CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

5 263 - A desactivação dos GE´s do Quitexe, Aldeia Viçosa e Vsta Alegre !

Furriéis milicianos Neto e Viegas, respon-
sáveis, com o furriel Miguel Santos
(paraquedista),  
pelos GE´s 217 e 223 

Furriéis Viegas e Miguel


Aos 30 dias do mês de Novembro de 1974, há 46 anos e na vila uíjana  do Quitexe, processou-se à desactivação dos Grupos Especiais (GE).
O que eram os GE?
Eram pequenas unidades especiais de assalto, constituídas a partir de 1970, pelo Comando Chefe das Forças Armadas, consideradas forças para-militares e não 

Crachá dos GE´s 
integradas Forças Armadas. Eram comandados por quadros metropolitanos e actuavam adidos às unidades regulares do Exército, como suas unidades de intervenção.

Os GE´s 217 e 223, os do Quitexe, tiveram comando dos furriéis milicianos Neto (a esse tempo a chegar de férias de Portugal) e Viegas e, num período indeterminado, também do Miguel Santos (paraquedista).
Os Cavaleiros do Norte tinham mais dois GE´s: um em Aldeia Viçosa, na 2ª. CCAV. (o 222) e outro em Vista Alegre, da CCAÇ. 4145 (o 208).
«A ineficiência dos GE que se vinha verificando e a sua desnecessária inexistência levaram os escalões superiores a prever a sua desactivação, o que se verificou em 30 de Novembro», relata o Livro da Unidade, sublinhando que «podendo até curiosamente dizer-se que muitos deles enfileiraram de imediato as forças da FNLA e também, segundo alguns, nas do MPLA».
Vale Marques, 1º 
cabo enfermeiro


Vale Marques, 1º. cabo de Aldeia
Viçosa, 68 anos em Coimbra!
- Os aniversários de José Guerreiro, José Luís (74) e Raúl Graça !

O 1º. cabo Victor Manuel do Vale Marques integrou a 2ª. CCAV. 8423, com a especialidade de enfermeiro.
Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, e depois de Carmona, regressou a Portugal em data desconhecida, pois saiu do BCAV. 8423 em Abril de 1975, não acompanhando a 2ª. CCAV. na sua volta de 10 de Setembro.
Reside em S. Martinho do Bispo, nos arredores de Coimbra.
JOSÉ DOMINGOS da Encarnação Guerreiro foi mecânico-auto da CCS e, em Outubro de 1974 e por razões disciplinares, rodou para a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro e, via António Cabrita, sabemos que é empresário do sector de 
José M. Luís
reparação automóvel, com oficina e residência no Alvor, perto de Portimão.
JOSÉ MARIA LUÍS integrou a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, e foi atirador de Cavalaria de especialidade militar. Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, depois de, na sua jornada africana do Uíge, também ter passado elo Quitexe e Carmona. Morou em Chão de Coice, município de Ansião, agora em Tires (Cascais). Festeja 74 anos, pois nasceu em 1946.
RAÚL ROSA DA GRAÇA também foi soldado atirador de Cavalaria de Santa Isabel e, no regresso a Portugal, fixou-se na Mouzinho de Albuquerque, na cidade do Barreiro - de onde tonha partido em Junho de 1974. Mora agora na Mina do Lousal, da Azinheira dos Barros e S. Mamede, em Grândola.
Parabéns para todos.

domingo, 29 de novembro de 2020

5 262 - Alto Comissário de Portugal em Angola! Cavaleiros do Norte em festas de anos!

Os furriéis milicianos José Melo, Rafael
Ramalho e Amorim Martins em terras
uíjanas de Angola. Chãos de Aldeia
Viçosa, anos de 1974/1975

O furriel Amorim, no dia
em que, em Angola, feste-
jou 22 anos. Já lá vão 46!


O calendário, apontado a 29 de Novembro, dá-nos conta de mais Cavaleiros do Norte do BCV . 8423 em festa de sexYgenários anos: os 68 dos nascidos em 1922. Falamos do furriel miliciano Amorim Martins e do 1º. cabo Leonel Sebastião. 
Mecânico-auto de especialidade militar, da 2ª. CCAV. 8423, jornadeou pelo Uíge angolano e pelos chãos de Aldeia Viçosa e Carmona, tendo regressado a Portugal e à sua Pegões natal no dia 10 de Setembro de 1975. Por lá fez a sua vida profissional e familiar e, em 2019, questões de saúde fragilizaram a sua vida: uma lesão medular.
Os tratamentos ainda continuam, faz fisioterapia clínica diária, agora em casa (depois de internamento hospitalar), e está confiante no futuro próximo. «Estou recuperar, trabalhos 5 horas por dia com esse objectivo», disse-nos há poucos dias.
O furriel Amorim Martins foi louvado pelo comando do BCAV. 8423, por ter «garantido, como seu exemplo, esforço e firmeza, o melhor aproveitamento do pessoal técnico sob as suas ordens, com o que obteve excepcional operacionalidade das viaturas da subunidade».
O louvor enfatiza, também, o seu «zelo e competência» e igualmente «uma impecável conduta cívica e militar», que o tornaram, assim, «merecedor de ser distinguido com este justo prémio».
Leonel Sebasttião
1º. cabo mecânico



Leonel, 1º. cabo de Aldeia
Viçosa, 68 anos em Leiria !

