segunda-feira, 30 de novembro de 2015

3 230 - Desactivação dos GE´s no Quitexe e Alto-Comissário de Angola

Cavaleiros do Norte: Viegas e Miguel Santos (pára-quedista), dois dos três
furriéis milicianos (com o Francisco Neto, em baixo) dos GE´s
 217 e 223, ambos do Quitexe


Furriéis milicianos Neto e Viegas,
com o Miguel Santos (em cima), responsáveis 
pelos GE´s 217 e 23, mo Quitexe  



Aos 30 dias de Novembro de 1974, na vila do Quitexe, processou-se à desactivação dos Grupos Especiais (GE). 
O que eram os GE?
Eram pequenas unidades especiais de assalto, constituídas a partir de 1970, pelo Comando Chefe das Forças Armadas, consideradas forças para-militares e não integradas Forças Armadas. Eram comandados por quadros metropolitanos e actuavam adidos às unidades regulares do Exército, como suas unidades de intervenção. 
Crachá dos GE´s 
Os GE´s 217 e 223, os do Quitexe, tiveram comando dos furriéis milicianos Neto e Viegas e, num período indeterminado, também do Miguel Santos (paraquedista).
Os Cavaleiros do Norte tinham mais dois GE´s: um em Aldeia Viçosa, na 2ª. CCAV. (o 222) e outro em Vista Alegre, da CCAÇ. 4145 (o 208).
«A ineficiência dos GE que se vinha verificando e a sua desnecessária inexistência levaram os escalões superiores a prever a sua desactivação, o que se verificou em 30 de Novembro», relata o Livro da Unidade, sublinhando que «podendo até curiosamente dizer-se que muitos deles enfileiraram de imediato as forças da FNLA e também, segundo alguns, nas do MPLA».
O dia, em Angola, foi marcado pela extinção da Junta Governativa e a criação do cargo de Alto-Comissário, interinamente assumido pelo almirante Rosa Coutinho. A medida, segundo este, e cito o Diário de Lisboa de 30 de Novembro de 1974 (por sua vez citando a Reuters e a France Press), «obedeceu à necessidade de actualizar a estrutura governamental de Angola e de lhe conferir maior liberdade de acção».
A notícia do Diário de Lisboa, de 30 de
Novembro de 1974, sobre a nomeação de
Rosa Coutinho como Alto-Comissário
(interino) de Angola
Rosa Coutinho confirmou a realização de uma «conferência de alto nível» com os três movimentos de libertação (MPLA, FNLA e UNITA), «dentro em pouco, em Portugal», com o Presidente da República «e da qual sairá anunciada a constituição do Governo de Transição que levará Angola à independência».
Luanda, entretanto, era nesse mesmo dia palco da distribuição de panfletos anónimos, convocando a população para «uma manifestação da «maioria silenciosa», no dia 8 de Dezembro». Marcada para o Largo da Mutamba, «a praça principal da cidade».

domingo, 29 de novembro de 2015

3 229 - Contra-subversão no Quitexe e televisão em Angola

Cavaleiros do Norte da CCS e da 3ª. CCAV. 8423: António Fernandes, 
João Cardoso, José Querido, combatente da FNLA e Nelson Rocha. Em 
baixo, José Carvalho, José Monteiro e Agostinho Belo



O furriel Viegas a ler o Expresso, em
finais de 1974 e no varandim da Casa
dos Furriéis do Quitexe (CCS)


A 29 de Novembro de 1974, no Quitexe, reuniu a Comissão Local de Contra-Subversão - órgão que, em tempos de guerra, estreitavam as relações entre as autoridades civis e os comandos militares. Nesse mês, já se realizara outra reunião, a 13.
Era sexta-feira e Rosa Coutinho chegara de Lisboa, na véspera, afirmando ainda na capital portuguesa que, e citamos o Diário de Lisboa, «por fim, como resultado das conversações efectuadas,é possível anunciar-vos, a grande possibilidade de, em prazo bastante breve, conseguirmos uma reunião cimeira, em Portugal, dos presidentes e mais representantes dos movimentos de libertação de Angola, para exactamente se estudar e se fixar a plataforma de entendimento necessária para a formar o Governo de Transição de que Angola está à espera».
A presença de Rosa Coutinho em Lisboa foi também oportunidade, segundo declarou, para «proceder a actualização da lei constitucional que define o «regime» de Governo do Estado de Angola». «Era absolutamente necessária - frisou líder da Junta Governativa - para permitir a esse Governo um instrumento de trabalho durante o tempo que ainda levará a formar o Governo de Transição». 
Notícia do Diário de Lisboa de 29 de
Novembro de 1974 sobre o «Encontro
em Portugal dos Movimentos de
Libertação de Angola»
Outra notícia levou Rosa Coutinho de Lisboa: a da criação da Televisão de Angola, tendo sido promulgado o respectivo decreto, pelo Presidente da República, o general Costa Gomes.
«Agora, depende da capacidade de montagem dos técnicos e até dos administrativos, que têm de constituir a sociedade, cuja maioria do capital será do Estado», disse Rosa Coutinho, expectando «sem prometer prazos» que Angola teria «talvez nos princípios do próximo ano, a sua televisão, em moldes absolutamente iguais aos de qualquer país civilizado».

