terça-feira, 31 de maio de 2022

5 819 - O dia 31 de Maio de 1974, o da partida da 1ª. BCAV. 8423! Duas baixas muito importantes no Batalhão!

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8413, a de Zalala: Almiro Brasil, furriel João Dias, alferes Lains
dos Santos, furriel Évora Soares, 1º. cabo Carlos Carvalho (enfermeiro) e António Lopes
(Famalicão, o Agra). Em baixo, Carlos os Costa e Fernando Silva
(Mamarracho), num passeio
às Quedas do Duque de Bragança
O 1º. cabo Jorge Silva e o alferes
miliciano Mário Jorge Sousa, ambos
da 1ª. CCAV. 8423
Davide Castro Dias,
comandante da 1ª.
CCAV. 8423


O dia de hoje, o dia 31 de Maio, pode associar-se a várias efemérides dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Disso fazendo memória, lembremos que, em 1974, a CCS, fazia o seu segundo dia de Angola, a 1ª. CCAV. aviava malas de Lisboa para Luanda e em Carmona (mas em 1975) faziam-se horas de aperto para os dramáticos incidentes que por aqui já várias vezes foram memoriados.
Hoje, pois, se fazem 48 anos sobre a histórica noite em que os zalalianos voaram de Lisboa para Luanda. Para uma jornada que seria de 15 meses.
Tenho memórias boas da malta de Zalala, logo do alferes Mário Jorge de Sousa Correia de Sousa (é assim mesmo, duas vezes Sousa). Fomos companheiros de Lamego, na formação das Operações Especiais (Rangers), no CIOE, e era fidalgo de bom trato e de quem perdi o rasto. Há para aí 2/3 anos, soubemos (via furriel João Dias) que está emigrado no Luxemburgo.
Depois, o imemorável Pinto, também companheiro da jornada lamecense. E a eles se juntaram, mais próximos, o Mota Viana (que também foi companheiro de Lamego), o Queiroz e o Rodrigues (falecido a 20 de Agosto de 2018, de doença e em Vila Nova de Famalicão), o Dias e o Aldeagas, o Barata (que a morte também já levou a 11 de Outubro de 1997, súbita e implacável) e o Vitor Costa (que em Santarém fora, como eu, militar da recruta de cavalaria). Também o Eusébio (falecido de doença em Belmonte, a 16 de Abril de 2014 e também de doença), o Louro, e se esqueço alguém, que me perdõe.
O dia 31 de Maio de 1974 era um sábado e nesse dia, no bairro da Cuca, localizei o conterrâneo Custódio Ferreira (há muitos anos emigrado nos Estados Unidos), ao tempo soldado sapador aquartelado no Grafanil e para quem, da mãe, levei chouriços e rojões.. Já lá vão 48 anos!!!
Alferes milicianos Jaime Ribeiro, Augusto
Rodrigues e José Alberto Almeida

Duas baixas muito
importantes no Batalhão!

O livro «História da Unidade» refere que o BCAV. 8423 «embarcou para a RMA quase completo». Faltavam pelo menos dois oficiais. E também alguns sargentos e praças.
O BCV. 8423 tinha «duas faltas importantes» - casos do 2º. comandante e do oficial de reabastecimentos. O primeiro, por ter sido «desviado para o Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, este por se encontrar com baixa ao Hospital Militar Principal».
Major de Cavalaria, José Luís Jordão Ornelas Monteiro, aposentou-se como tenente-coronel e faleceu a 16 de Julho de 2011, com 80 anos. Só seria substituído, no BCAV. 8423 e pelo capitão José Diogo da Silva Themudo, em Março de 1975.
O oficial de reabastecimentos era (mas não foi) o alferes miliciano Gaspar José F. Carmo Reis, que nunca chegámos a conhecer e foi «julgado incapaz para o serviço militar». Foi substituído, já em terras de Angola, pelo também alferes miliciano José Alberto Alegria Martins de Almeida, que, em rendição individual, chegou ao Quitexe em Julho de 1974.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

5 818 - A chegada da CCS a Luanda, há 48 anos! O encontro dos «zalalas» a 25 de Setembro de 2022!

 

O furriel Viegas, a 9 de Outubro de 2019 e na baía de Luanda, com a cidade ao fundo, mais de 45
anos depois da  chegada a Angola - que foi já 45 anos, a 30 de Maio de 1974
Cavaleiros do Norte numa esplanada de Landa, a 02/06/1974: os 1ºs.
cabos João Estrela, António Carlos Medeiros (falecido a 10/04/2003,

de doença e no Porto), Miguel Teixeira, Damião Viana (f. a 
28/02/2022, de doença e em Gondomar) e Vasco Araújo

Soares Vieira, o Vasquinho,


A CCS do BCAV. 8423 aterrou no aeroporto internacional de Luanda ao princípio da manhã de 30de Maio de 1974. Hoje se fazem 48 anos!
O voo foi nocturno e, vagamente, lembro-me de o  
 piloto ter dado conta, na viagem por cima dos mares de África, de termos sobrevoado os céus de Bissau, de que se via a iluminação! SeriaA CCS do BCAV. 8423 aterrou no aeroporto internacional de Luanda ao princípio da manhã de 30de Maio de 1974. Hoje se  fazem 48 anos!

