terça-feira, 30 de junho de 2015

3 176 - Encontro de Cavaleiros do Norte em Ferreira do Zêzere

Destacamento Militar de Luísa Maria, o furriel miliciano Viegas, a 30 de Junho 
de 1975. Em baixo, vista do Destacamento sobre as instalações da Fazenda


Foto do alferes miliciano João Machado
A 30 de Junho de 1974, o PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte esteve no Destacamento da Fazenda Luísa Maria, onde o comandante Almeida e Brito estabeleceu «contactos operacionais». Lá estava, já desde o dia 10 desse mês, o 1º. Pelotão da 2ª. CCAV. 8423, comandado pelo alferes miliciano João Machado e com os furriéis milicianos António Carlos Letras (ambos dos Rangers) e Mário Matos. Um ano depois, a Cimeira do Quénia resultou na constituição de uma comissão mista, formada pelos ministros do Interior e da Justiça, representantes dos Estados Maiores dos Exércitos dos três movimentos (MPLA, FNLA e UNITA) e comandos conjuntos da Polícia. A primeira reunião foi a 29 de Junho de 1975 e uma das decisões tomadas teve a ver com a libertação de todos os detidos dos três movimentos e a devolução de viaturas apreendidas.
A comissão assumiu o princípio de que os movimentos «não são competentes para praticar actos privados de justiça», apelando a que qualquer desses actos fosse comunicado ao Comando Operacional de Luanda (COPLAD), ou às autoridades policiais.
Viegas e (alferes) Carlos Silva, ladeando Mira,
a «mais 
que tudo» do alferes miliciano
de Santa Isabel, a 3ª. CCAV. 8423
Os caminhos do mundo levaram-me, no fim de semana, até terras de Ferreira do Zêzere, onde a CCS dos Cavaleiros do Norte conviveram a 20 de Maio de 2010. Foi irresistível dar um salto à Estalagem Lago Azul (o local do «crime») e contactar o Aurélio (Barbeiro). Depois, ala que se faz tarde para a Carraminheira (do Beco), onde nos achámos com a gentileza anfitrional do casal Mira e Carlos Silva, ex-alferes miliciano da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel.
Casal que, conhecido de Tomar desde a sua adolescência, se enamorou em Angola - onde o jovem Cavaleiro do Norte logo voltou para, a 18 de Outubro de 1975, subir ao altar com a sua «mais que tudo de sempre». Ver AQUI
A jornada africana de que fomos protagonistas foi, evidentemente, tema do almoço da Carraminheira, até que os afazeres nos despediram: eu, a caminho de Maçãs de D. Maria (para a apresentação do livro (nomeadamente) sobre Luísa Maria; o Carlos Silva e Mira em viagem bem mais longa, até Penafiel - onde iria actuar o Rancho Folclórico da Alegria de Alqueidão de Santo Amaro, de que ambos são elementos activos - ele também como presidente.  

segunda-feira, 29 de junho de 2015

3 175 - Os Cavaleiros do Norte e a Fazenda Luísa Maria

O Cavaleiro do Norte (ex-furriel) Viegas interveio na apresentação do livro «Cartas 
de chamada para um regresso anunciado», de Carlos Laranjeira Craveiro, o primeiro, 
da esquerda, em Maçãs de D. Maria (Alvaiázere). Seguem-se 
Acílio Godinho, Jorge Trindade, Viegas e Rui Machado 

Destacamento dos Cavaleiros do Norte na Fazenda
Luísa Maria, Foto do alferes miliciano João Machado


O dia de ontem foi de evocação da jornada africana dos Cavaleiros do Norte, em terras do Uíge angolano. Foi na apresentação do livro «Cartas de chamada para um regresso anunciado», de Carlos Laranjeira Craveiro - que evoca a epopeia de José Dias Craveiro, seu pai, que foi encarregado da Fazenda Luísa Maria,  onde o BCAV. 8423 esteve em destacamento contínuo, de 10 de Junho a 14 de Dezembro de 1974.
A obra, de 662 páginas, faz memória da família Laranjeira Craveiro e anota cerca de uma centena de citações do blogue Cavaleiros do Norte. A cerimónia de apresentação do livro encheu literalmente o auditório da Junta de Freguesia de Maçãs de D. Maria e Rui Machado, o prefaciador, sublinhou o seu «carácter digressivo multifacetado»  e que «a sua coesão não é em momento algum ameaçada, uma vez que a narrativa central, a da família Craveiro, se constitui como o fio condutor de que se vão desprendendo, a pouco e pouco, as inúmeras e encantatórias estórias que povoam a obra».
Arlindo de Sousa, presidente da Junta de Freguesia da Maçãs de D. Maria, falou da sua viagem (civil) por terras de Angola (onde também foi militar) - tal qual Natália de Sousa (professora e mulher de oficial na Guiné) e Lurdes Murama (de Moçambique).
Acílio Godinho testemunhou a sua experiência militar em terras da Guiné-Bissau e Jorge Trindade a jornada que fez em Moçambique - a que aditou interessantíssima evocação de piadas populares, em dialecto africano. O ex-furriel Viegas, em duas intervenções, fez história da experiência dos Cavaleiros do Norte em chão do Uíge e da passagem por Luísa Maria (primeiro) e, a terminar, fez a narrativa dos últimos dias da presença militar portuguesa no Uíge, nomeadamente da epopeica evacuação de 4 de Agosto de 1975.

domingo, 28 de junho de 2015

3 174 - Centrais de Negage e Mungage, os primeiros retornados


Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala - devidamente identificados
Em baixo, notícia do Diário de Lisboa de 18 de Junho 
de 1975, sobre repatriados 




