segunda-feira, 31 de julho de 2017

3 839 - Comandos e paraquedistas para a rotação do BCAV. 8423

Cavaleiros do Norte no Quitexe. De pé, 1º. cabo Cordeiro, Francisco e Flo-
rêncio, 1º. cabo Vicente (de branco, falecido a 21/01/1997), NN (de bigode), 1ºs.
 cabos Soares e Almeida, Marcos (a fumar), Messejana e NN. Em baixo, Aurélio,
furriel Neto, Madaleno, NN e 1ºs. cabos Silvestre e Almeida (cozinheiro)

O cozinheiro José Miguel dos Santos, soldado da CCS, em
primeiro plano e à saída de uma missa na Igreja do Quitexe

A 31 de Julho de 1975, uma 5ª.-feira, «começou a materializar-se a operação de rotação» do BCAV. 8423 de Carmona para Luanda «com a chegada de viaturas e de tropa de reforço» - uma Companhia de Comandos (que ficou no BC12) e outra de Paraquedistas (no Negage).
O conflito MPLA/FNLA estendia-se, por esta altura, a pelo menos mais localidade: Porto Amboim, importante porto piscatório do Quanza Sul. 
Cavaleiros do Norte: NN (quem é?),
António Cabrita e Alípio Canhoto
«O emprego de armas pesadas pôs a população em pânico», relatavam as agências informativas ANI FP, AP e UPI, acrescentando que «a maioria da população foi evacuada pleno navio «Sofala, com destino ao Lobito».
Novo Redondo, 80 quilómetros ao sul e depois da paragem de terça-feira imediatamente anterior, «viu» os combates retomados na quarta, «com particular violência, tendo também sido usadas armas pesadas». A população, naturalmente alarmada com a situação, preparava-se para abandonar a cidade.
 Em Malanje, a sul de Carmona (actual cidade de Uíge), «as 6000 pessoas que estavam refugiadas nos quartéis portugueses, estavam a ser evacuadas para o sul de Angola, em comboios de 50 viaturas, escoltados por tropas portuguesas durante 10 quilómetros»
Luanda e Caxito estavam em «situação estacionária, não havendo notícias de incidentes e de movimentos de tropas».
Base Aérea de Henrique de Carvalho


UNITA e MPLA: combates
em Henrique de Carvalho

Novidade deste dia de há 42 anos foi a de combates entre o MPLA e a UNITA - que até então (a UNITA) estava de fora da crescente situação de previsível guerra civil angolana. As confrontações armadas tinha acontecido na antevéspera - dia 29 de Julho de 1975, uma terça-feira.
«A situação encontra-se já normalizada», reportavam as agências de noticias, a 31 de Julho desse mesmo ano (de há precisamente 42), referindo-e aos comba-
tes em Henrique de Carvalho, a agora cidade de Saurimo, capital da Lunda.
A data assinalou também a saída de Luanda de quadros dos Consulados de França, Itália, Bélgica e Alemanha - que ficaram limitados aos mínimo indispensável de pessoal. Isto, devido à «instabilidade da situação provocada pelas confrontações armadas entre os movimentos de libertação».
Três cidadãos norte-americanos também abandonaram Luanda no mesmo avião e o Consulado inglês fechou os seus serviços. 
Por outro lado, acentuava-se «o êxodo dos portugueses». Quatro aviões da TAP e uma companhia estrangeira «asseguram diariamente o repatriamento para Portugal de 2000 cidadãos».

António C. Simõ

Simões, mecânico, 65 anos
em Figueiró dos Vinhos !!!

António da Conceição Simões foi soldado mecânico-auto da CCS dos Cavaleiros do Norte.
Natural de Vale do Rios, da freguesa e concelho de Figueiró dos Vinhos, lá regressou a 8 de Setembro de 1975, depois de con-

cluída a sua jornada africana do Uíge angolano - no BCAV. 8423.
Fez carreira profissional na GNR e, já aposentado, mora no Guizo, em Figueiró dos Vinhos - onde recentemente teve «fogo à porta» e para onde vai o nosso abraço de parabéns, pelos 65 anos que festeja a 31 de Julho de 2017.

domingo, 30 de julho de 2017

3 838 - Cavaleiros no Estado Maior Unificado, FNLA quer entrar em Luanda!

Cavaleiros do Norte em Aldeia Viçosa: furriel José Fernando Melo, alferes
Jorge Capela e João Machado, tenente-coronel comandante Almeida e Brito
(do BCAV. 8423) e tenente José Manuel Cruz, comandante da 2ª. CCAV. 8423



O capitão José Manuel Cruz e esposa, o comandante Al-
meida e  Brito e o capitão José Paulo Falcão em Águeda,
a 09/09/1995, 20 anos depois da chegada de Angola

A saída dos Cavaleiros do Norte para Luanda estava prevista para 4 de Agosto de 1975, mas acabaria por começar na véspera, quando, de avião, «em duas levas de um DC6 e dois Nordatlas», foram transportadas a CCS (do Quitexe) e a 1ª. CCAV. 8423 (da Fazenda Zalala).
A 30 de Julho do mesmo ano, hoje se fazem 42 anos e no âmbito da prepa-
Os furriéis milicianos Pires (TRMS) e Neto
na rampa da messe do Montanha Pinto
ração da operação de saída, tal foi «comunicado à FNLA»na reunião do Estado Maior Unificado.
Os furriéis milicianos da CCS, nesta altura, já tinham abandonado a messe do Bairro Montanha Pinto e estavam alojados no edifício residencial limítrofe ao BC12, na estrada para Carmona. Dali, já só saíram no domingo seguinte, para o aeroporto e em voo para Luanda.