sábado, 28 de novembro de 2015

3 228 - Cavaleiros mais próximos e UNITA reconhecida

Cavaleiros do Norte no Quitexe: José Fernando Carvalho (de bigode) e José 
Lopes (atrás), Agostinho Belo (de óculos), Armindo Reino (de bigode), António 
Flora (a rir) e António Lopes (de mãos nos óculos), Nelson Rocha e Viegas (à frente)

Os furriéis milicianos António Carlos
Letras e António Milheiros Chitas,
da 2ª. CCAV. 8423 - a de Aldeia Viçosa.
O Chitas est(ar)á a trabalhar em Angola

Os Cavaleiros do Norte, aos 28 dias de Novembro de 1974, continuavam pelo Uíge, na sua jornada africana. Ao tempo, muito tranquila, como por aqui já lembrámos.
As rotações ocorridas (e a ocorrer) aproximaram mais as 4 companhias do Batalhão de Cavalaria 8423 e, sabendo-se já que a 3ª. CCAV. ia juntar-se à CCS, no Quitexe, mais se sustentou a expectativa de uma eventual antecipação do nosso regresso a Portugal. Bem enganados estávamos.
O dia era de quinta-feira e em Dar-es-Salan, uma comissão especializada da Organização de Unidade Africana (OUA), constituída por 8 elementos e chefiada pelo brigadeiro Olufemi Olutrye, da Nigéria, recomendou «o imediato reconhecimento da UNITA».
A recomendação, segundo o Diário de Lisboa, «porá termo a vários anos de ostracismo a que a UNITA foi votada pelos Estados africanos» e, sublinhava o vespertino da capital portuguesa, «parecia inevitável, face à intenção que anima Lisboa de constituir um governo provisório em Luanda, formado por elementos daquele movimento e das duas outras organizações reconhecidas pela OUA» - a FNLA de Holden Roberto e o MPLA de Agostinho Neto.
O Diário de Lisboa de 28 de Novembro de
1974 noticiava o provável reconhecimento
da UNITA, pela OUA
A (sua) aprovação, precisava o jornal, «será apenas uma formalidade». O mesmo não aconteceu a duas outras organizações, de outros países africanos: o Movimento de Unidade da África do Sul (UMSA) e a Frente de Libertação do Zimbabwe (FROLIZI). Por «não satisfazerem os requisitos necessários para o seu reconhecimento».
Há 41 anos, ia assim o processo de descolonização de Angola. 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

3 227 - Calma no Quitexe e Alto Comissário para Angola

Cavaleiros do Norte no Quitexe: tenente Mora, furriéis Neto, Viegas e Monteiro 
e 1º. cabo Miguel (da CCS) e furriéis Reino (?) e Aldeagas (3ª. CCAV. 8423) 

Um furriel (Viegas) disfarçado de
mulher, numa das muitas brincadeira do
Quitexe, que teve. a 25 de Novembro
de 1974, uma ida ao cinema do Clube local 

A 27 de Novembro de 1974, realizou-se mais uma reunião de comandantes do Comando do Sector do Uíge (CSU), de novo no BC12, em Carmona, e por razões de planeamento operacional. Lá esteve, como comandante interino do BCAV. 8423, o capitão José Paulo Falcão.
A vida, pela ZA dos Cavaleiros do Norte, continuava tranquila. Apenas a registar alguma «agitação» na Fazenda Santa Isabel, aquartelamento da 3ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes e onde, segundo o Livro da Unidade, «se iniciaram os preparativos para o seu movimento para o Quitexe, a realizar no princípio de Dezembro». Completar-se-ia no dia 10 deste mês de 1974.
Achei no meu arquivo a foto aqui ao lado, assim legendada, a 25 de Novembro desse 1974: «E que tal a «garota»? Não, não é nenhuma conquista, sou eu...». Eu mesmo, revisto 41 anos depois e numa imagem que, em outro ângulo, já aqui foi aparentada, nomeadamente historiando «o furriel «travestido» que foi ao cinema». Reler AQUI.
O dia era de quarta-feira e em Lisboa, na véspera, o Conselho de Estado esteve reunido 7 horas e, segundo o Diário de Lisboa, «decidiu criar o cargo de Alto Comissário para Angola». A reunião teve participação de Rosa Coutinho, que se «retirou após a votação do decreto que cria aquele lugar» e, à tarde, esteve reunido com Costa Gomes, o Presidente da República.
«Angola independente em 1975», prevê
Rosa Coutinho. Título da última página do Diário
de Lisboa de 27 de Novembro de 1974
O Alto Comissário viria a ser Rosa Coutinho, precisamente, que, sobre o futuro, declarava na altura que «Angola será independente em 1975».
«Poderei dizer que 99,9% da população de Angola, se consultada a esse respeito, é a favor da independência. E sendo a favor da independência neste processo de descolonização em curso, muito naturalmente pretende ver esse seu desejo realizado no mais curto espaço de tempo possível», disse Rosa Coutinho, sublinhando que «a Portugal não incumbe retardar o processo se não na medida em que uma aceleração prematura poderia induzir maus resultados».

