CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 31 de março de 2024

7 403 - Há 49 anos: Patrulhamentos mistos de Aldeia Viçosa a Úcua e pela Estrada do Café!


O antigo aquartelmento de Aldeia Viçosa, a 24 de Setembro de 2019, quando por  lá passou o furriel Viegas. Era 
 o espaço Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, vista da Estrada do Café e com bombas de gasolina à direita
A viagem do furriel C. Viegas, com o condutor Nogueira do
Liberato, pela Estrada do Café e a caminho de Vista Alegre,
Aldeia Viçosa, Quitexe e Carmona, actual cidade do Uíge.
 Aqui, junto da placa que indica Úcua e Uíge


Os Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, continuavam em Aldeia Viçosa e, em Março de 1975, um dos seus grupos de combate integrou os patrulhamentos mistos feitos a Úcua, envolvendo forças do ECAV. 401 e dos movimentos.
Há 49 anos!!!
Ao tempo, o contactos das NT com os movimentos eram diários, para além das reuniões dos Estados Maiores, às
Combatentes do ECAV. 401, que há 49 anos e na Estrada
do Café, fizeram patrulhamentos a Úcua, com a 2ª. CCAV.
8423 - a de Aldeia Viçosa. À direita, o furriel miliciano Sá
quartas-feiras. O livro «História da Unidade» reporta «uma boa aceitação das medidas militares tomadas» - os patrulhamentos eram uma delas - e que «tal tem sido a origem do clima de paz que se vive no distrito».
O modelo de acção desta equipa trabalho, de resto e segundo o registo do comandante Almeida e Brito, constituiu-se «um exemplo para terceiros, pelo que está a ser mesmo itinerante» e, acrescente-se, com «resultados a vários níveis, nomeadamente em Salazar e Quibaxe, para além de Úcua».
Isto e outras memórias me ocorreram quando, a 24 e 25 de Setembro de 2019, galguei a Estrada do Café, de Luanda a Carmona, fazendo ressurreição emocional da épica jornada africana do Uíge angolano.!
Fazenda Santa Isabel

Coelho e Cristiano de Santa
Isabel, fazem 72 anos em 
Tábua e em Lisboa!

O 1º. cabo condutor Luís Martins Coelho e o soldado atirador Cristiano Manuel Jorge Fernandes, ambos da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, festejam 72 anos a 31 de Março de 2024.
Hoje mesmo!
Jrnadearam por Santa Isabel, pelo Quitexe e Carmona - e ainda pelo Grafanil -, antes de regressarem a Portugal, no dia 11 de Setembro de 1975, no final da sua missão em Angola.
O Coelho, ao Outeiro da Castanheira, da freguesia de Mouronho, em Tábua; o Cristiano a Lisboa (à Calçada da Graça). 
Supomos que ainda por lá viverão e para eles vai o nosso saudoso e amigo abraço de parabéns.

sábado, 30 de março de 2024

7 402 - O domingo de Páscoa de 1975! Manobras para deter a marcha do povo angolano!

A Portugália já não é a... Portugália do tempo colonial. É a Kibabo, uma empresa angolana dedicada a várias
 especializações empresariais. A imagem é de 18 de Setembro de 2019, há quase 5 anos e quando por
lá passou o (ex)furriel Viegas (na foto) da CCS do BCAV. 8423
Jornal «Liberdade e Terra», órgão oficial
da FNLA. Como se lê em baixo, à direita,
o movimento de Holden Roberto acusava o
MPLA de ter desencadeado «o surto
de violência»
Os furriéis milicianos Cruz e Viegas
na Avenida do Quitexe e e em 1975


Dia 30 de Março de 1975!!!
Dia de Páscoa de há 49 anos!!!!
Ups!!!...
É domingo de Páscoa e tínha-nos (a mim e ao Cruz) saída uma espécie de pequena «sorte grande»: fomos autorizados e pudemos antecipar, por um dia, a nossa ida de férias e voámos de Carmona para Luanda no avião das 10 da manhã.
A tensão continuava por lá, na capital angolana, e a primeira novidade, ainda no aeroporto, foi a suspensão do jornal «A Província de Angola», de alguma forma substituído pelo «Liberdade e Terra», diário com o mesmo formato e dirigido pela FNLA. FNLA que, lia-se no jornal «O Comércio» desse dia, tinha comprado a Rádio Televisão de Angola, que então estava em fase de instalação e limitada a Luanda. 
O jornal «A Província da Angola» estava suspenso (não me ocorre a razão) e era o diário que habitualmente nos chegava ao Quitexe. Outros jornais (O Comércio e o Diário de Luanda, por exemplo) normalmente não passavam de Carmona, raramente chegavam à vila-sede do (nosso) BCAV. 8423.
Outra novidade: a edição do jornal «Vitória Certa», afecto ao MPLA, do qual também espreitámos os títulos da primeira página.