O 1º. cabo Leonel da Encarnação Sebastião, Cavaleiro do Norte da 2ª. CCAV. 8423, também festeja 68 anos a 29 de Novembro de 2020 mas, no seu caso, em  em Maceira de Leiria.
Mecânico auto-ligeiro de especialidade militar e natural do lugar de Á-dos-Pretos, da dita freguesia de Maceira Liz, do concelho e distrito de Leiria, lá voltou a 10 de Setembro de 1975, quando terminou a sua comissão militar do norte de Angola - por terras de Aldeia Viçosa, primeiro, e Carmona, antes de voltar a Luanda e a Lisboa.
Ainda lá vive e para lá vai o nosso abraço de parabéns!
Tojal de Meneses e Américo Rodrigues



Tojal de Meneses
em festa de anos!
O capitão miliciano Manuel Diamantino Tojal de Meneses comandou a 1ª. CCAÇ. 5015, aquartelada no Songo, no tempo dos Cavaleiros do Norte e lá substituída pela 1ª. CCAV. 8423.
Rodando para Carmona, aqui foi contemporânea dos Cavaleiros do Norte por algum tempo, até ao seu regresso a Luanda e a Portugal.
Professor doutorado e investigador do Centro de Estudos de Língua, Comunicação e Cultura do Instituto Superior da Maia (ISMAI) e, em 2012, no encontro anual da sua Companhia, encontrou-se com o furriel miliciano Américo Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423 - infelizmente falecido a 30 de Agosto de 2019, de doença.
O capitão Tojal e Meneses festeja aniversário a 29 de Novembro e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
Rosa Coutinho com os presidentes
Agostinho Neto (do MPLA) e, à direita,
Jonas Savimbi (do UNITA)


Alto Comissário
Rosa Coutinho

A Junta Governativa foi abolida a 29 de Novembro de 1974 e o seu presidente, o almirante Rosa Coutinho, foi nomeado Alto Comissário de Angola interino.
A notícia foi divulgada em conferência de imprensa desse dia e Rosa Coutinho confirmou a realização da cimeira entre MPLA, FNLA e UNITA, em Lisboa, mas sem anunciar a data. Dela, sairia o Governo de Transição de Angola, que governaria até à independência. Assim se pensou.
A capital Luanda, por esse tempo, era cidade onde proliferavam «panfletos anónimos, convocando a população para uma manifestção da maioria silenciosa, nos dias 8 de Dezembro», para o Largo da Mutamba - uma praça central da cidade.

sábado, 28 de novembro de 2020

5 261 - Cavaleiros do Norte em dia de anos! UNITA reconhecida pela OUA!

Cavaleiros do Norte do PELREC em Junho de 2010, no encontro de Ferreira do Zêzere:
Florêncio e António, furriéis Neto e Viegas e 1º. cabo Albino Ferreira, que hoje faria 68
anos mas faleceu a 23 de Janeiro de 2017, vítima de doença


Fernando Martins Simões
1º. cabo de Santa Isabel
Albino Ferreira, à
 direita e nos últimos
tempos de vida, com
o furriel João Dias

O dia 28 de Novembro é de natal de vários Cavaleiros do Norte. Já aqui ontem falámos do alferes miliciano José Leonel Hermida e dos seus saudáveis e bem dispostos 74 anos. Hoje, não poderíamos esquecer os 1ºs. cabos Albino Ferreira e Fernando Martins, infelizmente já falecidos, e do soldado João Grave.
O 1º. cabo Albino dos Anjos Ferreira foi atirador de Cavalaria do PELREC da CCS e era natural do Cardal, em Ferreira do Zêzere, onde nasceu há 68 anos e onde regressou a 9 de Setembro de 1975 - por na altura pertencer à 1ª. CCAV. 8423, a companhia de Zalala, rodado do Quitexe.
Trabalhou nas áreas automóvel e da construção e, infelizmente faleceu a 23 de Janeiro de 2017, vítima de doença e quando vivia em Almargem do Bispo, município de Sintra. Os seus últimos anos de vida foram-lhe muito difíceis, em termos de saúde e profissionais, mas, sabemos, sem nunca perder a boa disposição e a alegria que o caracterizavam!
Fernando Martins Simões, 1º. cabo apontador de metralhadoras, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, e suicidou-se, por enforcamento, a 17 de Agosto de 1998. Tinha (quase) 46 anos, que faria a 2 de Setembro seguinte!!
Joaquim Grave em 1974/1975
Joaquim Grave
na actualidade...
Regressou a Portugal a 11 de Setembro de 1975, ao Lourinhal, em Penacova. Fez vida profissional como motorista e casou com Maria Esmeralda Gomes Cruz. Zaida da Cruz Martins, sua única filha, foi quem, em 2014, nos deu notícia da trágica morte do senhor seu pai e nosso companheiro da jornada africana do Uíge angolano.
Ambos aqui recordamos com saudade e deles fazendo memória. RIP!
Joaquim Augusto Margalha Grave foi mecânico de armamento da 2ª. CCAV. 8423, a companhia de Aldeia Viçosa e nas oficinas dirigidas pelo furriel miliciano Amorim Martins. Regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, ao seu Redondo natal, Largo do Calvário, por terras alentejanas de Évora.
Mora agora na Praceta Aldegalega, na cidade do Montijo, sem deixar «escapar» um encontro dos Cavaleiros do Norte do capitão miliciano José Manuel Cruz. Parabéns!

