sábado, 31 de outubro de 2020

5 231 - O abandono de Zalala, Santa Isabel e Liberato! O ELP e África do Sul!

 


O 1º. sargento José Claudino Luzia, da CCS dos Cavaleiros 
do Norte do BCAV. 8423, no bar do Quitexe, ladeado pelos 
furriéis milicianos José Monteiro (à esquerda) e Viegas
Os furriéis milicianos Letras e Mourato

O mês de Outubro de 1974 chegou ao fim, numa altura em que já estava pré-anunciado o «abandono, por parte da autoridade militar, das Fazendas Zalala, Santa Isabel e Liberato, as quais desde 1962 estavam militarmente ocupadas».
A muito, mas mesmo muito desejada «operação de retracção do dispositivo militar» era cada vez mais expectada, principalmente «operada face ao cessar fogo anunciado pelos três partidos emancipalistas de Angola» - a FNLA (que, principalmente, operava na ZA dos Cavaleiros do Norte e Norte de Angola), o MPLA e a UNITA.
A formação de um Governo de Transição, ao mesmo tempo, parecia iminente e era essa a manifesta vontade dos três movimentos. Agostinho Neto, presidente do MPLA, anunciava isso mesmo, em Kinshasa, e já para Novembro, assumindo «formar uma frente unida com a FNLA» - rejeitando ambos ligações com a UNITA, movimento que «não é reconhecido pela OUA».
Ao mesmo tempo, Daniel Chipenda, líder de uma das facções dissidentes do MPLA, afirmava em Kinshasa que «o dr. Agostinho Neto não tem representatividade para concluir um acordo de cessar-fogo com as autoridades portuguesas». Mas o Daily News, órgão do Governo da Tanzânia, escrevia que Daniel Chipenda era «um homem traiçoeiro e ambiciosoque há muito que deveria ter sido expulso do MPLA, que procura impedir a maré de libertação que está a subir cada vez mais em Angola».  Acrescentava que «já há muito deveria ter sido expulso do MPLA, não fossem as qualidades de moderação do dr. Agostinho Neto».
Há 46 anos, expectava-se a formação de
um Governo de Transição de Angola.
A notícia 
é da 1ª. página do Diário de
Lisboa de 31 de 
Outubro de 1974

ELP e África do Sul,
«fantoches» de FNLA e UNITA

Um ano depois, o dia da independência estava cada vez mais à porta e, no plano político-militar, a situação angolana não registou «alterações assinaláveis nas frentes Sul e Norte, nas últimas 24 horas». 
A Sul, Moçâmedes e Sá da Bandeira, todavia, «continua(va)m ocupadas» e a situação, segundo o Diário de Luanda, «mantém-se grave». 
«As forças das FAPLA continuam a desenvolver acções do tipo guerrilha contra o inimigo, registando-se ampla participação da população local», noticiava o DL, acrescentando que «as forças do ELP e da África do Sul, constituindo uma ponta de lança dos fantoches da FNLA e da UNITA, parecem tentar um avanço sobre o Lobito, dividindo-se em duas colunas: uma localizada na estrada marginal e outra deslocando-se pelo interior».
Assim ia Angola, há justamente 45 anos, em vésperas da anunciada independência de 11 de Novembro de 1975!
Freitas Ferreira

Furriéis Letras, Mourato
e Freitas Ferreira

Os furriéis milicianos Letras, Mourato (foto em cima) e Freitas Ferreira deixaram Aldeia Viçosa por razões diferentes, a 31 de Agosto de 1974 e os três para Luanda.
O Letras e o Mourato ficaram «a aguardar transporte para a Metrópole», onde vinham gozar «a sua licença disciplinar».  
O Freitas Ferreira por ter sido colocado na 1ª. Repartição do Quartel General, por «ter sido julgado para os SAE e por tal reclassificado com a especialidade de amanuense», depois do acidente que teve no Piri , a 1 de Julho de 1974.
Adélio Silva

Adélio, o PM de Zalala,
68 anos em Alcobaça !

O soldado Adélio, da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, está em festa no 31 de Outubro de hoje, ano de 2020: comemora 68 anos  
Adélio Jacinto Coelho da Silva era atirador de Cavalaria e conhecido por PM, natural e residia em Pataias, no concelho de Alcobaça, onde nasceu a 31 de Outubro de 1952.
Lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão em Angola e dele nada mais sabemos, mas saudamos o dia com abraço de parabéns!

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

5 230 - Contra-subversão no Quitexe e o «aparecimento» do clarim/cozinheiro Graciano Queijo!

 

Graciano Purificação Queijo, soldado clarim da CCS, faleceu há 7 anos, a 30 de Outubro 
de 2013. Aqui nesta imagem, podemos recordá-lo na festa dos seus 60 anos, no Lar Padre
 Tobias, de Samora Correia, que o acolheu



Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423: o
soldado António Silva (que hoje festeja 68 anos), o
1º. cabo Pais, o furriel miliciano Cruz e o 1º. 
cabo Tomás. Quitexe, em 1974 


O comandante do BCAV. 8423, o tenente-coronel Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, oficial de Cavalaria, há 46 anos e mais uma vez, reuniu a Comissão Local de Conta-Subversão (CLCS) do Quitexe, para analisar a situação política e militar da Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte.
Ao tempo, este tipo de reuniões repetia-se com alguma frequência e a deste dia era já a terceira de Outubro desse agora distante 1974, depois das que, sempre no Clube do Quitexe, já se tinham realizado a 3 e 16.
Ao mesmo tempo e por esse distante tempo,  continuavam as actividades de acção psicológica, de que era responsável o alferes miliciano José Leonel Hermida, oficial de transmisssões - com futebol e cinema no programa oficial da unidade de Cavalaria que pelo Uíge angolano cumpria a sua jornada africana de Angola. 
Graciano Queijo numa das
suas últimas festa de anos

O clarim e cozinheiro
Graciano Queijo !

