e sem descansos!
Foi por estes dias que, chamado a intervir num assalto a residências das imediações do Cinema Moreno e do Rádio Clube do Uíge, o PELREC se altercou com homens da FNLA (a assaltar e roubar o recheio das habitações de brancos europeus), tendo estes chegado a apontar bazucas aos jovens mas destemidos  Cavaleiros do Norte, ameaçando-os de morte.
O bom-senso, a serenidade e a coragem (por que não dizê-lo?...) dos jovens militares portugueses evitaram o pior, numa situação bem fragilizante para os civis que tanto odiavam as NT. E não se escondia de o dizer publicamente.
António Simões

Simões do Parque-Auto, 68
anos em Figueiró dos Vinhos!

O mecânico-auto António da Conceição Simões, da CCS dos Cavaleiros do Norte, festeja 68 anos a 31 de Julho de 2018
Natural de Figueiró dos Vinhos, integrou o pelotão do Parque-Auto, comandado pelo alferes miliciano António Albano Cruz, e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, a Vale dos Rios, lugar da freguesia e concelho de Figueiró dos Vinhos. Fez carreira profissional na GNR e, agora já aposentado, continua a viver na sua terra natal!
Parabéns!

quarta-feira, 29 de julho de 2020

5 133 - Fome no Uíge angolano? Estradas bloqueadas pelo MPLA!


O tenente João Elói Mora, que nasceu há 94 anos e faleceu a 21 de Abril de 2003, aqui na avenida do
Quitexe e em frente à Messe de Oficiais, com os furriéis miliciano Neto, Viegas e Monteiro, de Opera-
ções Especiais (os Rangers) e o 1º. cabo escriturário Miguel Teixeira 

Cavaleiros do Norte do PELREC da CCS do BCAV. 8423:
Alberto Ferreira, 1º. cabo João Pinto, Francisco Madaleno
 e João Marcos. Todos atiradores de Cavalaria!

O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, continuou, a 29 de Julho de 1975, há 45  anos..., a reunião com oficiais do Quartel General (QG) da Região Militar de Angola (RMA), para preparar a rotação dos Cavaleiros do Norte para Luanda. Começara na véspera.
O objectivo, recordemos, era «obter os meios necessários à execução de tal operação», que, vale a pena relembrar, era comummente entendida como muito difícil. Como foi. Uma operação, citando o livro «História da Unidade», que «não se adivinhava fácil». 
Os tempo eram de muita intranquilidade, Carmona continuava muito expectante quanto ao futuro próximo das suas gentes, principalmente as civis, sendo já certo que a última guarnição militar portuguesa ia abandonar a cidade e o distrito/província. A imprensa do dia, aliás, era catastrófica quanto à área uíjana do norte de Angola, onde os Cavaleiros do Norte ainda eram o garante da segurança de pessoas e bens. 
O Diário de Lisboa, vespertino da capital portuguesa, dessa terça-feira de há 45 anos dava conta que «40 pessoas morrem diariamente de fome no distrito».
«A escassez de alimentação tornou-se desesperada com a chegada de mais de 300 000 angolanos oriundos do Zaire, onde se refugiaram durante a guerra da independência», noticiava o Diário de Lisboa, precisando que «ao mesmo tempo, continuam a afluir ao distrito os refugiados da região de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates que opuseram, durante este mês, dois movimentos de libertação antagónicos». Chamando-os pelos nomes, o MPLA e a FNLA.
Soube-se da chegada de alguns refugiados, é verdade, alguns dos quais nós acompanhámos desde a fronteira do Zaire. Mas 300 000? Dividamos muito!
Notícia do Diário de Lisboa de 29/07/1975.
Fome em Carmona? Não nos lembramos!

Fome em Carmona?
Não nos lembramos !