Estão a entregar isto
tudo ao MPLA...

A viagem até ao Katekero, do aeroporto ao Largo Serpa Pinto, foi rápida e o taxista, um europeu branco, percebendo que éramos militares, reportou-nos a manifestação da véspera, em Lisboa, em tom muito crítico - relativamente às autoridades portuguesas. 
«Estão a entregar isto tudo ao MPLA...», afirmou ele, barafustando também contra o Alto Comissário Silva Cardoso. «Qualquer dia, até nos comem e a tropa não faz nada...», expectou o exaltado homem, muito nervoso e excitado, a espumar raiva. Socorro-me do «Diário de Lisboa» de 31 de Março de há 49 anos, para recordar os slogans dos 2000 manifestantes que marcharam do Rossio até S. Bento, com uma enorme bandeira do MPLA e a fotografia de Agostinho Neto na frente: 
Jornal «Vitória Certa»,
órgão oficial do MPLA
«MPLA, um só povo, uma só nação; Morte à CIA; Governo popular / Abaixo o Colonialismo; Os pides fora de Angola; MPLA a vitória é certa; MPLA, vitória ou morte».

Manobras para deter
a marcha do povo !

A manifestação visava, segundo o «Diário de Lisboa», o «protesto contra as manobras para deter a marcha do povo angolano para a sua libertação total» e foi guardado um minuto de silêncio em memória das vítimas dos combates entre o MPLA e a FNLA.
E Luanda? 
O que o taxista nos reportou foi um perigoso clima de tensão, sequente dos combates entre MPLA e FNLA. Os três movimentos tinham mandado o acordo de cessar fogo às urtigas e repetiam-se os tiroteios, se bem que, e felizmente, não se registassem vítimas mortais. O recolher obrigatório tinha sido levantado e as emissoras privadas já podiam retomar as suas programações normais - enquanto a Emissora Oficial de Angola apenas podia divulgar os comunicados oficiais.
Na verdade, e na prática, nada nos preocupou nas primeiras horas de Luanda, em dia de Páscoa de 1975. Eu e o Cruz, depois do banho de fim da manhã, no Katekero, descemos à baixa e fomos confortar o estômago no recheado almoço da Portugália. 
O ambiente era de tranquilidade, com muita gente a circular descontraidamente, sem se ver um militar fardado!  tarde ia ficar por nossa conta, espreguiçando-nos nas areias das praias da ilha, bebericando cuca´s com camarão e esperando a noite de sonhos e cios que expectávamos para este inesperado primeiro dia de férias angolanas!!

sexta-feira, 29 de março de 2024

7 401 - Patrulhamentos Mistos no Uíge! Mais de 100 mortos e fuzilamentos em Luanda!

Grupo de combatentes da FNA e do MPLA, aqui na parada do BC12 e que, há 49 anos,
faziam patrulhamentos mistos na cidade de Carmona, actual Uíge, com os Cavaleiros 
do Norte do BCAV. 8423 



O capitão Raúl Corte Real (e uma filha), que
comandou a CCAÇ. 4145, em Vista Alegre


Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 jornadeavam por Carmona (actual cidade do Uíge), a 29 de Março de 1975 - há 49 anos... -, levando por diante e sem medos os patrulhamentos mistos - noite e dia, 24 sobre 24 horas!
Os homens da FNLA e do MPLA continuavam a sua teimosa e inamistosa relação, agravada pelas dramáticas notícias 
que, nos dias de vésperas, chegavam de Luanda: mais de uma centena de mortos (entre combatentes dos movimentos e civis), centenas de feridos, até fuzilamentos..., recolher obrigatório, tiroteio incontrolado de armas ligeiras e pesadas.
A 29, hoje se passam 49 anos..., porém, a situação parecia desanuviar, mas... nunca fiando. «Manteve-se esta manhã o recolher obrigatório e a suspensão dos noticiários sobre os acontecimentos de Luanda, apesar de a situação aparentemente estar a regressar à normalidade», relatava o Diário de Lisboa, acrescentando que «com o protocolo ontem assinado, a situação vai-se atenuando na cidade».
Protocolo entre as autoridades nacionais - lá representadas pelos ministros Almeida Santos e Melo Antunes e o Alto Comissário Silva Cardoso - e os movimentos envolvidos nos confrontos e que «implicou» a libertação dos prisioneiros feitos pelo MPLA (entregues às Forças Armadas Portuguesas) e os populares detidos pela FNLA (neste caso, não se sabendo se todos).
Isto, num tempo em que Jonas Savimbi, falando em Dar-es-Salam, fez questão de reafirmar aos jornalistas «a neutralidade da UNITA, refutando, assim, uma notícia da BBC segundo a qual, em caso de confrontação mais vasta, se pôr ao lado da FNLA, contra o MPLA».
Jonas Savimbi, aliás, anunciou «para breve» um encontro dos três presidentes dos movimentos de libertação de Angola, para «tratar de problemas políticos, nomeadamente das eleições».
Jornal «Liberdade e Terra» da FNLA


Rádios privadas a «falar» e a
Emissora Oficial de Angola
sem... notícias !

O recolher obrigatório em Luanda foi levantado a 29 de Março de 1975, depois de vários dias de muitos incidentes entre forças armadas do MPLA e da FNLA.
O balanço era trágico: mais de centena e meio de mortos e muitos mais feridos - entre militares dos movimentos e civis.
A 30 do mesmo mês e ano, o dia seguinte, as emissoras privadas de Angola puderam voltar a apresentar a sua programação normal, mas a Emissora Oficial foi excluída deste regime.
 «Apenas poderá difundir as notícias constantes dos comunicados oficiais», relatava a imprensa do dia - o último domingo desse Março de 1975.
A Emissora Oficial de Angola, ao tempo, era muito questionada pela FNLA - devido ao tipo de informação que prestava - e o jornal (diário) «Liberdade e Terra», órgão central deste movimento e nas suas duas últimas edições, insurgia-se contra a actividade desta estação radiofónica.

Capitão Corte Real, de 
Capitão Raúl Corte Real
Vista Alegre, comemora
78 anos em Lisboa !

O capitão miliciano Raúl Corte-Real está hoje em festa, a sexta-feira santa de 29 de Março de 2024! Comemora 78 anos!
Oficial miliciano, foi estudante do Liceu Almirante Lopes Alves, no Lobito, e licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Comandou a CCAÇ. 4145 e, já no final da passagem operacional por Vista Alegre, onde chegou a 1 de Abril de 1973. «Estivemos sempre em Vista Alegre, desde 1 de Abril de1973 até ao mês de Outubro de 1974, em que fomos para Luanda aguardar o regresso a Lisboa», comentou há algus anos, ouvdo por este blog.
Aquartelado em Vista Alegre, integrou uma grande operação militar local - a Operação Turbilhão - e comandou a então única Zona de Intervenção (ZI) do Uíge.
Mora na cidade de Lisboa, para onde vai o nosso abraço de parabéns pelos excelents 78 anos que hoje comemora!

quinta-feira, 28 de março de 2024

7 400 - A sabedoria dos 95 anos do capitão Acácio Carreira da Luz!!


O capitão Acácio Luz e sua «mais-que-tudo», D. Violontina,
com o furriéis Neto, à direita, e Viegas, com a esposa,
na Marinha Grande
Os 95 anos do
capitão Acácio
Carreira da Luz



O capitão Acácio Carreira da Luz está hoje em festa: comemora 95 anos!!!
Grande e bonita idade!!!!
«Até posso dizer que já tenho alguma sabedoria...», disse-nos há momentos, gracejando sobre a sua festa natal, na sua residência da Marinha Grande e quando falámos deste seu dia maior e da nossa jornada africana do norte uíjano de Angola.
Noo-veeeeeen-ta e ciiiiiin-co anos!!!!
«Olhe, valeu a pena..., é uma vida com momentos muito especiais, uns melhores e outros menos bons, momentos de uma vida preenchida», disse-nos Acácio Luz, com outro preciso comentário: «Vi muita coisa, conheci muita gente... é a vida que tenho»
Palavras para quê? É o nosso Cavaleiro do Norte Maior!
Os então tenentes João Mora e Acácio Carreira da Luz
com os alferes António Manuel Garcia e Jaime
Ribeiro, na vila do Quitexe e em 1974