FNLA disposta a
avançar sobre Luanda

Ao tempo, nessa quarta-feira de Julho de 1975, o presidente Holden Roberto (da FNLA) falando no Ambriz, garantia que «o assalto contra a capital angolana deverá verificar-se nos próximos dias». As forças do movimento (o ELNA) estavam no Caxito e calculava-se que seriam formadas por 8000 homens.
«Procedem neste momento a uma pausa, a um reagrupamento, à instalação de um dispositivo de ataque que deverá levá-los a Luanda», referia um fonte do seu Estado Maior, citada pelo Diário de Lisboa.
As FAPLA, do MPLA, essas «já tinham mostrado a sua capacidade e combatividade (em confrontos anteriores) e contavam também com a população armada», que, segundo certos meios, «deverá opor uma grade resistência», tendo como pontos fortes o Quifandongo e  Cacuaco - para além de terem um maior conhecimento do terreno.
«A atmosfera continua pesada em Luanda, cidade em que os portugueses estão agora a abandonar ao ritmo de 3000 pessoas por dia», noticiava o Diário de Lisboa. No entanto, «não se têm registado incidentes», continuando a FNLA «a resistir no Forte de S. Pedro da Barra», ao redor do qual os ELNA´s «colocaram minas, para evitar o avanço das FAPLA».

Notícias de Angola, a 31 de Julho de
1975, no Diário de Lisboa

6 000 refugiado no
quartel de Malanje

A comunidade civil Carmona foi tendo conhecimento da saída da tropa e movimentou-se no sentido de  poder integrar a coluna militar . Sentia-se «sem receber quaisquer apoios ou segurança» e muitos dedos foram, por esse últimos dias de Julho de 1975, apontados aos Cavaleiros do Norte.
Sem, porém, se registarem incidentes especiais.
Novo Redondo, no Quanza Sul, porém, foi cenário de «graves recontros» entre FNLA e MPLA, na sequência dos quais «dois sargentos e 15 soldados do ELNA se entregaram às FAPLA, também se teriam registado combates no Lobito, mas desconhecia-se o número vítimas».
Em Luanda e na véspera, realizaram-se os funerais dos guerrilheiros do MPLA que foram vítimas do confronto com tropas portuguesas, no Bairro Maria Alice. Tinham atacado as NT pelas costas. Em Malanje, relatava o Diário de Lisboa que «se refugiaram 6000 pessoas no quartel da Forças Armadas Portuguesas».
Emblema da 2ª. CCAV.
8423, de Aldeia Viçosa

Salcedas da 2. CCAV.
faleceu há 11 anos !

João Duarte Salcedas foi 1º. cabo atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. Faleceu a 31 de Julho de 2006, aos 59 anos de vida!
Natural de Sítio do Lameiro da Moita, na freguesia de Al-
deia do Carvalho, na Covilhã, lá regressou a 10 de Setem-
bro de 1975, depois de concluir a sua missão militar em Angola e nos Cavaleiros do Norte comandados pelo capitão miliciano José Manuel Cruz.
Desconhecemos a origem da sua morte, ou quaisquer outros factos da sua vida, mas hoje e em sua memória, aqui o recordamos com saudade. RIP!

sábado, 29 de julho de 2017

3 837 - Fome e mortes no Uíge, a zona da FNLA!

O tenente João Mora, que amanhã faria 91 anos e faleceu a 2 de Abril de
2003, os furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro, 1º. cabo Miguel Teixeira

e os furriéis milicianos Reino e Aldeagas. Frente à Casa dos Furriéis, 
na avenida do Quitexe e em 1974. Há 43 anos!

Cavaleiros do Norte de Zalala: 1º. cabo Hélio Rocha
(TRMS), alferes Lains dos Santos e furriéis Queirós e
Rodrigues, todos milicianos da 1ª. CCAV. 8423

A 29 de Julho de 1975, realizou-se nova «reunião de trabalho com elementos do Quartel General da Região Militar de Angola» para preparar a operação de retirada dos Cavaleiros do Norte de Carmona (Uíge) para Luanda.
A imprensa do dia noticiava que «a situação  militar não evoluiu nada». A FNLA continuava no Caxito, mas alegadamente com esta localidade cercada por forças do MPLA. Em Luanda e «ao fim de tarde de ontem, irrompeu cerrado duelo de armas
Francisco Madaleno, atirador de Cavalaria
do PELREC e um GE do Quitexe
ligeiras e pesadas, nas imediações de S. Pedro da Barra», onde as tropas da FNLA «continuavam a resistir ao assédio do MPLA».
Em Malanje «os combates recomeçaram ao fim da tarde de ontem, com particular violência» e dois aviões portugueses com reabastecimentos para a cidade «foram atingidos pelo fogo cruzado» do MPLA e da FNLA, «tendo ficado feridos dois tripulantes». Daqui e escoltadas por forças militares portuguesas, iriam ser «evacuadas 700 pessoas que se tinham refugiado o quartel português».