A FNLA,  que se achava dona e senhora da terra uíjana, tudo fazia para militarmente se impor, nesses tempos de há 45 anos. 
Avivando memórias, não é fácil esquecer os momentos de tensão que se viveram, então, nos principais acessos à cidade de Carmona e onde, a todo o custo e totais riscos, os Cavaleiros do Norte impunham a ordem, todos os dias, evitando assaltos ao comum cidadão que circulasse nas estradas do Uíge.   
A FNLA queria impedir a saída ou entrada de cidadãos, a troco de serem amigos ou inimigos. O mesmo fazia o MPLA noutros pontos. 
«As estradas de acesso ao Uíge, dominado pela FNLA, estão bloqueadas pelo MPLA. Por isso, os abastecimentos de urgência tem de ser feiro pelo ar», reportava o Diário de Lisboa. E, a memória não nos falha aqui, eram muitos os voos que de Luanda abasteciam Carmona. Ora aterrando no aeroporto civil da cidade, ora no aeródromo militar do Negage - a uns 40 quilómetros da capital do Uíge.
Fome em Carmona, por esses tempos de há 45 anos, épicos tempos dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, francamente não nos lembramos. Fartura, não haveria. Mas fome?
João Elói Mora,
tenente da CCS

Tenente João Elói Mora
nasceu há 943 anos !

O tenente  João Elói Borges da Cunha Mora, adjunto do comandante da CCS do BCAV. 8423, nasceu há 94 anos, em Pombal, no dia 30 de Julho de 1926. 
Militar de carreira, apresentou-se no BCAV. 8423, em Santa Margarida, ainda como alferes e foi promovido a tenente com a mobilização para Angola - onde, no Quitexe e Carmona, foi imortalizado como Tenente Palinhas. E porquê? Porque exigia a palada a todos os militares de patente inferior e, não a antecipando eles (como era do regulamento), batia-a ele, para que lha batessem.
Casado com uma senhora de origem indiana, que o acompanhou na jornada africana do Uíge angolano, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e continuou a sua carreira militar, cuja evolução desconhecemos.
Faleceu a 21 de Abril de 2003. há 17 anos, e hoje, quando faria 94 anos, o recordamos com saudade. RIP!

terça-feira, 28 de julho de 2020

5 132 - Carmona a preparar a rotação para Luanda! Blindados da FNLA no Caxito!


O antigo BC12, último aquartelamento militar português em terras do Uíge, na cidade de Carmona,
na saída para o Songo em 1975. Está agora a serviço das Gorças Armadas de Angola. O portão
fica onde era a porta d´armas! Foto de 25 de Setembro de 2019
O Comando do Sector do Uíge e Zona Militar Norte, em
Carmona, em imagem de 24 de Setembro de 1975. 
Agora, é o Tribunal Militar do Uíge


Aos dias 28 de Julho de 1975, há 45 anos, a cidade de  Carmona, capital do Uíge - e assim denominada depois da independência - continuava aparentemente calma mas... tensa!, devido às delicadas relações com a FNLA e as crescentes e cada vez mais levedadas críticas da comunidade civil aos Cavaleiros do Norte que, a todo o custo, procuravam «evitar males futuros». 
Tão crescentes e levedadas como acesas e injustas. Imerecidas.
Os militares do BCAV. 8423, na verdade, mesmo asperamente hostilizados e, dia a dia, muito insultados, não se regateavam para defender pessoas e bens, com o riso da própria vida. E isso ainda hoje muitos daqueles que por lá foram protegidos não conseguem entender, muito menos agradecer.
E os riscos corridos pelos Cavaleiros do Norte foram muitos, a fazerem doer a alma e o corpo daqueles que, na imberbidade dos seus 22 para 23 anos, ali estavam dispostos a tudo, corajosamente, para defender pessoas e bens, até a dar vida por terceiros!
O furriel Viegas e o capitão Domingues,
do QG da Região Militar de Angola

A retirada dos Cavaleiros
do Norte para Luanda

A 28 de Julho de há 45 anos, de novo o Comando do BCAV. 8423 - o tenente-coronel Caros Almeida e Brito, oficial de Cavalaria  - reuniu com «elementos do Quartel General da Região Militar de Angola», para preparar a operação de retirada de Carmona para Luanda. 
O mesmo acontecera a 23 e repetiu-se a 29 desse mês e o objectivo essencial era «obter os meios necessários à execução de tal operação».
Que se adivinhava nada fácil. Nem pelo contrário - como o tempo veio mostrar.
Um dos elementos do QG era o capitão Domingues - que eu conhecera da sua relação familiar (primo) com Maria de Fátima Resende, ao tempo esposa de José Bernardino Resende, conterrâneo e amigo (entretanto já falecido). Mora agora na zona do Estoril, já há bastantes anos aposentado da sua carreira militar e com alguns problemas de saúde.
O tenente-coronel Gilberto Santos e Castro, oficial português
 que comandou tropas da FNLA e Holden Roberto, 
presidente da mesma FNLA,  aqui no Ambriz e em data 
desconhecida (no ano de 1975)