O Alto Comissário de Portugal em Angola anunciou, a 28 de Junho de 1975, «uma comissão encarregada de organizar a transferência dos funcionários públicos portugueses que desejem regressar à metrópole»
O general Silva Cardoso, o Alto Comissário, precisou que «21 voos especiais para refugiados e deslocados tinham até agora transportado mais de 3500 pessoas para Portugal, desde os surtos de violência de Maio e Junho, e Luanda». 
O Instituto Angolano de Assistência tinha registado «25 famílias inscritas para serem repatriadas a expensas do Governo ou com o seu auxílio, prevendo-se que mais de 22 000 famílias estejam en vias de juntar-se ao rol, num total de mais de 150 000 pessoas».
Portas de Zalala, na picada que
ia do Quitexe, em plena Baixa do Mungage
Um ano antes, os Cavaleiros do Norte continuavam a Operação Castiço DIG (iria até meados de Julho, envolvendo todas as sub-unidades) e, noutra frente, «a actividade esteve virada para as centrais  do Mungage (na picada de Zalala) e Negage», para além, segundo o Livro da Unidade, dos «quartéis de Aldeia e Tabi». Por esse tempo, foi «abandonada a região da central de Nova Caipemba, cobrindo-se assim locais de toda a ZA».
Eram as primeiras operações de mato dos Cavaleiros do Norte, por trilhos e picadas fora, do chão uíjano.

sábado, 27 de junho de 2015

3 173 - Livro de Alvaiázere com os Cavaleiros do Norte

José Lopes Craveiro, da Fazenda Luísa Maria, à conversa com militares, em Outubro 
de 1969. Em baixo, a capa do livro que amanhã será apresentado em Alvaiázere




A Fazenda Luísa Maria, onde de Junho a Dezembro de 1974 se aquartelaram Cavaleiros do Norte, é um dos temas do livro «Carta de chamada para um regresso a anunciado», que amanhã será apresentado em Maçãs de D. Maria (Alvaiázere) - obra de Carlos Laranjeira Craveiro. Os Cavaleiros do Norte nela são memoriados, em texto e imagens.
A obra faz a história de saga de José Dias Craveiro, pai do autor, que trabalhou na Fazenda Luísa Maria. A conversa da foto, onde está com militares, teria a ver, segundo o filho, com «eventuais movimentações estranhas» na área envolvente da fazenda - que ficava a uns 40 quilómetros do Quitexe, pela picada para Camabatela, cortando-se à direita, um pouco depois do cemitério. 
Não era viagem fácil, a engolir pó picada fora e sempre de olhos e sentidos activos, para «adivinhar» o inimigo. Várias vezes lá estivemos (o PELREC), em escoltas e patrulhas - lá achando hospitalidade do gerente Eduardo Bento da Silva e dos seus colaboradores mais directos - nomeadamente José Dias Craveiro.
O 1º. Pelotão da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e comandado pelo alferes miliciano João Machado, com os furriéis milicianos António Carlos Letras e Mário Matos, foi o primeiro a lá estar, dos Cavaleiros do Norte. Os destacamentos, normalmente, eram de um mês e o último grupo a lá aquartelar foi o 2º. Pelotão da mesma 2ª. CCAV. 8423, comandado pelo alferes miliciano Jorge Capela, com os furriéis milicianos Rafael ramalho e António Fernando Melo. De lá saiu a 5 de Dezembro de 1974.
A apresentação do livro está marcada para as 16 horas de amanhã, dia 28 de Junho de 2015, no auditório da Junta de Freguesia de Maçãs de D. Maria. Os Cavaleiros do Norte estarão lá.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

3 172 - Visitas a Luísa Maria, Vista Alegre e Aldeia Viçosa

O destacamento militar da Fazenda Luísa Maria, em cima.
Em baixo, ruínas da mesma fazenda, em 2012
A 26 de Junho de 1974, o comandante Almeida e Brito e o seu «estado maior» reuniu-se no Clube do Quitexe, em trabalho da Comissão Local de Contra-Subversão. No mesmo dia, recebeu os comandantes da Zona Militar Norte (ZMN) e Comando do Sector do Uíge (CSU), respectivamente o brigadeiro Altino de Magalhães e coronel tirocinado Bastos Carreiras. Visitaram as Zonas de Acção (ZA) da CCAÇ. 4145 (aquartelada em Vista Alegre) e 2ª. CCAV. 8423 (em Aldeia Viçosa) e 3ª. CCAV. 8423 (em santa Isabel).

O administrador do concelho do Dange, com sede no Quitexe, participou nestas visitas, «na procura do estreitamento de relações entre as autoridades militares e administrativas», como se lê no Livro da Unidade. Altino de Magalhães, recordemos, era, simultâneamente, Governador do Distrito do Uíge e «visitou, do mesmo modo, a Fazenda Luísa Maria». Aqui, estava desde o dia 10 de Junho, o 1º. pelotão da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), comandado pelo alferes miliciano João Machado, de Operações Especiais (Rangers).
Cavaleiros do Norte em Luísa Maria., a 30 de Junho
de 1974: 1º. cabo Augusto Hipólito e furriel Viegas (atrás),
Raúl Caixarias, Ezequiel Silvestre e João Marcos

Um ano depois, em Junho de 1975, em Carmona e no BC12, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua rotina estabilizadora da situação social, política e militar da cidade e do distrito (província do Uíge). Continuava a não ser tarefa fácil, mas com coragem e determinação, a missão foi sendo cumprida - apesar das críticas e ataques da comunidade civil, nomeadamente a europeia. 
Enquanto isso, e na véspera, o Governo de Transição de Angola decretou o dia 25 de Junho como feriado nacional, para «celebrar a independência de Moçambique». Rui Monteiro, ministro da Informação, leu uma mensagem de felicitações ao povo moçambicano e à FRELIMO, no decorrer de um comício em frente ao palácio governamental de Luanda. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

3 171 - Operação Castiço DIG, Forças Mistas e PIDE/DGS de Angola

Militares da 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas, na parada do BC12 e
momentos antes da saída para instrução na carreira de tiro. 
Há precisamente 40 anos!