Notícia do Diário de Lisboa
de 29 de Julho de 1975

Fome e mortes nas 
zonas da FNLA

A norte, «as estradas de acesso ao Uíge, dominado pela FNLA, estavam bloqueadas pelas forças do MPLA»
Os abastecimentos de urgência, por isso mesmo, tinham de ser feitos por via aérea. As organizações de assistên-
cia do Governo e os missionários «apenas podiam  dar aos refugiados um pedaço de terra e sementes».
A situação era tanto mais dramática quanto tinham chegado 300 000 (!?) refu-
giados angolanos do Zaire. «A escassez de alimentação tornou-se desespe-
rada», relatava o Diário de Lisboa, citando, também, «os refugiados que con-
tinuavam a afluir de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates entre as forças do MPLA e da FNLA».
O vespertino da capital portuguesa acrescentava que «40 pessoas morrem diariamente de fome, no distrito do Uíge».
Tenente João Mora,
em 1974 e no Quitexe


Tenente João Mora
faria 91 anos

O tenente João Mora faria 91 anos a 30 de Julho de 2017. Faleceu aos 77, a 21 de Abril de 2003.
João Elóy Borges da Cunha Mora foi 2º. comandante da CCS do BCAV. 8423, a do Quitexe, regressando a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975. Era o tenente Palinhas, assim populari-
zado entre a guarnição, casado com uma senhora de origem indiana - que o acompanhou na jornada africana da Angola. Natural de Pombal, continuou a sua carreira militar, fixando residência em Lisboa (à Lapa), onde faleceu, vítima de doença. Hoje, o recordamos com saudade. RIP!!!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

3 836 - Cavaleiros do BCAV. 8423 a preparar a rotação para Luanda!


O tenente coronel Gilberto Santos e Castro, oficial português que apoiou
 e comandou tropas da FNLA e Holden Roberto, presidente da mesma FNLA, 

no Ambriz e em data desconhecida (no ano de 1975)


O furriel Viegas e o capitão Domingues,
do QG da Região Militar de Angola

A 28 de Julho de 1975, um domingo, soube-se que o tenente-coronel Santos e Castro era o ex-oficial português que, no Caxito, comandava as tropas da FNLA - que dali tinham expulsado o MPLA, após «duros e violentos combates».
Gilberto dos Santos e Castro era prestigiado oficial português e tinha sido comandante da 1ª. Companhia de Comandos de Angola. Era irmão do engº. Fernan-
do Santos e Castro, que fora Governador Geral de Angola, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e deputado nacional.
A situação no Caxito estava «estacionária, com alguns blindados da FNLA a ocuparem a localidade desde há alguns dias», mas sem conseguirem
Cavaleiros do Norte do PELREC: Marcos,
Madaleno, Pinto (1º. cabo) e Ferreirfa   
avançar sobre Luanda. O MPLA, noticiava o Diário de Lisboa, «fez um cerco às forças da FNLA e começou a sabotar as pontes».

Carmona a preparar
rotação para Luanda
Carmona continuava aparentemente calma mas... tensa!, devido às delicadas relações com a FNLA e as crescentes e cada vez mais levedadas críticas da comunidade civil quanto à acção dos Cavaleiros do Norte que, a todo o custo, procuravam «evitar males futuros». Mesmo asperamente maltratados e, dia a dia, muito insultados. A fazer doer a alma daqueles que, na imberbidade dos seus 22 para 23 anos, ali estavam dispostos a tudo,  para defender pessoas e bens, até a dar vida por terceiros!
A 28 de Julho de há 42 anos, de novo o Comando do BCAV. 8423 reuniu com «elementos do Quartel General da Região Militar de Angola», para preparar a operação de retirada de Carmona para Luanda. O mesmo acontecera a 23 e repetiu-se a 29. O objectivo essencial era «obter os meios necessários à execução de tal operação» e um dos elemento do QG era o capitão Domingues - que eu conhecera da sua relação familiar (primo) com Fátima Resende, ao tempo esposa de José Bernardino Resende, conterrâneo e amigo.
Raúl Corte Real, capitão miliciano e co-
mandante da CCÇ. 4145. de Vista Alegre

A CCAÇ. 4145 e
a 1ª. CART. 6322

Um antes, Almeida e Brito, deslocou-se a Vista Ale-
gre, em «contacto operacional» com a ali aquartela-
da CCAÇ. 4145 - que era comandada pelo capitão miliciano Raúl Corte Real.
Ainda neste mesmo dia de há 42 anos, registou-se «a retirada do  Subsector», da 1ª. CART do BART. 6322, que «trabalhava na área dos «quar-téis» de Camabatela e Quiculungo» - a ZA do BCAV. 8423. Os artilheiros da 1ª. CART. 6322, recordemos, faziam parte do Comando Operacional de Tropas de Intervenção 2 (COTI 2) e estava, há 43 anos e desde 18 de Julho anterior, sob dependência operacional do BCAV. 8423.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

3 835 - MPLA disparou pelas costas contra militares Portugueses!