Blindados da FNLA 
a ocuparem o Caxito


A 28 de Julho de 1975, um domingo, soube-se que o tenente-coronel Santos e Castro era o ex-oficial português que, no Caxito, comandava as tropas da FNLA - que dali tinham expulsado o MPLA, após «duros e violentos combates».
Gilberto dos Santos e Castro era prestigiado oficial português e tinha sido comandante da 1ª. Companhia de Comandos de Angola. Era irmão do engº. Fernando Santos e Castro, que fora Governador Geral de Angola, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e deputado nacional.
A situação no Caxito estava «estacionária, com alguns blindados da FNLA a ocuparem a localidade desde há alguns dias», mas sem conseguirem
avançar sobre Luanda. O MPLA, noticiava o Diário de Lisboa, «fez um cerco às forças da FNLA e começou a sabotar as pontes».
Raúl Corte Real, capitão miliciano e co-
mandante da CCAÇ. 4145. de Vista Alegre


A CCAÇ. 4145 e
a 1ª. CART. 6322

Um antes, o comandante Carlos Almeida e Brito, deslocou-se a Vista Alegre (a 28 de Julho de 1974), em «contacto operacional» com a ali aquartelada CCAÇ. 4145 - que era comandada pelo capitão miliciano Raúl Corte Real.
Ainda neste mesmo dia de há 46 anos, registou-se «a retirada do Subsector», da 1ª. CART do BART. 6322, que «trabalhava na área dos «quartéis» de Camabatela e Quiculungo» - a ZA do BCAV. 8423. 
Os artilheiros da 1ª. CART. 6322, recordemos, faziam parte do Comando Operacional de Tropas de Intervenção 2 (COTI 2) e estava, há 46 anos e desde 18 de Julho anterior, sob dependência operacional do BCAV. 8423.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

5 131 - Uma Angola nova e independente, em ambiente de paz e fraternidade!

º
Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: os furriéis milicianos José Gomes. NN,
 (tapado), António Artur Guedes, Mário Matos (de garrafão na mão), Amorim Martins (de bigode) e

  o soldado clarim Alexandre Pereira
O 1º. cabo Fernando Manuel Soares, que
faleceu em Março/Abril de 2018, e o
Francisco Madaleno, ambos Cavaleiros
do Norte do PELREC da CCS
General António
de Spínola


Há 46 anos, pelo dia 27 de Julho de 1974, foi tempo de se conhecer a mensagem do general António Spínola, Presidente da República,  no sentido de «especialmente garantir a segurança da população e capacidade de construir uma Angola nova e independente, em ambiente de paz e fraternidade».
O ponto 2 da mensagem referia que «acções contra bandos armados que possam ainda (ser) hostis são limitadas a defesa própria e a preservar a vida e bens dos habitantes pacíficos, devendo, neste caso, serem usadas, se necessário, as maiores determinações e firmeza».
Assim faziam os Cavaleiros do Note nas suas acções em terras uíjana, fosse em operações na mata (cada vez mais raras), ou em escoltas e patrulhamentos na sua Zona de Acção e a partir dos aquartelamentos do Quitexe, de Zalala, de Aldeia Viçosa e Santa Isabel (do BCAV. 8423), da Fazenda Liberato (CCAÇ. 201/RI 21) e Vista Alegre (CCAÇ. 4145). Ou dos Destacamentos activos, por exemplo de Luísa Maria!
«Angola terá de orgulhar-se da acção das Forças Armadas no auxílio à construção do seu futuro e estas deverão mostrar toda a sua coragem, disciplina e capacidade, de forma a manter intacto o seu prestígio tão duramente alcançado», sublinhava a mensagem de António de Spínola.

Cardoso, atirador, 68
anos em Lisboa!

O soldado Carlos Alberto Cardoso foi mobilizado como atirador de Cavalaria da CCS, quando jornadeou pelo RC4, no Campo Militar de Santa Margarida, e festeja 68 anos a 27 de Julho de 2020.
Seria Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423 mas não chegou a partir para Angola, por ter sido «julgado incapaz», para o serviço militar - por razões que desconhecemos. Dele não temos notícias desde esse tempo de 1974, e já lá vão 46 anos!... -, mas julgamos  sabemos que reside na cidade de Lisboa, na zona de Alvalade (em S. João de Brito), para onde vai o nosso abraço de parabéns!