Alferes miliciano António Garcia (assinalado a
amarelo) e furriéis milicianos Viegas (a vermelho, de costas)
e Manuel Machado (a branco), na parada do BC12, junto
de um helicóptero de evacuação de feridos na
sangrenta primeira semana de Junho de 1975. Há 40 anos!!!
Há 41 anos, os Cavaleiros do Norte continuavam a operação Castiço DIG, iniciada a 20 de Junho de 1974 e que se prolongaria até Julho. «Sem grande compensação do esforço desenvolvido», recorda-se no Livro da Unidade, como já aqui referimos.
O funcionamento da DGS (ex-PIDE) em Angola custava 156 796 contos por ano, noticiava o Diário de Lisboa de 25 de Junho de 1974. Tinha um director e um sub-director provinciais, 6 inspectores adjuntos, 20 outros inspectores e 22 subinspectores, 61 chefes de brigada (incluindo uma senhora), 180 agentes de primeira (incluindo 5 mulheres), 347 agentes de segunda (17 mulheres), 15 motoristas, vários técnicos auxiliares de identificação, transmissões e identificação, 50 guardas prisionais e 9 contínuos! 887 pessoas!!!
Notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos,
sobre a PIDE/DGS de Angola
Um ano depois, 25 de Junho de 1975 e por Carmona, continuava a formação da 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas (1ª. FMM), instruída pelos Cavaleiros do Norte nas várias especialidades. Ao alferes Garcia e furriéis milicianos Neto e Viegas coube a instrução de tiro, na carreira própria do BC12 - que ficava abaixo do quartel, em frente. Não foi tarefa simples, antes muito delicada, devido à inabilidades dos homens que, da FNLA e da UNITA, foram indicados para a tal formação! Inabilidade que se reflectia nas condições de segurança e nos perigos que sempre acontecem nas carreiras de tiro. Algumas vezes tivemos de intervir, para evitar acidentes e ficou famosa uma rajada do alferes Garcia, que teve de «pôr em sentido» um tenente de óculos verdes - que, repetidamente avisado, mesmo assim insistia em disparar avulsamente, nos intervalos para mudança das linhas de fogo.
O tenente persistiu, porventura achava-se nesse direito, por ser detentor da patente mais alta da carreira de tiro, mas ignorou as regras básicas de segurança e a «brincadeira» só acabou quando o alferes Garcia - ele, sim, o responsável pela carreira de tiro (não o tal tenente) e já com o homem pelos cútulos da cabeça - pegou numa G3 e disparou uma rajada de aviso, à volta do oficial, que deixou de ser visto, escondido na nuvem de pó vermelho que se levantou. Nunca mais se repetiram tiros, foram do controlo de segurança.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

3 170 - Não estabilidade em Angola e missão no Uíge

Cavaleiros do Norte de Santa Isabel. Hoje é possível identificar o homens de Vila Real 2015. À frente, sentados, Reguila, 
Arlindo Novo e furriéis António Fernandes e Agostinho Belo. De pé, Eusébio, (alferes) Carlos Silva, Abílio 
Cunha. (furriel) Flora, Coelho (Buraquinho), Baptista Carvalho, (furriel) Ribeiro, Armando e (furriel) Querido. 
Terceira fila, (furriel) João Cardoso (cor de rosa), Pimenta Gonçalves, José Novo e Carrilho, Quarta fila: Carrilho (de 
negro e óculos) e (furriel) José Lino, Atrás, Ramos, Friezas, Feliciano e Paulo Fernandes (capitão)


Notícia do Diário de Lisboa de 24 de Junho de 1975,
sobre a situação em Angola



A declaração de independência de Moçambique foi feita à meia noite de 24 para 25 de Junho de 1975 mas, por Angola, pouco nos interessou o histórico facto. A não ser a de Angola, expectada para 11 de Novembro.
Angola onde, segundo o Diário de Lisboa de faz hoje 40 anos, «a acalmia que se vive em Luanda é, de quando em quando, quebrada por tiroteios esporádicos e alguns rebentamentos de morteiros nos Bairros Operário, Vila Alice e Marçal». Por outro lado, e segundo um comunicado do Alto Comissário, «deve registar-se a actuação de bandos de marginais armados, nalguns casos usando uniformes dos movimentos de libertação, pelo reflexo que tem no amedrontamento da população, que vive em contínua instabilidade psicológica».
«Enquanto se assiste a um possível início de actividade de terrorismo urbano, com o aparecimento de engenhos explosivos, tipo armadilha, os movimentos de libertação procedem a um constante adiamento de libertação dos prisioneiros que ilegalmente têm mantido (...), particularmente por parte do MPLA e da FNLA, o que contribui ainda mais para a instabilidade da população, que se sente completamente desprotegida contra este tipo de actuações», acrescentava o comunidade do Alto Comissário.
Os Cavaleiros do Norte, em Carmona e Uíge, continuavam o seu «verdadeiro sentido de missão», como refere o Livro da Unidade: «A calma demonstrada, mo sangue frio posto, o verdadeiro sentido de missão espírito de sacrifício mostrado são garantes da sua tenacidade e firme certeza de que nelas - no BCAV. 8423 - está verdadeiramente imbuído o sentido de grandeza próprio do consciente, desinteressado e leal desejo de cumprir a missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização», refere o Livro da Unidade, como ainda há dias aqui lembrámos. Com alguns incidentes no caminho!

