CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 31 de julho de 2022

5 880 - Chegada de Comandos a Carmona e paraquedistas ao Negage! «Golpe de mão» em Penafiel!


Golpe de mão de um grupo de combate» da CCA, ontem em Penafiel, Da esquerda para a direita,
Monteiro, Gaiteiro, Gomes (enfermeiro), Gomes (condutor) e três amazonas. À direita, filha 
e D. Teixeira, Serra, Coelho (Buraquinho), Moreira, Miguel Teixeira (escriturário) e Neves

Neto, filho e Neves, M. Teixeira, Moreira, Buraquinho, Serra, D.
Teixeira e filha. À direita, nora e mulher do Neves, mulher do
 Gomes (condutor), Gomes (enfermeiro), Gaiteiro e Monteiro


Um «grupo de combate» da CCS do BCAV. 8423 esteve ontem reunido em Penafiel, em acção operacional marcada para o restaurante Ramirinho, em evento «cozinhado» pelo 1º. cabo Alfredo Coelho, o Buraquinho.
O furriel José Monteiro, que por terras de Angola foi especialista de Operações Especiais (os Rangers) e operacional da secretaria da companhia, reportou o relatório do acontecimento.
Eis o relato:
Há algum tempo atrás, fui contactado pelo Alfredo (Buraquinho) no sentido de se organizar um «golpe de mão».
O IN estava a pedi-las.
Responderam ao apelo 9 Cavaleiros, que se prontificaram a combater o poderoso presunto, mais as pataniscas e a cebola no vinho tinto, com os rojões, as moelas, mais adiante o poderoso bacalhau e, finalmente, o carneiro assado no forno.
A luta não foi fácil.
Utilizou-se a tática de tudo ao molho e fé no verde branco fresco da região e saímos todos vitoriosos deste duro golpe de mão.
Agradeço a bravura destes combatentes que me apoiaram: Domingos Teixeira (estofador), Gaiteiro, Serra e Gomes (condutores), Alfredo (o Buraquinho, analista de águas), o Moreira e o Neves (maqueiros), o Miguel Teixeira (escriturário), o outro Gomes (enfermeiro) e o Neves e o Moreira (maqueiros).
Foi importante a colaboração dos familiares do Teixeira e do Neves.
E então, para que conste na família dos Cavaleiros do Norte, publique-se esta acção.
Um abraço.
JOSÉ MONTEIRO

Cavaleiros do Norte: NN (quem é?),
António Cabrita e Alípio Canhoto
Chegada de Comandos a Carmona
e paraquedistas ao Negage !

Há 45 anos, o dia 31 de Julho foi uma quinta-feira e quando «começou a materializar-se a operação de rotação» do BCAV. 8423 de Carmona para Luanda, nomeadamente «com a chegada de viaturas e de tropa de reforço».
O livro «História da Unidade» reporta uma Companhia de Comandos (que ficou no BC12) e outra de Paraquedistas (no Negage).
O conflito MPLA/FNLA estendia-se, por esta altura, a pelo menos mais uma localidade: Porto Amboim, importante porto piscatório do Quanza Sul.
«O emprego de armas pesadas pôs a população em pânico», relatavam as agências informativas ANI, FP, AP e UPI, acrescentando que «a maioria da população foi evacuada pleno navio «Sofala, com destino ao Lobito».
Novo Redondo, 80 quilómetros ao sul e depois da paragem de terça-feira imediatamente anterior, «viu» os combates retomados na quarta, «com particular violência, tendo também sido usadas armas pesadas». A população, naturalmente alarmada com a situação, preparava-se para abandonar a cidade.
Em Malanje, a sul de Carmona (actual cidade de Uíge), «as 6000 pessoas que estavam refugiadas nos quartéis portugueses, estavam a ser evacuadas para o sul de Angola, em comboios de 50 viaturas, escoltados por tropas portuguesas durante 10 quilómetros».
Luanda e Caxito estavam em «situação estacionária, não havendo notícias de incidentes e de movimentos de tropas».

António Simões
Simões, mecânico, 70 anos
em Figueiró dos Vinhos !!!

O soldado António da Conceição Simões foi mecânico-auto de especialidade militar e combatente da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe e em Carmona - lá pelo norte uíjano de Angola.
Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, é natural de Vale do Rios, da freguesa e concelho de Figueiró dos Vinhos, lá regressou a 8 de Setembro de 1975, depois de con
cluída a sua jornada africana, que por lá concluiu em história de (longos) 15 meses

Fez carreira profissional na GNR e, já aposentado, mora no Guizo, em Figueiró dos Vinhos - para onde vai o nosso abraço de parabéns, pelos 70 anos que festeja hoje mesmo, dia 31 de Julho de 2022. E venham mais!

sábado, 30 de julho de 2022

5 879 - Vésperas do adeus a Carmona! Os nossos louvados homens do parque-auto!...