O voo foi nocturno e, vagamente, lembro-me de o piloto ter dado conta, na viagem por cima dos mares de África, de termos sobrevoado os céus de Bissau, de que se via a iluminação! Seria!
Ainda dormitei e não tardou a que o avião dos TAM nos deixasse ver o esplendor da baía luandina e a cor vermelha do chão de Angola, nos mostrasse os musseques e a cidade enorme, a espreguiçar-se e abrindo os olhos para um novo dia de trabalho.
Aquela metrópole enorme e moderna, de edifícios gigantescos e enormes avenidas a rasgar-lhe o ventre, a beleza deslumbrante da baía, a ilha que víamos encostada à cidade, todo aquele ar cosmopolita não nos parecia ser uma terra de guerra.

O aeroporto de Luanda em 1974

Do aeroporto
ao Grafanil !

O avião arredondou-se nos azulíssimos céus de Luanda, como quem batia a porta para dizer os bons dias, e os nossos olhos arregalavam-se de espanto. Nunca tínhamos visto mancha urbana tão grande, a não ser oito horas antes, quando levantámos voo de Lisboa e mal espreitámos a luz da noite da capital do império que se começava a desfazer.
Blusões fora e arrumado o meu no saco TAP vermelho, lá fomos para o Grafanil - onde ficámos até 5 de Junho. Era tudo novo para nós: o chão e os cheiros, a paisagem, as gentes que nos falavam, os sotaques, até a cerveja - que comprei com angolares que já levava e senti pouco forte. As cucas que bebemos eram leves a mais para os hábitos e paladares cervejeiros da então metrópole.
Um sargento nos apareceu, no aquartelamento do BCAV. 8423, de pasta debaixo do braço e ar de negócio fácil: queria fazer câmbio. Trocar, com farto lucro, escudos de Portugal pelos de Angola, os angolares.
Espantei-me quando, após três dedos de conversa, vim a saber, da boca dele, que teria estado na Escola Central de Sargentos, aqui em Águeda. E que, eventualmente, nos teríamos cruzado algumas vezes, no bar do Café Santos - onde se comiam excelentes bolos de bacalhau e bebiam taças de vinho branco. Não foi tal coisa suficiente, porém, para que fizéssemos negócio. Mas houve quem fizesse e com o 1º. sargento a ganhar o lucro dele.
Por nós, íamos descobrir Luanda. E visitar amigos que por lá faziam pela vida, sem sofrer os medos da guerra que lá nos levava! Era uma vida nova que se abria nos nossos dias. E de maneira se abriu! 
Ver AQUI e AQUI

Cavaleiros de Zalala em 2018


Cavaleiros de Zalala vão
encontrar-se em Fátima!

Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, vão reunir e confraternizar a 25 de Setembro de 202 e de novo na Quinta do Casalinho Farto, em Fátima.
A COVID 19 «interrompeu» a tradicional jornada de memória dos comandados do capitão miliciano Davide Castro Dias mas são tantas as histórias a recordar e tantas emoções a reviver que mal se espera por 25 de Setembro e pelo manjar de saudades que todos desejam saborear: o da memória angolana e dos mais de dois anos que se passaram de pandemia.
Os interessados podem contactar o furriel miliciano João Das, pelo telefone 962551238.
Manuel Almeida,
o Mira em 1974/75

A morte do condutor
Almeida de Mira d´Aire

O tempo pandémico foi também de luto dos Cavaleiros do Norte que por Zalala jornadearam, assim  como por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona: faleceu o Almeida, por lá conhecido por Mira, por de Mira d´Aire ser natural.
Manuel da Conceição Alves era esse o seu nome completo, era natural do Bairro Santos Moleiro, em Mira Daire, no concelho de Porto de Mós - onde regressou a 9 de Setembro de 1975,  no final da jornada africana por terras do norte de Angola-
Não conhecemos a data e as razões do óbito (que nos foi indicado pelo furriel Dias), mas hoje o recordemos com saudade. RIP!!! 


domingo, 29 de maio de 2022

5 817 - O dia da partida para Angola, há 48 anos e num voo de estreia, nos TAM...

A Avenida do Quitexe no dia 24 de Setembro de 2019. À direita, o edifícios do comando, secretaria e casa dos
furriéis (telhado vermelho escuro), messe de oficiais (parede cor de laranja e carina branca à frente) e, ao fundo,
a messe e bar de sargentos. Ao fundo e à esquerda, de azul a casa da enfermaria. À esquerda, mas em primeiro
plano o bar dos soldados (cantina)
Cavaleiros do Norte da CCS, reunidos a 29 de Maio de
de 2010, em Ferreira do Zêzere e nos 38 anos da partida