Anos depois, já em 2013, tivemos (menos boas) notícias de Graciano da Purificação Queijo, que foi clarim dos Cavaleiros do Norte e «dono» de um nome tão original que nunca se nos varreu da memória.
O Graciano nasceu a 28/09/1952, em Vilarelhos, concelho de Alfândega da Fé, e de lá partiu para a tropa, que que voltou de Angola a 8 de Setembro de 1975. Trabalhou na construção civil, mas um acidente de trabalho limitou-o bastante, fracturando-lhe as pernas. Deixou de poder trabalhar e o alcoolismo «matou-lhe» qualidade de vida. Chegou a viver em situações habitacionais muito precárias, mas em 2002, tinha 50 anos, começou a ser apoiado pelo Centro Bem Estar Social Padre Tobias.
Passou a receber o rendimento social de inserção e beneficiou de um trabalho de recuperação dos técnicos da Câmara Municipal de Benavente, Segurança Social e CBES Padre Tobias, de Samora Correia. Frequentou consultas de alcoologia e deixou de consumir.
Tendo em conta a precariedade da habitação, foi integrado em lar, em 2009. E antecipadamente reformado, por invalidez.
Em 2011, foi-lhe diagnosticado um tumor no esófago, tendo sido seguido no IPO de Lisboa. Foi operado e realizou quimioterapia e radioterapia. Mais tarde, surgiu novo tumor na laringe - ao qual não resistiu. Faleceu a 30 de Outubro de 2013!
Hoje o recordamos com saudade! RIP!
António Silva e esposa
em encontro da CCS
do BCAV. 8423


António Silva, rádio-montador do
Quitexe, em festa de 68 anos !

O Cavaleiro do Norte António Silva, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423 está hoje em festa: faz 68 anos!
António Jesus Pereira da Silva foi rádio-montador, no vila do Quitexe, e é natural de Santa Eulália, freguesia de Oliveira do Douro, onde regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua e nossa jornada africana do Uíge angolana. Vive em Vila Nova de Gaia, onde hoje almoçou a festejar da já provecta idade, de boa saúde e disposição. Com ele acabámos de falar.
É participante habitual dos encontros da CCS e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

5 229 - Apresentação de 6 combatentes da FNLA! A rádio dos «mercenários» em Carmona!


O furriel miliciano Viegas, da CCS, na entrada da vila do Quitexe, em imagem de 24 de
Setembro de 2019, aquando da sua passagem pelas terras da jornada africana dos Cavaleiros
 do Norte do BCAV. 8423

Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo, na saída
saída para Camabatela, a 24 de Setembro de 2019

Há 46 anos e pelas bandas do Uíge angolano por onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, o acontecimento de «maior relevo» do dia 29 de Outubro de 1974, foi a apresentação, no Quitexe, de «um grupo de 6 elemento armados da FNLA, dizendo pertencerem ao «quartel» Aldeia e comandados pelo sub-comandante João Alves».
A apresentação não foi surpresa de maior para a guarnição (e muito menos para os oficiais do Comando do BCAV.) e foi feita por volta das 17,30 horas da tarde, já com a noite angolana a entrar. 
«Contactaram, neste Comando, o Comandante do BCAV. e a autoridade administrativa local, com vista ao esclarecimento de actividades na Serra do Quibinda», reporta o livro «História da Unidade», precisando que os apresentados, e quanto a tais actividades, «julgavam ser das NT mas que facilmente se concluíram ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT».
O Tribunal Militar do Uíge, que foi sede
da Zona Militar Norte (ZMN) e Comando 
do Sector do Uíge (CSU)

Rádio dos mercenários,
a FNLA, em Carmona !

A 29 de Outubro de 1975, há 45 anos, a
 informação não era tão rápida, como hoje, e a leitura dos jornais vespertinos era a melhor forma de ter alguma actualização sobre o que se passava em Angola.
Aparecerem, finalmente, notícias de Carmona: 
«A rádio dos mercenários, localizada em Carmona, capital da província do Uíge, para esconder as pesada derrotas sofridas na frente do Caxito, anuncia que os mercenários retiraram porque tinham de poupar o povo, que já não tinha comida em Luanda, nem água»
Por mercenários entenda-se, na linguagem do MPLA, as forças da FNLA e quem a apoiava.
«Foi a UPA/FNLA que enviou água para Luanda, em aviões da Cruz Vermelha, para que o povo não morresse de sede», escrevia do Diário de Lisboa, por despacho do Diário de Luanda, dando voz à rádio que emitia a partir de Carmona.
Ao tempo, estava-se a 13/14 dias da independência e não havia forma de achar notícias de Carmona. Apareceram na edição do Diário de Lisboa desse dia.
«Na Frente Norte, há a registar o recuo da formas mercenárias do ELNA e zona de confrontações no triângulo Barra do Dande-Caxito-Libongos. Dada a contra-ofensiva desencadeada pela forças populares, as forças mercenárias abandonaram as suas posições naquela zona, tendo-se retirado para posições próxima do Ambrizete. Inclusive, as forças que possuíam no Ambriz foram igualmente concentradas naquela região», reportava o jornal, comummente conhecido como afecto às posições do MPLA.
Esta retirada, porém, poderia significar «o reagrupamento de efectivos», dado que, e continuo a citar o DL, «as forças mercenárias sofreram pesadas perdas em homens e material de guerra». Ontem mesmo, adiantava o jornal, «após violentos combates na 1ª. Região Militar (do MPLA), as forças mercenárias deixaram no terreno dois blindados zairenses e os seus ocupantes».
As linhas de confrontação situavam-se na zona de Santa Eulália e havia já, notava o DL, «unidades das forças regulares localizadas em Camabatela» - que fica(va) muito perto do Quitexe.
Horácio Carneiro