terça-feira, 23 de junho de 2015

3 169 - Encontro da 2ª. CCAV. 8423 e Junho de 1974 e de 1975


Os ex-furriéis Matos (da 2ª. CCAV. 8423) e Viegas (da CCS), ontem em Anadia, na Feira 
da Vinha e do Vinho 2015, com bons espumantes a «matar a sede» da noite de festa



Furriéis milicianos de Aldeia Viçosa: Mário Matos,
António  Artur Guedes e José Fernando Melo (de
pé), António Carlos Letras, José Gomes e
António Cruz
Os caminhos da vida levaram-me ontem a Anadia, à Feira da Vinha e do Vinho, onde me achei a conversar com o Mário Matos - ex-furriel miliciano da 2ª. CAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. A viagem foi inopinada e mal me dei conta estava a passar em frente à casa dele. Nada melhor, por isso, que uma telefonadela! Foi feita e o Matos apareceu, depois do banho, para um «bate-boca» e umas taças de espumante. Que muito bem souberam, na noite em que, do palco do fundo da festa, nos chegou a voz de Quim Barreiros. Em concerto e com a brejeirice de letras que não deixam de «obrigar» a um sorriso!
À baila, com o Matos, chegou o encontro anual dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa - a 2ª. CCAV. 8423 -, previsto para Setembro e com a chancela organizativa do (ex-furriel miliciano) Letras. O António Carlos Dias Letras, meu companheiro do 2º. Turno de 1973 do curso de Operações Especiais (os Rangers) em Lamego. E para lembrar esse tempo, temos de recuar a 1973 e ao período de 16 de Julho (o início) a 29 de Setembro (o final). Pois se há encontro dos «aldeias viçosas», ligou-se ao Letras que, lá pelo sul do Tejo, na sua Palmela, fazia horas para se entregar a Morfeu. 
Falei eu, falou o Matos, voltei a falar eu... e ficou  o ar a possibilidade de viajarmos em Setembro, para «almoçarar» com a malta que foi comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Logo veremos!...
Isto, foi ontem!!!
«Zalala - a mais dura escola de guerra», onde esteve
aquartelada a 1ª. CCAV. 8423,de 7 de Junho a 25 de
Novembro de 1974
Há 40 anos, em Carmona, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua missão de garantir segurança na cidade e itinerários da região. Não sem grandes sacrifícios, valha a verdade, sacrifícios imensos, pois gigantesca era a missão e pequena a guarnição - embora já reforçada com a 1ª. CCAV. 8423, que, a 6 de Junho, rodara do Songo.
Um ano antes, em 1974, continuava a operação Castiço DIG (começada a 20 de Junho). No Quitexe, o comandante Almeida e Brito e o seu «estado maior» reuniram com as autoridades tradicionais (repetindo a 29) e, a 23 e 24 de Junho (hoje e amanhã se fazem 41 anos) esteve em «Zalala, a mais dura escola de guerra» - onde se aquartelava a 1ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano Davide Castro Dias.

3 168 - Cavaleiros do Norte na mata e MPLA a ameaçar com guerra

Furriéis Viegas, Mosteias e Neto, há 20 anos, na nesse de Sargentos do 
Bairro Montanha Pinto,  em Carmona. Já tinham passado 
os  trágicos dias da primeira semana de Junho de 1975




O MPLA, a 2 de Junho de 1975, reafirmava
o  «prosseguimento da guerra em Angola», segundo
o Diário de Lisboa desse dia
A 22 de Junho de 1974, os Cavaleiros do Norte iam no seu terceiro dia da Operação Castiço DIG (a sua estreia nas matas de Angola) e, em Brazaville, o presidente Agostinho Neto afirmava que «a luta só  cessará quando os dirigentes do MPLA estiverem plenamente convencidos que Portugal decidiu entregar o poder ao povo angolano».
O presidente do MPLA desmentia, assim, uma notícia divulgada pela Emissora Oficial de Angola, na 3ª.-feira anterior, segundo a qual (recordo do Diário de Lisboa), o movimento teria decidido «abandonar a luta armada, para facilitar uma solução política do problema angolano». 
«Ultimamente - disse Agostinho Neto em Brazzaville - registámos êxitos na zona de Cabinda e travamos combates importantes na parte oriental do nosso país».
O presidente do MPLA, citado pelas agências France Press e Reuters, acrescentou que «a actual situação militar no território é extremamente favorável aos guerrilheiros  e os combates estão a intensificar-se no sector oriental e no Enclave de Cabinda». Não creio que fosse assim, mas entende-se (politicamente, afirmação de Agostinho Neto.
Um ano depois e depois da Cimeira do Quénia, «a grande questão a resolver» era, e cito o Diário de Lisboa de 22 de Junho de 1975, «a paz efectiva entre MPLA, FNLA e UNITA». A junção de homens (militares) com «místicas particularmente diversas» afirmava-se como «ponto central», pois «as dificuldades que oferece não será facilmente ultrapassadas», segundo opinião de observadores políticos da capita angolana.
Os três movimentos, como era reconhecido pelos seus dirigentes, assumiam a entrada, em Angola, de «grandes quantidades de armas. depois do cessar fogo com o Exército Português» e, por outro lado, denunciaram «zonas de influência onde cada um dos movimentos reivindicava superioridade militar e armamento de civis». Além disso, concordavam, que «as suas divergências internas levaram  a combates que fizeram inúmeras vítimas e agravaram a situação, desenvolvendo o tribalismo, o regionalismo e o racismo».
Assim ia o processo de descolonização de Angola. Há 40 anos!!!

domingo, 21 de junho de 2015

3 167 - A primeira operação militar dos Cavaleiros do Norte!!!