A 29 de Maio de 1974, hoje se completam 48 anos, saíram os futuros Cavaleiros do Norte (da CCS) de Santa Margarida e do Regimento de Cavalaria nº. 4 (RC4), rumo a Lisboa e ao aeroporto, de onde voaríamos para Luanda. 
A esmagadora maioria nunca tinha passado numa auto-estrada e muito menos entrado num aeroporto.
Menos ainda algum de nós tinha viajado de avião. Era a estreia para muitos de nós. Não arriscando nós dizer que todos!
A viagem tinha sido adiada por 2 dias esta programada para 27, a segunda-feira anterior) e chegou a passar pela cabeça da alguns de nós que já... não iríamos.
Claro que íamos. E fomos!
Chovia torrencialmente, de Santa Margarida a Lisboa, fizemos o compasso de espera habitual dos aeroportos e lá nos acomodámos no avião dos Transportes Aéreos Militares (TAM), como pudemos e com o que nos deram para comer, nas 8 horas que nos separavam do aeroporto internacional de Luanda - depois de voarmos ao largo da costa africana, já que as aeronaves portuguesas estavam impedidas de passar pelo espaço aéreo de alguns países.
Há 12 anos, precisamente a 29 de Maio de 2010, fizemos a festa do dia, no encontro anual, em Ferreira do Zêzere - onde nos mostrámos para o futuro, com a imagem que aqui reproduzimos.
Já quase sessentões, é verdade, mas com o entusiasmo e a alegria dos 21 para 22 anos, a idade da nossa partida para terras angolanas.
Há poucos dias, ligou-me o furriel Machado, que é o mordomo do encontro deste ano (marcado para 10 de Setembro), dando conta das suas preocupações e entusiasmo pm que, seguramente, nos iremos lembrar da grande aventura que foi a nossa jornada africana por terras uíjanas do norte de Angola.
Já se sabe de alguns que não vão, porque não podem, e de outros que não faltam, porque não querem faltar, dê lá pelo que der. É sempre assim. Até 10 de Setembro, malta!
-
Cavaleiros do Norte do PELREC. À esquerda, Marcos,
Madaleno e Ferreira (garrafa na mão). Depois, Botelho
(de bigode), Aurélio, Florêncio (bigode), Messejana, 1ºs.
cabos Soares e Vicente (ambos de bigode), Leal (boina
no ombro), 1º. cabo Almeida (atrás do Leal). NN e NN, 
1ºs. cabos Silvestre e Cordeiro (os 2 de bigode), Gomes
 e alferes Garcia. Quem conhece o trio à direita, atrás? 

Comandante e oficiais
já em Angola e no Uíge!

O comandante Carlos Almeida e Brito e o capitão José Paulo Falcão já 2 dias antes tinham ido ao Quitexe, via Negage e em avião da Força Aérea.
Foram recebidos pelo comandante do BCAÇ. 4211, «que iria ser substituído na ZA pela nossa Unidade» - o BCAV. 8423. Isto, depois de, em Carmona, terem passado pela Zona Militar Norte (ZMN) e pelo Comando do Sector do Uíge (CSU).
Os contactos no Quitexe «foram muito superficiais» para Almeida e Brito, já que, como major de Operações, lá tinha estado em 1968, enquanto «oficial adjunto do BCAV. 1917».
A CCS voou durante a noite de 29 para 30 de Maio de há 48 anos e aterrou no aeroporto internacional de Luanda às primeiras horas da manhã desse 30 de Maio de 1974 e, dali, viajou, de imediato, em Berliets militares para o Campo Militar do Grafanil - nos arredores da capital angolana. Ali esteve até 6 de Junho, quando rodou para o Quitexe.

Armando Gomes

Gomes, do PELREC da CCS,
faria 70 anos. Faleceu há 33!

O soldado Armando Domingues Gomes, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, faria 70 anos a 1 de Junho de 2022. Faleceu a 3 de Setembro de 1989. Há quase 33 anos!
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, exerceu também, e voluntariamente, as funções de padeiro de «maneira eficiente e dedicada (...), sem que para tal tivesse conhecimentos profissionais, nunca se poupando a esforços», o que lhe valeu louvor do comandante Almeida e Brito, por proposta do capitão António Oliveira, comandante da CCS.
O louvor, publicado na OS nº. 165, acrescenta que foi «militar muito correcto de trato, disciplinado e bom camarada».
O Gomes regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se em A-dos-Cunhados, no concelho de Torres Vedras. Faleceu aos 37 anos e hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

sábado, 28 de maio de 2022

5 816 - Os dias de intervalo na (não) partida para Angola: ansiedade, alguma nostalgia e muita expectativa!

O furriel Viegas e o condutor Nogueira, do Liberato (de costas), à entrada da vila do Quitexe
e no dia 24 de Setembro de 2019, quando lá voltaram em jornada de saudade!
A entrada do Campo Militar de Santa Margarida,
 junto à estação do caminho de ferro




A 27 de Maio de 1974, a partida da CCS do BCAV. 8423 para Angola foi adiada por dois dias - como por aqui temos lembrado nos últimos dias. 
Era uma segunda-feira e alguns de nós voltaram a casa. Eu fiquei por lá (por Santa Margarida) e por lá andei a dar umas voltas, nestes dois dias do intervalo.
E, quanto a voltas, por muito lado as podia dar - mesmo sem sair do campo militar - que ainda é uma das maiores instalações militares da Europa e, seguramente, a maior instalação de Portugal, em termos de guarnição e a segunda maior em termos de área ocupada. A primeira é o Campo de Tiro de Alcochete.
Os seus 6 400 hectares correspondem a uma área total superior ao Estado de San Marino.
- 6 400 hectares de área total ocupada
- 3 500 hectares de área de aquartelamento
- 1 avenida principal com 2,7 kms. de comprimento
- 330 edifícios
- 5 000 militares de guarnição. Ao tempo, dizia-se que poderia aquartelar 30 000
- 1 pista de aviação
- 2 heliportos
- 1 estação ferroviária
- 4 carreiras de tiro de armas ligeiras
- 1 carreira de tiro de carros de combate
- 1 carreira de lançamento de granada
- 1 pista de combate.
Recordo, no entanto, que num jipe ao serviço do BCAV. 8423 (a maioria do pessoal por lá ficou, pelo que a unidade ficou a «funcionar»), me «desenfiei» com o Rocha e o Pires (??), indo almoçar a S. Miguel de Rio Torto - onde o oficial de dia nos deixou e mandou buscar a meio da tarde de faz hoje 48 anos.
A noite foi passada com jogo de cartas e muita conversa, no bar de sargentos do RC4 - a nossa unidade mobilizadora. Foi mais um dia/noite de vésperas de partida, sentidas com repetida ansiedade, alguma nostalgia e seguramente muita expectativa. Onde estaríamos menos de 48 horas depois? 
Como seria Luanda? 