UNITA de Jonas Savimbi
reconhecida pela OUA !

A 28 de Novembro de 1974, a UNITA foi reconhecida pela OUA, o que foi ouro sobre o verde da esperança portuguesa em formar um governo de provisório em Angola. 
 O movimento de Jonas Malheiros Savimbi, era assim , «desostracizado pelos Estados africanos» e Lisboa poderia, como era seu desejo, formar um governo com representantes dos três partidos: a dita UNITA, o MPLA e a FNLA. Foi isto há precisamente 40 anos!
Ao mesmo tempo e pelas bandas do Quitexe, continuava «o arranjo da estrada para Camabatela», por equipas da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) e sob escolta dos Cavaleiros do Norte, Por lá andou, algumas vezes, o (meu) PELREC.


sexta-feira, 27 de novembro de 2020

5 260 - Reunião no Comando do Sector do Uíge! Rosa Coutinho como Alto-Comissário!

Quitexe, a 24 de Setembro de 2019, na visita do furriel Viegas: crianças a brincar com carrinhos de
dmadeira, na avenida e em frente ao que resta do edificio do Comando do BCAV. 8423. O imbondeiro
 fica na entrada norte da parada e ao fundo vêem-se pavilhões escolares (onde eram os balneários) e
 a Igreja de Santa Maria de Deus (semi-tapada pela árvore)
O jardim do Quitexe a 24/09/2019
Um furriel (Viegas) disfarçado 
de  mulher, numa das muitas 
brincadeira do  Quitexe, que teve, 
a 25 de Novembro de 1974, uma
 ida ao cinema do Clube local 

Os comandantes das unidades do Comando do Sector do Uíge (CSU) reuniram-se a 27de Novembro de 1974, há 46 anos e de novo no BC12, em Carmona, e por razões de planeamento operacional. 
O comandante interino do BCAV. 8423, o capitão José Paulo Falcão, participou no encontro, fazendo-se acompanhar de outros oficiais do Quitexe.
A vida, pela ZA dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, em parte do imenso Uíge da nossa saudade - pelo Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e destacamentos de Ponte do Dange e Luísa Maria -, continuava relativamente tranquila, já com responsabilidades operacionais reduzidas. Apenas a registar alguma «agitação» na Fazenda Santa Isabel, aquartelamento da 3ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes e onde, segundo o livro «História da Unidade», «se iniciaram os preparativos para o seu movimento para o Quitexe, a realizar no princípio de Dezembro». Completar-se-ia no dia 10 deste mês de 1974.
Achei no meu arquivo a foto aqui ao lado, assim legendada, datada de 25 de Novembro desse ano de 1974: «E que tal a «garota»? Não, não é nenhuma conquista, sou eu...»
Eu mesmo, imagine-se...., revisto 46 anos depois e numa imagem que, em outro ângulo, já aqui foi aparentada, nomeadamente historiando «o furriel «travestido» que foi ao cinema». Reler AQUI.
«Angola independente em 1975», previa o Alto-Comis-
sário Rosa Coutinho. Título da última página do Diário
de Lisboa de 27 de Novembro de 1974

O Alto-Comissário
Rosa Coutinho !

O dia era de quarta-feira e em Lisboa, na véspera, o Conselho de Estado esteve reunido 7 horas e, segundo o Diário de Lisboa, «decidiu criar o cargo de Alto Comissário para Angola». 
A reunião teve participação de Rosa Coutinho, que se «retirou após a votação do decreto que cria aquele lugar» e, à tarde, esteve reunido com Costa Gomes, o Presidente da República.
O Alto Comissário viria a ser Rosa Coutinho, precisamente, que, sobre o futuro, declarava na altura que «Angola será independente em 1975».
«Poderei dizer que 99,9% da população de Angola, se consultada a esse respeito, é a favor da independência. E sendo a favor da independência neste processo de descolonização em curso, muito naturalmente pretende ver esse seu desejo realizado no mais curto espaço de tempo possível», disse Rosa Coutinho, sublinhando que «a Portugal não incumbe retardar o processo se não na medida em que uma aceleração prematura poderia induzir maus resultados».
O alferes Hermida e esposa,
a dra, Graciete Marques