Quem é quem?
Capitão Acácio Carreira da Luz

Acácio Carreira da Luz serviu os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, como chefe de secretaria e oficial de pessoal, então como tenente do SGE.
A ordem de serviço nº. 74, publicou louvor do comandante Almeida e Brito, frisando que «durante o tempo em que prestou serviço na RMA, confirmou o conceito e que era tido» demonstrando «qualidades militares e cívicas que o cotaram como precioso auxiliar do comando que serviu», as quais «são garante de assim sucederá em outras quaisquer funções que lhe sejam cometidas».
O tenente/capitão Luz além das funções a seu cargo, que «sempre manteve em dia e procurando as melhores soluções, chamou a si todo o serviço de Justiça do Batalhão», tornando-se «um precioso auxiliar dos seus camaradas que, pela sua inexperiência, viram em tal serviço complexidade e melindre». 
O louvor precisa que foi «disciplinado, de lealdade e correção inexcedíveis, de elevadas qualidades militares, de total dedicação pelo serviço, dotado de excelente educação e civismo», qualidades que «o creditam como excelente oficial». E de tal modo, sublinha o louvor, que «o tornaram considerado e estimado pelos subordinados, pelo que os serviços que prestou são merecedores de público louvor».
Parabéns, capitão Luz!
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: furriel Graciano Silva e 
alferes Mário Simões (atrás) e furriéis Luís Capitão (falecido a
05/01/2010, em Vila Nova de Ourém e de doença) e José F.
Carvalho. Há precisamente 49 anos e com o 3º. Pelotãoda 
3ª. CCAV. 8423), reforçaram a guarnição de Carmona 

Comandante A. Brito
em Vista Alegre !

O dia 28 de Março de 1975, há 49 anos e pelo Uíge angolano, foi tempo de o comandante Carlos Almeida e Brito visitar a 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, mas ao tempo aquartelada em Vista Alegre.
Comandante interino da Zona Militar Norte (ZMN), o comandante do BCAV. 8423 (CAB) fez-se acompanhar pelo também interino, mas dos
O alferes Carlos Silva, ladeado pelo condutor Manuel
 Mendes (á esquerda) e o atirador Ernesto Simões.
Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV., a de Santa Isabel
Cavaleiros do Norte - o capitão José Diogo Themudo, que desde o dia 24 de Março era 2º. comandante do  BCAV. 8423.
A 1ª. CCAV. 8423 também tinha um destacamento em Ponte do Dange e era comandada pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias - a quem, e à guarnição, foi apresentado o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo.


Reforço dos Cavaleiros
e Licença de Normas!


«impossibilidade de garantir os serviços solicitados ao BCAV., que comportam também os da ZMN, também em extinção» implicou o seu reforço, a 28 de Março de 1975, com «mais um grupo de combate, este da 3ª. CCAV. 8423, por ser a subunidade que, de momento, tem a sua vida menos sobrecarregada».
Grupo de combate (o 3º. pelotão) que tinha estado na Fazenda Maria Amélia e era comandado (ver foto) pelo alferes Mário Simões e incluía os furriéis milicianos Graciano Silva, José Fernando Carvalho e Luís Capitão - este infelizmente já falecido, de doença, a 5 de Janeiro de 2010, em Vila Nova de Ourém.
Um ano antes, em Março de 1974 - há 50 anos!!!... - terminava a Licença de Normas dos futuros Cavaleiros do Norte, iniciada a 18 de Março anterior, a qual, todavia, e segundo o livro «História da Unidade», «acabou por ser aumentada, de tal modo que só a 22 de Abril se voltou a reencontra todo o pessoal do Batalhão, para dar efectivação à Instrução Operacional».
Nesse período, os quadros milicianos (futuros alferes e furriéis) iam prestar serviços de ordem ao aquartelamento de Santa Margarida - em escala previamente estabelecida. Os praças foram dispensados dessa obrigação.

quarta-feira, 27 de março de 2024

7 399 - Comandante Almeida Brito no Quitexe, com o capitão José Diogo Themudo!