Alferes António Garcia (ao centro) e furriel miliciano Viegas (à direita), momentos 
antes da saída do Quitexe, para uma operação militar. À esquerda, está o alferes 
João Sampaio, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala


Edifício do Comando  do BCAV. 8423 (seta
vermelha) e porta d´armas (seta verde), na Avenida do
Quitexe (ou Rua de Baixo) em 1974. Daqui
partiu a primeira operação dos Cavaleiros do Norte,
há precisamente 41 anos!


Quitexe, 20 de Junho de 1974. O Batalhão de Cavalaria 8423 iniciou a Operação Castiço DIH, na qual «envolveu, nas suas 4 fases, todas as unidades orgânicas». Garcia, o alferes miliciano comandante do PELREC, avisou-nos (a mim e ao Neto) muito perto das 11 horas da noite, da véspera, para o início da operação - previsto para as 4 horas da madrugada. Que fossemos «falar com os rapazes!...».
Lá fomos, mas o falar foi regado a Cucas, Eka´s e Nocais, cervejas bem fresquinhas e em fartura, para desbloquear emoções. Até que foi dada ordem de dormir e, às 15 para as quatro da madrugada, ordem de «três minutos para formara na parada, com equipamento de combate». Íamos para o mato!!!  
Ninguém deu passo atrás. Era a nossa «estreia» no mato, numa operação «a sério», precisamente duas semanas depois de termos chegado ao Quitexe! - a 6 de Junho de 1974. 
O que ficou do edifício do Comando (a verde),
depois da guerra civil (em data indeterminada).
Ao fundo, vê-se a Igreja da Santa Mãe de Deus do
Quitexe (seta vermelha)
A actividade dos Cavaleiros do Norte estava «virada para as centrais de Mungage e Negage e para os quartéis de Aldeia e Tabi» e a operação contou com «o reforço da 41ª. Companhia de Comandos e dos Flechas de Carmona». Refere o Livro da Unidade que «não se viu grande compensação do esforço desenvolvido pelas NT, pois que, salvo uma emboscada sem consequências, no Tabi,  só teve por reacção IN a materialização de tiros de aviso».
A 41ª. Companhia de Comandos «teve efeitos mais graves, pois que foi accionada uma mina AP na central do Negage, no qual um seu soldado sofreu a amputação de um pé». A 41ª. CC  «retirou da ZA após escassas 18 horas de operação (...), quando deveria ser de 8 dias».
Os Cavaleiros do Norte fizeram registo histórico do «primeiro contacto com o mato e o conhecimento das reacções humanas» em operação desta natureza e grandiosidade, mas, como refere o Livro da Unidade, a expectativa «acabou até por ser defraudada». 
 Um ano depois, MPLA, FNLA e UNITA, reunidos no Quénia, concluíram a cimeira e, segundo o Diário de Lisboa desse dia, «abrindo a via política para  fusão das bases militares e para a aproximação política dos três movimentos». A principal decisão foi fundir num só exército, de 30 000 homens, as forças militares dos três movimentos, «sendo desmobilizados e desarmados os restantes», segundo se lê no Diário de Lisboa desse dia. Ver neste link
Notícia do Diário de Lisboa, há precisamente
40 anos, sobre a Cimeira do Quénia
A independência continuava marcada para 11 de Novembro (de 1975) e seriam (não foram) marcadas eleições para a Assembleia Constituinte para data anterior a esse dia. O MPLA, entretanto, denunciou ataques da FNLA, nos dias 15 e 18 de Junho,  a Forte República, Brito Godins, Cuale, Canagola, Quiculunho, Samba Caju, Sambalucala e Barra do Dande. Lá para os lados do Norte angolano! 
Acusava o movimento de Agostinho Neto que o de Holden Roberto «aproveitou a  relativa acalmia que a realização da Cimeira provocou para manobras ofensivas com as características de uma ofensiva militar conjunta e simultânea». Era tempo de paz, mas nem tanto, afinal!

sábado, 20 de junho de 2015

3 166 - A morte do comandante Carlos Almeida e Brito

Almeida e Brito em Penafiel, a 27 de Setembro de 1997 - no seu último 
encontro com a CCS dos Cavaleiros do Norte. Em baixo, 
na sua última foto oficial



O comandante Almeida e Brito faleceu há 12 anos, a 20 de Junho de 2003, no decorrer de um passeio turístico a Espanha. Tinha 76 anos, estava aposentado e tinha atingido a patente de general.
Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito era tenente coronel de cavalaria, ao tempo que comandou o Batalhão de Cavalaria 8423 - os Cavaleiros do Norte. Entre Dezembro de 1973 e Setembro de 1975. No Quitexe, tinha sido oficial adjunto e de operações antes da nossa chegada, no Batalhão de Cavalaria 1917, em 1968.
Após a jornada angolana do Uíge, comandou o Regimento de Lanceiros 2, em Lisboa, e, depois, foi 2º. comandante do Região Militar Centro, em Coimbra - onde várias vezes me encontrei com ele. Era comandante o general Pires Tavares, conterrâneo de Águeda. Seguidamente, comandou a Região  Militar Sul, em Évora, e foi 2º. comandante geral da GNR. Outros cargos terá assumido, que desconheço - ou já se varreram da memória. Pires Tavares dele tinha opinião altíssimamente positiva: «Foi um grande militar. Foi eu quem o escolheu para 2º. comandante da Região Militar Centro, quando lá estive. Sempre o quis comigo».
Hoje aqui o evocamos, com saudade, fazendo memória de um grande comandante. RIP!
Há 40 anos, dia 20 de Junho de 1975, os Cavaleiros do Norte de Almeida e Brito continuavam em Carmona e os três movimentos de libertação de Angola no Quénia, em Cimeira. Um dos temas analisados foi precisamente a situação militar no norte angolano . onde estávamos, apontando para o «restabelecimento do equilíbrio militar». O MPLA, recordemos, tinha saído da zona uíjana, expulso pela FNLA na primeira semana de Junho,
Título do Diário de Lisboa de
20 de Junho de 1975
A cimeira abordou a questão da unificação das tropas dos três movimentos, o que implicava a redução de efectivos militares de cada um: para 8000 soldados, cada. O MPLA e FNLA teriam, cada qual, mais de 8000, mas a UNITA ficava-se pelos 5000. Uma questão para resolver. Resolvida foi a questão do comando unificado do exército. mas nada disso, como hoje sabemos, viria a acontecer.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