Hermida, alferes TRMS de CCS,
74 anos na Figueira da Foz

O alferes miliciano José Leonel Pinto de Aragão Hermida, oficial de transmissões dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, festeja 74 anos a 28 de Novembro de 2020.
Jornadeou pelo Quitexe com a esposa, a dra. Graciete Marques, e foi também o responsável pela acção psicológica do BCAV. 8423, com acções de cinema e desporto (futebol e atletismo). Saiu do BCAV. 8423 em Março de 1975, rodando para Luanda, depois para Nova Lisboa (actual cidade do Huambo) e, finalmente, no leste de Angola.
A dra. Graciete Marques foi professora primária na escola do Quitexe e, ambos, agora já aposentados do ensino, moram na Figueira da Foz, para onde e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
J. Messejana

Messejana do PELREC
faleceu há 11 anos !

O soldado João Manuel Pires Messejana, atirador de Cavalaria da CCS do BCAV. 8423, faleceu há 11 anos, no dia 27 de Novembro de 2009.
Cavaleiro do Norte do PELREC, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se na Rua Augusto Machado, em Lisboa. Profissionalmente, foi agente policial e a vida não lhe foi simpática, tendo de abandonar a profissão (por motivos que desconhecemos) e dando-lhe vários constrangimentos de saúde, que levaram à sua morte, apesar do apoio social de que foi beneficiado.
Recordamos o Messejana, hoje, como homem simples e militar disciplinado. Com saudade. RIP!!!


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

5 259 - Comício da FNLA em Vista Alegre! As mortes do furriel Baldy e soldado Lopes!

A preparação do comício da FNLA de Holden Roberto em Vista Alegre, no Uíge do norte
de Angola, a 26 de Novembro de 1974, já lá vão 46 anos. A segurança foi feita pela 1ª. CCAV.
8423, a de Zalala e lá chegada nas vésperas

O furriel João Dias, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala,
em acção de segurança no comício da FNLA que se
realizou em Vista Alegre a 26 de Novembro de 1974

A vila de Vista Alegre foi palco, a 26 de Novembro de 1974, já lá vão 46 anos, de «um comício local de mentalização das populações»
Comício da FNLA e, diz o livro «História da Unidade», o Batalhão de Cavalaria 8423 (os Cavaleiros do Norte), «certamente tendente a procurar anular a influência local e de área que o MPLA possui».
O mesmo dia, mas em Kinshasa, foi tempo de assinatura do acordo da FNLA e da UNITA, representadas pelos presidentes Holden Roberto e Jonas Savimbi, respectivamente, «pondo termo às suas divergências» e instaurando «uma cooperação e uma assistência mútua, para fazer frente a qualquer eventualidade extremista, vinda de qualquer lado».
Mário Soares, numa entrevista à France Press do mesmo dia, assegurava que, após ter reunido com estes dois dirigentes, «falamos a mesma linguagem». «Estamos de acordo - disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros - quanto à maneira como devem ser abordados os problemas de Angola e encontrei neles compreensão e abertura de espírito».
Agostinho Neto, presidente do MPLA e também em entrevista, mas na véspera e ao diário francês «Liberation», falou das dissidências internas do partido: «É um problema surgido no exterior». Acrescentou o presidente do MPLA que «internamente, o partido está unido». Sobre Daniel Chipenda e o seu grupo (a Facção Chipenda, ou Revolta do Leste), considerou que «agora trabalham com a FNLA e, por este facto, estão excluídos do Movimento».
Baldy Pereira
nos anos 2000

Baldy Pereira
em 1974/1975

Furriel Baldy Pereira
faleceu há 4 anos !

O furriel Baldy Pereira foi Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, e faleceu a 26 de Novembro de 2016, vítima de doença.
João Manuel Baldy Belém Pereira foi atirador de Cavalaria e, por terras do Uíge angolano, integrou o grupo de combate do alferes Mário Jorge de Sousa, com quem teve diferenças que o levaram a, segundo o livro «História da Unidade», sair de Zalala e rodar para outra unidade.
 Voltou a Portugal em data desconhecida e trabalhou como delegado de propaganda médica. Morava em Santo António dos Cavaleiros e faleceu a 26 de Novembro de 2016, apenas 5 meses depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro.
Hoje o recordamos com saudade e dele aqui fazemos memória. RIP!!!

Adriano Lopes
de Santa Isabel


Soldado Lopes, de Santa
Isabel, faleceu há 34 anos ! 

O soldado Adriano da Silva Lopes, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8324, a da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, faleceu há 34 anos.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se em S. Julião do Freixo, freguesia do minhoto município de Ponte de Lima, de onde era natural, nascido a 25 de Abril de 1952.
Lá faleceu, por razões que desconhecemos, a 26 de Novembro de 1986 - há 34 anos! Hoje o recordamos com saudade. RIP!!! 
Fazenda Santa Isabel

Oliveira de Santa Isabel, 68
anos na Areosa do Porto !