A praça principal da cidade de Carmona - denominada Jardim Lisboa, no tempo colonial. À esquerda, 
 o edifício do Comando da Zona Militar Norte (ZMN)/Comando de Sector do Uíge (CSU). Em frente,
o Governo do Distrito e os CTT. À direita, a Câmara Municipal

O capitão José Paulo Fernandes, comandante
da 3ª. CCAV. 8423 (à direita) e o 1º. sargento
Francisco Marchã
Capitão José
Diogo Themudo


O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se ao Quitexe no dia 27 de Março de 1975, com o capitão José Diogo Themudo, dias antes chegado a Carmona e 2º. comandante dos Cavaleiros do Norte.
O objectivo foi, precisamente, apresentar o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo, oficial de Cavalaria, que no dia 24 assumira o comando, também interino, dos Cavaleiros do Norte, no BC12 e em Carmona. 
A guarnição do Quitexe, a esse tempo, era exclusivamente formada pela 3ª. CCAV. 8423, do comando do capitão miliciano José Paulo de  Oliveira Fernandes e que da Fazenda Santa Isabel rodara a 10 de Dezembro de 1974.
A CCS  e um grupo de combate da 2ª. CCAV. 8423 tinham saído da vila quitexana e Aldeia Viçosa a 2 de Março de 1975 e a restante 2ª. CCAV. rodou até ao dia 11, na altura formando o grande (que era bem
pequenino...) corpo militar português na cidade capital do Uíge, aquartelado no BC12.
A Zona Militar Norte (ZMN) e o Comando do Sector do Uíge (CSU) estavam instalados no edifício da praça principal da cidade - onde, como se pode ver na foto, também estavam os CTT, o Tribunal Judicial e a Câmara Municipal -, mas eram, como de depreende, unidades de serviços administrativos militares.

O «Diário de Lisboa»
de há 49 anos!

Situação tensa em Luanda, 
50 fuzilamentos e ameaça 
de guerra civil !

Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, há 49 anos,  estavam em Carmona, no BC12, assim como no Quitexe e Vista Alegre/Ponte do Dange, onde tudo, apesar de tudo, decorria normalmente.
O mesmo não acontecia em Luanda, a capital de Angola e onde era latente «a ameaça de guerra civil» como de se podia ler na primeira página do «Diário de Lisboa» de 27 de Março de 1975.
«Continua tensa a situação», noticiava o jornal vespertino de Lisboa, acres-
centando que «ontem, Luanda viveu momentos dramáticos» e que «soldados da FNLA fuzilaram 50 guerrilheiros do MPLA, numa estrada próxima da capital, desarmados e quando regressavam de um centro de instrução militar». Por outro lado, «pioneiros do MPLA foram massacrados e dois deles enforcados».
«A matança foi feita com requintes de crueldade», noticiava o DL, numa altura em que, frisava o jornal, «a cidade do asfalto parece imune aos acontecimen-
tos, uma vez que as tropas da FNLA poupam os cidadãos brancos».
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, lá pelas bandas do Uíge do norte de Angola, continuavam a controlar os acontecimentos, mas sempre atentos ao que de mau poderia acontecer. Nunca se sabia!

terça-feira, 26 de março de 2024

7 398 - Os primeiros passos do (não) Exército Integrado de Angola, por terras do Uíge!


Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: furriéis milicianos António Artur Guedes, José Gomes, Carlos
Letras e Jesuíno Pinto (já falecido). Em baixo, os soldados Leonel Sebastião (mecânico) e Manuel Joaquim Oliveira
(cozinheiro), de cigarro na boca e todos em momento de boa disposição, no S. Martinho de 1974

Cavaleiros do Norte da CCS e 3ª. CCAV., todos furriéis milicianos:
António Fernandes, João Cardoso, José Querido, combatente
  da FNLA e Nelson Rocha. Em baixo, José Fernando Carvalho,
José Augusto Monteiro e Agostinho Belo
                                                                                  A noite de 26 para 27 de Março de 1975, há 49 anos, foi a de «estreia» dos patrulhamentos mistos na cidade de Carmona, envolvendo forças portuguesas, da FNLA (o ELNA), do MPLA (as FAPLA) e da UNITA (o ELNA).
O livro «História da Unidade» dá conta que «deste modo, ensaiando-se os primeiros passos de actividade operacional em Exército integrado com os movimentos emancipalistas, a seu pedido e porque se verificou um deteriorar da situação, nomeadamente nos distritos de Salazar e Luanda, iniciaram-se patrulhamentos mistos do Exército Português, ELNA, FAPLA e FALA».
Aqui já se contou que «esta actividade militar já havia sido experimentada em 15 de Março, aquando das comemorações do feriado da FNLA e exclusivamente em serviço de segurança dos locais aonde iriam celebrar-se as comemorações». Experiência uíjana que, de resto e continuando a citar o «HdU», se «mostrou proveitosa, que teve a maior receptividade por parte das forças militares dos movimentos e que, por parte dos nossos soldados foi bem compreendida e aceite, com certa expectativa inicial mas sem problemas de execução». 
Repetível, por isso.
E assim foi durante várias semanas, por Março fora e Abril de 1975 adentro, até à sangrenta e dramática primeira semana de Junho - a dos incidentes de Carmona. A experiência dos Cavaleiros do Norte, aliás, viria a ser «imitada» noutras cidades do território angolano.
«Tem-se verificado boa aceitação das medidas militares tomadas, o que tem sido a origem do clima de paz que se vive no distrito», sublinha o livro «História da Unidade». Por distrito (ou província como também às vezes era denominado), entenda-se o Uíge, de que Carmona era a capital.