Carneiro de Zalala, 68
anos na Póvoa do Lanhoso!

O soldado Horácio do Sacramento Lopes Carneiro, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 68 anos a 30 de Outubro de 2020.
Integrou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano Carlos Sampaio (e com os furriéis Plácido Queirós, Eusébio Martins e Mota Viana - depois João Rito) e é natural de Pousadela, lugar da freguesia de Monsul, na Póvoa do Lanhoso. Lá regressou no dia 9 de Setembro e seguiu vida como emigrante, por terras da Suíça.
Agora já aposentado, mora na sua terra natal e e para lá, e para ele, vão os nossos parabéns!

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

5 228 - Comandante no Sector do Uíge e golpe separatista do tipo rodesiano


Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423. De frente, os furriéis milicianos Rocha e Fonseca
 (que hoje festeja 69 anos), ambos de bigode, Viegas, Belo (de óculos) e Ribeiro. De costas,
Monteiro, Cândido Pires, Machado e Dias


O comandante Almeida e Brito, ladeado pelo
alferes João Machado, à esquerda, e capitão
miliciano José Manuel Cruz comandante
da 2ª. CCAV. 8423

O comandante Carlos Almeida e Brito, há 46 anos e no dia 28 de Outubro de 1975, deslocou-se a Carmona para mais uma reunião no Comando do Sector do Uíge (CSU), certamente para planificar a já a anunciada rotação dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
«Contactos operacionais» era a justificação oficial da visita de trabalho, na qual o tenente-coronel e oficial de Cavalaria que liderava a guarnição sedeada na vila do Quitexe se fez acompanhar de vários oficiais da CCS e certamente tendo em conta a desativação da Companhia de Caçadores 209, do Regimento de Infantaria nº. 21 8de Nova Lisboa) aquartelada na Fazenda do Liberato, e a saída da BCAÇ. 4145 de Vista Alegre.
«O MPLA progride nas três frentes», noticiava o
Diário de Lisboa de 28 de Outubro de 1975, sobre
a situação militar em Angola

Golpe separatista
do tipo rodesiano

Ao mesmo tempo, em Luanda e em declarações ao jornal «A Província da Angola», Rosa Coutinho afirmava que «gorou-se uma conjuntura para um golpe separatista, do tipo rodesiano». A conspiração, segundo disse, partira de «forças reacionárias que tentaram em Lisboa um golpe, durante os acontecimentos que levaram à renúncia de António Spínola à Presidência da República».
Um ano depois, com o dia da independência (11 de Novembro) cada vez mais próximo, o MPLA progredia nas três principais frentes de combate. O Diário de Lisboa, em serviço especial do Diário de Luanda, dava conta do «avanço das forças populares sobre o Huambo» e de, após «violentos combates», tomaram Cela «de assalto» - cidade a 180 quilómetros de Nova Lisboa, na estrada para Luanda. E avançavam na estrada do Lobito para Nova Lisboa, tomando Quimbale, a 30 quilómetros da Alto Hama.
A sul, as forças da FNLA/UNITA, com mercenários, foram cercadas pelas FAPLA, na zona de Sá da Bandeira. A Norte, a situação continuava «praticamente estacionária», até com alguma «descompressão militar no triângulo Libongos/Caxito/Barra do Dande, dado o recuo das forças invasoras para a linha Sasso/Caxito».
As forças do MPLA, a esse tempo, prosseguiam o avanço, com «o objectivo de desobstruir a estrada Caxito-Úcua-Piri». As forças da FNLA, recuadas, «lançam agora raids a partir do Ambriz, para defenderem o material pesado e as unidades que se encontram no terreno da luta».
O Uíje, terra da FNLA - dos «nossos» Quitexe, Aldeia Viçosa e Carmona (sem esquecer Zalala, Aldeia Viçosa, Vista Alegre) - o Uíge continuava fora dos noticiários. O que se passaria por lá?

Furriel José Fonseca

Furriel Fonseca, 68 
anos em Almada

O furriel miliciano Fonseca, da CCS do BCAV. 8423, festeja 69 anos a 28 de Outubro de 2020 e pelas bandas de Almada.
José Carlos Pereira da Fonseca nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Fátima, em Lisboa, e foi amanuense de especialidade  militar, um bom companheiro e dono de cultura geral, que o tornava gente maior da guarnição do Quitexe.
O Fonseca sempre nos ia dizendo, no intervalo do seu trabalho no edifício do comando do BCAV., que quando viesse de férias não voltava. E a verdade é que não voltou. Sabemos que trabalha na área da contabilidade (é revisor oficial de contas) e que mora pelas bandas de Almada, para onde vai o nosso abraço de parabéns!