Fernando Silva
Silva, o Mamarracho,
faleceu há 25 anos !

O soldado Fernando Alves da Silva, da 1ª. CCAV. 8423, faleceu há 25 anos: a 27 de Julho de 1995.
Condutor auto-rodas da guarnição de Zalala e por lá popularmente conhecido como Mamarraco (vá lá saber-se porquê...), regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 - depois de também ter passado por Vista Alegre / Ponte do Dange, Songo e Carmona. Fixou-se em Vilar de Perdizes, a sua terra natal, na transmontana Montalegre, e onde nasceu da 13 de Outubro de 1952. 
Pouco mais sabemos dele: apenas que terá falecido aos 43 anos, não sabemos de por doença ou acidente. 
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

domingo, 26 de julho de 2020

5 130 - Acção psicológica, visita à Minervina e o regresso da coluna de Salazar !

A Avenida do Quitexe, a 24 de Setembro de 2019. À direita,  a messe de sargentos (casa verde) e a
residência do comandante Almeida e Brito (de azul e destelhada). Em frente, de telhado em bico, a
 casa de Rui Rei, que agora é esquadra da Polícia Nacional (PN) de Angola , assim com a antiga
enfermaria militar portuguesa ao lado esquerdo (casa azul)
Os alferes milicianos António Garcia e António Cruz,
ambos da CCS e aqui na Fazenda Vamba



O comandante Carlos Almeida e Brito continuou, a 26 de Julho de 1974, as suas actividades de «acção psicológica» e de esclarecimento do programa do MFA para a descolonização de Angola. Desta vez, na Fazenda Minervina - que, se bem nos lembramos, era de Alcides Costa e ficava na margem do rio Vamba.
O dia de há 46 anos foi também tempo para mais uma reunião de Almeida Brito com as populações e autoridades 
António Cabrita ao balcão do bar
da messe de sargentos de Carmona
locais, desta feita em Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. 

Aulas regimentais
em todo o Batalhão

O dia de há 46 anos foi também tempo para mais uma reunião com as populações e autoridades locais, desta feita com as da vila de Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, que era comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. 
Ainda na área da acção psicológica, podemos recordar que, por esse tempo, já decorriam «as aulas regimentais em todas as subunidades». Esta acção era primordialmente importante para os soldados sem a 4ª. classe (o actual 4º. ano escolar) e que dela precisavam para, por exemplo, tirar a carta de condução.
A carta de condução, pelos valores desse tempo de há 46 anos, e anteriores, era profundamente importante para os combatentes que, regressados a Portugal e em posse dela, passavam a dispor de um importante instrumento de trabalho. Nomeadamente, para condutores - até de longo curso.
É deste tempo a 4ª. classe do António Santa Cabrita, sem especialidade (era
soldado básico), que tal exame ambicionava para tirar a carta de mestre de de embarcação - o que conseguiria. Viria a fazer vida profissional no mar, chegando a ser proprietário de um barco de pesca registado em Cascais. 
O 1º. cabo Emanuel Santos com um grupo
de refugiados no BC12, em Carmona

Coluna a Salazar
de volta a Carmona

A sucessão de incidentes, um pouco por todo o território angolano - opondo forças dos três movimentos, particularmente entre MPLA e FNLA - ia fragilizando a confiança da população uíjana, principalmente da branca e europeia.
Por Carmona e pelo Uíge fora, ainda assim, a situação era controlada pela esforçada e sacrificada acção dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. De todos os seus bravos combatentes.
De tal modo que, depois da reunião dos comandos militares portugueses com a FNLA (a de 23 de Julho) e «desanuviado ligeiramente o ambiente, conseguiu realizar-se, a 25 de Julho, a desejada coluna a Salazar, fazendo-se o seu regresso no dia 26», tal como, de acordo com o Livro «História da Unidade», «o do pessoal que tínhamos em Luanda».
Era pessoal da 1ª. CCAV. e da 2ª. CCAV. 8423, que lá se deslocara em serviço. 
A Administração do Concelho do Quitexe,
vendo-se hasteada a Bandeira Portuguesa

Quitexe passou dos
Dembos para o Uíge !

