domingo, 11 de julho de 2021

5 489 - O assassinato de um taxista em Luanda! Perseguições com pistolas, caçadeiras e granadas!

Os furriéis milicianos Cândido Pires, sapador, que amanhã festeja 69 anos em Niza,
e Viegas, de operações especiais (Rangers), ambos da CCS do BCAV. 8423. Imagem de
25 de Outubro de 1974, com moradores do Talambanza, na Estrada do Café e
á saída do Quitexe para Carmona

Notícia do Diário de Lisboa de 12 de Julho de 1974, há 47
anos, sobre os incidentes da véspera e em Luanda


O assassinato de um motorista de táxi em Luanda, na noite de 10 para 11 de Julho de 1974, há 47 anos e no Cazenga, despoletou aqueles que, por terras angolanas, podem ser considerados os mais graves primeiros incidentes depois do 25 de Abril.
Até esse tempo!
«Provocou uma onda de indignação entre os profissionais da classe, extremistas brancos enfurecidos», noticiava o Diário de Lisboa, adiantando que «provocaram a morte de três pessoas, todos africanos negros, e 27 feridos, 12 dos quais em estado grave»
A manhã de 11 de Julho foi tempo para os motoristas e comerciantes brancos dos musseques protestarem junto ao Palácio do Governador e do Comando-Chefe, em Luanda, e «exigindo a sua proteção», que lhes foi garantida em comunicado do Secretário de Estado do Trabalho.
Entretanto, taxistas e camionistas dirigiram-se à Emissora Oficial e à Emissora Católica «com o intuito confessado de se manifestarem contra a conduta de dois conhecidos locutores, ambos angolanos» - Norberto de Castro e Sebastião Coelho - acusando-os de «incitarem a população negra contra a população branca», o que, do ponto de vista da reportagem do Diário de Lisboa, que citamos, «não tinha qualquer fundamento».
Sebastião Coelho

Fazer justiça pelas 
próprias mãos...

Exaltados, alguns deles invadiram os estúdios e tentaram localizar Sebastião Coelho, mas este já tinha fugido com outros colaboradores da estação - a Católica. 
Mais ou menos ao mesmo tempo, uma centena de outros populares dirigiu-se à Emissora Oficial e procuraram Norberto Castro, mas disso foram dissuadidos. Já á noite e no Cazenga, uns 30 a 40 brancos «armados de cacetes e punhais» concentraram-se no local onde foi assassinado o taxista - mandando parar todas viaturas que transportassem pessoas de cor. Amassavam as viaturas com os cacetes (destruíram 6) e ameaçavam as pessoas. As que conseguiam fugir «eram perseguidas a tiro de pistola».
A intervenção da polícia e do Exército fez desfazer a concentração, mas soube-se que outra surgiu no bairro da Cuca, com, referia o DL, «o intuito declarado de fazer justiça pelas  próprias mãos». Foi nesta zona que se registou o maior número de vítimas e onde «extremistas brancos, enlouquecidos, atacaram um autocarro, ferindo os passageiros e provocando o pânico». Usaram cacetes, pistolas, caçadeiras e granadas.
A crónica de Sebastião Coelho sobre estes incidentes pode ser lida AQUI
Furriel Cândido
Pires em 1974/75

Furriel Pires, sapador,
69 anos em Niza!

O furriel miliciano sapador Cândido Eduardo Lopes Pires, da CCS do BCAV. 8423, festeja 69 anos a 12 de Julho de 2021.
Cavaleiro do Norte com a especialidade de sapador, era, ao tempo de 1974/75, morador na Rua de Cabo Verde, no Montijo, e lá voltou a 8 de Setembro de 1975 - no final da comissão em Angola, pelas uíjanas terras do Quitexe e Carmona. Por lá fez vida e constituiu família mas a vida levou-o para a alentejana Niza, onde foi funcionário camarário - agora já aposentado
Participou no encontro de 3 de Junho de 2017, no RC4, e para Niza e para ele, nesta feliz data, vai, embrulhado em quitexanos afectos, o nosso abraço de parabéns!

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