O PELREC: 1º. cabo Florindo (enfermeiro), Caixarias. 1º. cabo Pinto, Mar-
cos, 1º. cabo Ezequiel, Florêncio, 1º. cabo Soares. Neves, Messejana e 1º.
cabo Almeida. Em baixo, furriel Neto, Madaleno, Aurélio (Barbeiro), 1ºs. cabos
Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco, furriel Viegas e 1º. cabo Vicente.
O furriel miliciano João Rito, de barbas e da 1ª. CCAV.
8423, com um grupo de Cavaleiros do Norte de Zalala



Aos 27 dias de Julho de 1975, um domingo, a cidade de Carmona e todo o Uíge continuavam pacíficos, aparentemente calmos, mas nada que evitasse o permanente alerta dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 84323, bem «avisados» para iminentes problemas com a  FNLA.
O cozinheiro José Miguel dos Santos, da CCS,
à saída de Igreja do Quitexe
Era, como refere o Livro da Unidades, «uma calma fictícia», caldeada de ameaças e boatos, numa altura em que já toda a gente (a civil incluída) sabia da cada vez mais próxima retirada da tropa, para Luanda. 
Luanda acordou nesse dia dominical com com «um sangrento incidente» no Bairro Vila Alice e envolvendo militares portugueses e do MPLA: «um grupo armado das FAPLA desarmou militares portugueses que seguiam numa viatura do Exército». Depois disso e de mandarem seguir a viatura, «abriram fogo pelas costas, contra os ocupantes, ferindo dois, u deles em estado grave».
O Comando Operacional de Luanda (COPLAD) reagiu e exigiu a entrega dos agressores, até às 8 horas da manhã - o que não aconteceu. Nem foram entregues os culpados, nem qualquer explicação foi dada.
As forças portuguesas aguardaram até às 10 horas e, então e sem qualquer reacção do MPLA, «montaram um dispositivo para deter os elementos das FAPLA, estacionados em Vila Alice».
O comandante da força discutiu com o responsável do MPLA e, quando se encontrava no exterior, «as forças das FAPLA dispararam sobre as forças portuguesas, que ripostaram». Generalizou-se o incidente que acabou por «provocar mortes e feridos entre o MPLA e civis». Ler AQUI

FLEC não reconheceu
e demitiu Nzita Tiago

Malanje, no mesmo dia 27 de Julho de há 42 anos, foi cenário de novos combates entre o MPLA e a FNLA, «após uma ligeira trégua conseguida pelas autoridades portuguesas», que pretendiam «a evacuação dos feridos e o reabastecimento de víveres» para a população.
Enquanto isso, a FLEC emitiu um comunicado a desmentir «a legitimidade e representatividade de Nzita Henriques Tiago», que em Paris se apresentara como 1º. Ministro do Governo Revolucionário Provisório de Cabinda, com Luisi Ballu como Ministro dos Negócios Estrangeiros.
«Não pode comprometer o nosso movimento sem autorização do presidente Luís Ranque Franque», referia o comunicado, sublinhando também que «esta sua iniciativa e portanto demagógica e das mais graves consequências».
O documento da FLEC frisava depois que «foi já demitido da funções que tinha na FLEC» e considerava que «o acto inqualificável destes dois homens constitui um acto de afirmação pessoal em detrimento dos superiores interesses da nação cabinda, no momento em que, em Kampala, se tornam importantes decisões quanto ao acesso de Cabinda a sua soberania»».

quarta-feira, 26 de julho de 2017

3 834 - Guerra total entre o MPLA e a FNLA!

Cavaleiros do Norte nas oficinas do Quitexe: 1ºs. cabos Rafael Farinha e 
Serra Mendes e furriel Norberto Morais (todos mecânicos-auto) e 1ºs. 
cabos Domingos Teixeira (estofador) e Agostinho Teixeira (pintor)

O comandante Almeida e Brito (à esquerda) em Aldeia Vi-
çosa, com os alferes milicianos João Machado e Jorge Capela



A 26 de Julho de 1974, o comandante Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 84343 e onde, acompanhado do capitão José Manuel Cruz, reuniu com as autoridades tradicionais locais.
O comandante do BCAV. 8423 fez-se acompanhar por alguns oficiais do Quitexe e pelas autoridades adminis-
Alferes milicianos Periquito e Cruz, capitão Cruz e al-
feres Carvalho (de pé) e Jorge Capela (em baixo). Aqui,
no quartel de Aldeia Viçosa, na 2ª. CCAV. 8423
trativas e eclesiásticas locais e o dia foi também tempo para uma deslocação à Fazenda Minervina, em continuação do trabalho de «mentalização das popula-
ões» para a nova situação militar e política - a decorrente do 25 de Abril.