Militares do Pelotão-Auto da CCS do BCAV. 8423, Atrás, NN, Canhoto, Miguel, NN (mecânico), Gaiteiro e NN. A seguir, Picote (mãos nas ancas, a rir), Teixeira (pintor),  NN (atrás), Serra (mãos no cinto), Pereira (mecânico), 1º. sargento Aires (de óculos), alferes miliciano Cruz (de branco), Frangãos (Cuba), furriel miliciano Morais (de óculos), Joaquim Celestino (condutor), NN (condutor), NN (condutor) e Vicente. Em baixo, Domingos Teixeira (estofador), Marques (Carpinteiro), Madaleno (atirador) e Esgueira.
Quem ajuda a identificar os NN?
Os furriéis milicianos José Pires (TRMS)
e Francisco Neto (Rangers) na rampa da
messe do Bairro Montanha Pinto


A 30 de Julho de 1975, há 47 anos, o comando militar o português informou a FNLA da nossa saída de Carmona, que começaria a processar-se a 3 de Agosto seguinte - um domingo. 
A comunicação foi feita em reunião do Estado Maior Unificado do Uíge - como ontem já aqui lembrámos. Seguramente a última.
Os furriéis milicianos da CCS já nesta altura
tinham abandonado a messe do Bairro Montanha Pinto e estavam alojados no edifício residencial limítrofe ao BC12, na estrada de Carmona para o Songo. Dali, já só saíram no domingo seguinte, directamente para o aeroporto e, logo depois, em voo para Luanda.
Numa fona, por esse tempo, andava o pelotão-auto, que tinha em mãos a operacionalidade de toda a frota militar, que iria partir para Luanda, como, depois, integrando a caravana, a missão de dar assistência aos quilómetros de viaturas que, desde Carmona, foram engrossando a coluna.

O louvor ao pelotão
do Parque-Auto!
Cavaleiros do Norte da CCS do Parque-Auto: os 1ºs.
cabos Agostinho Teixeira (pintor) e Domingos Teixeira 
(estofador), furriel Norberto Morais e 1ºs. cabos Rafael 
Farinha e Serra Mendes (mecânicos), do BCAV. 8423

Os briosos e competentes homens do parque-auto estiveram ao nível - comandados pelo alferes miliciano Cruz, por sua vez assessorado pelo 1º. sargento Aires e pelo furriel miliciano Morais. A tal competência e disponibilidade estiveram que receberam louvor colectivo, publicado na ordem de Serviço 181, por proposta do capitão Oliveira, o comandante da CCS, citando «a equipa de mecânicos auto-rodas do pelotão de manutenção auto deste batalhão».
O seguinte:
«O decurso da comissão deu ocasião a verificar que, de um modo geral, o conjunto de mecânicos auto-rodas da CCS/BCAV constituiu equipa de trabalho com espírito de entreajuda e sacrifício, procurando tirar o máximo de rendimento do seu labor, ao mesmo tempo que, torneando dificuldades inerentes ao muito uso das viaturas e às faltas constantes de sobressalentes, conseguiu que das mesmas se obtivessem condições de utilização em tempo oportuno e muito aceitáveis.
Não se pretendendo distinguir uns, esquecendo outros, aqui fica o público agradecimento do seu trabalho»
.
Individualmente e na mesma Ordem de Serviço nº. 181, foram louvados o 1º. cabo pintor Teixeira e os soldados condutores auto-rodas Miguel Ferreira, Joaquim Celestino da Silva e José António Gomes.
Emblema da 2ª. CCAV.
8423, de Aldeia Viçosa

Salcedas da 2. CCAV.
faleceu há 16 anos !

O 1º. cabo João Duarte Salcedas, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, faleceu a 31 de Julho de 2006, aos 59 anos de vida!
Atirador de Cavalaria de especialidade miliar, era natural de Sítio do Lameiro da Moita, na freguesia de Aldeia do Carvalho, do município da Covilhã, na Serra da Estrela. Lá regressou a 10 de Setembro de 1975, depois de concluir a sua missão militar em Angola e nos Cavaleiros do Norte comandados pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Jornada que também passou
pela cidade de Carmona, a capital do Uíge.
Desconhecemos a origem da sua morte, ou quaisquer outros factos da sua vida, mas hoje e em sua memória, aqui o recordamos com saudade. RIP!

sexta-feira, 29 de julho de 2022

5 878 - Reunião do Estado Maior Unificado de Carmona! A tropa anunciou, oficialmente, que ia sair..

Rotunda Rimaga, em Carmona e em 1974/1975 Por aqui passámos várias vezes, há
precisamente 37 anos, em «pic-nic» militar. O edifício verde era de José Craveiro
 (gerente da Fazenda Luísa Maria), agora esquadra da Polícia Nacional de Angola (PNA)
Os alferes milicianos Ribeiro e Garcia e os tenentes
Acácio Luz e João Mora, que hoje faria 96 anos, mas
faleceu aos 77, a 21 de Abril de 2003. RIP!