O 1º. cabo Oliveira, da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, festeja 68 anos a 26 de Novembro de 2020.
Adriano Martins de Oliveira, de seu nome completo, foi apontador de morteiros e era natural de Santegãos, na Areosa, município do Porto, e lá regressou a 11 de Setembro de 1975. Dele se perdeu o «rasto», mas, para onde estiver, parabéns!

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

5 258 - Comandante Almeida e Brito faria hoje 93 anos. Faleceu em 2003!|


O comandante Almeida e Brito no Natal de 1974, em Aldeia Viçosa, ladeado pelo capitão
miliciano José Manuel Cruz, à sua direita (à esquerda, na imagem), alferes João Machado
 e Jorge Capela e furriel José Fernando Melo, Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423


General Almeida e Brito

O general Carlos Almeida e Brito faria hoje 93 anos! Faleceu a 20 de Junho de 2003, aos 76, de morte súbita, no decorrer de um passeio turístico, em Espanha. Foi comandante do Batalhão de Cavalaria 8423.
Há memórias vastas da figura de militar de Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, que teve notável carreira castrense, depois e antes de nos comandar pela terras do chão africano do Uíge angolano, como tenente-coronel - atingindo a patente de general. 
Regressado a Portugal, a 8 de Setembro de 1975, foi comandante do Regimento de Lanceiros 2, em Lisboa, de 1975 a 1977. Depois, 2º. comandante da Região Militar do Centro, em Coimbra (onde várias vezes nos encontrámos  com ele), comandante da Região Militar Sul, em Évora, e 2º. comandante geral da GNR - entre outros cargos.
Foi conviva activo dos primeiros encontros da CCS e do Batalhão, nunca faltando e sempre incentivando quem os organizou. 
A 12 de Maio de 2012, encontrei-me com o general Pires Tavares, de quem foi adjunto em Coimbra, que me falou de Almeida e Brito: 
«Um grande militar! Fui eu quem o escolheu para 2º. comandante da Região Militar Centro, quando lá estive. Sempre o quis comigo!», lembrou-me, embargado de voz e adubando a sua admiração com palavras de emoção, quando sublinhou as  competências profissionais e militares de Almeida e Brito e as suas virtudes pessoais.
Carlos Almeida e Brito, nascido em Lisboa, faria hoje 93 anos e aqui fazemos memória e a nossa homenagem! RIP!!!


O tabuleiro da velha ponte do Rio Dange,
 destruída pela guerra civil angolana, e a
nova ponte, a 25 de Setembro de 2019

80 mortos, 8 blindados e 6 camiões
e dezenas de prisioneiros

A 25 de Novembro de 1974 concluiu concluiu-se o movimento de rotação dos Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 de Zalala para Vista Alegre.
«Assumiu a responsabilidade operacional da sua nova Zona de Acção», anota o livro «História de Unidade». ZA que incluía o destacamento da estratégica ponte do Dange, por onde passámos a 24 e 25 de Setembro de 2019.
Um ano depois e com Angola já independente, sabia-se, de Angola, que as forças populares - das FAPLA/MPLA - «encurralaram a coluna invasora sul-africana na região do Lobito, depois de previamente ter fracionado e desmantelado uma parte dela, que se encontrava perdida nas montanhas». 
E tinham esperança em recuperar Lobito e Benguela, de onde, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, «há notícias que as forças da FNLA e UNITA, que acompanham a força invasora da África do Sul, começaram a desertar».
A tentativa de reconquista de Novo Redondo resultou, segundo o MPLA, «em pesadas derrotas nos últimos dias, que se traduzem nas maiores sofridas pelas forças invasoras sul-africanas». 
Os sul-africanos e «os mercenários portugueses», nos combates da região do Ebo, «sofreram 80 mortos e perderam 8 blindados e 6 camiões de transporte, tendo sido feitos dezenas de prisioneiros, entre eles os primeiros sul-africanos».
R. Ramalho

Ramalho, furriel de Aldeia
Viçosa, 68 anos em Évora !

O furriel miliciano Ramalho, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 68 anos a 26 de Novembro de 2020.
Rafael António Pimenta Ramalho, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte atirador de Cavalaria de especialidade militar e companheiro dos bons na nossa jornada africana do Uíge angolano. Regressou na Portugal no dia 10 de Setembro de 1975 e fixou-se n a Quinta das Courinhas, na Estrada de Reguengos, freguesia da Sé, em Évora.
Agora já aposentado, é habitual coorganizador dos encontros da subunidade uíjana do BCAV. 8423 e mora na mesma cidade alentejana, no Bairro de Santo António, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
- Ver texto sobre
Almeida e Brito, AQUI

terça-feira, 24 de novembro de 2020

5 257 - A Comissão de Descolonização de Angola em Lisboa!