Notícia do «Diário de Lisboa» de há 49 anos

Granadas no jardim do
Palácio do Governador!



As «coisas», há 49 anos, iam assim por Carmona e Uíge, mas não tão pacíficas por Luanda, onde os acordos entre o movimentos valiam o que valiam. 
Na verdade e na mesma noite em que a capital do Uíge «inaugurava» patrulhamentos mistos, «a situação voltou a piorar» na capital do Estado (futuro país).
«Duas granadas explodiram nos jardins do Palácio do Governador, não se tendo registado vítimas», reportava a imprensa, acrescentando que «soldados da FNLA ocuparam posições no como de alguns prédios» e que «ouviram-se também tiros de armas pesadas durante a noite, embora se de desconheçam os autores dos disparos».
A população dos bairros urbanos «continua(va) preocupada» pois, destacava a imprensa, «há elementos da FNLA que procedem a autenticas rusgas contra da vontade dos populares», apesar das directiva dos seus comandos, no sentido de não abandonarem os seus aquartelamentos».
O ministro Lopo do Nascimento «apresentou já um plano para normalizar totalmente a situação», na altura a ser apreciado pelo Alto Comissário (o general Silva Cardoso) e o Conselho de Defesa Nacional.
Ao mesmo tempo (e dia, o 26), o ELNA (da FNLA) convidava a população «a participar no funeral dos soldados que morreram durante os recontros que recentemente ocorreram nesta capital» - a cidade de Luanda - e o comandante Vassoura Timóteo ordenou «a todos os soldados que se mantenham nos respectivos aquartelamentos», frisando que «o mínimo gesto que se verificar contra os militantes e simpatizantes da FNLA, ou contra o ELNA, será considerado desafio aos inimigos do povo».
«A guerra é uma profissão. A morte é um destino. Liberdade e Terra», proclamou o comandante Vassoura Timóteo.
José A. Moura

Moura, clarim de Zalala,
72 anos em Sesimbra !


O soldado José de Azevedo Moura, Cavaleiro do Norteda 1ª. CCAV. 8423, festeja 72 anos a 26 de Março de 2024.
Clarim de especialidade militar, jornadeou por Zalala, Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes de passar pelo Campo Militar do Grafanil e, a 9 de Setembro de 1975, regressar a Portugal.
Fixou-se em Casal de Loivos, freguesia de Casal de Corvos, no município da Sertã, de onde era natural.
Sabemos, por informação do furriel João Dias, que reside na Quinta do Conde, em Sesimbra. É para lá, e para ele, que vai o nosso abraço de parabéns!

segunda-feira, 25 de março de 2024

7 397 - Cavaleiros carregados de serviços no Uíge! Incidentes e mais de 20 mortos em Luanda!


O furriel Manuel Machado e o alferes António Albano Cruz, ambos
milicianos dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423

O alferes António Garcia, de Operações Especiais
(Rangers) na porta d´armas do BC12, em Carmona,
a actual cidade do Uíge. Faleceu a 02/11/1979


Há 49 anos, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam a sua jornada em ambiente de relativa calma, embora carregados de serviços, nomeadamente os militares operacionais  - que, pela natureza da sua especialização, estavam encarregados da segurança de pessoas e bens, fossem civis ou fossem militares, para além da das várias instalações da Forças Armadas e serviços públicos da cidade de Carmona.
Era muito curto o número de efectivos disponíveis, apenas os operacionais da CCS e da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), para tanta exigência de segurança, só na cidade.
A guarnição instalada no quartel do extinto BC12 desmultiplicava-se, por isso, em tarefas para «garantir os serviços solicitados ao BCAV., os quais comporta(va)m também as necessidades da Zona Militar Norte» - a ZMN, ao tempo já em fase «também em extinção».
Notícia do Diário de Lisboa de 25/03/1975 sobre a situação em
 Angola: «Mais de 20 mortos nos combates entre forças do
 MPLA e FNLA». «A calma regressa a Luanda», titulava o jornal


Incidentes em Luanda 
com mais de 20 mortos !