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

3 226 - Comício da FNLA, há 41 anos, em Vista Alegre

Zalala, 7 furriéis milicianos: Jorge Barreto, Plácido Queirós e Vitor Costa (de 
pé), Américo Rodrigues, José Louro, Jorge Barata (falecido  a 11 de  Outubro 
de 1997) e Manuel Dias (falecido a 20 de Outubro de 2011)

Vista Alegre, tal qual os Cavaleiros do Norte 
a conheceram há 41 anos. A  26 de Novembro de 
1974, a FNLA realizou um comício de mentalização 
das populações. Em baixo, foto de 2012 - de José 
Manuel Voigt

Os Cavaleiros do Norte de Zalala concluíram a rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange a 25 e a 26 de Novembro de 1974 realizou-se lá (em VA) «um comício de mentalização das populações», organizado pela FNLA e, lê-se no Livro da Unidade, «certamente tendente a procurar anular a influência local e de área que o MPLA possui».

A FNLA, recordemos, através de «elementos dispersos (...) agora já nas categorias elevadas da sua chefatura» vinha já, desde há algum tempo, a «estabelecer contactos com as autoridades», neste quadro se entendendo a (sua) relação directa com as populações mais urbanas.
A esse tempo, e em Lisboa, Rosa Coutinho afirmava que «Luanda e Angola vivem, finalmente, um clima de tranquilidade, após os incidentes ocorridos nos musseques (...), graças à compreensão da população, que parece estar reconhecer qual o seu verdadeiro caminho e interesses, regressando as actividades normais».
Título do Diário de Lisboa, de 26 de
Novembro de 1975: «A democracia
portuguesa também se joga em
Angola»
, disse o almirante
Rosa Coutinho
O presidente da Junta Governativa de Angola, porém, acautelava: «Temos que estar alerta, porque a reacção não desarma». E acrescentava, segundo o Diário de Lisboa de há 41 anos, que estava a «ser alvo de uma campanha claramente concertada, dos meios reaccionários angolanos e seus aliados internacionais, visando o isolamento e descrédito da Junta Governativa, perante a população local e o próprio Governo Português». 
«Há que fazer notar, e isso é realmente importante, que o processo angolano, como aliás os dos restantes territórios africanos - embora em Angola seja mais decisivo -, terá profunda influência em Portugal», disse Rosa Coutinho, ao tempo muito contestado em Luanda, por alguns sectores sociais e políticos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

3 225 - O último dia dos Cavaleiros do Norte em Zalala


As chamadas portas de Zalala. Foram galgadas pela última 
vez, pelos Cavaleiros do Norte, a 25 de Novembro de 1974. 
Há 41 anos!


Vista Alegre, em duas imagens de José Manuel
Voigt, relativamente (2012)


A 25 de Novembro de 1974, a 1ª. CCAV. 8423 «completou os seus movimentos (...), ficando deste modo abandonada a Fazenda Zalala». Assim, os Cavaleiros do Norte comandados pelo capitão miliciano Davide Castro Dias assumiram «a responsabilidade da nova ZA».
Ocuparam os aquartelamentos de Vista Alegre e Ponte do Dange.
O mesmo dia foi tempo para uma visita do capitão José Paulo Falcão, comandante interino do BCAV. 8423, a Aldeia Viçosa e à 2ª. CCAV., comandada pelo capitão José Manuel Cruz - no «âmbito das visitas às subunidades». Era segunda-feira - que coincidiu com o 47º. aniversário do comandante Almeida e Brito, de férias em Lisboa.
Ponte do Dange. O aquartelamento ficava
no cimo do monte. A ponte não é a mesma, é nova
O almirante Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, chegou nesse dia a Lisboa, para «participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização» - que previam a nomeação de um Alto Comissário, que ficaria ligado à constituição de um futuro Governo de Transição. Em Luanda, o Secretário de Estado da Economia de Angola, «denunciou diversas manobras, nomeadamente no sector dos transportes, tendentes a paralisar a economia do país» e, segundo o Diário de Lisboa, «sabotar o processo de descolonização em curso».
Um ano depois e já com Angola independente, prosseguiam os combates da guerra civil. Em três frentes. A norte, as FAPLA impediram o avanço das forças da FNLA até N´Dalatando (antiga Salazar). Pretenderiam seguir até ao Dondo e ocupar a barragem do Cambambe. 
«A força invasora havia-se deslocado da posição estratégica de Samba Caju, tendo, depois de detida na manhã de ontem, sido obrigada recuar  para Camabatela, deixando no terreno muitos mortos e prisioneiros, bem como grande quantidade de material de guerra de diversos tipos», noticiava o Diário de Lisboa, acrescentando que «o ataque inimigo, tentando romper a barreira defensiva de Lucala e N´Dalatando, foi desencadeada depois da coluna agressora ter sido reforçada com efectivos da FNLA que retiraram, nos últimos dias, do triângulo Caxito/Barra do Dande/Libongos».
Notícia do Diário de Lisboa de 25 de
Novembro de 1975, sobre a ofensiva do
MPLA nas três frentes angolanas de combate
Nas frentes Centro e Sul, os combates continuavam em Novo Redondo, onde «o inimigo sofreu nos últimos dias pesadas derrotas». No Ebo, província do Quanza Sul, «os sul-africanos e mercenários portugueses sofreram 80 mortos e perderam 8 blindados e 6 camiões de transporte», para além de «dezenas de prisioneiros». No Lobito, «foram encurralados» pelas FAPLA - que esperavam «libertar Lobito e Benguela nos próximos dias».