Guerra total entre
a FNLA e o MPLA

Um ano depois, 26 de Julho de 1975, regressou a Carmona a coluna MVL que na véspera tinham partido para Salazar (N´Dalatando), à terceira tentativa (imposta à FNLA), e regressaram de Luanda os Cavaleiros do Norte que, em serviço, lá se tinham deslocado.
Luanda onde, na véspera,  se tinha registado mais confrontações armadas entre a FNLA e o MPLA - em S. Pedro da Barra, Cazenga e Cuca.
A declaração de «guerra total» foi feita na véspera, por Holden Roberto e aos microfones da Emissora Oficial de Angola, exortando o seu exército (o ELNA) a, e citamos o Diário de Lisboa, a continuar «o fogo sobre o inimigo, em todas as frentes», porque, sublinhou, «a nossa luta é definitiva e só terminará com a libertação de Luanda e a reocupação de todas as nossas posições».
O MPLA, na voz do presidente Agostinho Neto, reagiu com a proclamação da «resistência popular generalizada» incitando «todos os verdadeiros patriotas para que se mobilizem para responder, pela violência revolucionária, a todas as agressões dos bandos assassinos do ELNA/FNLA».
O Caxito continuava ocupado pela FNLA, que lá tinha 7 carros blindados, metralhadoras de fabrico americano e tropas de infantaria.
O MPLA continuava a controlar Henrique de Carvalho e Salazar. Malanje voltou a registar «conflitos muito violentos, envolvendo armas ligeiras e pesadas».
Carmona, onde as NT eram ameaçadas pela FNLA e fortemente criticadas pela comunidade civil, felizmente ia continuando minimamente calma. As NT, sublinha o Livro de Unidade, eram «permanente alvo de críticas das populações brancas».
Nzita Henriques Tiago,
da FLEC e em 2012

FLEC anunciou
Governo Revolucionário
em Cabinda

A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) anunciou, a 26 de Julho de 1975, a constituição de um governo revolucionário provisório e esperava «anunciar brevemente a sua independência».
O anúncio foi feito em Paris, por Luzi Ball, que se apresentou como Ministro dos Negócios Estrangeiros do referido Governo, que tinha sido «proclamado a 16 de Julho e controlava um quarto do território».
O 1º. Ministro era Nzita Henriques Tiago, da FLEC - movimento que «já tinha travado combates com o MPLA» e, por outro lado, «procurava eleições livres e estabelecer um governo livre antes do 11 de Novembro».

segunda-feira, 24 de julho de 2017

3 833 - Coluna para Salazar, Chipenda e Angola do Norte!

O PELREC (na Berliet) pronto para sair do Quitexe, para mais uma operação,
ou escolta. Reconhece-se, todos milicianos, os alferes Carlos Sampaio (ofi-
cial de dia) e António Garcia (comandante do PELREC) e furriel Viegas 
O comandante Almeida e Brito, ladeado pelo capitão
José Manuel Cruz (à esquerda) e alferes João Ma-
chado, ambos milicianos da 2ª. CCAV. 8423


As tensas relações entre as NT e a FNLA, que se agravaram por este tempo de há 42 anos, provocaram várias reuniões, uma delas a 23 de Julho.
«Desanuviado o ambiente, conseguiu realizar-se, a 25 de Julho, a desejada coluna a Salazar, em terceira tentativa», relata o Livro da Unidade, acrescen-
tando que «fez-se o seu regresso a 26, 
Quitexe em 2005 (da net): secretaria e Comando na CCS (à
 esquerda), casa de João Garcia (caiada de branco) e, à di-
reita, a frente da árvore, o que então restava do edifício
do Comando do BCAV. 8423
assim como o do pessoal que tínhamos em Luanda» e que, por não poder passar no Caxito - devido aos violentos combates que ali ocorriam, entre FNLA e MPLA - teve de fazer a volta pelo Dondo, passando pelo Negage, Samba Caju, Salazar (actual N´Dalatando). 
A viagem pela Estrada do Café, de Car-
mona a Luanda, estava impossível. No Caxito, a  50 quilómetros de Luanda, os combates envolviam carros blindados e a vila, ocupada pelo MPLA desde 28 de Maio, «caiu» nas mãos da FNLA
A memória faz recuar aos dias 13 e 21 de Julho imediatamente anteriores, quando a FNLA «impediu» a saída da(s) coluna(s), o que motivou (e obrigou) um posição de força das NT. A 25, a coluna do MVL iria avançar, a que custo fosse. Nada e ninguém a iria impedir.
Daniel Chipenda disse em Carmona, há exac-
tamente 42 anos, que a FNLA ia entrar
 em Luanda e... governar Angola

Chipenda em Carmona 
e combates em Luanda

A luta entre o MPLA e a FNLA continuava em Luanda, nomeadamente em S. Pedro da Narra e nos Bairros da Cuca e do Cazenga.
Daniel Chipenda, então secretário geral adjunto da FNLA, falou ao país, em entrevista ao enviado da AFP e a partir de Carmona, anunciando que o ELNA (o seu exército) «tinha recomeçado a encaminhar-se para Luanda com o intuito não de negociar mas de conquistar o poder».
«As nossas forças marcham para Luanda e esperamos a sua entrada na capi-
tal de Angola nos próximos dias», disse Daniel Chipenda, que era dissidente do MPLA, acrescentando que «apesar de algumas declarações de algumas entidades do Governo de Lisboa, as forças portuguesas não se oporão, realmente, ao avanço das tropas da FNLA» e que «não tememos uma eventual intervenção da aviação portuguesa».
Daniel Chipenda afirmou também que «só muito dificilmente se poderia pensar em novas negociações com o MPLA», pois, explicou, «todos os acordos foram violados» pelo movimento de Agostinho Neto. «Vamos a Luanda não para negociar, mas para dirigir», acrescentou, confirmando que Holden Roberto estava em Angola.
Recusou a intenção de a FNLA se acantonar no norte - no Uíge e Zaire, onde era dominadora -, sublinhando que, isso sim, o objectivo era «instalar-se em Luanda e de manter na capital o seu quartel-general». Muito menos pensava em «proclamar um Estado do Norte», como lhe perguntou o enviado da AFP. 
«Não queremos balcanizar o nosso país. A nossa capital não é Carmona ou S. Salvador, mas, sim, Luanda», disse Daniel Chipenda.
Fazenda Xandragoa, onde o comandante
Almeida e Brito esteve há precisamente
 43 anos, escoltado pelo PELREC