Fazenda de Zalala
Gonçalves, 1º. cabo atirador
de Zalala, faleceu há 9 anos !

O 1º. cabo Gonçalves, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a da fazenda de Zalala, faria hoje 70 anos. Faleceu em 2013.
Natural da Brandoa, na Amadora, Manuel da Costa Gonçalves, lá voltou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em terras do Uíge angolano - que também o levaram por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona. A vida deu-lhe muitas voltas e, não conhecendo nós o motivo, sabemos, todavia e infelizmente, que faleceu a 2 de Julho de 2013, aos 61 anos e quando morava no Laranjeiro, em Almada.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

Domingues de Zalala, 
70 anos em Alvaiázere !

O soldado Ramiro Ferreira Domingues, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423,  também combatente da mítica Fazenda de Zalala, festeja 70 anos a 28 de Maio de 2022.
Natural do lugar das Meirinhas de Baixo, da freguesia de Vermoim, no concelho de Pombal, este Cavaleiro do Norte «zalaliano» lá voltou a 9 de Setembro de 1975, depois de concluída a sua comissão militar em Angola, por terras uíjanas do norte.
Sabemos que mora agora em Alvaiázere, onde hoje festeja 70 anos e para onde, e para ele, vão os nossos parabéns!
Mário Almeida

Almeida de Aldeia Viçosa,
70 anos em Oleiros !

O soldado Mário Mendes de Almeida, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 70 anos a 28 de Maio de 2022.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar,  regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, à sua natal terra de Vale do Orvalho, freguesia de Estreito, no município de Oleiros. Por lá fe(a)z a sua vida pessoal, familiar e profissional, é participante regular dos encontros da subunidade. Foi mesmo o organizador do encontro de 2017 - já lá vão 5 anos.
Ainda por lá vive e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

sexta-feira, 27 de maio de 2022

5 815 - O dia da partida adiada! Comandante na ZA do BCAV. 8423 em terras do Uíge!

 

Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, já no Quitexe: tenente João Mora, furriéis
milicianos Neto, Viegas e Neto e 1º. cabo Miguel Teixeira, em 1974

O edifício do comando e o que resta da parada
do BCAV. 8423, a 24 de Setembro de 2019


A 27 de Maio de 1974, há precisamente 48 anos e aí pelas cinco horas da manhã, o SIMCA 1100 do pai do Neto chegou ao largo do cruzeiro, aqui na minha aldeia, para me buscar e nos levar a Santa Margarida, ao RC4, de onde partiríamos para Lisboa e, ao princípio da noite, voaríamos para Luanda, para Angola.
Ir-se-ia confirmar a nossa mobilização - publicada na Ordem de Serviço nº. 286, de 7 de Dezembro de 1973, do Centro de Instrução de Operações Especiais (o CIOE), em Lamego.
A mobilização vinha de trás, da Nota 47 000, de 17 de Novembro anterior, da Repartição do Serviço de Pessoal, da DSP/ME, que «nomeava para servir no ultramar, nos termos da alínea c) do artigo 20º., do Decreto-Lei nº. 49 107, de 7 de Julho de 1969», um vasto número de militares. Entre eles, e destinados ao BCAV. 8423, os 1º. cabos milicianos Monteiro, Viegas e Neto (CCS). Esses mesmos, os da imagem de cima.
Lá fomos nós, país abaixo, por estradas bem piores que as de hoje, e a horas chegámos a Santa Margarida, onde fomos surpreendidos: afinal, a partida estava adiada por dias duas. Seria (e foi) a 29 de Maio. Muitos dos CCS´s (da partida da CCS se tratava) voltaram a casa (o Neto foi para Lisboa, salvo erro...) mas entendi eu por lá ficar os dois dias de espera, a serenar ideias e a cultivar leituras. Não quis repetir a despedida de minha mãe - que aqui ficara recém-viúva e com duas filhas recém-casadas, sozinha - em pouco mais de um ano sem o conforto e o afecto do marido e de três filhos, estes cada qual para o seu destino.
Foi há 48 anos, hoje se completam.

A notícia do recolher
obrigatório em Luanda
Comandante na ZA do
BCAV. 8423 em terras do Uíge

O mesmo dia, mas já em Angola, foi tempo de o comandante Almeida e Brito se deslocar ao Quitexe, para preparar a chegada do BCAV. 8423.
Acompanhado pelo capitão José Paulo Falcão, oficial adjunto, ali foi recebidos pelo comandante do BCAÇ. 4211, que o BCAV. 8423 ia substituir. 
«Os primeiros contactos foram muito superficiais para o comandante do BCAV. 8423, já que a ZA era sua muito conhecida, uma vez que ali fora oficial adjunto do BCAV. 1917, em 1968», relata o livro «História da Unidade».
Ainda assim, e depois da recepção no Quitexe, ainda foram visitada as Fazendas Zalala e Santa Isabel e ainda Aldeia Viçosa, «locais onde se instalariam as nossas subunidades» - respectivamente a 1ª. CCAV. 8423 (a do capitão miliciano Davide Castro Duas), a 3ª. CCAV. 8423 (a do capitão miliciano José Paulo Fernandes) e a 2ª. CCAV. 8423 (do capitão José Manuel Cruz).
O dia, por Luanda, onde iríamos desembarcar dois dias depois, foi de recolher obrigatório decretado pelo Estado Maior General das Forças Armadas e para entre as 7 horas da noite e as 6 horas da manhã. Os infractores, segundo o comunicado do EMGFAA, seria imediatamente detidos.