O furriel miliciano Viegas, a CCS do BCAV. 8423, dos Cavaleiros do Norte do Quitexe, e
o condutor Nogueira, da CCAÇ. 209/RI 21, a da Fazenda do Liberato, a caminho do Uíge,
no dia 24 de Setembro de 2019 

A nova Ponte do Dange no dia 25 de Setembro de
2019. A anterior foi destruída na guerra civil 


A 24 de Novembro de 1974, há 46 anos, o almirante Rosa Coutinho voou de Luanda para Lisboa, onde veio «participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização»
Previa-se a nomeação de um Alto Comissário, nomeação ligada à constituição de um Governo de  
A entrada em Carmona do lado do
Quitexe, pela Estrada do Café, a
25 de Setembro de  2019

Transição de Angola, em que participariam «os diversos movimentos emancipalistas».
Por Luanda, eram admitidas diversas manobras, nomeadamente no sector dos transportes, «tendentes a paralisar a economia», como se lia no Diário de Lisboa. A denúncia era de Campelo de Sousa, o Secretário de Estado da Economia da Junta Governativa de Angola, e tais manobras, visariam, acrescentou, «sabotar o processo de descolonização em curso». Logo foram consideradas reccionárias e Campelo de Sousa prometeu «medidas de excepção, caso fossem necessárias, nomeadamente para impedi tentativas de lock-out».
Eram optimistas as previsões desse dia: o Governo de Transição poderia ser formado dentro de três semanas. Só tomaria posse a 1 de Fevereiro de 1975.
Por Zalala, fechavam-se malas e olhava-se as últimas vezes para o chão que, desde 1961, era ocupado pelas Forças Armadas Portuguesas. Era, o 24 de Novembro de 1974, o dia de véspera da saída para Vista Alegre, já iniciada no dia 21 imediatamente anterior.
Aquartelamento da Fazenda
de Zalala / 1ª. CCAV. 8423


Feijão de Zalala, 68
anos em Almeirim !

O soldado Francisco Feijão (de Almeida), da 1ª. CAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, festeja 68 anos a 25 de Novembro de 2020.
Atirador de Cavalaria e Cavaleiro do Norte do comando do capitão miliciano Davide Castro Dias, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro e fixou-se em Lamarosa, no concelho de Coimbra.
Sabemos, por informação do furriel miliciano João Dias (TRMS), que mora(rá) em Almeirim, para onde vai o nosso abraço de parabéns.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

5 256 - Zalala em rotação para Vista Alegre. O adeus da CCAÇ. 4145 !

Os 1º.s cabos Alfredo Coelho (Buraquinho) e Victor Florindo, que amanhã festeja 68 anos
no Cartaxo, ambos da CCS, no Quitexe, e os condutores Eduardo Tomé e Victor Vicente,
ambos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa

As bombas de Vista Alegre e o que, atrás, sobra
do quartel do BCAV. 8423, nos anos de 1974 e 1975


Os dias finais de Novembro de 1974, há 46 anos, foram, pelas bandas do Uíge angolano, tempos de «uma acalmia não encontrada há longos anos».
Os cessar-fogos dos movimentos de libertação a isso levavam e os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 preparavam a sua rotação de Zalala e Santa Isabel e, por outro lado, continuavam a segurança dos trabalhos de reparação da Estrada do Café, feitos pela Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA)  entre Aldeia Viçosa e Vista Alegre. E continuando o arranjo da estrada (picada) que liga(va) Quitexe a Camabatela.
A 21 de Novembro de 1974, recordamos, «começou a processar-se a saída definitiva da CCÇ. 4145/72 para Luanda», abandonando Vista Alegre. Os «caçadores» da 4145 tinham chegado a Angola em Fevereiro de 1973 e, depois de uns dias em Luanda, marcharam para aquela vila, que era a segunda posição militar após o Rio Dange, na estrada do café - a uns 60 kms. do Quitexe.
Caçadores de 4145 em Vista Alegre


Os Caçadores
da 4145/1972

O comandante era o capitão Raúl Corte Real e já aqui lembrámos os alferes Fonseca, Rosa, Adão Moreira e Aguiar, acrescentando hoje os dos furriéis Sequeira e Faustino. Este, da zona de Coimbra, aquele de Setúbal e já falecido.
O alferes Fonseca, agora advogado em Lisboa, lembra-se de lá ter chegado «uma companhia de cabeludos», que, estava ele de oficial de dia, mandou «formar e ir toda a gente para o barbeiro». Quanto tempo lá esteve a 4145/74, a tal companhia que chegou, ele não se lembra. Continuará, assim, por esclarecer esse pormenor. Dando fé no livro «História da Unidade», o BCAV. 8423,  «saiu do subsector a 22 de Novembro», ontem se fizeram 46 anos.
Data certa, é a da chegada dos Cavaleiros do Norte de Zalala (a 1ª. CCAV. 8423) a Vista Alegre. «Tornando-se necessário o ocupação de Vista Alegre e Ponte do Dange, previamente teve início a rotação da 1ª. CCAV. para estes locais, a qual completou os seus movimentos em 25 de Novembro, data em que assumiu a responsabilidade da sua nova ZA», lê-se no Livro da Unidade.
Victor Florindo
1º. cabo


Florindo, 1º. cabo enfermeiro,
68 anos no Cartaxo !