Aos 30 dias de Julho de 1975 passei eu algum tempo no torreão frontal do BC12, do lado de Carmona, a «cortar na casaca» de um sargento por quem não nutria afeição especial. Eu e o furriel Pires, o de Bragança, que me ouvia sempre muito preocupado pelo eco da minha voz, que por certo chegaria ao gabinete de operações - que ficava numa sala mesmo mesmo abaixo.
O pormenor, que vou dar de barato, só aqui vem ao blogue porque, nesse entretém de «costura» verbal, andaram a procurar-me no quartel, sem me verem por lado nenhum. Nem no bar, que era um pouso considerado certo; nem nas camaratas do PELREC, por onde passava muito do meu tempo.
Os milicianos alferes Sampaio (oficial de dia) e
Garcia e o furriel Viegas, no Quitexe e em saída
para uma operação militar
O que se passava, então? 
Foi o alferes Garcia quem narrou, porque o pelotão ia entrar de prevenção: o comandante Almeida e Brito, acompanhado de alguns oficiais, ia formalizar a comunicação de saída dos Cavaleiros do Norte, no Estado Maior Unificado, que incluía oficiais da FNLA.
O que o alferes Garcia nos disse, com aquele ar por vezes enigmático que o caracterizava, sempre sorridente, era que, aprudentando qualquer situação menos agradável, parte da guarnição entrava de prevenção. E que o nosso grupo de combate (o PELREC) ia «passear para a cidade»
Estou certo que usou expressão do género: «Vamos dar um passeio e fazer um pic-nic...».
E que pic-nic!!!
Passámos pelo (nosso) Bairro Montanha Pinto (onde morávamos, na antiga messe de oficiais), no Popular, pelos lados de piscina, bairro industrial, ruas do Comércio e Capitão Pereira, praça principal da cidade - a da ZMN/CSU e dos Correios - e com várias voltas à rotunda da RIMAGA. Sempre de arma com bala na câmara, alguns com dilagramas e sem faltarem granadas defensivas. Nada de especial aconteceu, felizmente, e voltámos ao BC12!
Sabíamos que no dia seguinte iria chegar tropa de Luanda, para apoiar a retirada dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 para a mesma capital angolana. E assim foi! Já era oficial: a 
tropa portuguesa anunciou, definitivamente, que ia sair do Uíge angolano.
Tenente João Mora,
em 1974 e no Quitexe


Tenente João Mora
faria hoje 96 anos !

O tenente João Eloy Borges da Cunha Mora faria 96 anos a 30 de Julho de 2022. Hoje. Faleceu aos 77, a 21 de Abril de 2003.
Oficial do SGE, foi 2º. comandante da CCS do BCAV. 8423, a do Quitexe, adjunto do capitão António Martins de Oliveira, regressando a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975.
Era o tenente Palinhas, assim popularizado entre a guarnição (por sempre «obrigar» a que lhe fosse prestada - ou se antecipava ele, para npos «obrigar».
Era casado com uma senhora de origem indiana - que o acompanhou na jornada africana da Angola de 1974 e 1975, por terras do Uíge. Natural de Pombal, continuou a sua carreira militar, fixando residência em Lisboa (à Lapa), onde faleceu, vítima de doença. 
Hoje, o recordamos com saudade. RIP!!!

quinta-feira, 28 de julho de 2022

5 877 - Carmona a preparar a rotação para Luanda! Blindados da FNLA no Cachito, Estrada do Café para o Uíge!

O BC12, a 25 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel Viegas
da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423

O furriel Viegas e o capitão Domingues,
do QG da Região Militar de Angola


A cidade de Carmona e o imenso Uíge do norte de Angola de há 47 anos continuavam em situação aparentemente calma mas... tensa!. 
As relações do BCAV. 8423 com a FNLA e o seu Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA) fragilizavam-se de dia para dia e as crescentes e cada vez mais levedadas críticas da comunidade civil quanto à acção dos Cavaleiros do Norte também azedavam e mais delicadas se foram tornando - apesar de, a todo o custo, procurarem os militares «evitar males futuros».
Mesmo sendo asperamente e injustamente maltratados e muito insultados. A fazer doer a alma daqueles que, na imberbidade dos seus 22 para 23 anos, ali estavam dispostos a tudo, para defender pessoas e bens, até a dar vida por terceiros!
Por gente que nem conheciam mas por quem eram insultados.
A 28 de Julho de há 47 anos, de novo o Comando do BCAV. 8423 reuniu com «elementos do Quartel General da Região Militar de Angola», para preparar a operação de retirada de Carmona para Luanda. O mesmo acontecera a 23 e repetiu-se a 29.
O objectivo essencial era «obter os meios necessários à execução de tal operação» e um dos elemento do QG era o capitão Domingues - que eu conhecera da sua relação familiar (primo) com Fátima Resende, ao tempo esposa de José Bernardino Resende, conterrâneo e amigo.
Cavaleiros do Norte do PELREC: Marcos,
Madaleno, Pinto (1º. cabo) e Ferreira   

Blindados da FNLA no Cachito,
na Estrada do Café para o Uíge!