Eurípedes Pavanito

Pavanito de Santa Isabel  faz
70 anos em Alcácer do Sal !

O soldado condutor Pavanito, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, festeja 70 anos a 27 de Maio de 2022!
Eurípedes Jacinto Peralta Pavanito, de seu nome completo, também jornadeou pelo Quitexe e Carmona e foi louvado porque «sempre se evidenciou como militar aprumado, brioso e leal», como se lê no louvor publicado na OS nº. 167, acrescentando que era «estimado por todos e extremamente zeloso do material que lhe foi confiado».
O louvor sublinha também que foi «voluntarioso em todas as missões que lhe tem sido distribuídas» e também «militar disciplinado e corretíssimo», que «enfrentou, com espírito de missão apreciável, todas as situações vividas pela sua Companhia».
Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, ao Bairro das Casas do Povo, em Alcácer do Sal. Mora na Quinta do Conde, em Sesimbra, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

José Barbosa
Barbosa de Aldeia Viçosa,
70 anos em Gondomar !


O soldado condutor auto-rodas José dos Santos Barbosa, da 2ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 27 de Maio de 2022.
Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, também passou por Carmona e regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar por aquelas terras do norte de Angola.
Regressou a Fânzeres, no concelho de Gondomar, a sua terra natal, lá se fixou e lá ainda reside, estando profissionalmente ligado à Agência Funerária Saramago. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!
Rui Cardoso

Cardoso de Zalala faria
70 anos. Morreu em 2018!

O soldado Rui Manuel Miranda Cardoso, da 1ª. CCAV. 8423, faria 70 anos a 27 de Maio de 2022. Faleceu a 29 de Setembro de 2018.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e combatente dos Cavaleiros do Norte de Zalala - depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona -, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se no Bairro do Cerco, no Porto, da freguesia de Campanhã.
Profissionalmente, foi estofador, casou-se e passou a polidor (mudando para Paredes), depois de novo estofador e de novo no Porto. O filho é o advogado João Cardoso. Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

quinta-feira, 26 de maio de 2022

5 814 - A véspera da (não) partida! As saudades da terra, do seu chão e dos seus sons !

Os furriéis milicianos Monteiro, Neto e Viegas, 
três Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 
8423, em vésperas de embarque para Angola. 
Já lá vão 48 anos e parece que foi ontem!

O furriel Viegas, a 24/09/2019 e em frente
ao edifício que foi a secretaria da CCS do
BCAV. 8423, na vila do Quitexe



Dia 26 de Maio de 1974! Um domingo de há 48 anos!
Nos seus chãos natais, os Cavaleiro dos Norte da CCS do BCAV. 8423 fizeram desse dia o do «adeus que vou para Angola!».
Era a véspera de embarque da primeira subunidade dos futuros Cavaleiros do Norte. 
Teríamos de estar ao princípio da manhã de 27 (das 9 para as 10 horas) no RC4, a nossa unidade mobilizadora, no Campo Militar de Santa Margarida. 
Cassete cor de laranja com as gravações
levadas para Angola. E outras, de lá trazidas
com memórias faladas 

Gravei os repeniques dos sinos da minha aldeia, os sinais de chamada para a missa, o toque de santos - acrescentando-os aos sinais de funeral, que tinha registado dias antes (a 20), no da ti Casimira, um conterrânea de 70 e alguns anos, que conheci cega e era  já viúva de um familiar próximo - primo direito de meu avô materno.

A morte das saudades da terra,
do seu chão e dos seus sons !


Isto pode até pode parecer macabro, mas foi a forma que, ao tempo, melhor achei para, imaginando-me no sertão africano para onde ia, apaziguar a alma com a morte das saudades da terra, do seu chão e dos seus sons. E quantas vezes os ouvi, nos quartos do Quitexe e de Carmona, recopiados a fita da cassete, no velho rádio-gravador que, embora inoperacional, ainda guardo ali no sótão. 
Ia sair na madrugada de 2ª.-feira, o dia seguinte, vinha (e veio) o pai do Neto buscar-me, já com ele, para nos levar a Santa Margarida. Na noite de faz hoje 48 anos, nesse domingo, demorei-me em casa de um familiar e voltei para a ceia - que me esperava na mesa de minha mãe. Comemos, tranquilos, e chegou a minha irmã mais nova e cunhado. Despedimo-nos com abraços e deitei-me. Daí por horas, ia começar a longa viagem que me levaria a Luanda e ao Quitexe!  Que, afinal, seria adiada para o dia 29 de Maio desse distante ano de 1974.
O Quitexe uíjano onde, a 24 e 25 de Setembro de 2019, 45 anos depois, eu voltei em viagem de saudade e memória!


Alferes J. Machado
no Natal de 1974

O louvado alferes Machado

faz 70 anos na Amadora !