O Quitexe estava, antes de 1961, integrado no concelho dos Dembos, com sede no Quibaxe. 
A 26 de Julho de 1962, passou a pertencer ao do Dange, recuperando o estatuto de cabeça de circunscrição. Na prática, na sede do município do Dange - que fora criado pela Portaria nº 11740, de 26 de Julho de 1961.
Até aí, pertencia ao Distrito do Quanza Norte. 
O brasão do Quitexe
dantes de ser vila
Passou para o do Uíge.
A reorganização administrativa desse tempo levou a que se juntassem os postos administrativos do Quitexe e do Dange. Este, desanexado do concelho de Dembos (com sede no Quibaxe), aquele do de Ambaca (com capital administrativa em Camabatela).
O concelho do Dange e para além do Quitexe, incluía os postos administrativos de Aldeia Viçosa e Vista Alegre (então criados) e o de Cambamba (sede do posto do Dange). Aldeia Viçosa onde se aquartelou a 2ª. CCAV. 8423. Vista Alegre onde estava a CCAÇ. 4145, depois substituída pela 1ª. CCAV. 8423 (a partir de 21 de Novembro de 1974), a da Fazenda Zalala e do capitão Castro Dias.
Aqui fica, 58 anos depois, um pouco de história da vila do Uíge angolano que os Cavaleiros do Norte tem na sua memória e imensa saudade!

sábado, 25 de julho de 2020

5 129 - Dia do Exército, visita a 4 fazendas e coluna para Luanda !

Bairro  Montanha Pinto,na cidade de Carmona, actual Uíge, em imagem de 25 de Setembro de 2019 - um
dos dias da passagem do furriel Viegas. O edifício à direita, agora a verde e cor castanho claro, era
 a messe de Sargentos da CCS do BCAV 8423
Chandragoa, uma das fazendas há 45 anos
visitadas pelo comandante Almeida e Brito
BCAV. 8423

Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 assinalaram, a 25 de Julho de 1974, o Dia do Exército, na vila do Quitexe e subunidades, 
«com cerimónias simples».
O comandante Carlos Almeida e Brito, nesse mesmo dia, visitou várias fazendas da ZA quitexana: a Guerra, a Chandragoa,
Zeca Silva da 
Chandragoa
a Buzinaria e a Isabel Maria. Fez-se acompanhar por autoridades administrativas e eclesiásticas, não custando adivinhar, por isso mesmo, que a delegação incluiria o administrador de Concelho do Dange (Octávio Pimentel Teixeira, e/ou o seu adjunto Galina) e o padre Albino Capela, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, e titular da Missão do Quitexe.
Um ano depois, precisamente e com os Cavaleiros do Norte já aquartelados desde 2 de Março em Carmona e no BC12, a coluna militar que por duas vezes tinha sido «barrada» pela FNLA saiu finalmente de Carmona.
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, houvesse o que acontecesse, não iriam «ceder», em nome de uma paz fictícia - como era a que se vivia em Carmona e por todo o Uíge fora, às cavaleiras da sua determinação e..., por que não dizê-lo?...,  à coragem e mil sacrifícios com que, dia a noite, sem quebrar ritmos e quantas vezes sem descanso, enfrentavam todos os problemas de uma situação de guerra civil iminente. 
Há 45 anos, e à terceira vez..., nada iria impedir o avanço e trânsito da coluna. E assim foi! Chegou tranquilamente a Salazar e continuou para Luanda.
Holden Roberto, presidente da FNLA, no
Caxito, a 32 quilómetros de Luanda

A FNLA no Caxito
e à conquista de Luanda

O dia, uma sexta-feira, foi tempo de saber-que que a FNLA reconquistara o Caxito pela força das armas e que «pequenos grupo do ELNA estão a fazer esforços para alcançar Luanda, pelo mar».
Daniel Chipenda continuava em Carmona e, através da rádio, fez saber que as forças armadas do seu movimento - o ELNA - tinham recomeçado a viagem para Luanda «com o intuito não de negociar mas de tomar o poder».
«As nossas forças marcham sobre Luanda e esperamos que a sua entrada na capital se faça nos próximos dias», disse Daniel Chipenda, precisando, ainda, que «vamos para Luanda não para negociar mas para dirigir» e recusando a a ideia de «criar um Estado a Norte» - precisamente no Uíge onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte e seu principal reduto.
«Não queremos balcanizar o nosso país. A nossa capital não é nem Carmona nem S. Salvador, mas sim Luanda», disse Daniel Chipenda.

Fernando Silva
Silva, o Mamarracho,
faleceu há 25 anos !