A 28 de Julho de 1975, um domingo, soube-se que o tenente-coronel Santos e Castro era o ex-oficial português que, no Caxito, comandava as tropas da FNLA - que dali tinham expulsado o MPLA, após «duros e violentos combates».
Gilberto Manuel dos Santos e Castro era prestigiado oficial português e tinha sido comandante da 1ª. Companhia de Comandos formada em Angola.
Natural do Lobito, em Angola, onde nasceu a 7 de Junho de 1928, fez carreira militar na Arma de Artilharia e faleceu a 26 de Abril de 1996, na sua residência de Oeiras. Era irmão do engº. Fernando Santos e Castro, que fora Governador Geral de Angola, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e deputado nacional. Tio de Ribeiro e Castro, político da actualidade portuguesa, ligado ao CDS.
A situação no Caxito estava «estacionária, com alguns blindados da FNLA a ocuparem a localidade desde há alguns dias», mas sem conseguirem avançar sobre Luanda. O MPLA, noticiava o Diário de Lisboa, «fez um cerco às forças da FNLA e começou a sabotar as pontes».
Raúl Corte Real, capitão miliciano e co-
mandante da CCÇ. 4145 de Vista Alegre

A CCAÇ. 4145 e
a 1ª. CART. 6322!

Um ano antes, precisamente, o comandante Almeida e Brito tinha-se deslocou a Vista Alegre, para «contacto operacional» com a ali aquartelada CCAÇ. 4145 - subunidade do BCAV. 8423 que era comandada pelo capitão miliciano Raúl Corte Real.
Ainda neste mesmo dia de há 48 anos, registou-se «a retirada do Subsector», da 1ª. CART do BART. 6322, que «trabalhava na área dos «quartéis» de Camabatela e Quiculungo» - a ZA do BCAV. 8423. Os artilheiros da 1ª. CART. 6322, recordemos, faziam parte do Comando Operacional de Tropas de Intervenção 2 (COTI 2) e estava, há 48 anos e desde 18 de Julho anterior, sob dependência operacional do BCAV. 8423.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

5 876 - Uma calma fictícia no Uíge do norte de Angola! Iminentes problemas com a FNLA!

O PELREC da CCS do B CAV. 8423. De pé e da esquerda para a direita, o 1º. cabo Florindo (enfermeiro), Caixarias. 1º. cabo Pinto, Marcos, 1º. cabo Ezequiel, Florêncio, 1º. cabo Soares, Neves, Messejana e 1º. cabo Almeida. Em baixo, furriel Neto, Madaleno, Aurélio (Barbeiro), 1ºs. cabos Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco, furriel Viegas e 1º. cabo Vicente

O 1º. cabo Fernando Manuel Soares, que
faleceu em Março/Abril de 2018, e o
Francisco Madaleno, ambos Cavaleiros
do Norte do PELREC da CCS
General António
de Spínola


Há 48 anos, pelo dia 27 de Julho de 1974, foi tempo de, pelos chão uíjanos do norte de Angola, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, conhecerem a mensagem do general António Spínola, Presidente da República, no sentido de «especialmente garantir a segurança da população e capacidade de construir uma Angola nova e independente, em ambiente de paz e fraternidade».
O ponto 2 da mensagem referia que «acções contra bandos armados que possam ainda (ser) hostis são limitadas a defesa própria e a preservar a vida e bens dos habitantes pacíficos, devendo, neste caso, serem usadas, se necessário, as maiores determinações e firmeza».
Assim faziam os Cavaleiros do Note nas suas acções em terras uíjana, fosse em operações na mata (cada vez mais raras), ou em escoltas e patrulhamentos na sua Zona de Acção e a partir dos aquartelamentos do Quitexe, de Zalala, de Aldeia Viçosa e Santa Isabel (do BCAV. 8423), da Fazenda Liberato (CCAÇ. 201/RI 21) e Vista Alegre (CCAÇ. 4145). Ou dos Destacamentos activos, por exemplo de Luísa Maria!
«Angola terá de orgulhar-se da acção das Forças Armadas no auxílio à construção do seu futuro e estas deverão mostrar toda a sua coragem, disciplina e capacidade, de forma a manter intacto o seu prestígio tão duramente alcançado», sublinhava a mensagem de António de Spínola.

O cozinheiro José Miguel dos Santos, e outros
militares da CCS e à saída de Igreja do Quitexe
Calma fictícia no Uíge
do norte de Angola !

Aos 27 dias de Julho de 1975, um domingo de há 47 anos, a cidade de Carmona e todo o Uíge continuavam pacíficos, aparentemente calmos, mas nada que evitasse o permanente alerta dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 84323, bem «avisados» para iminentes problemas com a FNLA.
Era, como refere o livro «História da Unidade», «uma calma fictícia», caldeada de ameaças e boatos, numa altura em que já toda a gente (a civil incluída) sabia da cada vez mais próxima retirada da tropa, para Luanda.
Luanda acordou nesse dia dominical com com «um sangrento incidente» no Bairro Vila Alice e envolvendo militares portugueses e do MPLA: «um grupo armado das FAPLA desarmou militares portugueses que seguiam numa viatura do Exército». Depois disso e de mandarem seguir a viatura, «abriram fogo pelas costas, contra os ocupantes, ferindo dois, u deles em estado grave».
O Comando Operacional de Luanda (COPLAD) reagiu e exigiu a entrega dos agressores, até às 8 horas da manhã - o que não aconteceu. Nem foram entregues os culpados, nem qualquer explicação foi dada.
As forças portuguesas aguardaram até às 10 horas e, então e sem qualquer reacção do MPLA, «montaram um dispositivo para deter os elementos das FAPLA, estacionados em Vila Alice».
O comandante da força discutiu com o responsável do MPLA e, quando se encontrava no exterior, «as forças das FAPLA dispararam sobre as forças portuguesas, que ripostaram». Generalizou-se o incidente que acabou por «provocar mortes e feridos entre o MPLA e civis». Ler
AQUI


terça-feira, 26 de julho de 2022

5 875 - Encontro(s) da CCS! Comandante em Aldeia Viçosa! Regresso do MVL e guerra total entre a FNLA e o MPLA !