Cavaleiros do Norte
em várias fazendas

Um ano antes, o BCAV. 8423, com comando instalado no Quitexe, celebrou o Dia do Exército, com «cerimónias simples».
O comandante Almeida e Brito, nesse mesmo dia de há 43 anos, visitou várias fazendas da ZA dos Cavaleiros do Norte: Guerra, Xandra-
goa (foto ao lado), Buzinaria e Isabel Maria.
A coluna incluía as autoridades administrativas e eclesiásticas do Quitexe e a escolta foi assegurada pelo PELREC, comandado pelo alferes Garcia. 
A altura era de «garantir a segurança das populações», estando as «acções contra bandos armados que possam ainda ser hostis limitadas a defesa própria e a preservar a vida e os bens dos habitantes pacíficos», como proclamou a Junta Governativa, no entanto frisando que «devendo, nesse caso, serem usadas, se necessárias, as maiores determinação e firmeza».
Manuel Lopes

Lopes de Aldeia Viçosa,
65 anos em Alcanede

O soldado atirador de Cavalaria Lopes, da 2ª. CCAV. 8423, festeja 65 anos a 25 de Julho de 2017. Hoje, precisamente.
Manuel Fernando de Jesus Lopes era Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa e ao tempo residente (e ainda actualmente morador) na Aldeia de Além, freguesia de Alcanede, no concelho de Santarém. Lá regressou a 10 de Setembro de 1975, depois de cumprir a sua (e nossa) co-
missão militar no Uíge de Angola , entre Aldeia Viçosa e a cidade de Carmona.
Parabéns! E que a data se repita feliz, por muitos e bons anos!


3 832 - Evacuação de Carmona «pela força, se necessário»!

Cavaleiros do Norte da CCS na parada do Quitexe.  Atrás, de pé, José Rebelo, Wilson Moreira (?),
furriéis Mosteias (de cabelo rapado), Neto (de bigode), José Pires e Rocha (de boina), dra. Graciete
Hermida, NN, alferes Hermida (de bigode e quico) e... Os três últimos da direita são os 1ºs. cabos Pires
(Fecho-eclair, mais atrás), Oliveira (de boina e braços esticados) e o Couto Soares (de quico). Na segunda fila,
Madaleno, um sapador (?), Luciano, Silva (rádio-montador) , 1ºs. cabos Coelho (Buraquinho)  e Gomes (à
 civil) e... quemos identifica? À frente, 1º. cabo Florindo (de pernas para a frente) e Costa (?, rádio-telegra-
fista), NN, Cabrita, NN, furriel Cândido Pires e... quem é? Quem ajuda a identificar os não identificados?

O alferes miliciano João Machado e os capitães José
Paulo Falcão e José Diogo Themudo (2º. coman-
dante do BCAV. 8423) na varanda do
BC12, em Carmona



A situação em Carmona, há 42 anos, evoluiu de forma rápida, na sequência das posições da FNLA, cada vez mais extremistas. Santo António do Zaire já era considerada indefensável e, relativamente a Carmona e Negage, seria «imperioso desencadear uma operação de grande envergadura» que permitisse à NT controlar as duas cidades».
O livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques (1), que citamos, refere que, quanto às três localidades, a opção seria «abandono ou reforço de posições», pois os efectivos eram manifestamente «insuficientes para atender 
Furriéis milicianos de Zalala: Eusébio, P. Queirós
 e Victor Costa de pé), J. Rodrigues, J. Barata,
José Louro e Manuel Dias
a todos os pontos importantes».
A 24 de Julho, o Presidente da República rece-
beu mensagem de Silva Cardoso, o Alto Comis-
sário:  era «absolutamente necessário evacuar, também e em simultâneo (com Santo António do Zaire), a tropa e a população de Carmona e Negage, pela força, se necessário fosse». 