Moreira de Santa Isabel, 68
anos pelas bandas do Sado !

O 1º. cabo José Fernando Pratas Moreira, da 3ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 28 de Outubro de 2020.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, foi Cavaleiro do Norte de Santa Isabel, Quitece e Carmona, regressando a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixando-se nas Estradas Santas do Bairro da Linha, em Setúbal - onde ao tempo já residia.
Sabemos que trabalha na área comercial de máquinas e equipamentos industriais, vivendo agora no Bairro da SAPEC, também em Setúbal. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 27 de outubro de 2020

5 227 - Cinema nos Cavaleiros do Norte ! Mercenários da FNLA tiveram de recuar !


Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, em banho africano. 
A foto foi cedida por Zaida, filha do falecido 1º. cabo Simões, de Santa Isabel.
Quem ajuda  identificar estes companheiros? 

O Clube do Quitexe, em imagem do dia 24 de 
Setembro de 2019. Há 46 anos, ali eram 
exibidos filmes do BCAV. 8423

Outubro de 1974, há 46 anos!
A jornada africana do Uíge angolano dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, pelas bandas do Quitexe, de Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isael, vista Alegre/Ponte do Dange e Liberato, ia mais ou menos pacífica. Ainda que sempre preocupante!
Serviços de ordem, patrulhamentos e escoltas era «dia-a-dia» quase regulamentar, alimentado na expectativa do regresso a Portugal - que, todavia, só aconteceria quase um ano depois, entre 8 e 11 de Setembro de 1975. Mal imaginaríamos!
Estavam já anunciadas as rotações de algumas companhias dos Cavaleiros do Norte e, ao mesmo tempo, rodava um filme por todas as subunidades, começando no Clube da vila, a 10 de Outubro e até 23 passando por Zalala, por Aldeia Viçosa, por Santa Isabel e por Vista Alegre - projecção «completada em actividade orientada para as populações» (civis), com nova projeção no Quitexe, no dia 29.
A projeção era assegurada, vale a pena recordar, pelo que valeu, ao 1º. cabo Rodolfo Tomás, especialista como rádio-montador (militar), mas também conhecimentos técnicos (civis) na área da projeção de filmes. O que, de resto lhe valeria louvor militar.
 
Notícia do Diário de Lisboa

Mercenários da FNLA
tiveram de recuar !

Um ano depois, a 27 de Outubro de 1975 e com o dia da independência de Angola cada vez mais próximo, não paravam as confrontações. 
Os Cavaleiros do Norte já tinham regressado a Portugal e, pela leitura do Diário de Lisboa deste dia, soube-se que «Sá da Bandeira é terra de ninguém» e que, a norte, o MPLA tende a controlar a área do Caxito, «depois da grande ofensiva desencadeada (...) na passada 5ª.-feira»O dia 23 de Outubro.
«Os mercenários da FNLA tiveram de recuar para posições que neste momento se situam nas proximidades da Fazenda, portanto a cerca de 10 quilómetros do Caxito», relata o Diário de Lisboa do dia, indicando também que «a descompressão da zona é evidenciada pelo facto de as FAPLA terem autorizado os jornalistas da deslocarem-se de novo a frente do combate» - o que estava proibido desde há 3 dias.
Por cá, no mesmo dia, a Escola Prática de Cavalaria anunciava a prisão de vários militantes da LUAR, na Azambuja, Almeirim, Alpiarça e Cartaxo. Milhares de panfletos do MDLP, assinados por Alpoim Galvão, anunciavam «a derrota do comunismo e a hora da libertação», apelando também à «mobilização contra as forças da FUR».
Fazenda de Zalala

Soares de Zalala
faleceu há 16 anos !

O soldado Américo Rocha Soares, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, faleceu a 27 de Outubro de 2004, aos 52 anos . Há 16 anos!
Atirador de Cavalaria de especialidade militar da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua terra natal da freguesia de Cabeça Santa, em Penafiel. Pouco mais sabemos dele, a não ser que nasceu a 29 de Janeiro de 1952, naquela localidade penafidelense.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

5 226 - O desarmamento dos milícias ! Combates a evoluir para o lado do MPLA!

Grupo de regedores do norte de Angola (foto da net).  Regedor era o soba grande, o 
chefe dos sobas nas aldeias em Angola, nos tempos coloniais
 
Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo. À direita,
o edifício da secretaria da CCS e Casa dos Furriéis.
Mais à frente, cor de rosa, a messe de oficiais


A 26 de Outubro de 1974, já lá vão 46 anos das nossas vidas e pelas bandas do Quitexe angolano, «foi realizada uma reunião com os regedores, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias». 
A operação de desarmamento tinha começado a 21 de Outubro e «não teve boa aceitação por parte dos povos, nomeadamente dos postos-sede», no Quitexe e Aldeia Viçosa. 
Os milícias apresentados, sabia-se, viviam «em contacto permanente, quase geral há largos anos» com o IN. E também se sabia que «salvo honrosas excepções, as milícias não tiveram actuações de vulto em defesa dos seus aldeamentos». Todavia, acrescenta-se no «HdU», «mesmo assim, argumentam os povos que esses núcleos armados são a melhor defesa às acções de depradação e exigência do IN».