Os  Cavaleiros do Norte da CCS em Penafiel, a 27 de Setembro de 1997. Já lá vão quase 25 anos!
À esquerda e em baixo, o comandante Almeida e Brito, na sua última participação nos encontros


 
O Amaral, o furriel Machado (organizador de 2022),
o 1º. cabo Teixeira e o Moreira (organizador de 2019
)
A CCS do BCAV. 8423 está a preparar o encontro de 2022, depois de 2 anos de jejum provocado pela COVID 19. Os de 2020 e 2021. 
Será a 10 de Setembro e em Braga.
O «oficial de dia» do encontro será o furriel miliciano Manuel Machado e a formatura de chamada está marcada para o restaurante Rola, em Este (São Mamede), depois da concentração da 12 horas, no Santuário do Sameiro.
As confirmações deverão ser feitas até ao próximo dia 31 Agosto e para os telemóveis 936408336 (furriel Machado), 917665857 (furriel Viegas) e 966828841 (alferes Cruz).
Entretanto, e como que fazendo «recruta» para a «especialidade» de 10 de Setembro, um grupo de CCS´s vai achar-se no próximo sábado, dia 30 de Julho e em Penafiel, no restaurante Ramirinho, em evento «cozinhado» pelo 1º. cabo Alfredo Coelho, o Buraquinho (933726335).
Penafiel tem história na história da CCS, pois foi lá o encontro de 1997, o último em que participou o comandante Almeida e Brito, organizado pelo furriel Monteiro. E o de 2019, o último, organizado pelo maqueiro Joaquim Moreira.
O comandante Almeida e Brito (à esquerda) em Aldeia 
Viçosa, com os alferes milicianos João Machado e
Jorge Capela, ambos da 2ª. CCAV. 8423


Comandante em Aldeia Viçosa 
e na Fazenda Minervina !

A 26 de Julho de 1974, há 48 anos, o comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423 e onde, acompanhado do capitão José Manuel Cruz, reuniu com as autoridades tradicionais locais.
O comandante do BCAV. 8423 era tenente-coronel de Cavalaria e fez-se acompanhar por alguns oficiais do Comando do BCAV. 8423 (o do Quitexe) e pelas autoridades administrativas e eclesiásticas locais.
O dia foi também tempo para uma deslocação à Fazenda Minervina, em continuação do trabalho de «mentalização das populações» para a nova situação militar e política - a decorrente do 25 de Abril.

Alferes miliciano Periquito e Cruz, capitão Cruz e al-
feres Carvalho (de pé) e Jorge Capela (em baixo). Aqui,
no quartel de Aldeia Viçosa, na 2ª. CCAV. 8423


Guerra total entre a
FNLA e o MPLA !

Um ano depois, 26 de Julho de 1975, regressou a Carmona a coluna MVL que na véspera tinham partido para Salazar (N´Dalatando), à terceira tentativa (imposta à FNLA), e regressaram de Luanda os Cavaleiros do Norte que, em serviço, lá se tinham deslocado.
Luanda onde, na véspera, se tinha registado mais confrontações armadas entre a FNLA e o MPLA - em S. Pedro da Barra, Cazenga e Cuca.
A declaração de «guerra total» foi feita na véspera, por Holden Roberto e aos microfones da Emissora Oficial de Angola, exortando o seu exército (o ELNA) a, e citamos o Diário de Lisboa, a continuar «o fogo sobre o inimigo, em todas as frentes», porque, sublinhou, «a nossa luta é definitiva e só terminará com a libertação de Luanda e a reocupação de todas as nossas posições».
O MPLA, na voz do presidente Agostinho Neto, reagiu com a proclamação da «resistência popular generalizada» incitando «todos os verdadeiros patriotas para que se mobilizem para responder, pela violência revolucionária, a todas as agressões dos bandos assassinos do ELNA/FNLA».
O Caxito continuava ocupado pela FNLA, que lá tinha 7 carros blindados, metralhadoras de fabrico americano e tropas de infantaria.
O MPLA continuava a controlar Henrique de Carvalho e Salazar. Malanje voltou a registar «conflitos muito violentos, envolvendo armas ligeiras e pesadas».
Carmona, onde as NT eram ameaçadas pela FNLA e fortemente criticadas pela comunidade civil, felizmente ia continuando minimamente calma. As NT, sublinha o livro «História da Unidade», eram «permanente alvo de críticas das populações brancas».


Fernando Silva
Silva, o Mamarracho
da mítica Fazenda Zalala,
faleceu há 27 anos !