O soldado Fernando Alves da Silva, o Mamarracho, da 1ª. CCAV. 8423, faleceu há 25 anos: a 27 de Julho de 1995.
Condutor auto-rodas da guarnição de Zalala, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 - depois de também ter passado por Vista Alegre / Ponte do Dange, Songo e Carmona. Fixou-se em Vilar de Perdizes, a sua terra natal do município de Montalegre, e onde nasceu da 13 de Outubro de 1952. 
Pouco mais sabemos dele: apenas que terá falecido aos 43 anos, não sabemos de por doença ou acidente. Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2020

5 128 - Absolutamente necessário evacuar a tropa e população de Carmona e Negage!

Comício da FNLA em Aldeia Viçosa, numa altura em que os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423
controlavam as situações deste delicado tempo do processo de descolonização. Não muito bem
entendidos e compreendidas, mas sempre activos e capazes
Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 na Carmona de há 45 anos, 
no ajardinado das piscinas da cidade, uíjana e todos milicianos: 
alferes Pedrosa de Oliveira (da 2ª. CCAV.) e furriéis Manuel 
Machado (CCS), José Lino (3ª. CCAV.) e Nelson Rocha
 e António Cruz (da CCS)

A situação militar real de Carmona e toda a província do Uíge, a 24 de Julho de 1975 e num tempo em que os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 eram já a única guarnição militar portuguesa, era de grande expectativa. O que é que vai acontecer?
Já se sabia que 3 de Agosto seguinte seria o dia da de partida para Luanda de algumas  subunidades (fossem quais fossem...) mas as escaramuças 
Parada do BC12 na primeira semana de
Junho de 1975:  apoio da Força Aérea aos
 refugiados civis do Uíge angolano
continuavam na cidade uíjana, noite após noite e dias, face às impertinências e exigências das forças dirigentes e militares da FNLA. 
«Era absolutamente necessário evacuar, também e em simultâneo, a tropa e a população de Carmona e Negage, pela força, se necessário fosse», lemos no livro «Segredos da  descolonização de Angola», de Alexandra Marques. Bem nos lembramos disso. E quantas dores de cabeça nos deram e perigos
A capa do livro «Segredos da
Descolonização de Angola».
de Alexandra Marques
então se semearam nos chãos uíjanos.



O tempo de evacuar
Carmona e o Negage!

Ao tempo, recordemos, o comandante Almeida e Brito tinha negociado com o QG da RMA a (eventual  e desejada) saída de Carmona. 
O Alto Comissário Silva Cardoso estava em situação cada vez mais fragilizada e admitia renunciar ao mandato do Governo Português - como efectivamente  renunciou.
Melo Antunes estava em Luanda e a questão punha-se difícil: a FNLA queria entrar em Luanda e a isso se opunha o MPLA. Era o mais óbvio. Se as Forças Armadas Portuguesas entrassem nessa disputa, o que, obviamente feria o Acordo do Alvor, o que iria acontecer? E isso não queriam fazer as NT - as Nossas Tropas!
Ao tempo, e continuado a citar o livro de Alexandra Marques, «era absoluta-
mente necessário evacuar, também e em simultâneo, a tropa e a população de Carmona e do Negage». Em questão, ainda segundo o mesmo livro de Alexandre Marques, estavam na ordem das 7000 pessoas. Os Cavaleiros do Norte do BCAV-8423 - a última força do Exército Português por terras de Carmona e do Uíge, por essa altura, queremos crer, não tinham ideia da dimensão humana que estava em causa.
Manuel Lopes
atirador de Cavalaria

Lopes de Aldeia Viçosa
faz 68 anos em Alcanede !

O soldado Lopes, atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 25 de Julho de 2020.
Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, e depois de Carmona e no BC12, Manuel Fernandes de Jesus Lopes, de seu nome completo, regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, finda a sua (e nossa) comissão militar no norte de  Angola, fixando-se na Aldeia do Além, da freguesia e concelho de Alcanede - onde continua a viver, agora na Praceta Moínho de Vento. Por lá continuam as suas saudades de Angola e para ele, neste dia feliz, vai o nosso abraço de parabéns!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

5 127 - Reunião com a FNLA, cessar-fogo em Angola e NT prontas a intervir!