A terça-feira de 25 de Março de 1975 foi tempo de as autoridades militares portuguesas em Angola fazeram o balanço dos incidentes entre o MPLA e a FNLA, de dois dias antes: 18 mortos entre os militantes deste movimento, o de Holden Roberto, «enquanto nenhum há a registar entre as forças do MPLA», reportava o Diário de Lisboa, porém, sublinhando que «no momento, é difícil determinar o número de vítimas». Sem esquecer os 2 civis.
Os incidentes entre as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o braço armado do MPLA) e o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola), idem, da FNLA) tinham recomeçado na madrugada do dia 23, o domingo - depois de escaramuças a 21 (a 6ª.-feira anterior), «nalgumas zonas dos subúrbios e afectaram seriamente a vida da população» da cidade de Luanda.
Havia mesmo, segundo o Diário de Lisboa, «certas áreas interditas à normal circulação de pessoas e viaturas», como era o caso do Bairro Cazenga, «onde durante toda a tarde e noite de ontem se ouviram constantes disparos de armas automáticas e rebentamento de granadas». Ontem, que - recuemos no tempo... - foi o dia 24 de Março de 1975, uma segunda-feira.
O Alto-Comissário Silva Cardoso, à di-
reita, com o almirante Rosa Coutinho

Morte de 2 crianças
no bairro Cazenga !


O bairro suburbano do Calemba também não escapou aos combates e, segundo o «Diário de Lisboa», que citamos, «foi palco de novos incidentes», os que, à data, «há 48 horas vem envolvendo forças das FAPLA (do MPLA) e do ELNA (da FNLA».
A chamada «cidade do asfalto», essa parecia longe de tais guerras. «A calma não tem sido perturbada. A vida de decorre serenamente, embora se note apreensão no rosto das pessoas», reportava ao «Diário de Lisboa», acrescentando, porém, que, no Cazenga, «algumas pessoas foram atingidas pelas balas e duas crianças morreram devido ao tiroteio».
As Forças Armadas Portuguesas intervieram ao final da tarde do dia 23, após reunião do Conselho Nacional de Defesa (CND), e foi reposta a calma. Patrulhas mistas - formadas por militares portugueses e dos movimentos de libertação - colaboraram na «manutenção da ordem»
O CND, presidido pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, general português, e os Estados Maiores do MPLA e da FNLA «ordenaram o regresso aos quartéis das tropas dos dois movimentos de libertação» - os dos presidentes, respectivamente, Agostinho Neto e o de Holden Roberto.
José Romão

Romão de Zalala, 72
anos em Setúbal !

O soldado José Fernando dos Santos Romão, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, festeja 72 anos a 25 de Março de 2024. Hoje mesmo.
Condutor auto-rodas de especialidade militar, jornadeou pela mítica Fazenda Zalala e depois por Vista Alegre/Ponte do Dange, antes de passar pelo Songo, chegar a Carmona e, já em Agosto de 1975, a Luanda e do Campo Militar do Grafanil.
Por razões que desconhecemos, o seu nome não consta da lista de embarque dos Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, nem de qualquer outra companhia dos Cavaleiros do Norte, mas, por informação do furriel miliciano João Dias, sabemos que mora em Setúbal. É para lá e para ele que vai o nosso abraço de parabéns! 

domingo, 24 de março de 2024

7 396 - José Diogo Themudo, o capitão que foi 2º. comandante do BCAV. 8423! Incidentes em Luanda!