Combates a evoluir
para o lado do MPLA

Um ano depois, já no 1975 de há 45 anos e em vésperas da independência, «os combates prosseguiam ininterruptamente», na zona de Sá da Bandeira e desde o dia 24, «sendo difícil avaliar as posições das forças em presença», como relatava o Diário de Lisboa desse dia. 
No centro norte, zona do Caxito, informava o jornal que «a situação evolui favoravelmente para as FAPLA» - o exército do MPLA.
O jornal dava igualmente conta que «os dois batalhões do Exército de Libertação de Portugal (ELP), juntamente com os mercenários sul-africanos e elementos da FNLA e da UNITA envolvidos nas frentes de Sá da Bandeira, são chefiados pelo «comandante» Roxo, que se distinguiu pelas atrocidades cometidas contra a população civil moçambicana durante a guerra colonial».
A independência de Angola estava a 16 dias!

Notícia do Diário de Lisboa de 26 de Outubro
de 1974, com declarações de Agostinho Neto,
presidente do MPLA: «Chegaremos a uma frente
comum para a independência de Angola»



Esforços para a unidade
e para a independência


O dia foi também tempo de, em Luanda e em entrevista ao jornal «O Comércio», o presidente Agostinho Neto (MPLA) dar conta de terem sido feitos «esforços para a unidade» e de acreditar que «chegaremos ao momento em que todos nos uniremos numa frente comum para a independência do nosso país, pois o nosso desejo é sempre o de colaborar com todas as forças patrióticas».
Agostinho Neto negou ter estado com Jonas Savimbi (presidente da UNITA), mas considerou que «estamos a estudar o problema da UNITA, pois existem graves acusações sobre o seu presidente, feitas até por militares». Mal se adivinharia o que se passaria um ano depois, em vésperas da independência.
Manuel Alcides Eira,
2º. sargento enfermeiro



Eira, 2º. sargento, 77
anos em Vila Real !

O 2º. sargento Eira chegou a Aldeia Viçosa e à 2ª. CCAV. 8423 em meados de Março de 1975, para a sua terceira comissão militar - a segunda em Angola.
Manuel Alcides da Costa Eira foi enfermeiro de especialidade e tinha cumprido a primeira comissão em Moçambique, como miliciano e entre 1966 e 1968, na zona de Niassa. Em 1971, partiu para a primeira comissão em Angola. A Angola voltou em 1975, para a 2ª. CCAV 8423, e, finda a jornada africana, prosseguiu carreira militar na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas. 
Agora aposentado e «achado» nas delícias dos prazeres caseiros, hoje festeja 77 anos em Vila Real. Parabéns!

domingo, 25 de outubro de 2020

5 225 - A rotação dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. Violentos combates e Uíge fora das notícias

Os furriéis milicianos Abrantes, Cândido Pires e Viegas, da CCS do BCAV. 8423, na aldeia 
do Talambanza, na saída do Quitexe para Carmona, do lado direito Imagem de
há precisamente 46 anos, a 25 de Outubro de 1974

 
A entrada de Vista Alegre, do lado de Luanda e na 
Estrada do Café. Foto de 24 de Setembro de 2019




A remodelação do dispositivo dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 foi conhecida a 25 de Outubro de 1974, há 46 anos. Dia em que, em Carmona, o comandante Almeida e Brito teve mais uma reunião no Comando do Sector do Uíge (CSU).
A CCAÇ. 4145, a de Vista Alegre e Ponte do Dange, ia regressar à sua sede, no Comando de Sector de Luanda - o que iria começar a 8 e se concluiria a 21 de Novembro; e a CCAÇ: 209/RI 21 iria voltar a Nova Lisboa e à sua unidade mobilizadora - a 8 de Novembro. Comandadas, respectivamente, pelos capitães milicianos Raúl Corte-Real e 
Victor Correia.
Outra medida prevista para «a acurto prazo» era a rotação da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e daqui para o Quitexe. E por consequência da saída da CCAÇ. 4145 de Vista Alegre, a rotação, para lá, da 1ª. CCAÇ: 8423 n- o que viria a acontecer entre 21 e 25 de Novembro.
A CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato, não foi substituída, lá se «fechando» de vez as instalações militares portuguesas.

A Estrada do Café, de Luanda a Carmona
 a actual cidade do Uíge

Violentos combates e
Uíge fora das notícias
68 anos na cidade de Braga!

O furriel miliciano Queirós, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala,  festeja 68 anos a 26 de Outubro de 2020.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se na sua natal cidade de Braga. Foi lá que fez vida, casou, foi pai e é avô, e onde sempre trabalhou, na área do comércio automóvel (técnico de vendas). E é lá que reside, agora já aposentado.
É para lá que vai o nosso abraço de parabéns! 

sábado, 24 de outubro de 2020

5 224 - Comandante em Aldeia Viçosa! Mobilização geral e intenso dia de artilharia!