O soldado Fernando Alves da Silva, da 1ª. CCAV. 8423, faleceu há 27 anos: a 27 de Julho de 1995.
Condutor auto-rodas da guarnição da mítica Zalala, por lá era popularmente conhecido como Mamarracho (vá lá saber-se porquê...), regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 - depois de também ter passado por Vista Alegre / Ponte do Dange, Songo e Carmona. Fixou-se em Vilar de Perdizes, a sua terra natal, no transmontano município de Montalegre, e onde nasceu da 13 de Outubro de 1952.
Pouco mais sabemos dele: apenas que terá falecido aos 43 anos, não sabemos de por doença ou acidente. Hoje o recordamos com saudade! RIP!!


segunda-feira, 25 de julho de 2022

5 874 - Uma Angola do Norte, com capital em Carmona? «A nossa capital é Luanda», sublinhou Daniel Chipenda!


Carmona, nos tempos portugueses (foto da net) e da passagem dos Cavaleiros
do Norte do BCAV-. 8423, de Março a Agosto de 1975. Há 47 anos!

Notícia da conquista do Caxito no
«Diário de Lisboa» de 25/07/1975


As relações da FNLA com as NT, relativamente a 25 de Julho de 1975 e em particular com os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, referem que «desanuviado ligeiramente o ambiente, conseguiu realizar-se, em 25 de Julho, a desejada coluna a Salazar»
É o que se lê no livro «História da Unidade», mas a coluna foi até Luanda, pelo Dondo. Não se passava no Caxito.
Aqui, a escassos 50 quilómetros da capital,  verificou-se, na tarde da véspera, a sua reconquista, pelas forças da FNLA. A vila, que era (e é) um importante nó rodoviário angolano, estava ocupada pelo MPLA desde 28 de Maio e as forças de Holden Roberto, entraram com carros blindados: dois estacionados no centro e quatro à vista.  
A ocupação, segundo o Diário de Lisboa de 25 de Julho, «não significa, de maneira alguma, uma vitória militar decisiva» mas, sublinhava o jornal, «tem grande importância estratégia e moral para a FNLA, pois se trata da primeira vitória militar significativa, desde os incidentes do princípio do mês em Luanda».
Daniel Chipenda, em Carmona (afinal, continuava na capital do Uíge) e em declarações à AFP, afirmava que o ELNA «tinha recomeçado o avanço para a capital angolana, com o intuito não de negociar, mas de conquistar o poder».
«As nossas forças marcham sobre Luanda e esperamos que a sua entrada na capital se faça nos próximos dias», afirmou o secretário-geral adjunto da FNLA, afirmando-se «sem medo de «uma intervenção da aviação portuguesa» e reafirmando a presença de Holden Roberto «em território nacional angolano».
«Vamos para Luanda não para negociar, mas para dirigir», reafirmou Daniel Chipenda, que, a pergunta do jornalista da AFP, rejeitou a ideia de a FNLA criar uma Angola do Norte - por ser o norte a principal área de influência do movimento.
«Não queremos balcanizar o nosso país. A nossa capital não é Carmona nem S. Salvador. É Luanda!», disse Daniel Chipenda.
A Fazenda Chandragoa, que Almeida
e Brito visitou há 48 anos !

Cavaleiros do Norte em
várias fazendas do Uíge!

Um ano antes, o BCAV. 8423, com comando instalado no Quitexe, celebrou o Dia do Exército, com «cerimónias simples».
O comandante Almeida e Brito, nesse mesmo dia de há 48 anos, visitou várias fazendas da ZA dos Cavaleiros do Norte: Guerra, Chandragoa (foto ao lado), Buzinaria e Isabel Maria.
A coluna incluía as autoridades administrativas e eclesiásticas do Quitexe e a escolta foi assegurada pelo PELREC, comandado pelo alferes miliciano António Garcia.
A altura era de «garantir a segurança das populações», estando as «acções contra bandos armados que possam ainda ser hostis limitadas a defesa própria e a preservar a vida e os bens dos habitantes pacíficos», como proclamou a Junta Governativa, no entanto frisando que «devendo, nesse caso, serem usadas, se necessárias, as maiores determinação e firmeza».
Manuel Lopes

Lopes de Aldeia Viçosa,
70 anos em Alcanede !

O soldado Manuel Fernando de Jesus Lopes, combatente da 2ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 25 de Julho de 2022. Precisamente hoje.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa, morava ao tempo da Jornada africana do Uíge angolano (e ainda actualmente reside) na Aldeia de Além, freguesia de Alcanede, no concelho de Santarém. Foi lá regressou a 10 de Setembro de 1975, depois de cumprir a sua (e nossa) comissão militar, que também passou pela cidade  de Carmona.
Hoje aqui estamos a felicitá-lo e a desejar que a data se repita feliz, por muitos e bons anos! Parabéns!

domingo, 24 de julho de 2022

5 873 - A chegada a Luanda do Almirante Vermelho... A preparação da saída de Carmona para Luanda!