terça-feira, 24 de novembro de 2015

3 224 - Ofensiva, há 40 anos, das FAPLA contra o Quitexe

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, que há 41 anos abandonou a mítica 
Zalala. A identificação foi feita pelo João Dias, que por lá foi furriel de transmissões

Zalala, um grupo de Cavaleiros do
Norte. Reconhecem-se os furriéis milicianos
Plácido Jorge Queirós (à esquerda, simulando
um disparo) e Manuel Dinis Dias (de tronco 

nu), o Vitor Cunha e o alferes Sampaio (de mão 
na cintura).À frente dele , o Tininho (JJ Catuna 
Santos). O último atrás, de bigode, é Manuel C. 
Gonçalves (Barbeiro)

A 24 de Novembro de 1975, finalmente, souberam-se notícias do Quitexe. O «nosso» Quitexe!
O Diário de Luanda, em serviço especial para o Diário de Lisboa, dava conta de «uma ofensiva das FAPLA contra o Quitexe, uma vila situada a 50 quilómetros de Carmona». Tal ofensiva, frisava o jornal lisboeta, «regista ainda avanços das forças populares sobre Pambos e Camabatela».
A Frente Norte, a esse tempo, era palco de vários combates e o vespertino da capital portuguesa informava, na edição desse dia 24 de Novembro de há 40 anos, que «os invasores zairenses e portugueses, enquadrados nas forças da FNLA, foram forçadas a retirar-se muito para norte do Quifangondo, tendo as FAPLA reconquistado Úcua, Piri e Quibaxe». E era assinalada, igualmente, «uma contra-ofensiva inimiga na área de Samba Cajú».
Zalala, «a mais rude escola de guerra»
A leitura destas notícias, ao tempo, causava desconforto aos Cavaleiros do Norte (e a muitos outros ex-combatentes) - já há mais de dois meses em Portugal, desmobilizados. Eram localidades que bem conhecíamos da nossa jornada africana de Angola. Por elas estivemos ou por elas passámos quantas vezes!!!
A Sul, as FAPLA retomaram Novo Redondo e avançaram «empenhadas em combates para libertarem Lobito, Benguela e Moçâmedes». Ainda em Novo Redondo, os combates desenrolamva-se a 10 quilómetros da cidade e era descritos como «muito duros».
O comandante Juju, falando na Rádio Televisão de Angola, desmentiu, entretanto, que Malanje tivesse «caído nas mãos do inimigo». Combatia-se a 30 quilómetros da cidade e, segundo o comandante militar do MPLA, «a situação permanece sob controlo das FAPLA».
Um ano antes, um domingo, o Quitexe continuava calmo e em Zalala fechavam-se as últimas malas, para a rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange. A 1ª. CCAV. dos Cavaleiros do Norte ia abandonar a mítica fazenda (a chamada «mais rude escola de guerra»), fechando as portas da presença militar portuguesa - que ali se verificava desde os incidentes de 1961.


A imagem mostra alguns deles, da 1ª. CCAV. 8423, na mítica picada de Zalala. Não sendo possível identificá-los, assinalamos os furriéis milicianos Queirós (destacado a vermelho) e Dias (a amarelo, falecido a 20 de Outubro de 2011) e o alferes Sampaio (quadrado amarelo). À frente dele (alferes), o Tininho (Joaquim José do Nascimento Catuna Santos, de Albufeira, soldado atirador e impedido na messe de oficiais). Entre o Dias e o Sampaio, está o 1º. cabo enfermeiro Vitor Manuel Dinis da Cunha (de Coimbra e emigrante na Suíça). O último, de bigode. é o Barbeiro (1º. cabo atirador, de nome Manuel Costa Gonçalves, que mora no Laranjeiro).

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

3 223 - Zalala a fazer rotação para Vista Alegre e P. Dange

Gente de Zalala: os furriéis milicianos José Louro, Américo Rodrigues, Jorge 
Nascimento e Jorge Barata (falecido a 11 de Outubro de 1997) e alferes milicianos 
Mário Jorge de Sousa e José Lains dos Santos

O capitão miliciano Davide Castro Dias (à
direita) e o alferes miliciano João Machado (da
2ª. CCAV. 8423) em Carmona (1975)


Há precisamente 41 anos, estava em marcha a rotação da 1ª. CCAV. 8423, de Zalala para Vista Alegre e Ponte do Dange - que se concluiria a 25 de Novembro de 1974, data em que, como se lê no Livro da Unidade, «assumiu a responsabilidade da sua nova Zona de Acção».
A 1ª. CCAV. dos Cavaleiros do Norte era comandada pelo capitão miliciano Davide Castro Dias e a Zalala chegou a 7 de Junho desse mesmo ano de 1974, chegadinha do Campo  Militar do Grafanil (e de Lisboa e Santa Margarida) e na «mais rude escola de guerra» substituindo a companhia do BCAÇ. 4211 até então lá aquartelada.
O corpo de oficiais comandado por Davide Castro Dias era formado pelos alferes milicianos Mário Jorge de Sousa (de Operações Especiais, os Rangers) e Pedro Marques da Silva Rosa, Carlos Jorge da Costa Sampaio e José Manuel Lains dos Santos (todos atiradores de Cavalaria). 
Furriéis milicianos de Zalala, com cortes
de cabelo muito especiais: Américo Rodrigues,
Eusébio Martins (falecido a 16 de Abril de
2014), Jorge Barata (falecido a 11 de Outubro
de 1997) e Plácido Queirós
A classe de sargentos incluía Alexandre Joaquim Fialho Panasco (1º. sargento) e os furriéis milicianos Manuel Moreira Pinto (Rangers), Jorge Manuel M. Barreto (enfermeiro), João Custódio Dias (transmissões), Manuel Dinis Dias (mecânico, falecido a 20 de Outubro de 2011), José António Moreira do Nascimento (alimentação) e, todos atiradores de Cavalaria, Fernando Manuel Mota Viana, Jorge António Eanes Barata (falecido a 11 de Outubro de 1997), Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós, Américo Joaquim da Silva Rodrigues, Victor Moreira Gomes da Costa, Eusébio Manuel Martins (falecido a 16 de Abril de 2014), João Matias Mota Aldeagas e José dos Santos Louro.
Mais tardem chegaram Victor Manuel da Conceição Gregório Velez (em Junho de 1974), José Carlos Évora Soares (Outubro), João C. M. Rito (Dezembro) e João Manuel Baldy Belém Pereira. Mota Viana saiu de Zalala e da 1ª. CCAV. 8423 em Outubro de 1974, transferido para Sanza Pombo.

