Retornados de Angola à volta dos seus caixotes (fotos da net)
Milhares de pessoas acamparam no aeroporto e onde calhava, à espera de uma boleia para Lisboa. Já por aqui falei das vezes que, eu mesmo, por lá procurei familiares e conterrâneos - que nunca encontrei. Era gente anónima que nada tinha a ver com a guerra que medrava e matava, mas por ela sofria. Florescia na cidade a indústria dos caixotes, nos quais os refugiados (em Portugal baptizados da retornados) acomodavam teres e haveres, em despacho para Lisboa.
Aqui, em Lisboa, a 18 de Agosto de 1975, reuniram-se os retornados na FIL; em Lisboa, em comício, com uma primeira palavra de honra: «Rosa Coutinho traidor!». Pediam «justiça para os danos que nos foram feitos» e reclamavam o regresso de Silva Cardoso a Angola - o general que era Alto Comissário.
O Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais (IARN) abria uma delegação em Luanda, para coordenar as actividades programadas e previa que, até 31 de Outubro, as acções de retorno fariam chegar a Lisboa 300 000 mil portugueses residentes em Angola. Ou até 350 000!
Os caixotes, esses viram num programa de transporte por via marítima que previa 170 000 metros cúbicos de carga pertencente aos retornados.
De Angola, em vermelho de sangue e de ódios e raivas, chegava ao Tejo gente mártir, útil, trabalhadora, criadora, branca, negra, mestiça, de todas as cores , com uma mão adianta e outra atrás, ambas com nada.
Os Cavaleiros do Norte preparavam malas para o Niassa. Que zarparia a 8 de Setembro de 1975
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