Um helicóptero na parada da BC12, com o edifício do comando ao fundo.  Reconhecem-se o furriel
Viegas (à esquerda, de costas), o alferes Garcia (com um rádio na mão) e o furriel Machado (de mãos 
nas ancas). Alguém identifica os restantes?
O BC 12 em imagem aérea dos anos 70 do Século XX
e (ainda) da administração portuguesa 

Os comandos militares de Carmona reuniram, a 23 de Julho de 1975, com os responsáveis da FNLA no Uíge e o comandante dos Cavaleiros do Norte terá sido tudo menos... simpático. Não era homem de vergar, ou de sustentar medos. 
A FNLA «impedira» a saída de um MVL para Luanda, a 21 de Julho de 1975 - o que já acontecia pela segunda vez, repetindo o dia 13 - e a situação motivou instintiva reacção de um grupo de furriéis milicianos (alguns dos que habitualmente faziam patrulhamentos na cidade e itinerários), junto do comandante Almeida e Brito, indagando da razões porque as NT não forçavam a passagem.
As razões foram fundamentadas e ficaram semeadas expectativas quando ao futuro próximo: tal não voltaria a acontecer. E não aconteceu.
O Diário de Lisboa de 23 de Julho de
1975 noticiava o cessar-fogo em Angola

Cessar-fogo em Angola
anunciado em Luanda !


Era quarta-feira e a melhor notícia chegava de Luanda, onde, segundo o Diário de Lisboa,  «desde as zero horas de hoje está em vigor um cessar fogo entre guerrilheiros do MPLA e os militares da FNLA». O acordo fora acertado na véspera, numa reunião da Comissão Nacional de Defesa, presidido pelo novo Alto Comissário  - o general Silva Cardoso.
Nem tudo eram boas notícias: havia também a da explosão de uma bomba na redacção do «Jornal de Angola» (o até aí «A Província de Angola»). Com portas e janelas destruídas e elevados prejuízos, mas com apenas dois feridos: um polícia e um tipógrafo. A rotativa ficou «completamente destruída». O jornal era «afecto» à FNLA, pelo que não seria difícil «desconfiar» de quem terá partido a explosão da bomba.
Não havia notícias de confrontações armadas, mas os 600 homens da FNLA continuavam no Forte de S. Pedro da Barra - que no domingo anterior tinha sido «palco de intensa batalha»
Os comandantes Almeida e Brito, do BCAV.
8423, e José Manuel Cruz, da 2ª. CCAV. 8423

Forças Armadas
prontas a intervir 

A FNLA voltou a acusar as Forças Armadas Portuguesas, que «ajudaram o MPLA nas confrontações com a FNLA» e, por este registo, se pode imaginar como o movimento de Holden Roberto olhava e desconfiava, e ameaçava, os Cavaleiros do Norte do comandante Almeida e Brito, as únicas NT no território uíjano - onde derrotaram e expulsaram o MPLA.
O Diário de Lisboa desse dia 23 de Julho de 1975 noticiava que «as Forças Armadas Portuguesas estão prontas a intervir para impedir o possível avanço das tropas da FNLA sobre Luanda, dominada pelo MPLA desde os violentos combates do princípio do mês» e um porta-voz militar português, citado pelo mesmo vespertino de Lisboa, dava conta que «se a FNLA marchar sobre Luanda, os combates poderão alastrar para as zonas centrais da capital, em vez de se confinarem aos seus subúrbios, com até agora».
João P. Silva

Silva de Zalala, 68
anos em Vila Verde!

O soldado João Pereira da Silva, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 24 de Julho de 2020.
Atirador de Cavalaria de especialidade, foi Cavaleiro do Norte de Zalala, Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, por lá conhecido como João Pereira,
Regressou a Portugal a 9 de Setembro de 1975, fixando-se em Assento, lugar da freguesia de Lage, em Vila Verde. Esteve alguns anos emigrado em França e agora reside em Moure, também em Verde Verde.
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns! 

quarta-feira, 22 de julho de 2020

5 126 - Reunião com FNLA para as NT saírem de Carmona! Queixas e ataques...