O 1º. cabo Florindo, enfermeiro do BCAV. 8423, festeja 68 anos a 24 de Novembro de 2020, na sua natal terra do Cartaxo.
Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe (e depois em Carmona), Victor Manuel Nogueira Florindo regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e é empresário do sector da restauração, estabelecido no Cartaxo com a (sua) Adega da Carraxada, na Rua dos Moinhos. Lá vive desde sempre e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

domingo, 22 de novembro de 2020

5 255 - MPLA pronto a participar num Governo! Angola independente vezes três !


Condutores do BCAV. 8423: Delfim Serra, da
CCS, e Henrique Ferreira Ramos, da CCAV. 
8423, que hoje festeja 68 anos!

Capitão José
Paulo Falcão

A 22 de Novembro de 1974, o capitão José Paulo Falcão voltou a participar na reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU), no BC12, em Carmona. 
Exercia interinamente as funções de comandante do Batalhão de Cavalaria 8423 e, ao tempo, definiam-se estratégias operacionais da Zona de Acção (ZA).
Almeida e Brito, o tenente-coronel que comandava o nosso BCAV., estava de férias em Lisboa e, pela nossa Zona de Acção (ZA), ia tudo muito tranquilo, enquanto se ultimavam mais rotações - nomeadamente a da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, para Vista Alegre e Ponte do Dange.
Em Luanda, o MPLA considerou «chegado o momento de declarar solenemente que está aberto a todas as funções que possam contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional»
Notícia do Diário de Lisboa de 22 de
Novembro de 1974: «O MPLA pronto a
participar num Governo de Transição» 

Continuidade política,
económica e social de Angola !

Lúcio Lara, o chefe da delegação do MPLA, disse mais: «Isto quer dizer que o MPLA está
pronto a participar num Governo (...) que, com os movimentos de libertação, encontrem as fórmulas que se impõem para a continuidade política, económica e social de Angola»
.

Outra notícia do dia, no jornal «Diário de Lisboa», que citamos, dava conta do que circulava em Luanda: «Segundo círculos geralmente bem informados (...), o encontro que amanhã se realiza em Kinshasa terá como objectivo a constituição de uma aliança contra o MPLA».
O encontro teria o patrocínio de Mobutu Sese Seko (presidente do Zaire) e envolveria dirigentes como Holden Roberto (presidente da FNLA), Jonas Savimbi (idem, da UNITA), Daniel Chipenda (da facção do seu nome) e Simão Toco (um líder religioso).
Isto enquanto, lá pelo norte uíjano, continuava o programa de restauração da redes estradal, a cargo da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) - com proteção de escoltas dos Cavaleiros do Norte. 

Notícia do Diário de Lisboa
de 22 de Novembro de 1975
Portugal contra a
África da Sul em Angola


A 22 de Novembro de 1975, um sábado e um ano depois, já na terceira semana da tri-proclamada independência de Angola, nada se sabia das Repúblicas procamadas pela FNLA de Holden Roberto e pela UNITA de Jonas Savimbi. 
Sabia-se, isso sim, do protesto de Portugal «junto do Governo sul-africano, pelo envolvimento das suas tropas a partir da Namíbia». 
O Diário de Lisboa considerou que «embora muito tardiamente e depois da invasão estrangeira estar consumada» e adiantava que «o protesto foi apresentado ontem à noite, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas» e pelo embaixador José Manuel Galvão Teles.
A África do Sul, porém e a partir de Pretória, fez lembrar que enviou tropas para Angola com «conhecimento prévio e aprovação do Governo Português, a fim de proteger o projecto hidro-eléctrico do Cunene, logo ao norte da fronteira».
O ministro da Defesa, Pieter Botha, acrescentou que «o envio de tropas fora feito no interesse do povo angolano e das pessoas que trabalham perto do projecto, uma empresa conjunta sul africana-portuguesa para abastecimento de energia eléctrica e água a Angola e ao Sudoeste Africano» - a Namíbia.
José Esteves
1º cabo

Esteves, 1º. cabo de CCS,
68 anos em Viseu !

O 1º. cabo José Lopes Esteves, da CCS do BCAV. 8423, festeja 68 anos a 22 de Novembro de 2020.
Escriturário de especialidade militar, trabalhou na Secretaria do Comando e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se em Repeses, freguesia de Ranhados, nos arredores da cidade de Viseu. Por lá fez família e trabalhou na área do comércio automóvel - sendo dos que faz anos por duas vezes: a 22, dia do nascimento propriamente dito, e a 28 de Novembro, quando foi registado, em 1952.
Parabéns!
H. Ramos

Ramos de Santa Isabel, 68
anos em S. Pedro da Cova !