A Junta Governativa de Angoa, com Rosa Coutinho (ao centro), ladeado pelo capitão de mar 
 e guerra Leonel Cardoso e brigadeiro Altino de Magalhães (à esquerda), coronel Silva Cardoso
e major Emílio Silva

A 1ª. página do jornal «A
Província de Angola»

As notícias nem sempre chegavam ao Quitexe em tempo útil, mas, a 24 de Julho de 1974, soube-se que o almirante Rosa Coutinho chegaria ao outro dia a Luanda, para exercer o cargo de presidente da Junta Governativa de Angola. O assunto (ver imagem) era, de resto, tema de caixa alta do jornal «A Província de Angola» desse dia.
O Almirante Vermelho, como veio a ser conhecido, revelou-se ideologicamente próximo do PCP e tomou decisões controversas no seu consulado angolano. Era membro da Junta de Salvação Nacional e, em Luanda, foi aguardado por angolanos e portugueses, na sua esmagadora maioria brancos e anti-comunistas. Ainda no aeroporto, anunciou que se encontrava em Luanda para tratar da independência.
«Tenho o prazer de informar, em nome do senhor primeiro-ministro, que, em breve, a província gozará de um estatuto administrativo que lhe permitirá governar-se sem ser a partir do Terreiro do Paço ou do Restelo e, portanto, satisfazendo uma ambição que Angola há muito manifesta», disse Rosa Coutinho, que também prometeu criar um banco em Angola que guardasse as reservas do país. 
Já no carro, o almirante iria justificar, aos militares que o acompanhavam, as suas promessas:
«Tinha de trazer um rebuçado para esta malta para ver se acalmam. Sei que a situação está um pouco quente e estas medidas podem constituir um tónico para a incerteza que naturalmente sentem. Sabem que vão perder privilégios, mas ganham noutros campos».
Nas proximidades do aeroporto, na estrada que liga ao centro da cidade, Rosa Coutinho lia uma frase, escrita em letras garrafais e a tinta encarnada, exibida numa enorme parede:
«Fora Coutinho! Não queremos cá comunistas!»
Minutos mais tarde, uma outra manifestação, gritando as mesmas palavras de ordem, esperava-o às portas do palácio, em Luanda. Nessa mesma manhã, o jornal «A Província de Angola» saía à rua com o título: «Vem aí o «Almirante Vermelho».
Os tempos não iam ser os mais fáceis, como depois se soube.
O furriel Américo Rodrigues

Tropa permanente alvo de crítica 
das populações brancas do Uíge!

Um ano depois, a 23 de Julho de 1975, aconteceram várias coisas menos boas em Carmona, por onde os Cavaleiros do Norte faziam os seus últimos dias da jornada uíjana.
Uma delas, foi a reunião, de que já ontem aqui falámos, dos comandos militares portugueses com os responsáveis da FNLA - movimento que, a 13 e 21, tinham «impedido» a saída dos MVL para Luanda - o que gerou forte sentimento de revolta entre a guarnição.
Guarnição não autorizada a reagir pela força das armas.
A coluna viria a materializar-se no dia 25, já em terceira e definitiva tentativa. A FNLA, nessa reunião de faz hoje 47 anos, anunciou imposições (querendo armas, por exemplo) que o comando português não aceitou.
Também a 23 de Julho, e já com uma data de saída marcada para Luanda (com início a 3 de Agosto), «esquematizava-se e montava-se uma operação para essa saída, que não se adivinhava fácil» e, por isso mesmo, motivou a «realização de reuniões de trabalho com elementos do QG/RMA, de modo a obter os meios necessários à execução de tal operação».
A tropa, que até aí já era «permanente alvo de crítica das populações brancas», mais de soslaio e de desconfiança passou a era olhada. Era vulgar, ao tempo e na cidade, sermos verbalmente agredidos e pouco simpaticamente olhados e comentados. Cobardes e traidores, era o mínimo que nos era chamado! Tempos amargos e perigosos, esses!
O Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (companhia que por esse tempo aquartelava na ZMN, vinda do Songo), lembra-se bem desses amargos dias.
 «Foi daqui a nossa partida para Luanda e aqui passámos muitos maus momentos, com muitas noites sem dormir e sempre à espera de ataques e preparados para a defesa da guarnição. Naqueles tempos, o ambiente era de cortar à faca, em Carmona, com o conflito entre os movimentos e a nossa tropa, como tu bem conheceste», recordou-nos ele faz alguns anos. Infelizmente, faleceu, vítima de doença, a 30 de Agosto de 2018. RIP!!!

João P. Silva

Silva de Zalala faz 70
anos em Vila Verde!

O soldado João Pereira da Silva, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Zalala, festeja 70 anos a 24 de Julho de 2022.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e por lá conhecido como João Pereira,  também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange e Songo, antes de se aquartelar em Carmona, preparando a vagam para Luanda e o Grafanil.
Regressou a Portugal a 9 de Setembro de 1975, fixando-se em Assento, lugar da freguesia de Lage, em Vila Verde. Esteve alguns anos emigrado em França e agora reside em Moure, também no minhoto município vilaverdense.
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns
!

sábado, 23 de julho de 2022

5 872 - Reunião de Comandos em Carmona! Cessar-fogo entre MPLA e FNLA e ataque à bomba num jornal!