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Comício da FNLA em Aldeia Viçosa, entre 1974/75, data desconhecida. A foto é do furriel Carlos 
Letras, da 2ª. CCAV. 8423, sendo notória a participação de jovens, aqui a entoar o Hino da FNLA
O quartel do BC12, à saída de Carmona na estrada
 para o Songo,  último espaço do BCAV. 8423 e da
presença militar portuguesa no Uíge angolano

Os dirigentes da FNLA reuniram-se a 23 de Julho de 1975 com «os comandos militares de Carmona», para analisar e discutirem a situação  política e  os vários incidentes desse mês.
Eram vários e vale a pena recrordar alguns:  cerco ao quartel do Negage, onde estava a CCAÇ. 4741, e pedido de armas (a 13), afirmações no comício da movimento, envolvendo dirigentes e militares do seu ELNA (nesse mesmo dia), o afluxo de refugiados da FNLA a Carmona (começado a 14) e pedidos de armas no BC12, rejeitado pelo comandante Almeida e Brito (a 15).
Outro preocupante problema era o da saída dos MVL´s, impedidos a 13 e 21 de há 45 anos e que, segundo o relato do HdU, «culminaram com as imposições feitas» na referida reunião de 23 de Julho seguinte, com os vários comandantes militares portugueses. Que, obviamente, não foram aceites, fosse quais fossem - o HdU não as discrimina.
A Zona Militar Norte (ZMN) em Carmona

Cavaleiros «perigosamente
alvo das queixas e ataques da FNLA»

Os Movimentos de Viaturas Ligeiras (MVL) de Carmona para Luanda foram impedidos de sair a 13 e 21 de Julho de 1975, há 45 anos, e a situação motivou muito mau-estar na guarnição dos Cavaleiros do Norte, pouca disposta (nada disposta...) a ceder à «ressaca da FNLA», no território do Uíge, face «aos desaires de Luanda, Salazar e Malanje».
O tenente-coronel Almeida e Brito não era comandante militar para aceitar qualquer tipo de imposições, mas tinha, porém, ordens a cumprir do Comando do Sector do Uíge (CSU) e outros comandos militares de Carmona, mas tamb+em sabia, e isso era certinho como um relógio suíço, que os seus homens cumpririam o que ordenasse.
Não teriam hesitações, não recuariam a nada, para defender a soberania portuguesa e a segurança de pessoas e bens, enquanto Portugal a detivesse em território angolano, apesar de serem «perigosamente alvo das queixas e ataques da FNLA», queixas que o livro «História da Unidade» recorda, acrescentando que os homens da Holden Roberto reivindicavam «os desequilíbrios de outros locais - fosse Luanda, fosse Salazar ou Malanje, ou qualquer localidade do imenso território angolano.
O Uíge, recordemos, era «a terra da FNLA» e o HdU também lembra que os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, por esse tempo de há 45 anos, «mais do que nunca, estão a viver no reino da FNLA, isoladas, preocupadas, e quase sem encontrar motivações justificativas da sua estada no Uíge».
Não foram fáceis tempos!
Luciano Borges Gomes,
1º. cabo em 1974/1975
O Luciano B. Gomes e
esposa, imagem de 2016

Luciano, 1º. cabo, 
68 anos em Leiria!

O 1º. cabo Luciano, da CCS do BCAV. 8423, a do Quitexe, festeja 68 anos a 22 de Julho de 2020.
Luciano Borges Gomes foi mecânico de armamento ligeiro e natural do Arnal, na Maceira Liz, em Leiria, lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua  jornada angolana do Uíge.
Fundador em 1980 - já lá vão 40 anos!... -, é administrador da FAMPLAC, empresa de moldes e equipamentos tecnológicos de última geração, com mais de 60 técnicos qualificados e  instalações fabris no lugar do Telheiro, na estrada para a Marinha Grande, em Maceira,  Leiria. 
Lá mora, hoje em férias de trabalho para celebrar o seu natal d´amor..., e para lá vai o nosso abraço de parabéns!
Esposa e filho do
Louro (em 1974),
quando estava
em Angola
José Louro,  1º.
cabo, em 1974

Louro, 1º. cabo sapador,
faleceu há 12 anos !

O 1º. cabo sapador  Louro, da CCS do BCAV. 8423, faleceu há 12 anos, a 23 de Julho de 2008, de suicídio.
José Adriano Nunes Louro regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se no Casal do Pinheiro, freguesia de Casais, concelho de Tomar e por lá fez vida  como operador de máquinas retro-escavadoras. O seu único filho é o sargento ajudante Sérgio Manuel Braz Louro, de Administração Militar, e há 12 anos, uma doença cancerosa «roubou-lhe» a esposa, deixando-o mergulhado na dor da viuvez. Logo depois, foi-lhe diagnosticado problema de saúde igual, o que o «levou» à media limite: o suicídio. A 23 de Julho de 2008 e deixando uma carta a explicar a sua dramática e íntima decisão: «Para não sofrer e não fazer sofrer a família». 
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!