 

O capitão de Cavalaria José Diogo Themudo, à direita e na varanda interior
do BC12, com o alferes João Machado (à esquerda) e o capitão José Falcão


O BCAV. 8423 esteve sem 2º. comandante até ao mês de Março de 1975, quando, em dia indeterminado, lá chegou o capitão José Diogo Themudo, conhecido do comandante Carlos Almeida e Brito - que, ocasionalmente o encontrando em Luanda, o convidou para assumir as funções.
O 2º. comandante dveria ter sido o major José Luís Jordão Ornelas Monteiro, que, porém e nas vésperas do embarque para Angola, foi «desviado» pelo MFA e colocado na Guiné «por motivos imperiosos de serviço». Faleceu a 16 de Julho de 2011, em Lisboa, tenente-coronel, aos 80 anos - nascido a 7 de Outubro de 1931.
O tenente-coronel Almeida
e Brito, comandante
do BCAV. 8423 
O capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo, a 24 de Março de 1975, hoje se passam 46 anos, assumiu as funções de comandante interino do BCAV. 8423, substituindo o tenente-coronel Carlos Almeida e Brito que, nessa data e também interinamente, assumiu funções de comandante da Zona Militar Norte (ZMN).
José Diogo Themudo estava em Luanda, sem colocação, depois de a unidade de Silva Porto (para a qual ia destinado, a substituir outro capitão) já ter regressado. Pediu, mas foi-lhe negado o regresso a Lisboa. Era o último oficial a ter chegado a Angola.
«Instalei-me na messe oficiais e de quando em vez ia procurar novidades ao Quartel-General», explicou-nos, adiantando que, assim, «fiz praia durante um mês».
Um dia foi ao aeroporto para se despedir de um camarada de armas e foi lá que o tenente-coronel Almeida e Brito o achou. «Convidou-me para 2º. comandante do Batalhão e apesar de serem funções de major e eu ser apenas capitão, aceitei o convite. Resolvemos o problema no Quartel-General e fui para Carmona», historiou o agora coronel aposentado José Diogo Themudo.
Notícia do «Diário de Lisboa» sobre o recrutamento, pela
FNLA, de refugiados para as suas Forças Armadas

Incidentes em Luanda e
recrutamentos da FNLA!


Os tiroteios na área suburbana de Luanda continuaram a 23 de Março de 1975, há 49 anos e envolvendo forças do MPLA e da FNLA - mesmo depois do acordo de sábado à noite (dia 21) e ante a propositada não intervenção das Forças Armadas Portuguesas. Por decisão do Comando de Sector de Luanda.
Ao mesmo tempo, o movimento de Holden Roberto preparava o repatriamento de refugiados no Zaire, numa operação de três etapas, segundo noticiava a revista «Afrique-Asie»: uma primeira, que começara já em Setembro de 1974, agrupando-os em quatro agrupamentos, todos no Zaire (Nandulu, Kassai, Baixo Zaire e Shabi); uma segunda, então em execução, instalando-os em 20 campos de alojamento ao longo da fronteira com Angola; e uma terceira, envolvendo o transporte e instalação dos refugiados em Angola e em diferentes campos permanentes.
A operação envolveria 400 000 refugiados (segundo a ONU), ou dois milhões (segundo a FNLA). E custaria 20 milhões de dólares. O Zaire não financiaria a operação (por falta de tesouraria e depois de o FMI lhe ter recusado um empréstimo) e a revista «Afrique-Asie» noticiava que o ministro da Saúde do Governo Provisório (Samuel Abrigada, da FNLA) pediu, mas não teve, dinheiro de Igrejas Reformistas americanas. Recusaram dar esse apoio.
Assim sendo, e ainda segundo a mesma revista, «certas empresas mineiras e fazendeiros do Norte de Angola estaria dispostos a financiar a operação». A FNLA, com esta medida, dizia a «Afrique-Asie», «mataria dois coelhos de uma só cajadada: poderia recrutar no Zaire um exército para ocupar o Norte de Angola e para apoiar os seus projectos de domínio no Governo de Luanda».
A Fazenda Samta Isabel, onde se aquartelou
a 3ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte

Gonçalves, 1º. cabo 
de Santa Isabel, 72 anos 
no Barreiro !

O 1º. cabo Francisco Gestrudes Gonçalves foi condutor auto-rodas da 3ª. CCAV. 8423 e vai festejar 72 anos no dia 25 de Março de 2024.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel e do capitão José Paulo Fernandes, depois do Quitexe e de Carmona, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixou-se na Rua Voz do Operário, na cidade do Barreiro. 
A vida levou-o para a freguesia de Verderena (na Rua Cândido de Oliveira) também no Barreiro, onde vive e para onde vai o nosso abraço de parabéns!