Henrique Ferreira Ramos foi soldado condutor da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, e festeja 68 anos a 22 de Novembro de 2020.
Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, à sua casa dos Silveirinhos, em S. Pedro da Cova, e por lá faz vida - boa parte dela dedicando-se à arbitragem do futebol, filiado na Associação de Futebol do Porto. Esteve emigrado na Bélgica e descansa de uma vida trabalho pelas terras de S. Pedro da Cova - para onde vai o nosso abraço de parabéns! 

sábado, 21 de novembro de 2020

5 254 - O dia dos 22 anos de um «Ranger» dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!

O furriel Viegas na avenida do Quitexe,
no dia dos seus 22 anos. Atrás, a cantina
dos praças e a cobertura da escoa,
regimental. Já lá vão 46 anos!
68 anos!!! Uff!!!
Quem diria!

Aos idos tempos de 21 de Novembro de 1974, estava eu no uíjano Quitexe e riscando do dias no calendário da nossa angolana jornada africana. E fiz 22 anos!
Creio bem, foi a primeira vez que dei alguma importância a tal dia. Cá por casa, pouca importância se dava a efemérides deste tipo, os meios não eram fartos, era modesta a família, e crescíamos com o desejo e gosto de receber um par de meias como prenda, quando muito!
Lá pelo distante e saudoso Quitexe, foi diferente!! Talvez porque o moinho da saudade nos fazia mais nostálgicos, porque mais e melhor levedava o sentido de paixão e afecto pelas nossas gentes mais próximas, mas que estavam a milhares e milhares de quilómetros e nós em teatro de guerra.
O dia correu bem, pois a sementeira de cumplicidades do grupo era grande - e a colheita maior!!! - e todos nos sentíamos irmãos, família e «amantes», diria! 
Hoje, 46 anos depois e neste meio de tarde de que passa, voltei a reler algum correio da data, recebido pelos dias mais próximos desse tempo de 1974, e dou conta que alguns amigos, por esta ou outras razões, «desapareceram» do nosso palco diário. É a vida! Não que falecesse a amizade e o carinho, mas as fronteiras do mundo separaram os nossos dias.

Viegas e Rocha, furriéis mili-
anos: a primeira foto do  
Quitexe, em Junho de 1974


Dia de anos e em
serviço de ordem

Há 46 anos, fiz a «festa» com amigos Cavaleiros do Norte e hoje, pelo dia fora, muitos dos companheiros da nossa jornada africana do Uíge angola me tem refrescado a memória desse tempo.
A jantarada desse dia foi no Pacheco, com os apaparicos gastronómicos de D. Maria Lázaro, a cozinheira cabo-verdeana que fabricava sabores novos com as especiarias de lá. Mais as «bocas» dos dois Pires (Cândido e Zé), do Rocha, do saudoso Mosteias, do Cruz, do Machadinho, do Morais e do Lopes, do Monteiro, sei já lá de quantos.
Ao tempo e para «variar», estava de serviço, de sargento-dia ao BVBCAV. 8423, e naturalmente muito longe de adivinhar que, 46 anos depois, ainda por andamos, ainda que tragicamente confinados. Mas sem esquecer, nunca, os companheiros que, desta terra «confinada» já se pariram,  mas continuam imortais nas nossas memórias e para sempre!
Hoje e aqui os recordamos com saudade! 
O furriel Viegas na praia da Ilha de
Luanda, em Setembro de 1974

Prisões, mortes e
feridos em Luanda!

O dia, em Luanda, foi de mais 6 presos, «com as mãos atadas atrás das costas, alguns deles feridos e apresentados à imprensa estrangeira» pelo MPLA. 
Tinham sido capturados pelas Comissões de Vigilância do partido de Agostinho Neto, nos musseques. Um deles, acusado de assassínio; outro, de extorquir dinheiro em nome do MPLA; os restantes, de roubos - «todos acusados de se intitularem, falsamente, militantes do MPLA».
A FNLA, do seu lado da barricada, denunciava que «19 pessoas foram forçadas, recentemente, a abandonar os seus lares, no (bairro do) Catambor». Estavam «protegidas pelas Comissões da FNLA» e os seus dirigentes deixavam entender, segundo o Diário de Lisboa, que «teriam sido forçadas a abandonar as residências, na semana passada, por aderente armados de um movimento rival - cujo nome não quis revelar»
As Forças Armadas Portuguesas, por sua vez, anunciaram «um africano morto a tiro» e também «dois negros e dois brancos feridos com armas de fogo, na segunda e terça-feira» - dias 17 e 18.
As negociações em Argel, entre o ministro Melo Antunes, de Portugal, e Agostinho Neto, presidente do MPLA, decorriam em «clima de autêntica fraternidade», como disse o ministro sem pasta de Portugal.

Foi assim o meu dia de 22 anos, já lá vão 46!
O tempo voou!