domingo, 22 de novembro de 2015

3 222 - Cavaleiros no CS Uíge e MPLA disponível para Governo

Furriéis milicianos de Zalala: o José António Nascimento (agora nos Estados Unidos) e Manuel Dinis Dias (falecido a 20 de Outubro de 2011, em Lisboa, vítima de doença). Há 41 anos, preparavam a rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange

Rogério Raposo e Plácido Queirós (furriel),
Cavaleiros do Norte de Zalala, foram
à caça. Quem reconhece o militar da direita? 

A 22 de Novembro de 1974, o capitão José Paulo Falcão voltou a participar na reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU); no BC12, em Carmona. Exercia interinamente as funções de comandante do Batalhão de Cavalaria 8423 e, ao tempo, definiam-se estratégias operacionais da Zona de Acção (ZA).
Almeida e Brito, o tenente coronel que comandava o nosso BCAV., estava de férias em Lisboa e, pela nossa Zona de Acção (ZA), ia tudo muito tranquilo, enquanto se ultimavam mais rotações - nomeadamente a da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, para Vista Alegre e Ponte do Dange. 
Em Luanda, o MPLA  considerou «chegado o momento de declarar solenemente que está aberto a todas as funções que possam contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional». 
Lúcio Lara, o chefe da delegação do MPLA, disse mais: «Isto quer dizer que o MPLA está 
pronto a participar num Governo (...) que, com os movimentos de libertação, encontrem as fórmulas que se impõem para a continuidade política, económica e social de Angola». 
Notícia do Diário de Lisboa de 22
de Novembro de 1974: «O MPLA pronto
a participar num Governo de transição»
 
Outra notícia do dia, no jornal Diário de Lisboa, que citamos, dava conta do que circulava em Luanda: «Segundo círculos geralmente bem informados (...), o encontro que amanhã se realiza em Kinshasa terá como  objectivo a constituição de uma aliança contra o MPLA».
O encontro teria o patrocínio de Mobutu Sese Seko (presidente do Zaire) e envolveria dirigentes como Holden Roberto (presidente da FNLA), Jonas Savimbi (idem, da UNITA), Daniel Chipenda (da facção do seu nome) e Simão Toco (um líder religioso). 
Isto enquanto, lá pelo norte uíjano, continuava o programa de restauração da redes estradal, a cargo da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) - com protecção de escoltas dos Cavaleiros do Norte.
«Portugal contra a intervenção sul-africana
em Angola
», titulava o Diário de Lisboa
de 22 de Novembro de 1975
A 22 de Novembro de 1975, um sábado e um ano depois, já na terceira semana da tri-proclamada independência de Angola, nada se sabia das Repúblicas anunciadas pela FNLA de Holden Roberto e pela UNITA de Jonas Savimbi. Mas Portugal «protestou junto do Governo sul-africano, pelo envolvimento das suas tropas a partir da Namíbia». O Diário de Lisboa considerou que «embora muito tardiamente e depois da invasão estrangeira estar consumada» e adiantava que «o protesto foi apresentado ontem à noite, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas» e pelo embaixador José Manuel Galvão Teles.
A África do Sul, porém e a partir de Pretória, fez lembrar que enviou tropas para Angola com «conhecimento prévio e aprovação do Governo Português, a fim de proteger o projecto hidro-eléctrico do Cunene, logo ao  norte da fronteira».
O ministro da Defesa, Pieter Botha acrescentou que «o envio de tropas fora feito no interesse do povo angolano e das pessoas que trabalham perto do projecto, uma empresa conjunta sul africana-portuguesa para abastecimento de energia eléctrica e água a Angola e ao Sudoeste Africano» - a Namíbia.

sábado, 21 de novembro de 2015

3 221 - Serenidade no Quitexe e (não) fuzilamentos em Luanda

Avenida do Quitexe (ou Rua de Baixo). Ao fundo, à esquerda, o bar e messe de 
sargentos e depósito de géneros (a branco). Depois, a messe de oficiais  (cobertura
clara), a casa dos furriéis e secretaria ds CCS (com varandim à  frente) e casa 
de João Garcia (parte da cobertura a vermelho)