Uma coluna
militar poderosa

Costa Gomes, ainda segundo Alexandra Marques, considerou «inaceitável» os termos do «ultimato relativo às condições de saída» de Carmona e do Negage, mas aceitava que «uma coluna militar poderosa», envolvendo «tropas especiais, artilharia, blindados e todo o apoio aéreo possível» evacuasse as duas cidades. A operação deveria processar-se com «algum tempo e demora».
A FNLA era a «senhora do Uíge» e queria forçar a entrada em Luanda. A 24 de Julho de há 42 anos, tomou a Barra do Dande e Caxito, mas continuava cercada no Forte de S. Pedro da Barra e no Cazenga. Luanda, aliás, acordara na véspera com combates nos bairros da CUCA e Cazenga. E prosseguiam os do Caxito, a 50 quilómetros, e especulava-se sobre a eventualidade de Daniel Chipenda estar à frente de uma coluna de blindados para forçar a reentrada na capital. Chipenda, recordemos, estava há vários dias em Carmona.
Os Cavaleiros do Norte continuavam de armas aperradas, prontos para tudo o que desse e viesse, sem se deixarem intimidar pelas permanentes ameaças da FNLA. A reunião da véspera, entre os Comandos Militares portugueses e os responsáveis da FNLA, tinha sido muito tensa - numa altura em que as NT encaravam, também, a crescente hostilidade de grande parte da população civil branca.
Fazenda Zalala, onde se aquartelou a 1ª. CCAV.
8423: «a mais rude escola de guerra»

Silva, de Zalala, 65
anos em Vila Verde

O soldado Silva, da 1ª. CCAV. 8423, festejou os seus 23 anos em Carmona, neste ambiente de tensão. A 24 de Julho de 1975.
João Pereira da Silva, atirador de Cavalaria da Companhia da mítica Fazenda Zalala, regres-
sou a Portugal a 9 de Setembro de 1975, directamente ao lugar de Assento, freguesia de Laje, no concelho de Vila Verde. Sabemos que lá continua a morar e para lá segue o nosso abraço de parabéns pelos 65 anos que hoje festeja! Hoje, o dia 24 de Julho de 2017!

domingo, 23 de julho de 2017

3 831 - As ameaças em Carmona, o cessar-fogo entre MPLA e FNLA!

Cavaleiros do Norte na messe do Quitexe, quase todos furriéis: Capitão,
Cardoso, 1º. cabo Almeida, soldado Lajes e Flora. No meio, Cruz (de
óculos e tapados pelas mãos), Costa, Reino e Carvalho. À frente,
Bento (de bigode), G. Lopes, Fonseca (de bigode) e Rocha

Cavaleiros do Norte da CCS no Topete: João Monteiro
(Gasolinas), NN, José Coelho e Calçada (sapadores) e
NN. Quem são os NN? Alguém se lembra dos nomes?


A 23 de Julho de 1975, o Comando Militar de Carmona teve una difícil e delicada reunião com os dirigentes políticos e militares da FNLA, que persistiam com ameaças e imposições - particular-
larmente  pedindo (ou 
Furriéis milicianos Querido, Guedes e Fernandes,
da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel
exigindo) a «entrega de armas retidas» no BC12 e provavelmente na ZMN.
Armas que, recordemos, tinham sido da PIDE/DGS (e dos Flechas), dos GE´s e da OPVDCA - a Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil de Angola.
O dia foi também tempo para mais «uma reunião de trabalho» do Comando do BCAV. 8423 com «elementos do Quartel General da Região Militar de Angola», para preparar a operação de retirada dos Cavaleiros do Norte - de Carmona para Luanda -, que estava prevista para começar a 3 de Agosto seguinte. 
O objectivo era «obter os meios necessários à execução de tal operação» que, segundo o Livro da Unidade, «começou a materializar-se em 31 de Julho, com a chegada de viaturas e tropas de reforço».
Agostinho Neto, Holden Roberto, presi-
dentes do MPLA, FNLA e UNITA


Cessar-fogo assinado
entre MPLA e FNLA

O dia foi assinalado pela assinatura do (mais um) acordo de cessar-fogo entre o MPLA e a FNLA, depois de uma reunião com a Comissão Nacional de Defesa, presidida pelo general Silva Cardoso, o Alto-Comissário.

Ambos os movimentos aceitaram manter as suas tropas nas suas posições, até pelo menos a reunião entre os três Chefes dos Estados Maiores.
A noite de véspera registou um ataque à bomba ao Jornal de Angola (o anterior A Província de Angola), conhecido por os seus trabalhadores terem «posições próximas da FNLA».
Os prejuízos foram  «muito elevados», tendo as portas e janelas ficado «destruídas pela explosão», assim como as duas rotativas. Estava pouco pessoal nas instalações, mas, ainda assim, «ficaram feridos um polícia militar e um tipógrafo».
José A. Nunes Louro,
 1º. cabo sapador

A morte do Louro,

1º. cabo sapador

O 1º. cabo sapador José Adriano Nunes Louro, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, faleceu há 9 anos, a 23 de Julho de 2008, vítima de suicídio.

O Louro era natural de Casal do Pinheiro, freguesia de Casais, no concelho de Tomar - aonde voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano. Há 9 anos, ficou viúvo, pela morte da esposa (de doença cancerosa). Enlutado e de alma a sofrer, foi-lhe despistada doença do mesmo foro - muito pouco tempo depois. Foi isso que o levou ao suicídio, para, como corajosamente deixou escrito, «não fazer sofrer a família». - como tinha sofrido com a dolorosa doença da esposa. Assim nos contou o filho, que é 1º. sargento do Exército.

sábado, 22 de julho de 2017

3 830 - Cavaleiros para Luanda e Holden anunciado em Angola

Cavaleiros do Norte da CCS. O Cabrita é o primeiro, da direita para a esquer-
da (de pé). Sentados, reconhecem-se os 1ºs. cabos Grácio (o primeiro, à es-
querda) e Vieira (Sacristão), o soldados Calçada e Amaral (sapadores) e o

 1º. cabo Luciano Borges Gomes (o primeiro, da direita), que hoje faz 
65 anos em Leiria. Alguém se lembra dos outros nomes?