 

Aldeia Viçosa, a 24 de Setembro de 2019. Ao fundo, a cor de laranja,  vê-se o que foi parte,
do aquartelemento da 2ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte, que o comandante Almeida
 e Brito visitou há precisamente 46 anos 

Os comandantes Almeida e Brito (BCAV. 8423)
e José Manuel Cruz (2ª. CCAV. 8423) 


Aos 24 dias de Outubro de 1974, há precisamente 46 anos, os jovens e garbosos Cavaleiros do Norte de Aldeia Vilosa foram anfitriões do comandante Carlos Almeida e Brito, que lá se deslocou em missão operacional.
A subunidade do BCAV. 8423,a Estrada do Café, era comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz e esta deslocação terá sido uma das várias vezes que o PELREC escoltou a comitiva liderada por Almeida e Brito, tenente-coronel de Cavalaria, e que incluía outros oficiais do comando do Batalhão de Cavalaria 8423 - certamente o capitão José Paulo Falcão, seguramente o alferes miliciano António Manuel Garcia (o «Ranger», comandante do pelotão de atiradores) e, porventura, o também alferes miliciano António Albano Cruz, da secção-au
to.
O «Diário de Lisboa» e
 as notícias de Angola.
Há 45 anos!


Mobilização geral e
intenso dia de artilharia

Um ano depois, já nós por cá refazíamos a vida (civil), passados à peluda, acompanhávamos à distância o agravamento da situação em Angola. 
O Diário de Lisboa de 24 de Outubro de 1975 (ver imagem ao lado) dava conta que o «MPLA fez uma mobilização geral», porque, e citamos, «Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo, a qual de processa em várias frentes». 
A frente norte, por exemplo, na área do Caxito, registou «um dia intenso de artilharia», ainda «mantendo-se sensivelmente as mesmas posições». O MPLA conservava «a cintura defensiva em torno de Luanda e prepara(va) o contra-ataque». Os combates desenrolavam-se em Quifandongo e Salassemas, Porto Quipiri e Morro da Cal. E anunciou «a libertação das áreas do Quizondo e Zemba, de onde os mercenários da FNLA goram expulsos».
«Diário de Luanda»
de 24/10/1975


A 17 dias da 
independência
e sem notícias do Uíge !

O (nosso) Uíge não aparecia em letras de imprensa, por esse tempo de há 45 anos.
Nada se sabia do que por lá se passava. Era o «feudo» da FNLA e «fechado» ás notícias, que (não) chegavam à Europa - não sabemos se, algures, «censuradas» por alguem.
Estávamos a dúzia e meia de dias (17) do anunciado dia da independência (11 de Novembro de 1975) e o ministro Victor Crespo, ouvido em Luanda - numa entrevista boicotada pela imprensa angolana - respondeu a um jornalista sobre a natureza progressista dos movimentos de libertação.
«É um problema que compete ao povo de Angola dar resposta e não ao Governo Português, que não pode nem deve definir a natureza dos movimentos de Angola», disse o ministro português da Cooperação.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

5 223 - O achamento do 1º. cabo Gabriel! O Governo de transição de Angola!


O 1º. cabo Gabriel Alves Mendes, Cavaleiro do Norte sapador da CCS do BCAV. 8423,
que tem andado por terras de França, pelos tempos de antes e depois da sua (e nossa)
jornada africana do Uíge angolano. Agora «achado» pelas virtu
des da net

Os alferes milicianos António Garcia e Jaime Ribeiro,
o capitão médico Manuel Leal e o tenente  Acácio
Luz, na messe de oficiais do Quitexe, em 19754/75

 
Portugal, tarde de 22 de Outubro de 2020. O telemóvel tocou aqui ao lado e, de França, chega-nos uma voz surpreendente, inescutada de há 45 anos, desde os tempos das terras uíjanas de Angola: a o 1º. cabo sapador Gabriel Alves Mendes.
«Voltei logo para França, já cá trabalhava antes da tropa, achei o blog na net e tive de vos ligar» disse-nos ele, depois, acrescentando de ter andado a «cuscar» este espaço de memórias dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. 
«Encontrei fotografias de tanta gente daquele tempo, ai quantas saudades eu sinto daquela malta toda...», disse ao blogger, a escutá-lo, também emocionado, do lado de cá da linha.
Gabriel Alves Mendes foi especialista como sapador do pelotão comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro. Ao tempo já casado e pai de uma menina (agora de um casal), regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, a Cortes do Meio, na Covilhã. E a França voltou, trabalhando uma vida n sector de produção de peças para automóvel.
«Fui supervisor na Oxford, da Wagon, agora já estou aposentado», contou-nos agora, de sorriso que adivinhámos rasgado e feliz, por reencontrar parte da sua família militar de Angola. Por lá e para além das funções de sapador de infantaria, as da sua especialidade militar, foi também padeiro e cantineiro, no bar dos praças do Quitexe. Além de tocador de viola, chegando a fazer coros instrumentais na Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe, ado padre Albino Capela!!!
«Tenho saudades, muitas saudades desse tempo, lembro-me muitas vezes dos alferes Ribeiro e Garcia. Soube que este já morreu, li no blog..., que pena!...», disse-nos pelo telefone, com emoção na voz e saudades a medrar-lhe na alma.
Fica a promessa, dele e nossa, de nos reencontrarmos no convívio de 2021.
«Estou reformado e foi acabar os meus dias nas Cortes do Meio. Lá vou voltar», disse-nos o Gabriel Mendes, por ora a morar na França que se acha a 80 quilómetros de Paris.
Grande abraço!
Notícia do Diário de
Lisboa de 23/10/1974,
há 46 anos !
Presidentes da FNLA,
MPLA e UNITA