O furriel Viegas no dia em que, no
Quitexe, fez 22 anos. Há precisamente 41!
Imagem da avenida, vendo-se atráso bar dos
soldados (à direita) e a cobertura onde
eram dadas as aulas regimentais

A 21 de Novembro de 1974, completei eu (furriel Viegas) viçosos 22 anos, estando de serviço à ordem, no Quitexe, como sargento dia. 
O dia correu sem quaisquer problemas, comi o almoço no refeitório dos praças e os PELREC´s tiveram direito a umas Cucas, de «sobremesa». Ou seriam Nocais? Ou Ekas? Ou n´Golas? Fosse lá o que fosse, era para lhes «aparamentar» (para regar...) o dia dos meus 22 anos - o primeiro dia de anos que passava fora de casa e do conforto dos familiares mais próximos.
Ao jantar, e já depois da refeição dos praças, fui com alguns amigos mais íntimos jantar ao Pacheco, bar e restaurante que fica(va) mesmo em frente à secretaria da CCS, onde a cabo-verdeana D. Maria nos mimoseou com uns bons camarões e bifes com ovo a cavalo, como era da praxe!!!
O dia dessa 5ª.-feira foi tranquilo lá pelo Quitexe, mas menos pacífico por Luanda - onde o MPLA, segundo o Diário de Lisboa, «apresentou 6 nativos com as mãos atrás das costas, alguns deles feridos», à imprensa internacional. Tinham sido «capturados pelas recém-criadas Comissões de Vigilância e entregues ao MPLA» - um deles acusado de assassínio, outro de extorquir dinheiro em nome do MPLA e os restantes de roubos. 
Noticia do Diário de Lisboa sobre a
situação em Angola, a 21 de Novembro de 1974.
Na imagem abaixo, a de um ano depois
Hermínio Escórcio, dirigente do MPLA, disse as Comissões de Vigilância tinha pedido o seu fuzilamento e que, quando lhes disse que os ia entregar às autoridades portuguesas (por o MPLA «ainda não ter máquina judicial»), o povo concentrou-se frente à delegação do movimento, em sinal de protesto.
A FNLA, por seu lado, disse estar a proteger «19 pessoas forçadas recentemente a abandonarem os seus lares no Bairro Cazenga». Teriam sido, sublinhou a FNLA, «obrigadas a sair por aderentes armados de um movimento», mas sem especificar qual. Crê-se que o MPLA.
Um ano depois, já eu a fazer 23 anos e com Angola independente há precisamente duas semans, os presidentes Idi Amin (da OUA e do Uganda) e Marien Ngouabi (da RP do Congo) procuravam conciliar uma solução para Angola - que continuava em guerra civil. Idi Amin defendia que «para se evitar derramamento de sangue em Angola, não deverá ser reconhecido nenhum movimento até se formar um Governo de Unidade». Com isso não concordava o congolês Ngouabi e também Sekou Touré, da Guiné - que chegaram a pedir a sua demissão. 
Estes dirigentes consideravam o MPLA como «movimento vanguardista do território e legítimo defensor dos interesses do seu povo», enquanto Idi Amin se afirmava convicto de que «os membros da OUA que apoiaram e apoiam o MPLA poderiam mudar de atitude em breve e juntar-se à maioria que defende uma Angola unida».
Assim ia a Angola independente. Há 20 anos!
Ver AQUI

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

3 220 - Adeus a Vista Alegre e rotação dos Cavaleiros de Zalala

Cavaleiros do Norte de Zalala. Um grupo onde se conhecem os furriéis milicianos 
Plácido Queirós (destacado a vermelho) e Eusébio Martins (a branco), falecido 
a 16 de Abril de 2014, vítima mde doença

Cavaleiros do Norte de Zalala em
Geraz do Minho, na casa de Horácio
Teixeira. Este, com o acordeon, e o Jorge
Barreto. Em baixo, nota-se o
Plácido Queirós

A CCAÇ. 4145/74 abandonou Vista Alegre a 20 de Novembro de 1974, onde tinha chegado dois adias antes - aparentemente para substituir a CCAÇ. 4145/72, que acabou, na prática, por ser substituída pela 1ª. CCAV. 8423 - os Cavaleiros do Norte de Zalala.
«A rotação do dispositivo militar começou a ser efectivada à custa de verdadeiros sacrifícios, dadas as carências de meios auto que permitissem a materialização desses movimentos, os quais envolviam não um simples mutação, mas, sim.a extinção de aquartelamentos», lê-se no Livro da Unidade, como já aqui fizemos referência.
Em Luanda, por esse tempo, «as Forças Armadas Portuguesas e milícias populares constituídas do MPLA, continuam (avam) a patrulhar os bairros subúrbios, assegurando o rápido restabelecimento da ordem». Em Nova Lisboa, relatava o Diário de Lisboa, «fizeram-se sentir actividades da reacção». Uma força da PSP «entrou no bairro Cacilhas, tendo procedido a detenção de 7 brancos» e de uma viatura Land Rover. 
Notícia do Diário de Lisboa de 20 de
Novembro de 1974, sobra a actualidade
política e militar angolana
Os detidos foram para a Casa da Reclusão de Luanda, para serem ouvidos.
Sobre o problema de Cabinda, o MPLA divulgou um comunicado, no qual acusou a FLEC de «ser um bando de fantoches, a soldo do imperialismo, com apoio de um país vizinho - o Zaire de Mobutu Sese Seko.
Ia assim o processo de descolonização de Angola, há precisamente 41 anos.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