3 165 - Véspera da primeira operação e Cimeiras do Quénia e Açores

Cavaleiros do Norte, grupo da CCS, no Quitexe. Reconhecem-se Almeida, Silva, Soares (atirador, cabo dia), Pais, 
Wilson (?), NN, NN, furriel Rocha, Zambujo (de bigode), Alferes Hermida  (?) e esposa (Graciete Hermida), NN, NN, 
NN, NN e NN, Oliveira, Cabrita e Soares, das TRMS (?). De cócoras, Florindo, furriel Cruz, José Gomes, Alfredo Coelho 
(Buraquinho),Madaleno, furriel José  Pires, Hipólito, furriel Mosteias e Jorge Vicente, à esquerda, a frente, o Tomás. 
Alguem ajuda a identificar os NN´s?


Notícia do Diário de Lisboa sobre a Cimeira
do Quénia, há precisamente 40 anos


Aos 19 dias do mês de Junho, o BCAV. 8423 fazia véspera da sua estreia operacional. O alferes Garcia chamou-nos (a mim e ao Neto) para um «pé de orelha» e confidenciou-nos o que sabíamos ir acontecer, mais dia menos dia: a ida para o mato, o viver de medos e arrepios, conhecer os perigos dos trilhos e picadas, das minhas e das emboscadas.
O mesmo dia foi tempo para, nos Açores, o Presidente António Spínola receber p presidente Richard Nixon, dos Estados Unidos. «Sinto-me muito honrado  por, no termo de uma frutuosa viagem ao Médio Oriente, poder descansar na terra amiga de um dos nossos aliados», disse Nixon, no Clube de Oficiais Portugueses da Base Aérea das Lajes. 
O objectivo central do encontro era analisar a situação política portuguesa decorrente do 25 de Abril e, principalmente, «a situação política e a sua incidência no problema das colónias». António Spónola tinha sido apoteticamente recebido nos Açores.
Um ano depois, os Cavaleiros do Norte - já quase todos aquartelados no BC12, menos a 3ª. CCAV. 8423, ainda no Quitexe, depois da jornada de Santa Isabel... - continuavam «a missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização», como refere o Livro da Unidade, acrescentando que estes «momentos difíceis, preocupantes em todos os aspectos» ,mostraram que «tais militares deram em reais provas, unanimemente reconhecidas superiormente e pelas próprias populações».
A Cimeira do Quénia, afinal, iria «continuar por maus quatro ou cinco dias» e o a imprensa do dia dava conta que  que seria «muito provável terem ficado assentes medidas exemplares para conferir ao Governo a autoridade e meios de execução para cumprimento das suas tarefas, tendo igualmete sido reconhecida a negativa influência da acção dos movimentos de libertação na sequência do processo governativo».
ma decisão foi tomada: a expulsão, na totalidade e a breve prazo, dos portugueses da PIDE/DGS. os angolanos destas duas organizações seriam «julgados e depois sujeitos a um processo de reeducação nacionalista».

quinta-feira, 18 de junho de 2015

3 164 - Cessar fogo em Angola e encontro de 3 Rangers

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto, no Quitexe. Em destaque, o alferes miliciano 
António Albano Cruz (a amarelo), o 1º. sargento Joaquim Aires (vermelho) e o furriel 
miliciano Norberto António de Morais (branco) 



O ex-alferes miliciano Eduardo Fonte ladeado
pelos ex-furriéis milicianos Neto (à esquerda) e Viegas.
Hoje, em Águeda, num inesperado encontro
de três Rangers de Lamego


Hoje foi dia de, por Águeda, se reencontrarem três Rangers: dois Cavaleiros do Norte (os ex-furriéis milicianos Neto e Viegas) e um da CCAÇ. que, de 24 a 26 de Abril de 1975, foi substituída no Songo, pela 1ª. CCAV. 8423: o alferes miliciano Eduardo Fonte,
O então ainda aspirante a oficial miliciano Fonte, em Penude e no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) de Lamego, foi comandante do Grupo de Combate (o 3º.) da Companhia de Instrução do 2º. Ciclo e 2º. Turno de 1973. Grupo a que, entre os Cavaleiros do Norte, incluía também os então futuros furriéis milicianos José Monteiro (CCS), Manuel Pinto (1ª. CCAV) e António Carlos Letras (2ª. CCAV.). 
A história, para ser bem lembrada, deve falar também dos ex-alferes milicianos António Garcia (da CCS), Mário Jorge Sousa (1ª. CCAV.), João Machado (2ª.) e Augusto Rodrigues (3ª.). Desta 3ª. CCAV. 8423, era o ex-furriel miliciano Armindo Reino - que foi do 2º. Ciclo mas do 3º. Turno.
O ex-alferes miliciano Fonte, em data indeterminada e no seu potente e moderníssimo Ford Capri amarelo, visitou-nos no Quitexe (a mim e ao Neto) e dessa cortesia falámos hoje, na sua residência de Águeda - onde recupera de algumas maleitas físicas.
Há 40 anos, decorria a Cimeira do Quénia, que se previa terminar nesse 18 de Junho de 1975, e a imprensa dava conta que poderia ser anunciado «um cessar fogo efectivo e a declaração de integração num só Exército das Forças Armadas dos três movimentos de libertação de Angola».
«O cessar foto foi determinado ontem, pelos  presidentes, no seguimento de um acordo preparatório a que haviam chegado ainda na véspera da conferência», revelou um colaborador do presidente Kennyata Kaunda.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

3 153 - Acção psicológica no Quitexe e Cimeira do Quénia

Cavaleiros do Norte no Quitexe: Madaleno, Moreira (Penafiel), furriéis Rocha e Cândido Pires, Soares (de
cabo dia), NN, Oliveira, NN, Estrela e NN (alferes Ribeiro?). De cócoras, NN, Tomás. NN, Pais, 
furriel Cruz, Silva, 
Cabrita, Vicente, NN, NN e Hipólito. Sentados: Costa, Wilson (?), Buraquinho, NN e NN. 
Quem ajuda a identificar os NN?