O alferes Machado, oficial miliciano da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 70 anos a 26 de Maio de 2022, hoje e na Amadora.
Especialista de Operações Especiais (Rangers), João Francisco Pereira Machado foi também 2º. comandante da subunidade e louvado «pelas qualidades demonstradas (...), conforme se lê na Ordem de Serviço nº. 174
«Manifestando sempre a maior vontade e determinação nas situações que lhe foram impostas, cotou-se como bom oficial, o que se tornou sobretudo notório no todo coeso que conseguiu dos homens que comandou», sublinha o louvor do comandante Almeida e Brito, frisando também «o elevado sentido de servir e de extrema dedicação», mostrando «excelente comportamento em todas as situações que viveu, merecendo destaque a sua actuação no decurso dos graves incidentes da cidade de Carmona em Junho último, ocasião onde nova e mais abertamente pôs as suas qualidades à prova».
Ao tempo, morava em S. Sebastião da Pedreira (na Rua 1º. Cabo José Martins Silvestre), em Lisboa, e, actualmente, goza a sua reforma da administração fiscal na Amadora - onde, recentemente, mandou para trás das costas um susto provocado pala COVID 19. Se sequelas, apenas com alguma diminuição muscular e mais levezinho. O que até foi (é) bom!
Parabéns!

Oliveira de Santa Isabel
70 anos em Guimarães !


O soldado Fernando da Silva Oliveira foi apontador de morteiros médios, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. 
Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, era (é) natural do lugar de Sub-Estrada, em Nespereira, freguesia de Pinheiro, no concelho de Guimarães. Foi lá que voltou a 11 de Setembro de 1975, cumprida a sua comissão militar por terras do norte de Angola: Quitexe e Carmona, além da Fazenda Santa Isabel.
Por lá terá feito vida familiar e profissional e dele nada mais sabemos, a não ser que amanhã festeja(rá) 70 anos. Parabéns!

A Fazenda Santa Isabel

Ferrão, cozinheiro de Santa
Isabel, 70 anos em Seia !

O soldado Mário Jorge da Costa Ferrão, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 26 de Maio de 2022.
Cozinheiro de especialidade militar na Companhia comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes, a da Fazenda Santa Isabel, também jornadeou pelo Quitexe e por Carmona, tendo regressado a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar africana por terras do norte de Angola.
Actualmente morador na freguesia de Paranhos da Beira, no município serrano de Seia, para lá «cozinhamos» o nosso abraço de parabéns!

quarta-feira, 25 de maio de 2022

5 813 - As vésperas do adeus, que vou para Angola... O exigido fim da guerra colonial !


Os furriéis milicianos Viegas e Rocha,
na sua primeira foto 
de Angola, já no
Quitexe e 
a 6 de Junho de 1974


O furriel Vegas, a 24 de Setembro de
2019, em frente à enfermaria da CCS
do BCAV. 8423 no Quitexe

O dia 25 de Maio de 1974, como hoje, foi um sábado. Sairia e saí eu de casa na madrugada de 27, a segunda-feira seguinte, para o RC4, em Santa Margarida - de onde, a meio da tarde, iríamos para Lisboa e, daqui, voaríamos para Luanda. Saí a 27, mas o resto foi adiado para dois dias depois, a 29.
O sábado de hoje se fazem 48 anos foi tempo de despedidas e de passar pelas propriedades da família. Num adeus, emocionado,  de quem anos seguidos as «ajudou» a amanhar para o pão nosso de cada dia. Era assim a vida, naquele tempo!
Dos amigos mais próximos, um a um, tive o sentido abraço do adeus embrulhado em desejos de que tudo corresse bem pelo meu lado e que, por Angola, não demorasse muito tempo. 
O 25 de Abril tinha sido um mês antes e os ventos revolucionários também chegavam à minha aldeia, pela TV, com as sugestões gritadas nas manifestações de Lisboa. Nomeadamente, a de mais nenhum soldado ir para a guerra colonial. Mas fomos!
Os amigos, nas despedidas, todos me despejavam votos de sorte, muita sorte!!! Eu sentia-me seguro, sereno, tranquilo e bem preparado - física, mental e tecnicamente. Preparado para o que viesse, para o ir e voltar.
Foi neste cenário que fui, por cá, fazendo as despedidas e recebendo incentivos e pedidos para escrever.
«Escreve, pá!...», foi, na verdade, a sugestão mais repetida por aqueles e aquelas que, mais próximos ou mais distantes, eram gente da minha horta de amigos e de afectos. Faz hoje 48 anos, andava eu entre os 21 e os 22 (que faria em Novembro seguinte).
O «Diário de Lisboa» de 25
de Maio de 1974. Há 48 anos!

O exigido fim da 
guerra colonial !