Os furriéis milicianos Monteiro e Viegas, ambos de Ope-
 rações Especiais (Rangers), no jardim das traseiras da
 messe do Bairro Montanha Pinto. Carmona e há 42 anos



Os finais de Julho de 1975 foram tempo de se saber a rotação, cada vez mais próxima, dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: de Carmona para Luanda. Muito desejada.
O Livro da Unidade, relativamente a este mês de há precisamente 42 anos, refere que era necessário «encontrar uma opção para os dias futuros». 
Os 1ºs. cabos Miguel Teixeira (escriturário) e José Maria
Almeida (cozinheiro), ambos da CCS e no Quitexe
Que necessariamente seria uma, de duas: «Ficar em Carmona, com o total descrédito das NT e perigosamente alvo das queixas a ataques da FNLA (...), ou antecipar o regresso a Luanda».
«Jogados os dados da equação, enten-
dendo-se que o que melhor servia era a a segunda opção, expôs-se o assunto ao QG/RMA, obtendo-se a certeza da rotação do BCAV. para Luanda a partir de 3 de Agosto, esquematizando-se e
Daniel Chipenda, secretário geral adjun-
to, e Holden Roberto, presidente da
 FNLA. Há 42 anos!
montando-se uma operação para essa saída, que não se adivinhava fácil», escreveu o comandante Almeida e Brito. Assim foi.

Chipenda anunciou, em
Carmona, Holden em Angola


O dia 22 de Julho de 1975 foi tempo, em Carmona de Daniel Chipenda falar ao país (Angola), através da Emissora Oficial e anunciando que Holden Roberto, o presidente da FNLA, se «encontra em território nacio-
nal para conduzir as operações militares do ELNA».
Chipenda há vários dias que estava em Carmona (na campanha do café) e, ao tempo secretário geral adjunto da FNLA, afirmou também que «nós, ELNA, somos obrigados a pegar em armas para mais uma vez dizermos não aos que desejam oprimir o povo». 
«Voltamos às armas pelas mesmas razões de 1961. Queremos liberdade. Queremos liberdade e terra para os angolanos», sublinhou Daniel Chipenda, numa altura em que muito se especulava sobre a presença de Holden Roberto em Carmona. Houve, ao tempo, quem garantisse tê-lo visto no Escape.
O Caxito, a 50 quilómetros da capital, foi território onde «blindados da FNLA que se dirigiam para Luanda foram impedidos de avançar». Não se sabia se as forças portuguesas tinham intervido, mas o MPLA anunciou a destruição de um blindado. Luanda tinha gasolina para 4 dias, porque a Petrangol estava paralisada, devido ao cerco do MPLA à FNLA, acantonado no forte de S. Pedro da Barra, onde estavam 600 militares do seu ELNA - Exército de Libertação Nacional de Angola - acossados pelas FAPLA do MPLA. 
Um informador militar português declarou que forças da FNLA estavam «a  infiltrar-se ao longo da costa, em direcção da Luanda». Mas que «as forças portuguesas interviriam para as interceptar e impedi-las de entrar na cidade».
A FAMPLAC, fábrica de moldes fundada e administrada
por Luciano Borges Gomes, na Marinha Grande

Savimbi: independência a 11 de Novembro, ou talvez não!...

A linha de Malanje estava interrompida a 40 quilómetros de Salazar (N´Dalatando), cidade «praticamente abandonada» e onde 1000 pessoas foram acolhidas pela tropa portuguesa.
O 1º. cabo Luciano
Borges Gomes
em 1975 (Angola)
A Luanda chegavam refugiados de Salazar e outros fugiram para Sá da Bandeira e Nova Lisboa. Os Caminhos de Ferro de Ben-
guela deslocaram familiares do pessoal para Luanda e alugaram um avião da Swissair para os transportar para a Europa.
Jonas Savimbi, presidente da UNITA, disse em Lusaka que «os interesses do povo estão a ser completamente esquecidos nos actuais confrontos em Angola» e que os combates entre
o MPLA e a FNLA se traduziam numa «violação  do acordo de cessar-fogo assinado no mês passado no Quénia». 
Luciano Borges
Gomes, actual
 empresário (2017)
Savimbi admitiu mesmo não saber se «os 3 movimentos de libertação manterão o seu pedido de independência para 11 de Novembro».

Luciano da CCS, 65 
anos em Leiria!

Luciano Borges Gomes foi 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro do BCAV. 8423. Faz 65 anos a 22 de Julho de 2017.
Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe e em Carmona, é natural do Arnal, da freguesia da Maceira Liz, em Leiria. Lá regressou a 8 de Setembro de 1975 e por lá faz vida, como prestigiado e bem sucedido empresário do sector dos moldes, fundador e administrador da FAMPLAC, na Maecira.
Para lá vai o nosso abraço de felicitações, embrulhado no desejo de que repita a data por muitos e bons anos. Parabéns!