Furriéis Viegas à esquerda e a 17 de
Junho de 1974, dia do seu primeiro
serviço de sargento de dia no Quitexe,
com Nelson Rocha (fm)

A 17 de Junho de 1974, há precisamente 41 anos, o comandante Almeida e Brito reuniu-se com as autoridades e comerciantes da vila, no Clube do Quitexe, no âmbito das «iniciativas de actividade psicológica, com vista a preparar e metalizar as populações para o programa do MFA». 
O 25 de Abril tinha sido menos de dois meses antes e, muito naturalmente, levedavam dúvidas no espírito dos colonos brancos. O dia foi também o do primeiro serviço do furriel Viegas (foto) como sargento dia - depois de, a 14 anterior, o BCAV. ter assumido «a sua verdadeira vida operacional na RMA».
Um ano depois, a 17 de Junho de 1975, titulava o Diário de Lisboa que «as coisas estão a correr bem na Cimeira do Quénia», na qual os três movimentos rapidamente chegaram a acordo sobre a a agenda de trabalhos. «As coisas estão a correr muito bem, muito melhor que o se esperava», relatava o enviado especial da United Press.
Clube do Quitexe, onde, há 41 anos,
se realizou uma reunião da Comissão
Local de Contra-Subversão
O presidente
Agostinho Neto (MPLA) «fez eco do apelo de Kenyatta Kaunda, visando a união das forças armadas e a dar melhor forma ao Governo». Holden Roberto (FNLA), numa «manifestação de acordo entre eles», referiu-se a Agostinho Neto, «seu rival e adversário ideológico», como «meu irmão» e referiu que ambos «tinham inimigos dentro e fora de Angola». Jonas Savimbi (UNITA) pediu «o termo dos massacres, mortes e divergências».
A questão principal, em discussão, era a formação do Exército Nacional de Angola, integrando homens dos três movimentos de libertação.
Carmona, nos termos que ainda ontem aqui evocámos, continuava o seu processo de estabilização. «As actividades militares desenvolvidas foram iguais às do antecedente, às quais houve que acrescentar a realização de diversas escoltas, porquanto, perdida que foi a liberdade de itinerários, só se garante a certeza dos movimentos com o apoio militar, quando não até, e também, o aéreo», como já aqui reportámos.

terça-feira, 16 de junho de 2015

3 152 - Cimeira do Quénia e Forças Militares Mistas em Carmona

Forças Militares Mistas na parada do BC12, há 40 anos 



A 16 de Junho de 195, começou em Nakuru, a 150 quilómetros de Nairobi (no Quénia) a Cimeira dos três movimentos de libertação de Angola: MPLA, FNLA e UNITA: Por Carmona, faziam-se caminhos de paz, não sem alguns pequenos incidentes. E, segundo o Livro da Unidade, «apareceu, finalmente, a 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas (1ª./FMM), integrada de elementos da FNLA e da UNITA. O MPLA, como se sabe, tinha sido forçado a abandonar a cidade, depois dos trágicos primeiros 5/6 dias de Junho.
Manuel José Friezas, auxiliar de
cozinheiro, esposa e filho
O Livro da Unidade dá igualmente conta que «conseguiram-ase os primeiros elementos para os Estados Maiores Unificados, quer do Comando Territorial de Carmona quer do BCAV. 8423, esperando-se encontrar em tais elementos uma colaboração que permita levar a bom termo o processo em curso».
Os Cavaleiros do
Atirador José Manuel Eusébio e esposa
Norte patrulhavam incessantemente a cidade, noite e dia, nomeadamente os lugares mais frequentados - pela comunidade civil e pela tropa. A ordem era evitar que os militares reagissem às muitas provocações da população, nomeadamente a europeia - que não se coibia de nos baptizar de cobardes e traidores. 
Numa das vezes, em patrulha numa rua transversal à do Comércio, um grupo do PELREC quase foi atingido por tiros disparados de um terceiro ou quarto andar. Foram momentos muito difíceis.
A cidade estava sem abastecimentos e a tropa era servida por aviões militares. O mesmo acontecia com as evacuações. Os homens do MPLA, no Caxito, impediam a sua passagem para o Norte (para Carmona), pois, e cito do Diário de Lisboa desse dia «pensam ser possível que as colunas
(de reabastecimentos) sirvam de algum modo para reabastecer forças da FNLA»: Que, como sabemos, «reinava) no Uíge.
O dia foi também tempo do 16º. voo da Fora Aérea, com desalojados de Luanda para Lisboa. Já iam em 4000! Dois dias antes, o navio Príncipe Perfeito atracou em Lisboa com «cerca de 1000 colonos de Angola (...), fugidos dos incidentes verificados». A maioria eram mulheres e crianças,


segunda-feira, 15 de junho de 2015

3 151 - Reunião de Comandos, no Quitexe, do BCAV. 8423

Destacamento dos Cavaleiros do Norte na Fazenda Luísa Maria. A 10 de Junho 
de 1974, chegou lá o 1º. pelotão da 2ª. CCAV. 8423, comandado pelo alferes João Machado. 
A 14 de Dezembro do mesmo ano,  saiu o segundo, do alferes João Capela. Foi a última 
presença militar portuguesa em Luísa Maria

