sábado, 10 de julho de 2021

5 488 - Comandante no Quitoque e no Quimassabi !Daniel Chipenda em Carmona!

Cavaleiros do Norte rádio-montadores, da CCS: 1º. cabo Rodolfo Tomás,
furriel António Cruz, 1º. cabo António Pais (que hoje festeja 69 anos
em Atouguia da Baleia) e António Silva, na parada do Quitexe

O 1º. cabo António Pais, o furriel miliciano Viegas e
 o 1º. cabo Emanuel (emigrado nos Estados Unidos),
no Bar do Rocha, no Quitexe 


O comandante Carlos Almeida e Brito reuniu-se a 10 de Julho de 1974 com os povos do Quitoque e Quimassabi, no âmbito do programa de «mentalização das populações» para a nova realidade angolana - decorrente da revolução portuguesa, o 25 de Abril!
Quitoque e Quimassabi ficavam na Estrada do Café, na saída do Quitexe para Carmona, e foi numa delas que tive(mos) a «surpresa» de ver uma mulher negra a lavar roupa num riacho e a fumar, com a pirisca do cigarro virado para dentro da boca.
Já de relativamente avançada idade e de cabelos brancos, muito brancos..., 
Jovem mulher angolana com
o filho às costas (foto da net)
mostrava os peitos caídos por cima de um minúsculo trapo de roupa, de cinta nua..., e ria, ria, ria-se para nós, `gargalhada..., como que a desdenhar da nossa surpresa e espanto.
A passagem da tropa era-lhe perfeitamente indiferente!
Outra, entre várias outras mulheres, bem mais jovem, talvez com menos de 20 anos..., esfregava a roupa nas mãos e levantava-se a olhar-nos, mostrando-nos os seios nus, na maior das tranquilidades, depois abaixando-se no riacho e espreitando-nos de soslaio, sempre sorrindo de boca larga, de dentes de uma brancura surpreendente, mostrando o corpo aqui e ali adornado de colares e missangas. 
Lavava roupa mas, nas costas, pendurava uma criança - que se bomboleava aos balanços do corpo da mulher - certamente, a mãe! 
Tudo isto era estranho para nós, Cavaleiros do Norte do PELREC, idos da Europa e de outra civilização, lá chegados há um mês e ainda (e por muito mais tempo) a descobrir as duas gentes e os seus hábitos. 
Notícia do Diário de
Lisboa de 10/07/1974

MPLA acusa a FNLA,
liceus de Angola ocupados

O dia de há 47 anos, por Angola, foi tempo de o MPLA declarar «não estar disposto a negociar com a FNLA», enquanto este movimento, segundo Lúcio Lara, «não libertar cerca de 20 militantes detidos em Kinshasa».
Os militantes tinha sido detidos em Junho de 1973, na capital do Zaire de Mobuti Sese Seko (actual República Democrática do Congo), quando «tentavam a reconciliação entre os dois movimentos de libertação».
Lúcio Lara falava em Brazzaville e frisou que, neste quadro, «são impossíveis negociações reconciliatórias». Confirmou, todavia, que a FNLA «libertou 3 oficiais do MPLA, que seguiram para Lusaka».
Ao tempo e em Angola, «alastrava por todo o território» a greve dos estudantes, que ocuparam os liceus, «reclamando a reforma das presentes estruturas».
O movimento tinha apoio das associações de pais e os professores, segundo noticiava o Diário de Lisboa desse dia, «estão divididos, tendo enviado telegrama ao Presidente Spínola».

O Pais e a sua «mais-que-tudo»
no encontro de 2014, na
Lomba de Gondomar

Pais, 1º. cabo rádio-montador,
festeja 69 anos em Peniche

O 1º. cabo António Correia Lourenço Pais, da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, faz 69 anos a 10 de Julho de 2021.
Cavaleiro do Norte especialista de rádio-montagem, tambem passou por Carmona e é natural de Travassós de Baixo, na freguesia de Rio de Loba, em Viseu, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975 - quando terminou a sua (e nossa) comissão angolana.
Profissionalmente, foi electricista e picheleiro e lá viveu, até à aposentação - quando se mudou para Atouguia da Baleia, em Peniche. É para lá que vai o nosso abraço de parabéns, embrulhado no desejo de muitos mais e bons amos de vida.
Daniel Chipenda


Daniel Chipenda
em Carmona

A 10 de Julho de 1975, há 46 anos, Daniel Chipenda, ao tempo secretário geral da FNLA, deslocou-se a Carmona, onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, numa visita que, segundo a imprensa do dia, «poderia ser significativa».
A falta de pormenores, referia o Diário de Lisboa dessa tarde, devia-se ao «não funcionamento do sistema de comunicações com aquela zona, afectado desde os últimos incidentes e não mais reconstruído».
Daniel Chipenda visitou várias fazendas (estava-se na altura da apanha do café) e fez um comício no campo de futebol, com segurança feita pelos Cavaleiros do Norte e alguns elementos das Forças Militares Mistas. 
É desse comício um seu célebre grito: «Nós vai derrubar o estátua do branco?!!!», perguntava ele à multidão.
«Vaiiiiiiiiiiiiiiiii!!!....», gritava o povo, no estádio do Recreativo do Uíge.
«Nãããããããõoooooooo!!!!...», respondia ele. E explicava: «A estátua faz parte da nossa história....».
Anos mais tarde, tive ocasião, em Águeda, de estar com ele e de recordar este dia - de que se lembrava, embora, naturalmente, não tivesse a menor ideia da minha pessoa. Ver AQUI.

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