O Governo de
Transição de Angola

A 23 de Outubro de 1974, há 46 anos e pelas bandas do Uíge angolano, na tranquilidade (expectante) da nossa jornada africana, continuavam os serviços habituais e o processo de desarmamento dos milícias. 
A grande esperança da guarnição tinha a ver com a anunciada formação do Governo de Transição, em Novembro seguinte.
A imprensa do dia dava conta do encontro da Delegação Portuguesa com a do MPLA, na véspera, a 60 quilómetros do Lucasse, no Moxico, que tornou oficial o cessar-fogo. 
O comodoro Leonel Cardoso, líder da delegação portuguesa, sublinhou a importância das negociações, que considerou «um passo largo para a paz em Angola». Agostinho Neto, presidente do MPLA, por sua vez, considerou que «os conflitos, os males, as diferenças que nos opõem, podem terminar, através do diálogo honesto e construtivo».
Ao tempo, a FNLA e UNITA já tinham assinado o acordo de cessar-fogo com as autoridades portuguesas e estas negociações com o MPLA, concretizadas, anteviam a formação de uma frente comum, através da qual, com o Governo de Lisboa, se prepararia a formação de um Governo de Transição de Angola.
Vale a pena recordar a formação das duas históricas delegações. A portuguesa, liderada pelo comodoro Leonel Cardoso, nº. 2 da Junta Governativa, com os Secretários de Estado Peres do Amaral e António Augusto de Almeida, os majores Emídio Silva e Pezarat Correia (do Movimento das Forças Armadas) e o governador do Moxico e comandante da Zona Militar Leste (brigadeiro Ferreira de Macedo). A do MPLA, por Agostinho Neto, Lúcio Lara, Iko Carreira, Carlos Rocha, Ludy, Pedro Tonha, Jacob Caetano, João Van-Dunem e Aristides Van-Dunem (do comité central), comandante Bolingo, Rui Sá e Francisco Paiva (comissários políticos).

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

5 222 - Frente comum angolana para negociar independência de Angola!

O furriel Viegas na Avenida do Quitexe, a 24 de Setembro de 2019, à frente da casa (verde)
 foi o bar e a messe de sargento da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. A casa
 cor de rosa, com a viatura branca à frente, era a da messe de oficiais 


Notícia do Diário de Lisboa sobre a
guerra civil angolana de há 45 anos



A 22 de Outubro de 1975, o Diário de Luanda dava conta de «descompressão na frente norte, onde se travam os combates mais intensos» da guerra que opunha MPLA e FNLA, na sequência da contra-ofensiva das FAPLA, que «fizeram recuar os importantes efectivos de mercenários, para posições a norte do rio Dange, 
Ração de combate do tempo da
guerra colonial, ainda embalada
em direção ao Caxito».
Mais para norte, ficavam Ponte do Dange, Vista Alegre, Aldeia Viçosa, Quitexe, Santa Isabel, Zalala, Songo e Carmona, terras por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte.
Agostinho Neto, presidente do MPLA, numa e entrevista nesse dia publicada no Diário de Lisboa, garantia (ver recorte ao lado) «a guerra de Angola na fase decisiva».
Os dias de Angola pelo dia 22 de Outubro de 1974, foram tempo de Daniel Chipenda, em Kinshasa, apelar às outras duas tendências do MPLA, no sentido de, com a UNITA e a FNLA, criarem uma frente comum «em vista das próximas negociações da independência de Angola com Portugal».
Chipenda liderava um terceira e anunciou o seu regresso a Angola, para «tratar separadamente com os portugueses», considerando que «os acordos de Brazzaville estavam há muito ultrapassados, já» devido ao que considerou «atitude de Agostinho Neto», que, segundo disse, «não conseguia reunir a direção provisória» do MPLA.
Ao mesmo tempo, o Governo Português continuou negociações com o MPLA - o único movimento que ainda não tinha declarado o cessar fogo.
O Jornal «A Província de Angola» desse dia dava conta que «um representante pessoal do dr. Agostinho Neto avistou-se no Luso com o número 2 da Junta Governativa», o comodoro Leonel Gomes Cardoso.
A UNITA, neste mesmo 22 de Outubro de há 46 anos e pela voz do presidente Jonas Savimbi, declarou que «só participaria no Governo se os outros dois movimentos de libertação participassem». Em entrevista ao semanário luandense «Semana Ilustrada», Savimbi explicou, por sua vez, que «como os outros movimentos não quiseram participar, o Governo de Transição não teria elementos dos movimentos».
Ao tempo, Holden Roberto, presidente da FNLA foi recebido por Mobutu Sese Seko, presidente da República do Zaire.
Pedrosa de Oliveira e
esposa em 2019


Pedrosa, alferes de Santa
Isabel, 69 anos em Leiria !

O alferes miliciano Luís António Pedrosa de Oliveira, da 3ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423, festeja 68 anos a 22 de Outubro de 2019.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel - e depois do Quiexe e Carmona - tinha a especialidade de atirador de Cavalaria e comandou um dos 4 Grupos de Combate da subunidade do capitão miliciano José Paulo Fernandes. 
Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixou-se na sua natal terra dos Marrazes, em Leiria, onde ainda vive e para onde, e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

5 221 - O desarmamento das milícias, em 1974! A ofensiva da FNLA contra o Caxito!

O PELREC da CCS do BCAV. 8423. De pé e da esquerda para a direita, Caixarias, 1º. cabo
Pinto, Marcos, NN, Florêncio, 1º. cabo Soares, Neves, Messejana e 1º. cabo Almeida. Em
baixo, Aurélio (Barbeiro), 1º.s cabos Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco, furriel
Viegas e 1º. cabo Vicente. Soares, Messejana, Almeida, Leal e Vicente já faleceram. RIP!!!