3 219 - Zalala muda para Vista Alegre e Angola há 40 anos


Alberto Pimenta (mecânico), Carlos Carvalho (enfermeiro) e cunhado (de 
óculos) e  Victor Cunha  Cavaleiros de Zalala na Póvoa do Lanhoso, preparados 
para a «operação» de Geraz do Minho, a 14 de Novembro de 2015


Carlos Ferreira, 1º. cabo mecânico
de armas ligeiras, a 1ª. CCAV: 8423, a de
Zalala, já no aquartelamento de Vista Alegre


A 19 de Novembro de 1974, chegou a Vista Alegre a CCAÇ. 4145/74, que ia substituir a CCAÇ. 4145/72. Curiosamente, a 4145/74, saiu no dia seguinte e, segundo o Livro da Unidade, «permitiu o início da saída definitiva da CCAÇ. 4145/72, para Luanda, que se começou a processar a 21 de Novembro».
Há aqui qualquer coisa menos bem informada (e que nós não conseguimos esclarecer), sendo possível que logo nessa data se tenha começado a processar a rotação da 1ª.. CCAV. 8423. Na verdade, o Livro da Unidade refere que «tornando-se necessária a ocupação de Vista Alegre e Ponte do Dange, previamente teve início a rotação da 1ª. CCAV. 8423, a que completou os seus movimentos no dia 25 de Novembro, data em que assumiu a responsabilidade da sua nova ZA, ficando deste modo abandona a Fazenda Zalala». 
Notícia do Diário de Lisboa de
19 de Novembro de 1975. Em baixo, a
chamada rota dos mercenários
O 1º. cabo Carlos Alberto Ferreira, quarteleiro de armas em Zalala, contou-nos há algum tempo que uma equipa que ele integrava foi para Vista Alegre uns dias dantes. Por exclusão de partes, conclui-se que se a 25 já os Cavaleiros do Norte tinha concluído a sua rotação, é porque a iniciaram, dias antes. Porventura em fase coincidente com a chegada e saída da 4145/74 e a saída da 4145/72.
A Angola independente. um ano depois, continuava em guerra civil e, titulava o Diário de Lisboa de 19 de Dezembro de 1975, «com violentos combates nas três frentes». No Lobito, relatava o jornal, «a situação militar e considerada muito complicada». Na Quibala,  «foi detectada a presença de sul-africanos nas forças da UNITA». Na Frente Centro, «toda a região do Rio Queve é cenário de confrontações militares, com especial incidência sobre a ponte lançada sobre Nova Lisboa». Na Frente Norte, «mercenários portugueses, apoiados por unidades regulares da República do Zaire, lançaram uma ofensiva na área de Lucala, tentando abrir caminho para Luanda, a partir do Leste, como alternativa à derrota da FNLA, no Caxito, no passado dia 10».


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

3 218 - Cavaleiros em Carmona, prisões em Luanda e Frente Sul

Cavaleiros no «assalto» de Geraz do Minho: o Manuel N. Amaral (Bolinhas), 
o (furriel) Jorge Barreto, o António Agra (Famalicão), o (furriel) Américo 
Rodrigues e, de perfil e barbas, o Alberto Pimenta (mecânico)


Cavaleiros do Norte no «assalto» de Geraz do
Minho, a 14 de Novembro de 2015. Todos 

eles de boca cheia, menos o (falador)
Plácido Queirós


A 18 de Novembro de 1974, uma segunda-feira, o capitão José Paulo Falcão participou em Carmona (e no BC12) em mais uma reunião de comandantes do Comando do Sector do Uíge (CSU). Agora tenente-coronel aposentado e residente em Coimbra era, ao tempo, o comandante interino do Batalhão de Cavalaria 8423.
O Jorge Barreto e o Manuel Neves Amaral
(o Bolinhas). com o filho (ao meio)
O dia, em Luanda, foi assinalado pela prisão do gerente da Sorel (de apelido Corte Real) e de Fernandes Vieira (capitalista e membro de associações empresariais), acusados de «manobras neo-colonialistas». Foi o próprio Rosa Coutinho a tal anunciar, em conferência de imprensa, citando «actos de sabotagem económica, visando instalar o caos em Angola».
O Diário de Lisboa desse dia acrescentava que «os acontecimentos de Luanda tem analogias surpreendentes com o 28 de Setembro de Lisboa». O que significaria serem «golpe de força ou um simples tactear da situação, qualquer destas hipóteses faz recordar esta tentativa fascista de Portugal».
As tentativas de sabotagem económica, escrevia o jornalista Eugénio Alves, no DL, «ligadas à campanha insidiosa lançada contra a Junta Governativa e mais veladamente contra o MPLA, ligadas também aos comunicados e posições assumidas por organizações como a FNLA, FUA e PCDA, teriam como objectivo preparar emocionalmente a opinião pública para um golpe de força» 
O presidente da Junta Governativa falou também, e cito de novo o Diário de Lisboa, da «reocupação do quartel de Chimbueti, em Cabinda, ocupado durante vários dias por membros da FLEC e mercenários, comandados por um indivíduo louro, de forte compleição física e que se supõe ser belga».
Na Angola já independente, já um ano depois, «as FAPLA progridem(iam) na Frente Sul», como titulava o Diário de Lisboa, na sua primeira página. O que «acontecia pela primeira vez, nas duas últimas semanas». Não se confirmava a tomada de Novo Redondo (pelas chamadas «forças invasoras»), confirmando-se antes que «as linhas defensivas das FAPLA avançaram, encontrando-se agora a escassos quilómetros do Lobito». 
Notícia sobre a actualidade angolana,
a 18 de Novembro de 1975: «A FAPLA
 progridem na Frente Sul»
«O inimigo não domina totalmente o Lobito e Benguela, dado que as suas posições estão a ser permanentemente contestadas pelas FAPLA, travando-se duros combates próximos das duas cidades», relatava o DL, acrescentando que «a coluna invasora que operava na zona Caxito/Barra do Dande/Libongos (...) está agora refugiada no Ambriz, tudo levando a crer que se junte às defesas do Uíge».
Na frente de Samba Caju, as FAPLA «conquistaram posições muito próximas de Camabatela» - que fica(va) muito perto do Quitexe e a uns 50 quilómetros da base aérea do Negage, por sua vez muito próxima de Carmona. A Carmona e o Uíge que os Cavaleiros do Norte tinham deixado a 4 de Agosto desse ano de 1975.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