O país que nascia, por esse tempo, vivia greves atrás de greves e, nesse dia de há 48 anos, terminou a suspensão da emissão da Rádio Renascença. Lisboa assistiu a mais uma manifestação, do Rossio para S. Bento e daqui para a Estrela. 
Uma concentração, junto ao Hospital Militar Principal exigia o fim da guerra colonial. Milhares de estudantes do ensino secundário exigiam a revogação dos exames! 
O Partido Social-Democrata Independente (PSDI) apresentou o seu manifesto e Mário Soares Ministro dos Negócios Estrangeiros), com Almeida Bruno e Jorge Campinos e José Neves, iniciaram a segunda ronda de negociações com a delegação da Guiné-Bissau - formada pelo comandante Pedro Pires, comissário José Araújo, comandantes Umaru Djaló e Lúcio Soares, Gil Fernandes e Júlio Soares.
A Junta de Salvação Nacional anunciou que os desertores e refractários amnistiados teriam de cumprir o serviço militar em condições iguais aos demais cidadãos.
Por Angola, Daniel Chipenda da 3ª. Região Militar do Leste e dirigente da Revolta do Leste, assinou, em nome do MPLA, um acordo de cooperação com a UNITA e a FNLA. Em Lusaca, Holden Roberto (presidente da FNLA) reuniu-se com os presidentes Kenneth Kaunda (Zâmbia) e Mobutu (Zaire) para debater a independência e futuro de Angola.
O soldado clarim José Caetano e o furriel
Viegas no estádio do Bessa e em Agosto
 de 2016, em dia de futebol


Caetano, clarim da CCS,
fz 70 anos em VN de Gaia !

O soldado José António Cardoso Caetano foi clarim da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe e em Carmona, e, oficialmente, comemora 70 anos a 25 de Maio de 2022. Hoje!
O curioso é que, nasceu a 10 de Abril de 1952, mês e meio antes, mas só foi oficialmente registado a 25 de Maio do mesmo ano. Coisas desse tempo e para evitar pagar multas pelo atraso do registo! E que o «levam» a festejar anos duas vezes por ano. Um sortudo!
Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423 e natural da cidade do Porto, lá voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) comissão militar no norte de Angola, por terras do Uíge.
É ferveroso adepto do Boavista e, já aposentado, mora agora em Vila Nova de Gaia, na Rua das Oliveiras, para onde vai o nosso abraço de parabéns. A dobrar, no seu caso! Tem duas datas natais, o que não é para todos!

terça-feira, 24 de maio de 2022

5 812 - Almeida e Brito, o não «maçarico» comandante do BCAV. 8423, no Quitexe uíjano!

O então major Almeida e Brito, à esquerda e em 1968,
com o tenente-coronel António Amaral, comandante
 do BCAÇ. 4211, que os Cavaleiros do Norte iam
(e foram) substituir.


O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, não era «maçarico» no Quitexe, quando por lá foi Cavaleiro do Norte, entre 6 de Junho de 1974 e 2 de Março de 1975, e então rodámos para Carmona, para o BC12, e lá ficou a 3ª. CCAV., a de Santa Isabel. 
Na verdade e historicamente, já bem conhecia a região pois por lá fora major de operações - o que sabíamos, ao tempo, mas sem conhecer pormenores.
A foto, tirada do blogue de José César, mostra-o nas funções de 1968. Chegou ao Quitexe, em rendição individual, a 24 de Janeiro e de lá saiu a 17 de Dezembro, integrando o Batalhão de Cavalaria 1917. 
É o oficial da esquerda e note-se o imprescindível pingalim de cavalaria, como tantas vezes o vimos no Quitexe e Carmona, como antes em Santa Margarida. Ao centro, está o tenente coronel António Amaral, comandante do BCAV.1917; e, à direita, o comandante da CCAÇ. 1306. Quero acreditar que a imagem é da fazendo do Liberato, guarnição que integrava a zona de acção militar do Quitexe.
O (já) general 
Almeida e Brito

O comandante que
chegou a general !

Carlos Almeida e Brito não era oficial de meias palavras, ou indecisões. Por vezes, até era excessivamente imperativo no agir, seja isso virtude ou defeito.
Dúvidas, não há: era respeitado e admirado.
E era justo! Dele se contavam lendas da anterior passagem pelo chão quitexano! E dele nos falavam civis locais e combatentes da FNLA, citando-o com o militar de coragem, sem tibiezas, decidido, audaz e descomprometido.
Partilhei muitos momentos com ele, depois de 1975 - quando foi 2º. comandante da Região Militar Centro, em Coimbra, onde foi adjunto do general Pires Tavares, que é de Águeda (minha terra); quando comandou a Região Militar Sul, em Évora; quando foi 2º. comandante geral da GNR e a ele recorri por uma hora menos boa de companheiro que seguiu carreira profissional nas Brigadas de Trânsito.
Participou nos encontros da CCS e do batalhão, quando melhor conhecemos a face mais humana do militar que não teve hesitações nos duros dias dos meses finais de Carmona. Quantos de nós deveremos a vida à sua competência e capacidade de decisão?! Nunca saberemos! Mas é seguro que, nos momentos mais dramáticos e trágicos, tivemos à altura quem nos comandasse.
Manuel A. Nunes

A morte do sapador
Nunes, o Amarante!

O soldado Manuel Augusto Nunes, o Amarante, faleceu há 22 anos, vítima de doença - a 24 de Maio de 2000.
Sapador de infantaria de especialidade militar e popularmente conhecido pelo nome da sua cidade natal (Amarante, era o Amarante...), integrou o Pelotão de Sapadores da CCS dos Cavaleiros do Norte, comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro - dele sendo um dos mais irreverentes e contestatários companheiros da nossa jornada africana do Uíge angolano.
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e fixou-se no lugar de Estradinha, em Telões (Amarante), de onde era natural. Sabemos que se consorciou com uma senhora relativamente mais velha e que não teve filhos. Morreu de doença, aos 48 anos - que tinha feito a 6 de Fevereiro de 1952.
Recordamo-lo com saudade, fazendo memória de um companheiro da nossa jornada africana de Angola. RIP!!!
José Nunes,
o Valetas


Nunes, o Valetas de Zalala,
faleceu em Castelo Branco!