 
O tenente-coronel Almeida e Brito e o capitão
miliciano José Manuel Cruz, respectivamente
comandantes do BCA»V. 8423 e da 2ª. CCAV.
8423, a de Aldeia Viçosa
O tempo da jornada africana dos Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, pelo dia 21 de Outubro de 1974, foi tempo da operação de desarmamento das milícias que serviam as NT.

O tempo passa, a memória vai deixando para trás alguns pormenores, mas não deixa esquecer as dificuldades de tal objectivo, já que, no que à Zona de Acção do BCAV. 8423 do comandante Almeida e Brito, «não teve boa aceitação da parte dos povos, nomeadamente nos postos-sede» - os do Quitexe e de Aldeia Viçosa, como se lê no livro «História da Unidade».
«Sabe-se que os povos apresentados e a FNLA vivem em contacto permanente, quase geral há largos anos. Sabe-se até que poucas vezes, e salvo honrosas excepções, as milícias não tiveram actuações de vulto, em defesa dos seus aldeamentos mas, mesmo assim, argumentam os povos que esses núcleos armados são a sua melhor defesa às acções de depradação e exigência do IN», anota o «HdU»,  precisando que esse argumentos era «difícil de contrariar», já que «é impossível garantir a sua vivência pacífica, pois as NT não chegarão para superar todas as situações que se lhes apresentem». 
Compreende-se!
Um ano depois, e com o dia 11 de Novembro cada vez mais próximo (o da independência), o MPLA anunciava que «após violentos combates, os mercenários da UPA/FNLA/UNITA tiveram de abandonar as posições que ocupavam junto ao rio Dange, recuando para ao norte, em direcção ao Caxito».
Notícia do Diário de Lisboa de 21 de
Outubro de 1975 sobre a situação
político-militar angolana

Ofensiva da FNLA
contra o Caxito

O Diário de Luanda, em serviço para o Diário de Lisboa desse dia de há 45 anos, noticiava que «dada a violência dos combates, não é possível fazer uma pormenorizada descrição do que se passa, mas é de crer que a ofensiva desencadeada às primeiras horas de hoje, leve as FAPLA a recuperar o nó rodoviário do Caxito, no ponto de Sessa Mabubas, estrada que liga ao Ambriz e ao Piri».
As notícias da «nossa» ZA é que escasseavam. 
A 21 de Outubro de 1975, soube-se, todavia e através do DL, que as FAPLA (exército do MPLA) «tomaram ontem de assalto a povoação de Kiculungo, a cerca de 70 quilómetros de Camabatela, na estrada que liga ao Uíge e ao Negage». Camabatela fica(va) a uns 40 quilómetros do Quitexe.
A sul, «a situação mantém-se estacionária» e no Centro «a situação da cidade de Nova Lisboa é insustentável». A UNITA anunciou que ia encerrar as suas emissões, por «falta de energia» - o que significava, na leitura do MPLA, que «as forças mercenárias da UPA/FNLA/UNITA já não controlava a barragem do Biopio, na estrada que liga Nova Lisboa ao Balombo e Lobito».
J. Barreto


Barreto, furriel de Zalala, 69
anos em Baguim do Monte!

O furriel miliciano Jorge Manuel Mesquita Barreto, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 21 de Outubro de 2019.
Cavaleiro do Norte da mítica fazenda Maria João, a de Zalala, foi enfermeiro de especialidade militar e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se na sua natal e bairradina terra de Mira.
A vida profissional levou-o para o Porto, onde toda a vida foi trabalhou na área hospitalar. Agora já aposentado, mora em Baguim do Monte, município de Gondomar, para onde vai, e para ele, o nosso abraço de parabéns
Ag.  Moreira

Agostinho Moreira de Zalala,
bruxo de Rio de Moinhos,
assassinado há 11 anos!

O soldado Agostinho Mendes Moreira, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, foi assassinado a 21 de Outubro de 2009, na sua casa da Sobreira, em Rio de Moinhos, concelho de Penafiel.
Atirador de Cavalaria, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e dedicou-se a artes de bruxaria, aparentemente fazendo fortuna. Foi num assalto que foi assassinado, tinha 57 anos, solteiro e vivendo com um irmão, tendo os réus sido condenados a prisão efectiva. José Cardoso levou 20 anos, Ángel Hernández e 
Paulo Freitas foram condenados a 19. 
A juíza Isabel Peixoto deu como provado que os três deram «murros, pontapés e vergastadas» e «espezinharam» o Agostinho para o obrigar a revelar onde escondia o dinheiro. Abandonaram-no no exterior da casa, com fita isoladora a tapar-lhe a boca, o que viria a provocar-lhe a morte por asfixia.
Condenado a 8 anos de prisão foi João Ximenes, que ficou a vigiar com Paulo Renato Silva. Ernesto Costa, o mandante do crime, foi condenado a 6 anos de prisão pelos crimes de roubo agravado e detenção de arma proibida. Telmo Ferreira, acusado de ajudar o tio, Ernesto Costa, a planear o assalto, foi absolvido, o mesmo sucedendo com Fabiano Pinto, filho de José Cardoso.
Hoje e aqui o recordamos. RIP!!!