3 217 - Mobilização para Angola e os dias 17 de Novembro

Neto, Viegas e Monteiro, os três furriéis milicianos «Rangers»
 da CCS dos Cavaleiros do Norte. No Quitexe, em 1974


O Carvalho e o (furriel) Rodrigues,
no encontro da Póvoa do Lanhoso, a
14 de Novembro de 2015


A mobilização dos três (futuros) furriéis milicianos Rangers da CCS dos Cavaleiros do Norte foi há precisamente 42 anos: dia 17 de Novembro de 1973. 
Falamos do Monteiro, do Viegas e do Neto, ao tempo colocados no quartel-sede do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) de Lamego - já como monitores de instrução e depois do curso «Ranger» concluído a 29 de Setembro e, já agora, iniciado no Destacamento de Penude no dia 16 de Julho anterior.
O Victor Cunha e o Horácio Teixeira, no
encontro da Povoa do Lanhoso
A nota mobilizadora tinha o número 47 000 -Processo 33 007, da RSP/DSP/ME e foi, depois, reproduzida na Ordem de Serviço nº. 286, do CIOE, a 7 de Dezembro do mesmo ano. Foi quando dela soubemos, precisamente em Lamego, mas já na sede do CIOE, na cidade.
Um ano depois e já na jornada africana do Uíge, estávamos no Quitexe - onde foi tirada a foto de cima. Por esse tempo, soube-se que a 15 e 16 desse Novembro de há 41 anos, a aviação portuguesa atacou no Enclave de Cabinda, para, segundo o Diário de Lisboa do dia 18, «reprimir um motim no norte, perto da fronteira com o Congo» - chegando a violar o espaço aéreo deste país. Tratava-se da tentativa de libertação dos 22 militares detidos no forte, por antigos Tropas Especiais (TE) afectos à FLEC. Os TE «retiraram para território congolês», onde as autoridades locais «tomaram conta dos reféns portugueses e prenderam um mercenário francês».
«Situação grave na Frente Sul de
Angola, titulava o Diário de Lisboa de
17 de Novembro de 1975
A 17 de Novembro de 1975, já Angola era independente (desde o dia 11), o Diário de Lisboa dava conta que «as FAPLA continuam a reforçar o seu efectivo da Frente Sul», nomeadamente na «linha defensiva montada nos morros do Pundo, próximo de Novo Redondo» - cidade que continuava «controlada pelas FAPLA, assim como a Lunda». Mas a sul, porém, «Lobito, Benguela e Sá da Bandeira continuam ocupadas pelos invasores».
Invasores que, ainda segundo o Diário de Lisboa desse dia, «auxiliados por mercenários portugueses, tiveram de retirar ao longo de toda a linha Caxito/Barra do Dande/Libongos, situando-se agora o seu reduto no Ambriz, onde estabeleceram fortes defesas».
Após as tentativas de 7 e 10 de Novembro, para tomar Luanda, «as forças ocupantes foram completamente rechaçadas pelas FAPLA, sofrendo 600 mortos e perdendo 8 blindados, além de muito outro material de guerra». No dia 10, foi morto o tenente Pais, ex-oficial da FAP e, neste caso, comandante do destacamento de blindados da FNLA.
A ordem de serviço do CIOE com a mobilização
dos futuros furriéis milicianos Monteiro, Viegas e Neto,
 
N mesmo dia 17 de Novembro de 1975, o Diário de Lisboa reportava notícias do «nosso» Uíge angolano: «Também na Frente Norte, toda a «rota do café» está na posse do MPLA, que ameaça agora o Ambriz e Carmona». Eram os redutos da FNLA e do seu Exército de Libertação Nacional de Angola - o ELNA. Que, na Frente Sul, continuava aliado às Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), braço armado da UNITA. Reportava o DL que «os mercenários e as forças do ELP avançam isoladas dos destacamentos fantoches da UNITA e da FNLA». 
«Quando conquistavam qualquer cidade, abandonam-a poucas horas depois, logo que a UNITA e a FNLA cheguem», sublinhava o jornal vespertino de Lisboa, em serviço especial enviado pelo Diário de Luanda.