Comando da Zona Militar Norte (ZMN) e Comando do Sector do Uíge (1975) na praça
principal da então cidade de Carmona. Chamada Uíge desde a independência.
Repare-se na Bandeira Nacional Portuguesa hasteada!
d
Cavaleiros do Norte da CCS no Topete, do Quitexe: 1º. cabo João 
Monteiro (Gasolinas), NN, José Coelho (já falecido) e António
Calçada  (sapadores) e NN (também sapador e 1º. cabo)
Quem são os NN? Alguém se lembra dos nomes?

A 23 de Julho de 1975, hoje se completam 47 anos, o edifício da (então já extinta) Zona Militar Norte (ZMN) e do Comando do Sector do Uíge (CSU), na cidade do Uíge, foi palco de duas importantes reuniões. Uma, com os comandos da FNLA; outra, com elementos do GG/RMA, para preparar a evacuação do batalhão -os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Os dois impedimentos de saída dos MVL, dias antes - a 13 e 21 de Julho - estiveram no «plano de operações» (chamemos-lhe assim) do encontro com os dirigentes da FNLA - do ppresidente Holden Roberto -, que desde há dias pretendiam as armas que o BC12 aquartelava e, em particular, as que tinham sido da PIDE/DGS. E ameaçava, as NT, através do seu Exército de Libertação Nacional de Angola , o ELMSA - que do Uíge expulsara as FAPLA do MPLA nos primeiros 6 de dias de Junho anterior.
A exigência criou grandes constrangimento entre o pessoal militar (os Cavaleiros do Norte) até porque, por esses dias (já de 15 de Julho), passou a ideia de que o comandante Almeida e Brito iria ceder a essa pressão - o que não viria a acontecer.
O edifício da ZMN/CSU, em Carmona, é agora o
Tribunal Militar das FAA do Uíge. Foto do dia 25 de
 Setembro de 2019, quando lá passou o furriel Viegas

A FNLA a querer vingar as
derrotas de Luanda e Salazar
e outras localidades !

No terreno, nas ruas da cidade, mantinha-se o clima de tensão, avolumado pelos dois impedimentos de saída das colunas militares portuguesas. 
A FNLA, armada e dona da guerra uíjana, tudo fazia para vingar as derrotas de Luanda, Salazar e outras localidades do chão angolano. Eram vulgares os insultos da comunidade civil à militar e tudo era motivo para um plenário, um comício de rua, uma arruaça. Multiplicavam-se os assaltos a casas e a civis europeus. 
As nuvens de insegurança matavam esperanças e levedavam medos.
Lisboa não mandava notícias melhores: o PS abandonou o Governo e uma semana depois (a 17 de Julho) o PPD (actual PSD) fez o mesmo. Fervia o Verão Quente desse ano. O momento era extremamente confuso, numa altura em que não sabíamos, mas a revolução procurava-se a si mesma, ao fim de 15 meses - com manifestações de violência, incêndios nas ruas e mini-vanguardas políticas a quererem lavrar o seu caminho. Que queriam fazer caminho para o país.
Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas
Savimbi, respectivamente presidentes
do MPLA, FNLA e UNITA


Cessar-fogo entre MPLA e FNLA
e ataque à bomba a um jornal


O mesmo dia de há 47 anos foi tempo da assinatura de (mais um) um acordo de cessar-fogo entre o MPLA, do presidente Agostinho Neto, e a FNLA, de Holden Roberto, depois de reunião com a Comissão Nacional de Defesa, presidida pelo general Silva Cardoso, o Alto-Comissário. 
Os dois movimentos aceitaram manter as suas tropas nas suas posições, até pelo menos a reunião entre os três Chefes dos Estados Maiores. Desconhecemos as razões por que a UNITA de Jonas Savimbi não fez parte deste acordo.
A noite de véspera registou um ataque à bomba ao «Jornal de Angola» (o anterior «A Província de Angola»), que era tido por os seus trabalhadores terem «posições próximas da FNLA».
Os prejuízos foram «muito elevados», tendo as portas e janelas ficado «destruídas pela explosão», assim como as duas rotativas. Estava pouco pessoal nas instalações, mas, ainda assim, «ficaram feridos um polícia militar e um tipógrafo».

A morte, por suicídio, do 
José A. Nunes Louro,
1º. cabo sapador
1º. cabo sapador Louro !

O 1º. cabo José Adriano Nunes Louro, Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, faleceu há 14 anos, a 23 de Julho de 2008, vítima de suicídio.
Sapador da CCS e natural de Casal do Pinheiro, freguesia de Casais, no concelho de Tomar, lá voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano - que nos levou ao Quitexe e a Carmona.
A morte da espoca, há 14 anos e vitima de doença cancerosa, deixou-o viúvo e deprimido, enlutado e de alma a sofrer. Logo depois agravou-se o drama,  quando lhe foi despistada doença do mesmo foro. Foi isso que o levou ao suicídio, para, como corajosamente deixou escrito, «não fazer sofrer a família» - como ele próprio tinha sofrido com a dolorosa doença da esposa. Assim nos contou o filho, que é 1º. sargento do Exército.
Hoje o recordamos com saudade!