O soldado Valetas era o José Gonçalves Nunes, por terras angolanas de Aldeia Viçosa, no nortenho Uíge, popularizado por aquele epíteto.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e elemento da 1ª. CCAV. 8423, faleceu a 24 de Maio de 2018. Há exactamente 4 anos!
Cavaleiro do Norte de Zalala, e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, integrou o 4º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano Lains dos Santos, e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua natal terra de Lendiscais, freguesia de Castelo Branco, onde nasceu a 10 de Junho de 1952.
A vida levou-o até terras de França, onde muitos anos esteve emigrado, e sabemos que, profissionalmente, foi operador de máquinas, casado e com dois filhos - um casal.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

segunda-feira, 23 de maio de 2022

5 811 - Vésperas da partida do BCAV. 8423: a emboscada, os 11 mortos e os 12 feridos que não foram!


Futebol no Quitexe: 1ºs. cabos Fernando Grácio, José Gomes e Miguel Teixeira, Jorge Botelho,
Miguel Santos (furriel paraquedista), Américo Gaiteiro e 1º. cabo Fernando Soares. Em baixo, 
NN, furriéis Luís Mosteias e António Lopes, NN, furriel José Monteiro e 1º. cabo Domingos
Teixeira. Quem identifica os NN´s?

Desmentido das Forças Armadas Portuguesas
foi notícia no Diário de Lisboa de há 48 anos

Aos dias 23 de Maio de 1974, a partida dos Cavaleiros do Norte estava iminente (seria a 27 e passou para 29) e tudo o que era notícia de Angola nos interessava.  Pela leitura, habitual, do «Diário de Lisboa».
Uma nota das Forças Armadas Portuguesas (FAP desse dia «desmentiu categoricamente» um comunicado do MPLA, segundo o qual as nossas forças teriam sofrido uma emboscada do (mesmo) MPLA em Cabinda, com «11 mortos e 12 feridos».
O que, obviamente, seria dramático. E assustador para quem, como nós, estava em vésperas de partir para Angola. Sabia-se lá para onde, embora o comandante Almeida Almeia e Brito já na véspera tivesse sido informado em Luanda. As notícias, há 48 anos, andavam devagar, devagarinho.
«Desde o 25 de Abril, as nossas forças tiveram apenas alguns (poucos) feridos (...), em resultado do accionamento de minas anti-pessoal em três ocasiões diferentes», sublinhava o comunicado das Forças Armadas Portuguesas.
Era para esta Angola que iam partir os Cavaleiros do Norte e nessa noite de há 48 anos lembro que, feitas as palavras cruzadas do «Diário de Lisboa» (onde lemos a notícia), adormeci a pensar nas contingências que nos esperavam.
Um outro comunicado, este do Serviço de Informação Pública da Forças Armadas, dava conta de mais uma norte em combate e em Angola: a do soldado Domingos Manuel Chilingano, do recrutamento local e natural de Malanje.
A situação na Guiné, cujo processo de independência estava mais avançado (o PAIGC já recebia os embaixadores da URSS, Argélia, República da Guiné, Jugoslávia e Roménia, seguindo um comunicado das Forças Armadas Portuguesas) era mais dramática: 6 militares portugueses mortos, entre 1 e 15 de Maio desse ano de 1974.

O BC12, em Carmona, onde se aquartelava o BCAV. 8423,
na estrada para o Songo e visto do lado desta cidade uíjana

Cavaleiros do Norte
em alerta uíjano...

Um ano depois, pelas bandas do Uíge do norte angolano, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 estavam cada vez mais «avisados» da iminente probabilidade de os repetidos incidentes locais se multiplicarem e se agravarem. De, afinal, serem extensão das confrontações que se registavam um pouco por todo o território angolano e principalmente em Luanda.
As «permanentes quezílias entre os movimentos» tendiam a aumentar, na verdade, e as precauções dos Cavaleiros do Norte ganharam dimensão mais intensa, permanente, de dia e de noite, na cidade de Carmona e outras zonas urbanas do Uíge - no Songo onde se aquartelava a 1ª. CCAV. 8423, no Quitexe onde ainda estava a 1ª. CCAV. 8423, ou no Negage, da CCAÇ. 4741 e em Sanza Pombo, onde estava a BCAÇ. 4911 (antes de rodada para o Negage).
Mal imaginávamos o que iria rebentar na madrugada de 1 de Junho seguinte.
Alberto Ferreira (que amanhã faz 70 anos) e
o 1º. cabo Rodolfo Tomás, ambos da CCS


Ferreira do PELREC,
70 anos em Almada !

O Alberto dos Santos Ferreira foi soldado atirador de Cavalaria do PELREC e festeja hoje 70 anos - dia 23 de Maio de 2022.
Atirador de especialidade militar da CCS mas e não só, pois prestou serviços de excelência como quarteleiro do depósito de géneros do Quitexe, o que lhe valeu louvor do comandante da CCS o capitão António Martins de Oliveira.
«Desempenhou as funções com muito acerto, honestidade e maior boa vontade, de forma que nas conferências mensais de armazém, nunca fora notadas quaisquer anomalias, pelo que se torna inteiramente merecedor da confiança nele depositada», sublinha o louvor, publicado na Ordem de Serviço nº. 163.
O Ferreira regressou à Sobreda da Caparica, em Almada, e lá mora, já aposentado e depois da uma vida de trabalho na área da construção civil. Parabéns!