O (ex-furriel) Delmiro Ribeiro, o 
organizador do encontro, e esposa


Furriéis milicianos João Cardoso, 
Agostinho Belo e António Flora

Condutores Gabriel Morais, Pimenta 
Gonçalves e Arlindo Novo


A 3ª. CCAV. 8423 esteve reunida em Vila Real, a 6 de Junho, e hoje, por gentileza do Delmiro Ribeiro - o organizador do evento - publicamos mais algumas fotos desta jornada de memória dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel.
Há 41 anos, dia 15 de Maio de 1974, dois futebolistas do Benfica, ambos nascidos em Benguela, anunciaram que iria optar pela nacionalidade angolana. «Eu sou angolano, de maneira que teria de optar pela nacionalidade angolana», disse Malta da Silva. E afirmou Jordão: «Se o Benfica mantiver a tradição de não consentir jogadores estrangeiros nas suas equipas, continuarei angolano». O mesmo dia foi tempo, no Quitexe, da «primeira reunião de Comandos, com a presença de todas as Companhias de Cavalaria e Companhias de Caçadores do Subsector».
o
Victor Feliciano (mecânico) e Alfredo
Coelho, o Buraquinho da CCS (1º. cabo
analista de águas)
«Além de uma troca de impressões entre todos os comandos e o dar a conhecer as directrizes da actividade futura», refere o Livro da Unidade que «foi procurado encontrar uma melhor solução para o dispositivo do BCAV., de modo a que permitisse uma maior aproveitamento de todas as suas forças».
O plano, vale a pena recordar estes 41 anos depois, consistiu em «fazer, em rotação pelas unidades, a cobertura de todos os destacamentos da ZA, o que mereceu aprovação generalizada e, por isso mesmo, iria
ser posto em execução em Julho de 1974».
Os capitães José Manuel Cruz
(comandante da 2ª. CCAV. 8423) e José Paulo
Fernandes (3>ª. CCAV) e o alferes miliciano
João Francisco Machado
O primeiro pelotão a rodar foi o primeiro, da 2ª. CCAV. 8423, aquartelada em Aldeia Viçosa e comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Foi para o  Destacamento de Luísa Maria, já lá estava desde 10 de Junho e era comandado pelo alferes miliciano João Machado, com os furriéis milicianos António Carlos Letras (ambos de Operações especiais, os Rangers) e António Fernando Melo, atirador de cavalaria. O último, saiu a 14 de Dezembro do mesmo ano e era comandado pelo alferes miliciano Jorge Capela, com os furriéis milicianos Rafael Ramalho e Mário Matos. 
  

domingo, 14 de junho de 2015

3 150 - Cavaleiros do Norte começaram actividade operacional


Cavaleiros do Norte no Quitexe. Furriéis milicianos Monteiro, Machado (a fumar) e 
Costa, com o Carlos Lages (do bar de sargentos), na fila da frente. Atrás, Rocha (de 
bigode), Fonseca (de bigode e a fumar), Bento (de bigode), Viegas (a rir), Belo (de 
bigode e óculos) e Ribeiro. Ceia de Natal de 1974



Furriel Américo Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423,
com alguns elementos da FNLA, em Vista
 Alegre, no ano de 1975

O 14 de Junho de 1974 foi o dia em que «começou a verdadeira vida operacional (dos Cavaleiros do Norte) na Região Militar de Angola»
O Batalhão de Cavalaria 8423, recordemos, começara a chegar a Angola no dia 30 de Maio de 1974 (a CCS) e sucederam-se as companhias operacionais - a 1ª. CCAV. 8423, de Zalala (1 de Junho), a 2ª, de Aldeia Viçosa (dia 4) e a 3ª. de Santa Isabel (a 5), todas aquarteladas no Campo Militar do Grafanil, Daqui, rodaram para as suas sedes respectivamente a 6, a 7, a 10 e a 11 de Junho de 1974.
Furriel miliciano
Victor Velez, da
1ª. CCAV. 8423

Ainda em Junho desse ano aconteceram alguns complementos. À 1ª. CCAV. 8423, por exemplo, chegou o furriel miliciano Victor Velez, atirador de Cavalaria. As três companhias operacionais receberam, cada qual, o seu Grupo de Mesclagem - grupos formados por militares do recrutamento local.
Um ano depois, a programada Cimeira de Nairobi causava algumas preocupações e o Diário de Lisboa titulava «causa ambiente tenso em Luanda». A situação decorria de «uma manifestação de europeus frente ao Palácio do Governo, em consequência da morte de um comerciante no Bairro da Cuca». O comerciante teria sido abatido por elementos da FNLA, quando telefonicamente tentava contactar o COPLAD, por causa de um assalto à sua residência. O jornal O Comércio,
Notícia do Diário de Lisboa, de 14 de Junho
de 1975, sobre os acontecimentos de Angola
de Luanda, publicou nesse dia 14 de Junho de 1975 um manifesto, referindo, nomeadamente, que o documento era de «grande importância política» e na base da palavra de ordem «Recurso à Nação». Era assinado por Joaquim Pinto de Andrade, Gentil Viana, Joaquim Baptista, Maria do Céu Reis, Adolfo Maria, Amélia Mingas, Luís Carmelino e Manuel Videira. Todos eles, referia O Comércio, «nomes conhecidos, alguns dos quais se distinguiram no seio das Revolta Activa, facção do MPLA, sobre a qual muito se tem especulado». Abordavam especialmente a próxima Cimeira de Nairobi.